O som é inconfundível. Faca e garfo colidem na superfície do prato criando uma sinfonia harmônica. O toque nas taças de vidro e o vinho a mexer dentro, soam como uma linda canção. A fumaça da vela sendo consumida, baila entre os utensílios pintando o ambiente de terror e agonia. A luz amarelada que tremula sobre a mesa, cria sombras fantasmagóricas dos convidados que mastigam em silêncio. 

— Comam! — ordena Babemco, quebrando a paz sonora do lugar. 

— Por que você não diz logo o que quer de nós e acaba com esse circo? — grita Yeda, apertando com força uma faca em sua mão direita. 

Babemco olha para a mulher com ar de desdém e diz: — Se continuar sendo malcriada vai ficar sem a sobremesa. E, eu sei que creme de avelã é o seu doce preferido. Não é mesmo, Mônica? — ele pergunta, olhando para a mãe de Yeda. 

Yeda parece não acreditar que sua mãe tenha revelado coisas sobre ela. Mesmo assim continua a comer ainda que não tenha um pingo de fome. 

Babemco termina de mastigar um pedaço de carne branca e fica em pé. Toma mais um gole do vinho e limpa a boca com as costas da mão. Ele encara cada um que está sentado. 

— Vocês não fazem mesmo ideia do que estão fazendo aqui? 

Demétrio sorri: — Isso parece um teatro! Você claramente é um ator, e dos péssimos, diga-se de passagem. E, nós somos uma plateia totalmente insatisfeita, tendo que assistir uma apresentação tenebrosa e sem graça. O ator é sem carisma e tem uma péssima dicção!  

Babemco solta uma gargalhada farta, ele se diverte com a teoria do delegado geral. 

— Alguém mais quer sugerir o motivo de nos reunirmos aqui? — Babemco incentiva. 

— Temos algumas coisas em comum — declara Bruno. 

— Isso! Você é muito esperto! — comemora o magnata. 

— Precisamos esclarecer algumas coisas — declara Cornélio. 

— Perfeito! O que nos une? Já pensaram nisso? 

— Você nos uniu, Babemco — declara Jade, com raiva. 

Ele sorri vaidoso: — Sim! De certa forma eu consegui fazer isso. Mas, eu sinto que tem algo mais que parece ter arquitetado a nossa comunhão — ele filosofa. — Vocês acreditam em Deus? 

Todos se entreolham estranhando a pergunta. 

— Eu acredito! — declara dona Leia, a mãe de Morgana. 

— Você pode nos dizer por qual motivo acredita em Deus, Léia? — Babemco pergunta, se aproximando da mulher que está amarrada na cadeira. 

A mulher tem lágrimas no olhar, e a fala é trêmula — Ele tem me dado provas que me faz crer em sua existência. São provas íntimas e que eu não posso explicar. É algo que cada um precisa experimentar para crer ou não. 

Babemco sussurra no ouvido da mulher como uma serpente maliciosa — O seu Deus não foi capaz de salvar o seu marido. Se Ele existe mesmo Ele deve ter um lugar pra ficar e uma ocupação. Você já se perguntou onde o seu Deus estava quando Jade mirou uma arma para Roberval, apertou o gatilho e destruiu a sua vida e a vida da sua filha? Que Deus é esse que deixa que os seus servos sofram tanto assim? O que Ele estava fazendo que não impediu tamanha injustiça? 

Léia aperta os olhos e as lágrimas escorrem copiosamente. Ela se desmancha em choro. Morgana observa tudo em completo sofrimento. 

— Ele tem os seus propósitos e não se pode questionar a permissão dEle — afirma Léia. 

— Eu estou aqui e eu posso fazer muitas coisas. Eu posso ser questionado e encontrado. Eu sou o seu Deus, Léia! Declare isso! Vamos, reconheça que eu sou o seu Deus! — Babemco pede, com autoridade. 

— Você não é deus coisa nenhuma — Léia declara convicta. 

Licurgo parece angustiado com toda a armação: — Para com isso, Babemco! 

Babemco ordena que soltem Dona Léia da cadeira. A mulher fica em pé, trêmula. As mãos em espasmos. Todos estão tensos e com medo. O que será que o louco irá fazer? 

— Ajoelhe-se diante de mim e declare que eu sou o seu Deus! Vamos, agora! Eu posso te salvar! Não é isso que um deus faz? — ele pergunta, enquanto uma baba escorre pelo canto da boca. 

Léia o encara, ainda mais convicta: — Eu não posso fazer isso! Você não é um deus e eu não acredito em você! 

Babemco puxa Morgana da cadeira e põe a garota ajoelhada diante de si. 

— Um deus de verdade dá a vida e tira a vida. É isso que faz um deus, não é mesmo dona Leia? — ele pergunta sacando uma pistola e apontando para a cabeça de Morgana — Ajoelhe-se perante mim e diga que eu sou o seu deus, ou então, eu estouro os miolos da sua querida filha, dona Léia — ele diz, olhando fixamente nos olhos da mulher. 

— Por favor… — Léia clama, com as mãos trementes em súplica. 

— Ajoelhe-se e declare a sua fé em mim!  

Dona Léia observa a imagem de Babemco apontando uma arma para sua única filha. Morgana chora em puro horror. 

“Para com isso, Babemco”, alguém clama ao fundo. “Calem-se!”, ele responde. 

Humilhada, fraca e incrédula, dona Léia se ajoelha e diz em meio à dor: — Você é o meu deus, Babemco. Eu creio em você! 

— Mais alto! Diga que eu sou o seu deus e que não existe outro além de mim! — ele grita. 

— Você é o meu deus e não existe outro além de você! — ela berra em desespero. 

“Mais alto”, ele pede. 

VOCÊ É O MEU DEUS E NÃO EXISTE OUTRO ALÉM DE VOCÊ! 

VOCÊ É MEU DEUS E NÃO HÁ OUTRO COMO VOCÊ! 

NÃO EXISTE OUTRO ALÉM DE VOCÊ! 

Babemco aponta a arma para a cabeça de Léia e sem pensar aperta o gatilho. A arma não tem munição. Todos suspiram aliviados. 

— Sua fé acabou de morrer, Léia! — Babemco diz, satisfeito, enquanto a mulher continua a chorar. 


 

 

EPISÓDIO: O INFERNO SOU EU

 

 


Antes de Licurgo sair da fazenda e ajudar Jade a resgatar seu filho. Ele vivia uma vida pacata cuidando dos órfãos e dos seus bichos. 

Sim, um homem feliz mesmo vivendo em meio à simplicidade e com tão poucos recursos. 

Ele é um homem temente a Deus. Pacífico e fiel. Seu maior hobby é cuidar das plantas. Licurgo passa horas na sua estufa. Ele tem plantas de todas as espécies e elas parecem falar com ele. 

Sempre no começo do dia, Licurgo conversa com suas flores. 

— Bom dia — ele inicia — Eu chorei antes de dormir. Sonhei que a fazenda ardia em chamas. E, custo a acreditar que talvez não tenha sido um sonho, mas uma memória distante. Tudo se transformava em um verdadeiro inferno. E, eu me sentia culpado. Eu queria fugir das chamas, mas, talvez essa não tenha sido uma boa ideia. Eu deveria ter ido em direção às chamas. Tava tão quente. Tão aconchegante. Como se eu pudesse ser curado com o fogo. Purificado! — ele fala, enquanto acaricia uma orquídea — Se eu estiver errado? Se esse não for o meu caminho? Se estiver aqui e fazer o que eu faço, não for a razão? Eu não tenho mais tempo. Eu não posso voltar atrás. Eu deveria ter ido em direção ao fogo — lamenta. 

Licurgo acorda de suas memórias e encara a mesa que Babemco preparou. Jade está perto e chora. Yeda está com raiva. Victória mantém os olhos fechados, talvez sem querer registrar o horror do momento. Aquele é um jantar diabólico. 

** 

Léia está destruída emocionalmente e Morgana só queria abraçar sua mãe. Babemco senta e toma mais um gole da sua bebida. Capeto e Logan observam ao longe. 

— Você nunca se questionou? — Babemco pergunta para Yeda. 

Ela o encara com ódio no coração. 

— Eu já tô de saco cheio disso! Quando eu sair daqui eu vou te encher de porrada seu velho maricas! — Yeda diz, com raiva. 

— Respeito é bom e o seu velho gosta!  

Babemco dá um sinal e as portas da sala se abrem. Dois seguranças entram empurrando carros cobertos com uma lona. Eles descobrem os carros revelando montanhas de dólares. 

— Isso é uma pequena parte da minha fortuna. Tudo isso é nosso, camarada — Babemco bate no ombro de Demétrio. 

— Depois de perder a honra e a liberdade. Eu consegui resgatar a vida do seu pai. Ele me deve tudo — diz Babemco. 

— O que você quer com isso, Babemco? — Demétrio pergunta. 

— Vamos, querida! Pergunte! — Babemco grita para Yeda. 

— Droga! — ela rebate. — Eu não vou entrar nesse jogo, seu psicopata! 

— A ética que o seu pai transmitiu para você não te permite descobrir a verdade, mas eu vou revelar tudo. Assim como os panos que envolviam esse dinheiro, eu vou descobrir o que está encoberto e mostrar a realidade — declara Babemco. 

Demétrio parece desesperado — O que você tá fazendo, Babemco? Nós temos um acordo. Você ficou louco? 

— Eu olhei diretamente para a morte e ela me encarou de volta. Nós sorrimos e ela me contou segredos. Eu chorei e ela enxugou minhas lágrimas. Depois, ela cuspiu sem pena em meu rosto e disse que não teria misericórdia. O meu tempo era o fim e nada poderia mudar isso. Eu tenho câncer e ele me domina. Não temos acordo. Ele virou senhor e eu servo. Agora eu sou portador da verdade. A triste verdade de que o fim chegará para todos e a luz deve brilhar revelando tudo o que é. O que não é não pode mais ser encoberto. 

— Mentira! — Demétrio grita! 

Babemco se aproxima de Yeda e sussurra — Seu pai, o grande policial, reto, invejável, admirado por toda a sociedade pernambucana, louvado por todas as autoridades da cidade, amado por padres e pastores. Homem fiel à família e pregador da moral e dos bons costumes. Sabe o que seu pai é de verdade? — Babemco, pergunta. 

Yeda trinca os dentes e uma lágrima escorre por sua face. 

— Você quer saber o que o seu pai é. Yeda? — Babemco insiste. — Eu preciso que você fale. 

Ela reluta. 

— Não resista. É somente a verdade… 

Jade assiste horrorizada. Lucas parece que vai vomitar. Eva está suando muito. 

— Diga que quer saber a verdade. Somente a verdade, Yeda… 

— Fala logo essa merda, Babemco — pede Yeda. 

— Seu pai é um grande gay. Ele gosta de garotos da polícia. E teve um caso com um policial durante anos. Depois um tenente descobriu e o seu pai matou o amante e o tenente. Eu ajudei a ocultar o crime e a partir dai ele me obedece feito um cão covarde. Eu precisei transar com sua mãe pra você nascer, porque o horado Demétrio é um incapaz. Nada na mulher atrai ele. A pobre e infeliz Mônica. 

— Isso não pode ser verdade — diz Yeda. 

Mônica baixa a cabeça envergonhada. Demétrio chora com o olhar baixo. 

— Será que o padre vai liberar o perdão, Demétrio? Não é o mesmo Deus que a Léia acreditava? É a mesma igreja? — zomba Babemco. 

Demétrio engole seco. 

— Fala que isso não é verdade — Yeda pede olhando para Demétrio. 

O homem não consegue falar, mas concorda com a cabeça, confirmando a história de Babemco. Yeda cai em prantos, mostrando decepção com as mentiras do pai. 

— Você poderia ter contado a verdade — ela declara — talvez eu não aceitasse de imediato, mas você continuaria sendo o meu pai. 

— Mas, ele não é o seu pai. — declara Babemco, apontando o dedo em direção de arma para a cabeça de Demétrio. Ele finge atirar — A falsa honra acabou de morrer! Dois a zero para mim! 

Capeto se aproxima com uma prancheta, um documento e uma caneta. Entrega para Babemco. 

— Essa é toda minha herança. É tudo seu! — Babemco fala, entregando a prancheta para Yeda — Eu ganhei esses bilhões que agora serão seu. Ganhei com trabalho escravo, com tráfico de drogas, muitas mortes e muito sangue. Gente inocente morreu por conta das drogas que eu vendi. Muitas autoridades foram corrompidas e se venderam. Policiais e batalhões inteiros foram comprados para me enriquecer. É tudo seu Yeda. E você vai aceitar e viver com tudo isso até à sua morte, são os termos do testamento.  

— Vai à merda, Babemco — Yeda, declara. 

— Dessa vez eu juro que eles vão morrer, caso você não aceite — Babemco diz, soltando Demétrio e Mônica e colocando-os de joelho perante si. 

— É melhor você parar com essa loucura! — Yeda grita, percebendo que sua mãe está em perigo. 

Babemco aponta a arma para a cabeça de Mônica e depois passa para a cabeça de Demétrio. 

— É por isso que estamos aqui esta noite. Para resolvermos todas as questões — diz Babemco.  

— Você não pode fazer isso! — Yeda começa a se desesperar. 

— O que é tão importante assim, Yeda? É por que você é muito certinha, não é? Esse é o momento que você precisa encarar a verdade e entender que todos nós somos corruptíveis. Inclusive você, delegada. Todo o dinheiro vai ser seu. Todo o poder. E você vai ser a nova delegada geral do estado, no lugar do seu falso pai. Ele mentiu pra você esse tempo todo. Sua mãe mentiu. Você vai continuar guardando essa ética fútil e frágil que esses dois deixaram desmanchar entre os dedos? — pergunta Babemco. 

— EU NÃO VOU NEGOCIAR MEUS PRINCÍPIOS! EU NÃO VOU ACEITAR O SEU DINHEIRO SUJO! — Yeda grita aos prantos. 

— Esse dinheiro sujo é seu por herança! Você é sangue do meu sangue, querida! Você precisa aceitar que se corromper faz parte de toda a existência. Todos podem errar, e você também vai errar! — Babemco diz, destravando a arma e pressionando-a contra a cabeça de Mônica. 

— NÃO, BABEMCO! VOCÊ NÃO VAI MATAR OS MEUS PAIS! — Yeda grita. 

— E quem disse que eu vou matá-los? — Babemco levanta a cabeça e encara o advogado Bruno. — Levante-se doutor. Hoje a noite a Prime pode ser sua. 

Capeto desamarra Bruno e ele se aproxima de Babemco. 

— É só atirar na cabeça dos dois e a Prime é sua e toda a minha herança — diz Babemco, entregando a arma na mão do advogado. 

Bruno pega a arma. Yeda olha para ele. 

— Não faz isso cacete! Que merda você pensa que tá fazendo? — Yeda grita mais uma vez. 

— Tio pelo amor de Deus não faz isso! — Morgana clama.

Bruno continua segurando a arma enquanto sua mão treme. Ele olha para o dinheiro que está ali perto. Olha para o papel contendo a fortuna de Babemco. Está tudo ali. Tudo o que ele mais queria a um disparar de gatilho. Será que ele vai ter coragem de matar Mônica e Demétrio para chegar ao topo que ele tanto sonhou? 

** 

Como chegamos até aqui? Yeda se pergunta. Bruno se pergunta. 

Yeda gostava de estudar com música. Bruno gostava de estudar em completo silêncio. Ela formou-se em educação física. Ele cursava a faculdade de direito.  

Yeda não furava fila e nunca pegou resposta dos amigos em época de avaliação. Ela também mentiu pouco. Detestava mentiras.  

Bruno sofria com a ausência do pai. Era revoltado por causa desse abandono. Então, pra ele a vida era uma eterna disputa. Ele furava fila sim. Colava nas avaliações se precisasse e mentia de vez em quando. Normal. Na selva em que vivia, mentir era ferramenta de sobrevivência. 

Os dois viviam realidades distintas. 

Yeda conseguiu se dedicar aos estudos enquanto seu pai “bancava” tudo. Na verdade, quem bancava era o Babemco, sabemos agora. 

Bruno não teve pai ou mãe que o bancassem. Ele tinha que fazer seu nome. Precisava trabalhar enquanto se formava. Era vendedor em loja de automóveis. Precisava contar histórias não verídicas pra ganhar sua comissão. Ele aprendeu cedo a ser o esperto que ganhava pra sobreviver. 

Vidas totalmente opostas. 

Agora, seus princípios eram postos à prova. Será que Bruno e Yeda continuariam fiéis? 

** 

Bruno sonhou com esse dia. Ele lembra muito bem com o que sonhou. O diabo comprava sua alma e ele a vendia.  

Sua alma era escura. Suja! Ele levantou-se da cama e pode ver seu corpo dormindo. Enquanto assinava o contrato fausto, ele via as gotas de sangue escorrendo por entre os dedos e manchando o papel do cão.  

Estava feito. Nada mais lhe faltava. Ele foi até às últimas consequências para conseguir o que desejava. 

— Assina a merda do papel e você vai ter tudo! — Babemco gritava aos berros para Yeda. 

Ela segurou a caneta e continuava chorando — Eu não posso — lançou a caneta no chão — Eu não posso fazer isso. 

Babemco olhou para Bruno e disse — Sua chance é agora!  

Bruno olhou para Demétrio e atirou na cabeça do homem. Pedaços de massa encefálica explodiram para todos os lados.  

Yeda deu um grito mudo sem acreditar no que estava vendo. Bruno mirou na cabeça de Mônica. 

Babemco gritou — Chega seu demônio! 

O magnata arrancou a arma da mão de Bruno e atirou na cabeça do advogado. Um jato de sangue espirrou em cima da mesa. Todos gritaram assustados com a carnificina.  

Bruno e Demétrio estavam mortos. Mônica continuava ajoelhada e tremendo o corpo inteiro. Estava em choque. 

— Isso não é uma simulação! Se vocês não se curvarem, vocês irão morrer — disse Babemco, limpando o sangue que escorria em sua boca. 

** 

Nem sempre foi assim. Babemco já havia vivido o céu na terra. 

— A minha infância foi a melhor. Até o meu pai trair a minha mãe. Foi depois disso que ela descobriu o câncer. Parece que a doença foi consequência da traição. Eu sei disso porque ela me contou. Descobrir que meu pai havia sido infiel, destruiu minha mãe.  

— O que você fez com essa informação — Victória perguntou, observando sua mão suja de sangue 

— Eu violei uma das bombas caseiras do meu pai. No dia seguinte, a bomba explodiu e o matou — Babemco fala, fumando seu charuto e encarando seus convidados assustados.  

Os funcionários da casa limpam a bagunça, enquanto dois seguranças carregam os corpos de Bruno e Demétrio.  

— Você é uma psicóloga excelente, Victória. Você merece voltar a exercer a psicologia novamente. 

— Obrigada, Babemco. Mas, foi você que me fez perder a minha licença — Victória enfática. 

— Eu vou consertar isso. 

Jade continua assustada enquanto toma um gole de água. As velas continuam a tremular sobre a mesa.  

— Ele mereceu morrer. Além de ganancioso, era um traidor, não era Jade? — Babemco fala se referindo a Bruno. 

— Antes de minha mãe ser consumida pelo câncer, eu me curvei e clamei a Deus se ele poderia salvá-la. Mas, ele não apareceu, dona Léia. O deus que você acreditava, não apareceu pra salvar minha mãezinha — Babemco lamenta, tomando mais um gole de vinho.  

— Eu sou uma bomba-relógio — declara o magnata. — Meu tempo tá acabando. Precisamos dar um fim nisso tudo. Tragam a forca. 

Os seguranças entram carregando uma corda grossa e amarram no teto. O cenário de horror está formado outra vez. 

— Foi assim que o traidor morreu, não foi Léia? Ele morreu enforcado depois de trair o Cristo. Hoje, o nosso traidor também vai morrer na forca. Em pé Licurgo, Victória e Lucas. Queremos descobrir o traidor entre vocês! 

Os três se aproximam sendo gruiados por seguranças armados.  

— Isso é uma tortura! Por favor Babemco… — clama Jade, em desespero. 

Babemco se aproxima dos três que estão em pé e pergunta: — Quem de vocês traiu a Jade? Quem? Vamos, queremos saber a verdade! Esta é a noite preparada para isso! Para descobrirmos juntos a verdade! 

— Ninguém traiu a Jade! — Licurgo declara, convicto. 

— Não foi isso que eu fiquei sabendo. Vocês esqueceram que o Bruno tramou esse tempo todo contra a Jade. E ele era amigo de vocês. Vamos lá, quem estava tramando junto do Bruno? Nós precisamos saber! A Jade foi bem enfática quando disse que vocês também haviam traído, não foi Jade? — Babemco incita. 

Jade continua chorando. 

— Você vai negar que chamou eles de traidores?  

— Eu só quero que isso acabe! — Jade fala, cansada. 

— Quem vai dar o beijo de Judas na Jade? Quem vai ser o primeiro? Eu preciso que vocês confessem?! Vamos lá! Lucas? Foi você quem traiu a sua esposa, seu adúltero? 

Lucas está apavorado: — Eu não a traí.  

— Traiu sim! Você trocou sua esposa e filho por uma vadiazinha da roça! — Babemco aponta para Eva. 

— Eu não lembrava de nada! Eu juro! — Lucas fala, com a voz embargada. 

** 

— Você lembra de nós dois em Monte Verde? — Jade fala para Lucas, enquanto sonha. 

—É claro que lembro meu amor. Eu nunca sai de lá — Lucas responde, enquanto embala Cícero nos braços. 

— Vem comigo — Jade puxa o esposo pela mão e eles vão para um sítio arqueológico. 

Pelados, eles transam sobre uma rocha. Mas, alguém aparece. É um homem loiro, cabelos longos e de olhos azuis. 

— Marcos? O que você faz aqui? — Jade pergunta para o homem. 

— Quem é esse homem? O que ele faz aqui? — Lucas pergunta, espantado e com raiva. 

— Eu me aproximei dele enquanto você não estava por perto — Jade declarou temerosa. 

— E o que você fez com ele? — Lucas perguntou, titubeando. 

— Você quer mesmo saber? — Jade se afastando, até acordar de seu sonho lúcido. 

** 

— Ninguém traiu ninguém — Jade fala, convicta. 

— Você tem certeza, Jade? A traição sempre volta como um fantasma para assombrar os infiéis. Tema da noite: FIDELIDADE — declara Babemco, zombeteiro. 

Jade levanta determinada — Se você vai enforcar algum traidor, pode começar por mim. Eu também traí. 

— Como assim, Jade? Conte mais sobre isso! Conte-nos detalhes — pede Babemco. 

— Eu beijei o Marcos, enquanto trabalhávamos. Nós transamos dentro de uma barraca. Depois disso eu não quis voltar para os sítios. Eu não podia ficar mais perto dele. Eu me arrependi profundamente pelo que fiz. Eu te peço perdão, Lucas. Eu traí a minha família e parece que o universo quis me punir por conta disso. Mas, eu aceito a minha sentença. Só preciso do seu perdão — Jade fala com coragem. 

Lucas baixa a cabeça envergonhado. 

Eva diz para o amado: — Você precisa falar, Lucas. 

Ele encara Eva e depois fixa o olhar em Jade. 

— Eu menti! Eu disse que não lembrava de nada quando conheci a Eva, mas a verdade é que eu ja tinha recuperado a memória. Então, sim, eu também te traí! 

— Já temos o traidor para a forca! — grita Babemco. 

— Para com isso! Ele confessou! — declara Jade, desesperada. 

— Ele mentiu para você e jurou que não lembrava. Ele foi covarde e só falou por que a mulher pediu. Ele vai para a forca e esta é a minha sentença — Babemco diz, ordenando que os seguranças levem Lucas. 

— Não, por favor — Eva pede, em prantos. 

— Por favor, Babemco — Licurgo clama, sem acreditar no que está vendo. 

— Tenha misericórida, Babemco — Victória, também se junta ao coro. 

— Um traidor precisa morrer! Lucas é o maior de todos! Ele não pode sobreviver! — fala Babemco. 

— Não! — Lucas clama se derramando em lágrimas. 

Babemco sorri, enquanto envolve o pescoço de Lucas com a corda e o posiciona em cima da cadeira. — Chega de pais idiotas que traem suas mulheres e filhos. Por meu pai, pela minha mãe, pelo Cícero que nem é seu filho e pela Jade. Você vai morrer, Lucas — Babemco diz, olhando nos olhos do homem e dando um beijo no rosto dele. A língua de Babemco percorre a bochecha de Lucas. O magnata continua chupando o pescoço de sua vítima, até engolir o suor. 

— Eu sinto o gosto do medo — fala Babemco ao pé do ouvido de Lucas — ele tem sabor de arrependimento e mentira. Tem sabor de derrota e desonra. Eu sinto gosto de traição. Morra! 

Babemco empurra a cadeira que sustenta Lucas e o homem começa a sufocar com a corda ao redor do pescoço.  

Todos testemunham a agonia e desespero do homem lutando pela vida, enquanto sua alma se desfaz sem fôlego. As pupilas dilatam. Os olhos saltam cheios de sangue e o rosto incha. É o fim. 

— E a fidelidade morreu — declara Babemco, satisfeito. 

CONTINUA… 

ATENÇÃO! A PARTE 2 DESTE EPISÓDIO SERÁ EXIBIDA NA QUINTA-FEIRA DIA 28/03 ÀS 20HS NA WIDCYBER. 

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