Mansão do Babemco 

Morgana entra na cozinha carregando uma caixa com algumas frutas. Ao retornar para a van que está estacionada na entrada, ela põe a mochila nas costas e o fone no ouvido, liga o celular e começa a conversar com o seu assistente misterioso. 

— Descobriu a senha da porta? — ela pergunta. 

— Eu tenho três combinações possíveis. Acho que uma delas é a senha exata. 

— Eu preciso achar esse moleque! Não aguento mais ter que vir aqui entregar os produtos. 

— Relaxa! Hoje você encontra o Cícero e nunca mais vai precisar voltar aí. Pegou a mochila? 

— Tá tudo certo — ela confere. 

Ao retornar para a cozinha, Morgana é interceptada pelo chefe da segurança. Ele é um homem branco, cheio de sardas e com olhar raivoso. Com um metro e noventa, o segurança causa intimidação.  

Se colocando no caminho da moça, ele pergunta: — O que você tá fazendo aqui?  

— Eu faço as entregas lá do restaurante — ela diz, um pouco receosa. 

Ele continua encarando-a. 

— Do restaurante? Então você sabe cozinhar? — ele pergunta, sério. 

— Sei sim! 

Ele olha ao redor: — Hoje amanheceu chovendo e tá frio pra cacete! Faz uma sopa pra equipe! — ele ordena. 

Morgana não sabe bem o que fazer. Ela só quer chegar na porta de metal e tirar o Cícero de lá. 

— Uma sopa? — ela pergunta. 

— É! Uma sopa! Você sabe o que é uma sopa?!  

— É que eu tô trabalhando… 

— Não importa! Minha equipe de segurança está com frio e nós queremos sopa. Você vai fazer uma sopa para nós. E, eu te digo mais. Se você fizer uma sopa bosta, pode ter certeza que a partir de amanhã você não pisa mais nessa casa. Eu sou o chefe aqui, entendeu? Então capricha na merda dessa sopa e anda logo! — ele ordena, com tédio. 

Morgana se afasta e começa a tremer o corpo inteiro. Tinha que ser uma sopa? Logo a sopa? Ela não tem segurança nenhuma em fazer esse tipo de prato. No restaurante Cerejas, ela era conhecida por arruinar as sopas, e, agora, o merda do segurança queria tomar uma sopa feita pela pior cozinheira do Cerejas? Isso só poderia ser uma piada! Sim, uma piada de muito mau gosto. 

 

 

EPISÓDIO: INIMIGO DO MEU INIMIGO 

 

 

Morgana começa cortando os legumes. Em seguida, refoga a carne moída. Para no fim, temperar o caldo. Ela faz tudo com muito cuidado, enquanto o segurança permanece sentado observando tudo.  

A lembrança do restaurante Cerejas é inevitável. Em meio a todo o processo de preparar o prato, Morgana tenta lembrar de tudo que Paolo lhe ensinou. Naquele dia em que ele salgou a sopa propositalmente, ele também ensinou todos os processos corretamente. Então, a auxiliar de cozinha queria lembrar somente das técnicas sem ter que salgar a sopa no final. 

As mãos de Morgana tremem e soam sem controle algum. Ela sabe que a permanência dela na mansão está em jogo. Se ela falhar como cozinheira, ela também vai falhar em sua missão de vingança. Então, esse é um momento decisivo. A sopa precisa estar perfeita. 

A refeição está pronta. Os homens da segurança invadem a cozinha. Cada um carrega um prato fundo e uma colher. Morgana, com uma concha em mãos, serve cada um dos homens. Eles sentem o cheiro e a temperatura. Alguns elogiam o cheiro. As mãos de Morgana começam a tremer. 

— Tá nervosa? — o chefe da segurança pergunta, ao notar o tremor nas mãos dela. 

— Um pouco — ela responde. 

O chefe senta diante de Morgana. Ele pega a colher, enche com sopa e dá uma colherada generosa. Morgana não consegue desviar o olhar, e tenta de todas as formas decifrar se agradou o paladar do homem.  

Suas pernas tremem e ela não sabe o que fazer com o descontrole nas mãos. 

O chefe faz suspense, e encara Morgana. 

— Tá boa?  

— Essa sopa… 

“Meu Deus, espero que ele tenha gostado”, pensa Morgana, cruzando os dedos. 

— Dá pra comer — finaliza o homem. — Já comi piores. 

Morgana relaxa. Parece que passou no teste.  

— Posso voltar ao trabalho? — ela pergunta. 

— Não! Por hoje tá dispensada. As entregas já foram concluídas. 

“Droga”, ela queria terminar isso ainda hoje, mas pelo visto vai ter que esperar mais um dia para mapear a sala da porta de metal e encontrar o Cícero. 

 Delegacia da Mulher. 

Acompanhada por um agente, a delegada Yeda percorre o longo corredor da delegacia que dá na sala de visitas.  

Logan Hunter segura uma xícara com café e se surpreende ao ver a mulher. Quando falaram que ele tinha visita, imaginou que seria sua esposa, mas, ver a delegada lhe deixou com altas expectativas. “O que será que ela quer?”, perguntou-se. 

— Olha que surpresa! Não imaginava vê-la por aqui — ele diz, galanteador. 

Yeda o ignora e senta na ponta da mesa. 

— Você conhecia a candidata Helena Melo?  

— Não cheguei a conhecer. 

— Mas parece que você utilizava um escritório que pertencia à candidata. Qual seu envolvimento com ela? — insiste a delegada. 

— Helena era amiga da Jade e acabou cedendo o espaço para ela. E, eu estava ajudando a Jade, até ela me trair — ele sorri. 

— O que vocês faziam naquele escritório?  

Logan solta uma gargalhada — Eu sei onde você quer chegar, delegada. Eu sei muito bem… 

Yeda levanta e encara o homem. 

— Se você não quiser entrar na lista de suspeito, é bom abrir essa boca, Logan Hunter. 

— Calma! Eu posso ajudar e te dizer tudo o que rolava no nosso escritório. Eu sei que você quer a cabeça da Jade, eu sei. E, sinceramente, eu quero entregar a cabeça daquela tolinha. Mas… olha meu estado delegada. Você acha que eu tenho que apodrecer aqui? Acho que você pode me dar uma mãozinha. 

Yeda bufa e parece desconfortável. 

— Eu não posso te ajudar — ela diz. 

— Claro que pode! Me arruma um advogado e fala com a delegada daqui! Pede pra pegar leve comigo que eu respondo em liberdade. 

Yeda continua emburrada. 

— Você só vai poder entrar no escritório e pegar a Jade, se eu entregar toda a operação. Eu sei que sem isso você não tem nada contra ela. O juiz precisa disso, não é? — ele incita. — Vamos lá, delegada, me ajuda que eu te ajudo. 

Yeda deixa a sala reflexiva. Será que ela deve ajudar Logan? 

Duas horas depois, Yeda retorna à delegacia da mulher acompanhada de uma advogada. As duas encaram Logan, enquanto um agente retira as algemas do prisioneiro. 

— Você conseguiu! Agora, preciso que me conte tudo o que acontecia no escritório. Eu vou transcrever tudo e no fim você precisa assinar. Entendeu? — pergunta a delegada. 

— Entendi, sim doutora Yeda. Nós temos um acordo e eu vou te entregar a cabeça da Jade — ele sorri, satisfeito. 

Os dois sentam e um assistente digita tudo o que Logan confessa. Yeda permanece concentrada no depoimento dele. 

Edifício Plaza. 

O movimento no escritório é frenético. Todos trabalham para garantir a manutenção do link com a Prime e Brutus está concentrado em descobrir quem está vazando o sinal de dentro do escritório. 

Enquanto isso, na sala de reunião, Jade e Bruno montam o plano para negociar com Babemco. 

— Você precisa ser bem enfático de que não tem meio-termo. Ou ele entrega o Cícero ou nós destruímos a vida dele publicando o vídeo — declara Jade. 

— Se mesmo assim ele recusar? Ou disser que não está com a criança? — Bruno reflete. 

— Você tem que ser firme, Bruno! Qual é?! 

— Por que você não fala com ele?  

Jade caminha pela sala nervosa. 

— Eu ainda não consigo. Já disse que ele destrava minhas piores memórias. 

— Olha, tudo bem, relaxa, vai dá tudo certo! Ele vai ser colaborativo depois que mostrarmos o vídeo pra ele. Eu não gostaria de brincar com aquelas imagens.  

— Espero que não aja nenhum problema. 

Através da parede de vidro, Jade e Bruno testemunham agentes da polícia civil invadindo o escritório. Logo em seguida, a delegada Yeda entra na sala e vai em direção à Jade. 

— O que tá acontecendo aqui, delegada? — questiona Jade. 

— Nós temos um mandado de busca e apreensão e uma ordem de prisão preventiva para você Jade! Peço que você não reaja e entregue tudo. Todos os computadores e materiais serão apreendidos — decreta Yeda. 

Os agentes ordenam que os hackers deixem o ambiente e não toquem em mais nada. A tensão permanece no ar. Ninguém sabe o que está acontecendo. 

— Você vai se arrepender, delegada! 

— Eu tô pouco me importando — ela sorri — agora cala a boquinha e vamos pra delegacia. 

Jade sai do escritório sendo escoltada pela delegada e por mais alguns agentes da polícia. O clima permanece estranho. 

No Décimo Terceiro Distrito de Polícia, Jade permanece detida em uma sala especial. Ela está sozinha, quando Licurgo aparece acompanhado de uma policial. 

— Eu sei que sou a última pessoa que você gostaria de ver hoje, mas, pode acreditar, eu só quero o seu bem, Jade. 

— Eu também te quero bem. Bem longe de mim. Não enche, Licurgo. Me deixa em paz — ela bufa, virando o rosto. 

— Você acha mesmo que eu iria conspirar contra você? Você já esqueceu de tudo que vivemos? Por que eu? Por que agora? Será que você não consegue enxergar, Jade? 

— Acho que eu já acreditei em muitas pessoas e me decepcionei no caminho. Sinceramente, não acredito em mais ninguém. 

— Eu te conheço Jade e você também me conhece. Nós não somos estranhos. Eu conheço seu filho, esposo e toda a família e você sabe tudo que eu já passei nessa vida. Você pode olhar nos meus olhos e dizer que eu estou mentindo? 

Ela não consegue encará-lo: — Sai daqui Licurgo! Ainda que você esteja falando a verdade, eu não quero pensar em você metido nessa merda. Dá o fora e vai cuidar da sua vida, ou tentar piorar a minha. Sai daqui, agora! — ela grita revoltada. 

Licurgo sai com lágrimas nos olhos. 

Enquanto isso, Brutus encontra Marcelo em uma mesa do Café Status.  

— O que foi? Você me deixou assustado? —perguntou Brutus se aproximando. 

— Eu consegui enviar o link da Prime para o meu computador — Marcelo fala, eufórico e mostrando a tela do seu notebook. 

Brutus parece surpreso. 

— Mas eles bloquearam o sinal! Você foi rápido. Deixa eu dar uma olhada. 

Brutus confere o notebook e digita alguns códigos. Ele parece desconfiar de algo. 

— O que foi? — questiona Marcelo. 

— Nada! Eu vou mandar o link para o meu PC. Vamos continuar monitorando a Prime de qualquer jeito — Brutus diz, determinado, porém, ele parece desconfiado. Como Marcelo conseguiu enviar esse link para o seu computador? Ele fica com uma pulga atrás da orelha. 

Décimo Terceiro Distrito. Sala de interrogatório. 

A delegada está impaciente. Jade continua apática olhando para o nada. 

— Vamos lá, Jade, você precisa me ajudar. Se nós encontrarmos qualquer evidência que te ligue à morte da Helena você vai ser indiciada como principal suspeita. Eu tô tentando te ajudar! Onde você colocou as imagens? 

Jade parece estar em outra dimensão. 

— Quer me ajudar assim como o Licurgo e a Victória? 

Yeda bufa. 

— Isso chega a ser infantil! Espero que você tenha uma razão muito forte para esconder o que você está escondendo aí! 

De repente, Bruno entra na sala. Ele carrega um despacho que concede liberdade à sua cliente. 

— A juíza concedeu o habeas corpus. Preciso levar minha cliente, doutora — avisa Bruno, se aproximando de Jade. 

— Como pode, Bruno? Como pode você ser conivente com essas mentiras? — ironiza a delegada. 

— Acho que você precisa falar com o ministério público e denunciar minha cliente. Até lá, não queremos mais conversa com a polícia. Com licença, doutora — Bruno fala, carregando Jade e saindo da sala. 

Yeda permanece indignada. 

Ainda no Café Status, Logan Hunter está escondido em uma mesa nos fundos. Debaixo de um boné surrado e de óculos escuros, ele está concentrado teclando em seu notebook. Na tela, Logan tenta hackear o sinal da Prime que está vindo dos computadores de Brutus e Marcelo. 

— Aquela filha da puta vai ver com quantos paus se faz uma canoa — ele sorri, vingativo.  

O hacker não desistiu. Agora, além de querer a Prime de volta, ele também pretende atingir Jade. Ela não pode sair dessa sem provar da vingança de Logan. A guerra só está começando. 

No dia seguinte, Brutus se encontra com Jade no apartamento de Bruno. Os três sentam na mesa da cozinha e enquanto tomam café, compartilham seus planos para o dia. 

—Eu tenho um suspeito de ter enviado os sinais para Victória e Licurgo — Brutus fala, fazendo suspense. 

— Quem? — Jade curiosa. 

— Acho que foi o Marcelo! Eu acessei o pc dele e consegui deixar um rastreador. Tô tentando saber o que ele anda fazendo. Na verdade, eu descobri que ele tá monitorando a mansão do Babemco.  

— Mas, por quê?  

—Ele tá usando um comunicador. Se eu conseguir hacker vou ouvir toda a conversa dele! 

Bruno levanta, extremamente incomodado, mas surpreso ao mesmo tempo. 

— Isso não é legal! Nós não podemos continuar desse jeito! — diz o advogado. 

Jade também levanta carregando Bruno até a porta de saída. 

— Nós não temos tempo. Vamos encontrar com o Babemco e pedir o Cícero de volta. Enquanto isso, descobre o que o Marcelo quer com a mansão daquele louco — Jade fala saindo com Bruno. 

Mansão do Babemco. 

A manhã está nublada. O céu cinza anuncia uma grande tempestade. Um vento frio sopra constantemente prenunciando que eventos estranhos estão por vir. Nada está normal neste dia. 

Quando Morgana entra na cozinha, o chefe da segurança vem lhe abordar novamente. Ela retira os fones de ouvido e presta atenção ao que o homem fala. 

— Preciso dos seus serviços novamente. 

— Posso saber do que se trata? – ela pergunta, ressabiada. 

— Meus homens gostaram da sua sopa. Eles pediram mais! 

— Espera só um momento, por gentileza — ela fala, saindo da cozinha e indo em direção à van das entregas. 

Quando a jovem retorna, vem carregando uma panela enorme de alumínio. 

— Mas que merda é essa? 

Ela abre a tampa e mostra a sopa. O homem toma um susto ao mesmo tempo que lambe os lábios. 

— É bom tomar logo antes que esfrie — ela avisa. 

Rapidamente, Morgana serve os homens para em seguida adentrar nos corredores e ser guiada por Marcelo. O hacker está lhe auxiliando. O motivo? Desconhecido! 

Mais uma vez, Morgana entra no cômodo, afasta o armário da parede e encontra a porta de metal. 

— Qual a senha? — ela pergunta para Marcelo. 

Prédio da Prime Security. 

Bruno e Jade entram no loby do edifício. Jade permanece sentada na recepção, enquanto Bruno vai ao encontro de Babemco. 

Ao chegar na sala, o advogado sente um certo receio de ameaçar Babemco, mas ele tem a vantagem e com certeza vai usá-la em seu favor. 

Babemco está sério encarando Bruno. Capeto está do outro lado da sala, fumando um cachimbo. Os dois parecem fuzilar o advogado com o olhar. 

—O que você quer? Sua amiguinha não tem culhão pra vir falar comigo, é isso? — Babemco incita. 

— Não se preocupe com os detalhes. Você vai precisar dessa energia pra resolver outro problema! — declara Bruno. 

— Que problema? 

— Você quer ver o vídeo pelo celular ou tem algum projetor?  

— Use meu computador e a imagem será projetada na parede! 

— É melhor fechar as janelas. As imagens são bem fortes — avisa Bruno. 

Babemco olha para Capeto pedindo o capanga feche as persianas. O capanga obedece com cara de tédio. 

— Espero não estar perdendo meu tempo precioso — murmura o CEO. 

Bruno conecta o pen-drive e rapidamente projeta a imagem na parede. Babemco assiste o vídeo em silêncio. 

As imagens são claras. Ele e Helena na estação de rádio a conversar, para em seguida o CEO atirar à queima roupa na testa da mulher. Ao ver o momento do assassinato, Babemco abre levemente a boca, demonstrando surpresa. 

— Tira isso daí, agora! — ordena o CEO. 

O advogado não fala nada, mas encara Babemco de forma penetrante. 

— O que você quer? 

— Agora você acha que eu quero alguma coisa? — Bruno questiona. 

— Se você quisesse me entregar já teria feito — conclui Babemco. 

Bruno respira fundo. 

— Nós queríamos resolver isso de forma legal e honesta, mas, parece que não foi suficiente. 

— Droga! Isso tudo por causa de uma criança?! 

Bruno sorri. 

— Você nem imagina o que uma mãe é capaz de fazer por um filho. Não brinca não! 

— Eu quero o vídeo e ter a certeza que não tem nenhuma cópia. Vou chamar o meu técnico para avaliar — o magnata avisa. 

— Tudo certo! 

Babemco se dirige à Capeto. 

— Vá até a minha casa e traga a criança. Você sabe onde ele está!  

— Tem certeza? 

— Tenho sim! Vai lá 

Capeto sai da sala deixando os dois sozinhos. O clima tenso permanece no ar. 

Enquanto isso, Brutus está no Café Status tentando monitorar a ligação de Marcelo e Morgana, até que depois de muito tentar, ele obtem sucesso. 

Brutus fica surpreso ao ouvir Marcelo conversando com Morgana. Ele descobre que o hacker está ajudando a moça a entrar em uma sala secreta que tem na mansão do Babemco. 

Imediatamente, Brutus liga para Bruno na intenção de avisar o que descobriu, porém, não consegue falar com o advogado. Ele então, liga para Jade. 

— Consegui, Jade! Eu descobri com quem o Marcelo está conversando! — avisa o hacker na ligação. 

— Quem é? — Jade pergunta, supresa. 

— É uma tal de Morgana. Ela vai entrar em uma sala e está atrás do Cícero. Você conhece alguma Morgana? 

— Esse nome não me é estranho — Jade suspira. 

— E agora, o que vamos fazer?  

— Vou avisar para o Bruno! 

Jade corre e sobe até a sala de Babemco. Ao entrar e fitar o seu olhar no vilão, suas mãos e pernas começam a tremer. 

— Preciso falar com você, urgente! — ela avisa. 

O advogado sai da sala e vai ao encontro da amiga. 

— O que tá acontecendo? 

— O Brutus já sabe o que o Marcelo tá fazendo. Ele tá ajudando uma garota a entrar na mansão. Ela tá atrás do Cícero! — Jade fala, um pouco desnorteada. — O que a gente faz? 

— Eu vou lá! 

— Não!  

— Eu tenho que impedir que essa garota pegue o Cícero. Se nós perdemos o bebê, não tem acordo nenhum com o Babemco. Você fica aqui e garanta que esse crápula não vá a lugar nenhum. 

— Mas, Bruno, eu não posso ficar sozinha com ele — ela avisa. 

— Fica aqui fora! Você não precisa ficar na mesma sala que ele. Eu volto rápido — Bruno diz, correndo para o elevador. 

Brutus liga para Bruno. 

— Onde que você tá? — pergunta o hacker. 

— Tô indo pra mansão do Babemco. Vou precisa da sua ajuda!  

— Beleza! Acho que consigo abrir uns portões pra você! Me liga quando estiver chegando! 

A tensão e adrenalina estão por toda parte. 

Mansão do Babemco. 

Morgana digita a última senha e consegue abrir a porta de metal.  

— Você tem que ser rápida! — Marcelo grita em seu ouvido. 

— Já entendi! 

Ela retira uma máscara de gás militar, põe em seu rosto e em seguida se prepara com duas bombas de gás. Morgana percorre um longo corredor iluminado e no fim do mesmo, ela olha para os lados e percebe dois seguranças que conversam despreocupadamente.  

Ela lança as duas bombas de gás e aguarda o efeito. Os seguranças ainda correm tentando evitar o envenenamento, mas em poucos segundos, os dois caem, desacordados. 

Morgana passa pelos homens caídos e entra na sala que fica no fim do corredor. O lugar é iluminado, tem paredes pintadas de azul com nuvens brancas, um ambiente lúdico, colorido, cheio de brinquedos e climatizado. Morgana observa o lugar e fica surpresa. 

Do outro lado da sala, no canto da parede, uma mulher loira segura Cícero que está dormindo. Ela está assustada. 

Morgana retira a máscara e levanta as mãos, mostrando que não tem nenhuma arma. 

— Quem é você? Ninguém tem autorizou! — diz a mulher com a voz trêmula. 

— Eu sei! Eu vim levar o garoto. 

A mulher nega com a cabeça e afasta a criança de Morgana. 

— Ele não vai a lugar nenhum 

— Eu vim salvar ele. Vou levar pra mãe — mente a garota. 

— Como você conseguiu entrar aqui? Como conseguiu passar pelos seguranças?  

— Eu tenho meus truques. 

Marcelo começa a apressar a garota. — Anda logo com isso — ordena o hacker. 

Morgana se aproxima ainda mais. — Preciso que me entregue ele, agora. 

A mulher começa a chorar. 

— Não tenho tempo — fala Morgana. 

— Não machuca ele. 

Morgana pega Cícero no colo e sai da sala. 

O sr Capeto chega à mansão do Babemco e na guarita, ele já percebe que tem algo estranho. O guarda responsável pela entrada está apagado com a cabeça sobre uma mesa.  

Próximo à entrada principal, mais dois seguranças estão desmaiados. Capeto verifica a pulsação e percebe que estão apenas dormindo. Alguém dopou eles! No mesmo instante, o capanga de Babemco saca sua arma e fica em posição de combate. 

No interior do imóvel, a mesma coisa, homens caídos e totalmente apagados. Ele corre para a sala do bunker, mas no meio do caminho, encontra o chefe da segurança que está sentado próximo à entrada. O chefe tenta manter-se acordado, mas seus olhos estão pesados. 

Capeto se ajoelha e tenta falar com ele. 

— O que aconteceu? Quem fez isso?  

O homem balbucia alguma coisa incompreensível — Ela… a garota… pega… — ele apaga, totalmente. 

Capeto aponta sua arma e entra na sala. 

No mesmo momento, mas em um portão lateral que dá acesso à mansão, Bruno consegue entrar na casa com a ajuda de Brutus que lhe guia. 

— Eu vi dois seguranças caídos. Tem alguma coisa errada acontecendo aqui — avisa Bruno pelo celular. 

— Segue até à cozinha. Cuidado! Não sabemos como as coisas estão por ai — Brutus guia. 

Porém, de repente o sinal de Brutus é cortado. Ele não consegue mais acessar as câmeras da mansão. Ele não sabe o que está acontecendo. 

— Onde que eu entro? — Bruno pergunta, totalmente perdido. 

— Espera! Não consigo mais acesso às câmeras. Alguém derrubou o meu sinal. 

— Como assim, Brutus? Eu não tenho tempo! Se a garota pegar o Cícero é o fim! Me diz logo onde que eles estão? 

Em um quarto de hotel, Logan está sentado em uma mesa redonda, diante do seu laptop. Ele está concentrado, enquanto digita alguns códigos. 

— Isso! — ele vibra, ao conseguir hacker o sinal da Prime e derrubar o link de Brutus e Marcelo. — Desgraçada! Você me paga — Logan comemora. 

Enquanto isso, na recepção da Prime, Jade aguarda algum retorno de Bruno, porém, o advogado não atende. Ela está aflita sem saber o que está acontecendo. 

Mas, o pior está para acontecer. Babemco sai da sua sala e dá de cara com a mulher. 

— Olha, olha, olha! Quer dizer que você está aqui?!  

Jade se afasta e tenta não encarar o homem. 

— Você enfim, vai conseguir o seu garoto. Tá feliz com isso? — ele provoca. 

Jade tenta responder, mas sua voz não sai. Parece que uma mão aperta sua garganta. 

— Você quer saber o motivo de eu ter escondido o seu filho? 

Ela então consegue emitir alguma coisa. 

— Você é cruel — Jade responde. 

— Eu não diria cruel. Eu sou necessário. O que seria de você sem mim? O que iria te motivar a levantar todos os dias? Eu sou um mal necessário. 

A delegada Yeda se aproxima de Jade e intervém. 

— Tá tudo bem por aqui? — pergunta a delegada, puxando Jade para si. 

— Está tudo muito bem, doutora — responde Babemco. 

Na mansão, Morgana consegue sair do bunker com Cícero. Ela embala o bebê em seu colo e está prestes a sair da sala, mas é interceptada por Capeto, que para diante da porta, impedindo sua saída. 

— Por pouco, hein… — ele fala, apontando a arma para a cozinheira. 

Ela parece surpresa enquanto dá um passo para trás. 

— Eu não te conheço! O que você quer com essa criança? 

— Eu só preciso tirar ele daqui — afirma Morgana. 

— Foi a Jade que mandou você? 

— Se você soubesse que eu quero atingir a Jade tanto quanto você… 

— Eu não posso deixar você sair daqui com essa criança — ele diz, mexendo a arma na direção da moça. 

Ela suspira. 

— Por favor. Você não sabe o tanto que eu lutei pra conseguir pegar esse menino. Só me deixa ir — Morgana implora. 

— Vai ser mais fácil se você não suplicar — ele destrava a arma e aponta na direção da cabeça de Morgana. 

Ela fecha os olhos aguardando a morte. Porém, algo acontece. 

A delegada Yeda leva Jade para a recepção e entrega um copo com água para ela. 

— O que você faz aqui sozinha?  

Jade toma um gole da água e tenta pensar em uma resposta. 

— Eu queria conversar com o Babemco e pedir meu filho de volta — ela mente. 

— Sério, Jade? 

— E o que você faz aqui? 

— Eu sou delegada. Eu falo com todo mundo em todo lugar, a qualquer tempo! 

Jade não consegue encarar a mulher. 

— Como você mesma disse “não estamos em lados opostos”, você precisa confiar em mim e me ajudar a descobrir o que aconteceu na antiga estação de rádio. E, você tem que consertar as coisas com o Licurgo. Ele está inconsolável em saber que você desconfia dele. 

— Sobre isso, nós falamos em outro momento. E, é muito difícil pra mim confiar em quem me traiu. Eu já passei tanta decepção, tanta dor nessa vida que eu simplesmente não consigo mais confiar em quem me traiu — declara Jade. 

— Mas, ele não te traiu. 

Jade olha para o lado e reflete naquilo. 

De volta à mansão, quando Capeto está prestes a matar Morgana com um tiro. Bruno aparece e com um extintor de incêndio, atinge a nuca do capanga, que cai desacordado. 

Morgana solta o ar aliviada. Escapou. 

— Que bom que você chegou, tio — afirma Morgana. 

— Vamos — Bruno diz, carregando a moça e a criança. 

Os três saem da mansão e vão até o carro do advogado que dirige até o seu apartamento. Quando chegam no imóvel, Bruno pede que Morgana se acomode enquanto serve suco e um prato com petiscos. 

De outro cômodo, surge Marcelo, carregando um notebook. Ele está assustado, mas fica feliz ao ver Bruno e Morgana carregando Cícero. 

— Nós fomos hackeados. Eu perdi o link da Prime — avisa o hacker para Bruno. 

O advogado parece tranquilo, ele toma água enquanto observa sua sobrinha sentada. 

— Tá tudo bem, Marcelo. Você fez um excelente trabalho. Conseguimos resgatar o Cícero, eu tenho as imagens do Babemco e a Jade continua confiando em mim. Agora, nós vamos para a outra parte do plano.  

— O Brutus já sabe que eu não tô mais com eles. 

— Sim. Você foi pego. Mas, eles não sabem da nossa ligação. E, vamos manter tudo assim. Eu quero que a Jade continue confiando em mim. Aquela desgraçada vai saber o que é sofrer ainda. Meu pai e meu tio não morreram em vão. Eu vou vingar o que essa mulher causou à nossa família — Bruno declara com ódio no olhar. 

 

 

ATENÇÃO: INCOGNOSCÍVEL RETORNARÁ COM EPISÓDIO INÉDITO EM 16  DE JANEIRO DE 2024, APÓS O HIATOS DA WIDCYBER. 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo