Capítulo escrito por: Charlotte Marx

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Lucas tenta recuperar o fôlego após o beijo.

– Como você entrou aqui? Como descobriu que eu…

Robson o contraria.

– Depois eu te conto tudo com detalhe, prometo. Agora não negue isso que está preso na gente por mais de quinze anos! Deixe-me te amar e me ame também!

E não aguenta, beijando-o de novo, Lucas sobe na pia e em meio ao amasso, retira desesperado a roupa do outro, o qual faz o mesmo com ele. A ocitocina e vasopressina são transmitidas cada vez mais exponencialmente em suas sinapses nervosas. Lucas derruba os copos plásticos, a fruteira, quando deita Robson sobre a toalha investigando o corpo do jovem com sua língua quente e o envolvendo ainda mais. O flautista reage e joga contra parede e pelas costas beija-o, subindo até a nuca, onde puxa os seus cabelos, feroz e funga em seu ouvido, deixando o mocinho arrepiado, depois o joga no sofá com brutalidade e Lucas com um sorriso malicioso o puxa para cima dele, todavia, num gesto rápido o vira, subindo por cima. Robson ri baixinho.

– Me enganou, né seu danadinho?

O médico confirma.

– O que eu posso fazer se o senhor é uma tartaruga!

O homem ri.

– Ah, eu sou tartaruga? Vou mostrar quem é tartaruga aqui!

E o joga para fora do sofá, o beijando por cima. Lucas resmunga em meio aos risos.

– Filho da mãe! As minhas costas!

Robson o cala.

– Eu sei que você gosta desse tranco, é igual a mim!

O jovem ri.

– Então você também gosta do tranco, é? Pois então tá!

Ele finge desinteresse quando o ataca e o dobra de novo.

– Mas assim não vale você me enganou!

Lucas desliza sua mão pelo corpo do rapaz que fecha os olhos de prazer.

– Aprenda uma coisa… Nunca subestime a minha capacidade de dominar! Posso ser bem pior do que aquela bicha que te faz de capacho, ouviu?

E sai andando, mal vira o corredor quando Robson o pega por trás e ambos vão parar no chuveiro.

Debaixo da água quente, ambos desenham um coração juntos no Box embaçado e suas mãos se entrelaçam. Eles se olham profundamente e sorriem um para o outro. Robson cora-se.

– Parece que estou num conto de fadas!

Lucas completa.

– Quem disse que não estamos? Somos duas mocinhas desesperadas por um príncipe encantado!

Robson protesta.

– Você é meu príncipe Lucas Carvalho!

– E você é o meu Robson Almeida!

E caem de novo em um beijo molhado, Lucas pega Robson no colo e prende suas pernas em suas costas, apoiando-o na parede.

– Você é tão lindo, cara. Cada partezinha do seu corpo, cada pedacinho seu é tão perfeito!

Robson ri.

– Há uma cicatriz minha aqui, estrias acolá, não sou perfeito não!

– Quem liga para isso? Só mesmo os tolos e viciados naquela ditadura do padrão de beleza! Eu não sou nenhum deles.

Robson confirmou.

– Nem eu!

E pegando um sabonete fez bolhas com a mão e assoprou sobre o rosto do rapaz. Lucas riu.

– Hey!

O jovem pegou a bucha de palha e esfregou na face de Robson que grunhiu.

– Seu maldito! Agora você me paga.

E dois começaram uma guerra de sabão pelo banheiro, revivendo o tempo da inocência.

***

Sam estaciona o carro puxando o freio de mão.

– Chegamos!

Luana se encanta.

– É lindo! É lindo! Sua família realmente é milionária!

– Não precisa repetir isso que eu já sei! Vamos abre a porta da sala para mim! O sítio é nosso, gatinha!

Ele a entrega as chaves e ela sai do carro correndo, ele debocha.

– Isso mesmo corra enquanto é tempo! Por que daqui a pouco você não vai poder mais! Afinal a noite está apenas começando, bebê!

E sai do carro, abrindo a porta malas, Fátima e Hector saem afoitos e dele retiram um caixote de madeira, no qual a britadeira está guardada!

– Escondem-se no canil até eu fazer o sinal! Esse plano não pode falhar em nada! Essa menina não pode sair com vida daqui, estão entendendo?

Eles confirmaram amedrontados!

***

Robson e Lucas terminam de dar banho um no outro e vão para o quarto se trocarem, mas acabam se envolvendo de novo e caem na cama apaixonados. Em dado momento o flautista surpreende o mocinho.

– Você me perdoa?

– Te perdoar por que amor?

– Aquele dia no colégio dos sonhos por ter te atropelado! E por não ter reconhecido você nesse seu velho perfume que agora se desfez com nosso banho.

E morde de leve seu ombro, o cardiologista grita.

– Não tem o quê pedir perdão! Reconheça senhor ladrão de livros, podemos nos esquecer das coisas! Eu também poderia ter te reconhecido e não reconheci. Mas veja pelo lado bom, isso fortaleceu nossa imaginação a ponto de renascer o sentimento que temos um pelo outro e desembocar nessa noite maravilhosa que estamos vivendo.

Robson pensa por um minuto.

– É, talvez o senhor tenha razão! Está certíssimo senhor Guimarães Rosa Junior! Qual vai ser o novo neologismo da noite?

Lucas sobe em cima dele de leve.

– Deixa me ver… Hum… Não será um neologismo, será uma metáfora, está bem? … Queria tanto perdido a saca-rolhas contigo!

O jovem riu.

– Pai amado! O que é isso?

Ele explicou.

– Veja bem… Isso é meio verdade! Por que até hoje só fui de uma maneira na cama e digamos que a outra estava te esperando.

– Ainda não entendi nada! Guimarães!

– Carma! Vou detalhar! É uma tartaruga mesmo! (rindo)

O outro bateu o travesseiro na sua cara em tom de brincadeira. Ele riu.

– Okay, é um guepardo! Está satisfeito? É o animal mais veloz do planeta! Como assim você não sabe? Chocado com seu analfabetismo!

O outro volta a bater o travesseiro.

– Tá bom! Parei aqui! Juro! Saca seria meu bigulhão! Ele não usei, por que Cristiano se auto declarava ativaço! Porém a rolha eu usei! Mas ainda dá para contar no dedo, então me considero 75% virgem!

Robson finge ciúmes.

– Então esse era o nome do dito cujo: Cristiano! Muito interessante. Eu só usei a saca até hoje! Sam, como você mesmo diz, é uma bicha muito dominadora, sempre exige o posto de passivete. Então posso dizer que também sou 75% virgem, por que dá para contar no dedo ás vezes que fiz sexo!

Lucas cochicha em seu ouvido.

– Que tal se a gente reforçasse esses dois e estreasse os outros dois!

Robson confirma.

– Só se for agora!

E eles tornaram a se amar.

MAIS TARDE…

 

Luana desceu as escadas da casa de campo com o cabelo ainda molhado. Sam apareceu de surpresa a assustando.

– Tomou banho, meu doce?

Luana se recuperou.

– Nossa! Que susto me deu! Mas claro! Tinha que ficar cheirosa para o meu namoradinho!

Ela o beija e ele se esquiva.

– Antes de ficarmos que tal jantar? Estou preparando um prato delicioso!

A jovem se felicita.

– Você cozinha? Essa é nova para mim! O que é?

Ele revela.

– É uma surpresa, se eu contar estraga o final da história! Queira me acompanhar!

E estendeu o braço, ela enganchou. Ele a levou até a mesa de jantar, onde havia dois assentos, puxou a cadeira e ela se sentou. Depois foi a vez dele. Abriu uma garrafa de vinho branco e a serviu, fez o mesmo consigo, brindaram!

– Tim! Tim! Já comeu escargot?

– São caracóis, certo?

– Não exatamente. É da mesma família, mas não são da mesma espécie! Quer experimentar? Eles são nossos aperitivos!

Ele mostrou-lhe a travessa, ela ficou meio encabulada e se serviu!

***

Débora chega acompanhada de Paçoca até a ala na UTI para pacientes com câncer e se vira para os pais.

– Entenderam agora toda nossa história? Ele foi meu namorado de infância e hoje é o amor da minha vida!

Eles se beijam, Elvira girou para o lado para não ver a cena.

– Bom amor, agora tenho que ir! Aparece amanhã cedo para me ver. O primeiro horário para visitas é as oito! Devo voltar um pouco antes para o quarto!

Ele concordou e se despediu de todos. Assim que a menina entrou, Elvira puxou o marido para um canto.

– Eu não quero a minha filha andando com esse ex-traficante! Não quero! Já basta a morte repentina do nosso menino! Daqui a pouco esse cara cai na tentação de novo, leva Débora junta e será mais uma! Nós temos que dar um jeito nesse romance! O quanto antes!

Pedro apoiou.

***

O despertador de galo na cozinha tocou. Sam esboçou um sorriso frio.

– Acho que nosso prato ficou pronto! Vou buscá-lo.

Luana já se encontrava sonolenta em sua frente, do jeitinho que ele arquitetara colocando o sonífero em sua bebida. Puxou a travessa e preparou a bandeja. Retornou a sala de jantar.

– Tenho certeza que vai amar! Fiz com muito carinho!

Ele põe a bandeja e mostra o conteúdo: era uma cabeça decepada de cavalo com os olhos esbugalhados, inundados de sangue!

– Gostou?

Ela levanta-se com um grito assustada e tropeça na cadeira.

– O que é isso? Você…

– Ai que coisa mais sem modos! Nunca comeu carne de cavalo? Francamente em que mundo você vive, hein? Deve ser o da lucidez que você está perdendo agora, não é querida?

Luana esbarra nos vasos de flores.

– O que vem me deu beber? Por que você está fazendo isso? Não disse que me amava?

Com um toque ele a empurra no chão, fazendo sinal com a cortina na janela. Depois, ajoelha-se perto do corpo adormecendo.

– Como você é patética! Achou mesmo que eu iria me interessar por você? Uma garota! Das duas uma, ou você é extremamente carente ou você é uma jumenta! Minha querida eu sou uma bicha malvada, não tem como bichas gostarem de mulher, é mais fácil eu desejar ser uma, do que namorar com uma, apesar de que no seu caso as duas possibilidades estão descartadas. É medonha demais!

– Filho da puta! Desgraçado! O que vai fazer comigo?

Sam dá a sentença final quando os amigos aparecem na porta da cozinha.

– Ora, acabar contigo de uma vez por todas! Você não ficou dando em cima do meu macho, pois então, cavou a própria cova, sem mais delongas!

Levantou-se de um salto e abriu a caixa, pegando a britadeira e ligando na tomada.

– Onde estão os óculos de proteção e as luvas? Isso aqui não é para amadores!

Fátima os entregou. O vilão agradeceu imitando voz de criança!

– Brigadinho.

Ele encarou a menina pela última vez.

– Diga a satã que depois acerto minha conta com ele! Bye bye, bebê! Até nunca mais ver!

E subindo a chave, perfurou a jovem que berrou ensurdecedora até o último suspiro.

– Lar doce Lar! Cheiro de carne fresca!

O sangue espirrou pelas paredes, sujando o rosto do mauricinho e de seus amigos que se desesperam. Desligou a máquina.

– Essa já foi para o quinto dos infernos! Agora vamos a melhor parte. Nossa, está uma delícia esse sangue! Querem provar um pouquinho?

Fátima estranhou.

– Sai para lá! Que história é essa de melhor parte? Você não já matou a coitada?

Sam gargalhou.

– Ai Fátima, é por isso que nenhum boy quer você, mulher! É muito fraquinha, precisa de mais criatividade!  A maioria dos vilões medianos pararia aqui, porém, eu vou adiante… Vamos comê-la!

Os outros dois petrificaram.

***

Robson terminou de aquecer o mingau de aveia quando Lucas chegou por trás o cochando.

– Calminha aí! Ainda não ficou pronto!

O jovem senta em cima da pia.

– Sabe que eu gostei de ser ativo! Nunca havia experimentado! Mas com você foi tão bom!

Robson ri.

– Eu também amei ser passivo! E é isso que eu acho legal, sabe. Nós não temos regras na cama, o que vale é o nosso amor um pelo outro.

Lucas gargalha. Robson não entende.

– O que foi? Disse alguma inverdade?

O mocinho não consegue parar de rir.

– Me lembrei de um post no facebook. Eram dois caras se pegando, daqueles bem marombas mesmo, estavam abraços entre os lençóis e estava escrito embaixo: “Quem ama, faz os dois”.

Robson sorriu.

– Tá vendo, até tem campanha publicitária para o movimento versátil!

Lucas constatou.

– Mas discordo disso. Para gente deu certo, mas tem pessoas que realmente não se adaptam com mais de um papel, seja por crenças ou por prazer mesmo. Eu como estava te contando quando fazia faculdade e fiz amizade com uma galera GLS, tinha caras que me relatavam que sofriam quando parceiros pediam para eles serem ativos, doíam no corpo deles e em exercer aquilo, rompiam no dia seguinte. Acho que você tem que saber seus limites! Claro que há pessoas que estereotipam e daí não é legal, nunca experimentaram e se auto-julgam, mas aqueles que são definidos por que realmente não gostam, devem ser respeitados!

Robson o abraça.

– Estou gostando de ver, defendendo o direito da diversidade! Como anda seu marxismo?

Lucas gargalha.

– A todo vapor, velho. Sou Marx na veia! Pensa que desisti do meu sonho como muitos adultos fazem chamando o comunismo de utopia, de ilusão? Um país não daria certo, deve ser o mundo inteiro! Mas não perdi a esperança, as pessoas, a nova geração está se despertando dessa fábula infantolóide e perversa chamada globalização, esse jogo de marionetes está com dias contados! Pode escrever isso! E se eu puder participar dessa revolução no nosso país, vai ser uma honra! Terminar os trabalhos do meu pai! Botar essa elite assassina e covarde no lugar dela! Por que se eles pensam, Robson, que vão ficar impunes por que agora o Supremo Tribunal Federal tem aliados deles, estão muito enganados! Eu não sou que nem muitos da esquerda acovardada, eu vou para luta, nem que eu tenha que morrer, doar meu sangue pelos mais oprimidos, mas eu não largo os meus ideais até o último segundo! Eles vão pagar caro cada medida de austeridade no trabalhador brasileiro, ah se vão!

Eles não perceberam e o leite transbordou na panela. Robson riu.

– Eu esqueci completamente! Tá vendo, Gui Gui Junior como o senhor é viciante?

O recém formado o ajuda a limpar e depois comem junto à travessa na mesa.

– Ainda não me contou como descobriu que era eu e veio parar aqui!

Robson relata.

– Como prometi, vou te contar tudo. Eu já estava desconfiando dos seus traços, por que como te disse, vi suas fotos, um dia antes no meu notebook com aquela falsa notícia da sua morte…

Lucas o corrigi, pegando nas suas mãos.

– Falsa não! Verdadeira! Amor, eu preciso que mantenha essa versão dos fatos! Não podem descobrir que estou vivo, se não posso ir preso por falsidade ideológica! E meus planos vão por água abaixo!

Robson arruma seu discurso.

– Pois então… Depois que vi suas fotos naquela notícia da sua morte e desconfiei de você na sala, fingi que havia passado mal e antes de sair da faculdade, pedi a uma amiga minha da secretária que conseguisse seu endereço, porém, quando viu seu registro, ela lembrou-se da discussão que você teve com Sofia, a bibliotecária, ela estava saindo na ocasião da briga, então eu pus a mulher contra a parede e ela me confirmou tudo…

Lucas fica boquiaberto.

– Ela jurou que não ia contar a ninguém! Que vaca mentirosa!

O flautista continuou.

– Ela me contou que você era vereador, então eu decidi dar um pulo na câmara, ainda de tarde e sondando descobri que Ezequiel era quem havia o trazido para cidade e que eram muito amigos. Confidenciei-lhe tudo quando tive uma oportunidade e ele prometeu me ajudar, concedendo as cópias da chave de seu apartamento…

Lucas se irrita rindo.

– Ele me viu chorando no sinal e nem para me dizer que havia te ajudado. Que sacana! Que muy amigo, ele foi! Só basta ganhar um carrinho do prefeito e esquece as amizades. Ah, mas ele não perde por esperar! Ele que me aguarde!

Robson riu.

– Não faça nada com ele! Foi por uma boa causa!

O cardiologista sorriu irônico.

– Isso é o que veremos! Mas só uma coisa não se encaixa nessa história! Se você não estava passando mal, por que esqueceu a mochila?

Robson cora-se.

– Ah, tava com preguiça! Sam levava para mim.

Lucas fica pasmo com a folga do rapaz, o estapeia.

– Que ordinário, velho! Não to acreditando na sua cara de pau!

O flautista disfarça limpando o bigode de leite dele.

– Estava sujinho, cara!

Lucas se suja de novo. Robson não entende.

– Por que você fez isso?

– Para você vim me limpar com um beijo gostoso!

Robson sorri e sede as vontades do protagonista.

***

Na cozinha, Sam termina de dissecar o corpo da jovem em meio a cortes de facão.

– Fátima, joga isso aqui no lixo para mim, por favor!

A menina grita.

– Eu não quero mexer com isso!

Sam se enfurece.

– Como não? Nós vamos comê-la!

Hector nega.

– Só se for vocês! Por que eu não vou!

Sam resmunga.

– Mas quanta frescura! Nós a matamos, agora temos que terminar o serviço!

Fátima protesta.

– Nós dois estamos de prova que foi você que matou!

Sam os tortura.

– Mas vocês foram meus cúmplices. Eu posso me entregar e a vocês dois, porém, eu tenho dinheiro para pagar o melhor advogado criminalista desse país, enquanto vocês terão que ver o sol nascer quadrado pelo resto de suas vidas!

Os dois se calam. Sam continua.

– Agora faça o favor de pegar essa pele do estômago e tratar de jogar no lixo!

Fátima obedece enojada.

Depois de alguns minutos de esquartejamento, o vilão se desfaz de suas luvas de látex encharcadas de sangue e leva as partes do corpo até a churrasqueira na varanda para assar. Sobre o pânico de seus amigos, ele vira a mão, o braço, a coxa de Luana como se fosse um picanha na brasa, virando com o atiçador aqui, ali. Até que os vizinhos rurais próximos percebem o churrasco e se aproximam. Sam se felicita ao vê-los atraídos, comenta com os amigos.

– Chegou à cavalaria caipira! Veja só Fátima, teremos uma ótima oportunidade de arrumar um partido a seu caráter!

Ela não se contém.

– Você é louco! Completamente maluco! Precisa se tratar!

Ele intervém.

– Escuta aqui! Quem você pensa que é para falar desse jeito comigo? Eu te jogo nessa churrasqueira ainda viva, hein?

Os fazendeiros mais simples se aproximam, uma das mulheres sorri.

– Que cheiro maravilhoso! Sentimos lá da porta da minha casa! Só pode ser carne e das boas! Incomoda-se, meu filho, se nos…

Sam é direto, retira o pescoço da menina no espeto e pica-o no prato.

– Lógico que não! Titia! Aprendi desde pequeno, pelo bom moço que sou que temos que dividir nosso alimento com o mais pobrezinhos. Experimentem é uma carne diferente!

Hector e Fátima cruzam os braços em silêncio. Coitadas daquelas pessoas estavam sendo enganadas!

Um homem perguntou.

– Que delícia! E o que é? Filé Mignon? Alcatra?

Sam riu.

– Nem um, nem outro vovô! É a carne de alce!

A mulher interrogou.

– O que é alce?

Sam olhou para os amigos farto daquela situação.

– Tá vendo, por que eu digo e repito que precisamos de Bolsonário no poder! Só mesmo fechando aquele congresso é que teremos a vez na education pública!

Retornou aos visitantes.

– É um animal, uma espécie de veado só que musculoso, carnoso. Possui galhos na cabeça e usam isso para lutar por acasalamento. Os machos, obviamente, por que as fêmeas, coitadas, são mais feias do que pau de arara. Agora fiquem a vontade, a noite também é de vocês!

Eles agradeceram. Sam sorriu comendo um dedo da menina.

***

Fernanda escancara os olhos. Um escuro dominava o cômodo. Andou desesperada e percebeu que estava numa espécie de quarto isolado, pois a luz se acendeu pela sua movimentação. Começou a bater desesperada na porta de ferro.

– Me tira daqui! Me tira daqui! Socorro!

Do lado de fora do prédio, lê-se: Clínica Psiquiátrica Ana Martins Machado.

 

O DIA AMANHECEU…

 

Robson termina de tomar café quando Lucas o beija no rosto.

– Já tomei meu banho, vesti-me como Roberto Camargo, só vou tomar café e já descemos. Ai, mor, estou tão feliz, cara, você vai me ajudar a investigar a morte do meu pai, tenho certeza que nossa parceria vai acelerar ainda mais esse processo.

O flautista confessa.

– Ainda estou me sentindo culpado, mas sei que não é legal enganar, preciso terminar com ele.

Lucas o abraça.

– Eu sei como é difícil! Não pense que para mim foi fácil terminar com Cristiano antes de forjar minha morte! Até hoje me sinto mal em lembrar-se do quanto ele sofreu e está sofrendo. Porém, a vida é curta e não sabemos o dia de amanhã. Eu vou junto contigo para te apoiar e vai dar tudo certo! Estamos apenas investindo em nossa felicidade e nada mais.

Robson concorda e beija as mãos do rapaz.

***

Em um hotel-padaria no centro de Doce Recanto, Cristiano desce as escadas do segundo andar pedindo um pingado e um bom pão amanteigado na chapa, quando avista do outro da rua de frente para um portão de ouro, tentando abrir a mansão, um belo rapaz de cabelos enegrecidos e olhos claros, magro, pequeno, que o despertou algo no peito que ele não sabia explicar, nunca sentira isso por ninguém, surgia uma necessidade de cuidar dele, de protegê-lo. E mal sabia o advogado que esse rapaz era ninguém menos que Sam Van Gogh.

***

Em são Paulo, em sua casa, Elvira terminava de organizar as finanças do marido, quando Ruth veio anunciar que a enfermeira aguardada já havia chegado.

– Mande-a entrar! Faça o favor!

A mulher se adentrou no escritório, ainda estava confusa. Seria uma proposta de emprego? A anfitriã foi exata.

– Você trabalha no hospital de Rogério, onde minha filha Débora está fazendo tratamento contra o câncer? Certo?

Ela confirmou.

– Sim, sim. Inclusive já auxiliei muito no quadro dela!

Elvira sorriu.

– Ótimo ótimo! Queira se sentar! Seu nome é?

A enfermeira foi direta.

– Chamo-me Betina do Rosário!

Elvira se alegrou.

– Sobrenome forte, de garra! Apropriado para a missão que vou passar para você.

– Missão?

– Sim, minha querida. Você será muito bem recompensada, não se preocupe. É só para você agarrar de beijos certo sujeito na frente da minha menina!

A profissional se surpreende.

***

Sam chega em casa e estranha ao ver seu pai Marcos e sua irmã mais nova Dalila a espera dele para conversar.

– Gente que cara são essas? Aconteceu alguma coisa?

Dalila pega nas mãos do irmão.

– Vem aqui, senta aqui no sofá.

Ele olha para os dois, em silêncio, já sentado.

– Fala logo caralho! O que aconteceu para vocês estarem com essa cara de mamão murcho?

Marcos dispara.

– É sobre sua mãe! Ela teve um surto psiquiátrico e resolvemos mandá-la para uma clínica.

O jovem se choca.

***

Joaquina está tentando guardar um antigo álbum de fotografias em cima de seu guarda-roupa, quando Cassandra chega de supetão em seu quarto a chamando, fazendo-a se desequilibrar da escada e torcer o pé com o susto.

– Puxa vida, Irmã! Você tem essa péssima mania de entrar no quarto dos outros sem bater! Assim não dá! Ai, meu pé!

Cassandra percebe em uma das páginas abertas do álbum, uma foto de Joaquina já envelhecida, porém grávida.

– Teve outro filho, Mãe?

A freira gela.

– Não! É a foto de quando eu estava grávida de André!

Cassandra recolhe o álbum, ajudando-a levantar.

– Que estranho. Eu posso jurar que aparenta estar muito mais velha com esse barrigão. Não pode ter só vinte e anos aqui! Foi essa a idade que o teve, não?

A anciã fecha a expressão.

***

Cristiano já não estava mais na padaria, quando do outro lado da rua, Roberto (Lucas) apareceu com Robson interfonando na mansão dos Van Gogh. Sam abriu a porta da sala totalmente deprimido, abraçando-o.

– Ai, amor! Você nem sabe como estou sofrendo, acabei de saber que minha mãe foi…

Ele faz um bico ao perceber a presença do novato.

– Mas o que essa criatura está fazendo aqui dentro da minha casa? Posso saber?

Roberto (Lucas) acaricia, beijando o ombro do rapaz.

– Vai dar tudo, certo!

Sam esbugalha os olhos.

– Que intimidade é essa com o meu homem? Sua Maria-ladrona? Você acredita amor, que ele tentou roubar sua mochila, acredita?

Dalila faz um breve comentário.

– Shii… Fedeu!

Sam berra com a irmã.

– Vá já para o seu quarto, sua garota insuportável! Que eu não sou igual à mamãe, não? Idiota daquele jeito! Se for preciso dar umas boas pancadas para você ganhar vergonha nessa sua cara, eu não me pouparei não!

Dalila sai sorridente.

– Okay! Não está mais aqui quem falou!

E sobe as escadas, parando no alto para escutar. Marcos já havia pegado o vôo para a Brasília.

Robson o acalma.

– Eu sinto muito ter que dizer isso, mas eu e Roberto estamos juntos agora. Eu vim aqui por que a gente precisa terminar!

Sam braveja.

– O Quê?

Dalila sorri. Roberto (Lucas) abraça o amado, Robson fita o vilão nos olhos. Sam segura para não chorar.

 

CONTINUA…-” ”>-‘.’ ”>

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