Miguel entra na casa e é recebido por Luiz.
Geraldo brinca — Veio ajudar o noivo se vestir, Miguel?
Miguel muito sério — Vocês não estão sabendo o que aconteceu?
Luiz apreensivo — Não! O que houve?
Miguel — Seu Afonso está internado na UTI. Ela passou mal depois que soube que o neto sumiu. O doutor Adalberto quem ligou para a tia dele, avisando que ia continuar de plantão, porque o doutor Custódio não havia chegado para substitui-lo.
Luiz — O único neto que tem o senhor Afonso é filho do Edu. Estou indo ajudá-lo procurar o filho. Imagino como ele não deve estar, com o filho desaparecido e o pai no hospital.
Rapidamente Luiz sai na rua. Miguel e Geraldo segue-o. Em outra casa, Maria está sendo preparada pelas cabelereiras e manicures.
Mirtes vendo o filho entrar na sala — Luiz, você não devia ter vindo aqui.
Cabelereira — Dizem que dá um azar danado no casamento, quando o noive vê a noiva antes do casamento.
Luiz – Maria, eu só vim avisar que vou sair, na hora certa vou estar na igreja.
Mirtes ¬— O que aconteceu? Onde você vai?
Luiz explica.
Maria muito nervosa — Luiz, meus pais também não apareceram. Já era pra eles ter chegado ontem à noite. Minha mãe disse que estaria aqui na véspera do nosso casamento.
Geraldo — Para o Moreira não vir no casamento da filha é porque algo muito grave aconteceu.
Luiz – Pai, menos, por favor. Não deixa a Maria mais nervosa do que já está. – E se aproxima de Maria — Ainda tem tempo até a hora do nosso casamento, choveu muito e o seu pai deve estar na estrada. O importante que estamos aqui, e na hora marcada vamos estar na igreja.
Maria — Luiz, eu não vou para a igreja sem o meus pais.
Luiz — Esperamos eles chegarem. — Observa o vestido de noiva pendurado em um cabide, em um canto na sala. — Você vai ficar linda dentro daquele vestido. Mas linda que já é. Agora eu vou no hospital saber como está o senhor Afonso e ajudar o Edu encontrar o filho dele, caso não foi encontrado ainda. Vou estar na igreja a sua espera quando for a hora. Nunca esqueça que eu a amo mais que a minha vida — Beija-a nos lábios e se despede.
Raquel na sala de espera, anda de um lado a outro preocupada.
Dudu aparece
Raquel — Como está o meu filho?
Dudu — Ele vai se recuperar.
Raquel — Eu ainda não consigo entender como ele foi parar na porta da casa do seu irmão.
Luiz, naquele chega.
Dudu fala com ele. — Luiz, hoje é o seu casamento e o meu pai…
Luiz — Eu vim assim que fiquei sabendo. E o seu filho, você encontrou? Eu soube que ele sumiu de casa.
Custódio também chega ouvindo a conversa.
Dudu sem ver o irmão. Raquel também está atenta em Luiz. — Não foi o meu filho.
Luiz — O Miguel me falou que o seu Afonso passou mal quando soube que o neto havia desaparecido.
Dudu — Sim! Foi o meu sobrinho, ele estava na casa do Custódio e…
Custódio — Que história é essa?
Raquel empalidece, ficando de frente a Custódio. Dudu fala com ela — Raquel, melhor o meu irmão saber a verdade.
Calado Custódio encara Raquel.
Raquel toma folego — Certo! Doutor como está meu filho? Eu posso ver o Roberto?
Custódio — Roberto?!
Raquel — Sim! Eu dei ao meu filho o nome do seu irmão Roberto.
Custódio olha o chão. A voz quase não sai — Como seu filho foi parar na porta da minha casa, debaixo de um temporal?
Raquel — Eu não estava em casa quando ele saiu. Minha mãe deixou-o sozinho brincando na sala, e foi dormir com a Giza e… Por favor, posso ver o meu filho?
Custódio — Claro! — e se refere a uma enfermeira que chega. — Acompanha ela até o quarto do filho.
Enfermeira — Me acompanha por aqui.
Raquel sai com a moça. Custódio fixa Dudu, com a atenção a ele.
Custódio — Desde quando você e o nosso pai sabem a existência do garoto?
Dudu — Não faz muito tempo.
Custódio — E por que não me falaram?
Dudu — É uma história muito complicada. E… bom, ok! Raquel quem lhe deve explicações, mas pelo que eu percebi, ela vai continuar calada. E a razão que levou nosso pais não lhe dizer nada a respeito do garoto, é porque eles acreditam que a Raquel está mentindo. O menino lembra muito nosso irmão Roberto quando era garoto, então…
Custódio — É filho do Beto?
Dudu — Raquel jura que não. Que ele e Giza são seus filhos.
Custódio — Meus filhos?! Raquel teve gêmeos? Aquela garotinha…
Dudu — Giza! Raquel deu para a filha o nome da sua finada esposa. Ela disse que fez isso porque Roberto uniu vocês dois e Giza separou.
Custódio cabisbaixo se mantem pensativo. Decidido ele se afasta.
Ao lado do corpo de Afonso, ele conversa com Noemi. — Quero que a senhora me confirma se o que o Eduardo me disse é verdade. Claro! Não acredito ser mentira.
Noemi — Raquel dizer eles serem seus filhos?
Custódio — Ela nunca me procurou para dizer isso, é porque no fundo sabe da verdade.
Noemi — Você está com ciúmes do seu irmão? Quero dizer, seu irmão Roberto ia se casar com Raquel. Ele voltou para São Paulo com o objetivo de levar eu e seu pai para assistir ao casamento deles, mas mudou de ideia, quando soube que Giza havia falecido e você sofrendo. Bom, assim que eu soube que você encontrou o garoto na sua porta, foi como se alguém me dissesse, que Roberto levou o garoto até você, para assim cumprir o último desejo dele. De unir você e Raquel.
Raquel no quarto, ao lado do filho que dorme, tomando soro, acaricia lhe, enquanto se perde em pensamentos vazios. Ela nem percebe Custódio parar entre a soleira e observá-los. Ela se agita, quando ele se aproxima, sem conseguir encará-lo agradece: — Obrigada, por salvar a vida do meu filho. — encara ele nos olhos — Do nosso filho. O seu irmão Eduardo acabou de me dizer que você já sabe da verdade.
Custódio — Se ele é meu filho. Se a garotinha é minha filha, por que não me procurou para falar a respeito deles?
Raquel — Como seria eu colocá-los a sua frente e dizer: toma, os filhos são seus?
Custódio — Isso não é resposta!
Raquel — Creio que no fundo da minha alma, eu precisava provar a mim mesmo que era capaz de cuidar dos meus filhos, com ou sem o pai deles do meu lado.
Custodio — Certo! Com certeza está conseguindo lhe provar. Bom, precisando pode me chamar. – decidido sai. Raquel observa a direção que ele seguiu e suspira profundo e volta a atenção ao filho.
Luiz, sentado diante o altar, espera a noiva. Maria, em casa, sentada na cadeira, vestida de noiva espera os pais.
Custódio entrando na sala de consulta se depara com Adalberto, sentado na cadeira, pensativo. — Pensei que tinha ido embora, doutor.
Adalberto — Não tenho nada a fazer na pensão da minha tia. Acabei ficando aqui. Seu pai?
Custódio — Ele teve uma pequena melhora. Minha mãe e o Eduardo estão confiante que ele vai vencer. Tanto que o Eduardo foi no casamento do Luiz. Achei que você iria também, sei que recebeu convite e você é patrão do pai da Maria. E o seu Moreira sempre foi um ótimo funcionário do meu pai, apesar da implicância que existia entre ele e o pai do Luiz, que o acabou obrigando a ir embora de São Paulo, é um pouco sistemático e com certeza vai lhe cobrar por não ter indo no casamento da filha dele.
Adalberto, sem se mover, com olhos fixo sem uma direção. — Não tive coragem de ir.
Custódio que olhava os prontuários, o encara.
Adalberto lhe estende um papel que segura.
Custódio percorre os olhos nas entrelinhas, volta a encarar o jovem doutor. — Porque não me mostrou isso antes?
Adalberto — Teria solução?
Custódio — Não!
Adalberto — O que adiantaria eu lhe mostrar. E conversei com outros médicos que não conhece o Luiz e a Maria, me disseram a mesma coisa. Que não existe solução.
Naquele instante o telefone toca. Custódio atende. — Sim! Está! Só um minuto. — Estende para Adalberto — Eduardo quer falar com você.
Adalberto se recua por um segundo. Levanta e vai atender. — Eduardo? Não! Não tenho a menor ideia. Faz quase dois meses que não vou na fazenda. Sei! Bom, vou ver o que posso fazer. OK! Até mais. — desliga o telefone e se refere a Custódio — O Moreira não apareceu para o casamento da filha e a Maria não quer ir para a igreja sem ele.
Custódio — A vida sempre pregando peça em alguém.
Adalberto — Na última vez que estive na fazenda o Moreira me avisou que não ia perder o casamento da filha por nada, que ia estar aqui na véspera e só tem dois motivos que pode tê-lo impedido de vir. Ficar parado na estrada, devido o temporal de ontem.
Custódio — O pouco que conheci o Moreira não é uma chuva que iria fazê-lo mudar de ideia, ainda mais saindo adiantado, ele já teria chegado.
Adalberto — Então, só pode ser o segundo. Espero que seja. — se apressa — Vou lá falar com a Maria.
Não demora alguém abre a porta para ele. Maria aos prantos vai ao encontro dele. – Doutor Adalberto, cadê meus pais? Meu pai me garantiu que estaria aqui no meu casamento e o Luiz não me deixou voltar na fazendo, depois daquele dia.
Adalberto — Eu sei por que o Luiz fez isso, ele ficou com ciúmes de mim com você. Mas, quem sabe depois que estirem casados, com a certeza, você já esposa dele, o Luiz aceita levar você até a fazenda para ver os seus pais.
Maria — O doutor sabe o motivo dos meus pais não aparecerem aqui?
Adalberto — Sei! Bom, pelo menos me passa pela cabeça o motivo que estou pensando e só vou te contar depois do seu casamento. — Vai ser uma surpresa e tanto. Os seus pais queriam fazer essa surpresa pessoalmente, no dia de hoje.
Maria — O doutor pode me adiantar? Assim vou ficar…
Adalberto interfere — De jeito nenhum. Vai que o seu pai aparece e vou acabar com a surpresa dele. Você vai comigo para a igreja agora, e depois você e o Luiz vão na fazenda. — Estende-lhe o braço — Agora vamos, tenho certeza que o seu pai não vai se importar eu tomar o lugar dele. — Olha-a, dos pés à cabeça e os olhos não consegue segurar a emoção — Você está linda!
Maria se sente acanhada. Mirtes emocionada, também fala com ela. — Não deixe o Luiz continuar esperando, Maria. Faz 3 horas que ele está lá no altar o aguardado.
Decidida, Maria termina de secar os olhos e segura o braço de Adalberto.
Na igreja. Os convidados cansados e desanimados aguardam. O padre sentado na cadeira de frente o altar e Luiz, ainda sentado na escada de frente o altar, tem ao seu lado Geraldo e Eduardo.
Todos se alegram com a orquestra iniciando a música nupcial.
Luiz salta ficando de pé. — Até que enfim o Moreira chegou.
Geraldo ajudando-o, arrumar a gravata ¬— Que ele nos de uma boa explicação, se não vou dar na cara dele.
Luiz — Não vai brigar com ele, pai. O importante que ele veio.
Geraldo — Tá. O importante que ele veio.
Todos ficam surpresos vendo Maria e Adalberto entrarem no corredor da igreja. Luiz ameaça dizer algo, mas o som da música lhe faz calar, sem mais o pai e Dudu do seu lado.
Maria sorri emocionada, em direção a ele, parando no corredor.
Luiz, amarelo, segue ao encontro.
Adalberto lhe estende a mão de Maria — Faça-a feliz, enquanto a Vida lhe derem essa chance.
Moreira, entra pela porta lateral da igreja.
Luiz encarando os olhos da noiva — Sempre!
Moreira bem próximo — Espero que cumpra a sua palavra.
Maria corre abraçando-o pelo pescoço. — Pai, o que aconteceu?
Moreira — Você achou que eu ia perder o seu casamento. Bom, estou bem atrasado, pensei que já havia dito sim pra esse moleque.
Adalberto — Pensei que não ia vir, Moreira. Devia ter esperado mais alguns minutos.
Moreira — Já estou sabendo que a Maria não queria vir pra igreja sem mim, e o doutor a convenceu.
Maria — Cadê minha mãe, onde ela está?
Moreira — Sua mãe não pode vir. A gente estava saindo de casa, ontem de manhã, quando ela passou mal. E eu não quis deixar ela sozinha. Acabei me atrasando, e o danado resolveu vir ao mundo hoje de manhã. Eu só vim sossegado, depois que tive certeza que sua mãe e o seu irmão estavam bem.
Maria – Irmão?!?
Moreira se refere a Adalberto — O doutor devia ter contato a ela.
Adalberto — Deixei que fizesse surpresa.
Moreira — O danado que me surpreendeu, veio antes da hora.
Maria — Que história é essa?
Moreira se refere a Luiz — Se esse moleque não tivesse ficado com ciúmes do doutor Adalberto, com certeza teriam voltado na fazenda. Você me deve essa rapaz, faz quase oito meses que não vejo a minha filha por bobeira sua.
Geraldo — Besteira sua, não é Moreira? Se não tivesse feito nada das besteira que fez, estaria aqui perto da sua filha.
Moreira — Geraldo, estou feliz demais hoje pra brigar com você hoje. Acabei de ser pai novamente.
Maria — Agora o senhor tem o filho homem que tanta quis. O senhor devia ter ficado de vez com ele e a mãe, o doutor Adalberto me convenceu vir para a igreja.
Moreira em riso — Você está com ciúmes? Maria você e o Luiz foram os responsáveis por eu ser pai novamente e se depender de mim agora e da sua mãe, ainda vamos ter, quem sabe uma meia dúzia de meninas.
Maria seca o canto dos olhos.
O padre interfere — Esse casamento vai sair hoje, ou não?
Moreira — Só mais um minuto padre. Tem uma história que a minha filha, o Luiz o Geraldo e muitos outros que estão por aqui, precisam saber. No dia em que minha filha nasceu…
Maria interfere — Pai, a maioria das pessoas aqui conhecem essa história.
Moreira — Não conhecem a verdade. Nem a sua mãe ainda conhece. Eu guardei comigo e com Deus que me devolveu você naquele dia. — Olha Geraldo e prossegue — No dia em que a Maria nasceu, acabei falando uma besteira sem pensar. Dora queria dar a ela o nome de Margaret e eu disse a ela para deixar esse nome para o azar dela me dar outra filha. Eu desejava um menino, não vou negar. Todo homem deseja ser macho o seu primeiro filho, e acredito que a Maria também ficou magoada comigo pelo que falei, e ela não parava de chorar. Então, convenci Dora colocar ela dormir no meio de nós dois. Fiquei bem na beirada da cama, para poder dar espaço para as duas. No meio da noite o meu travesseiro caiu, e sonolento, pequei o que encontrei na frente, e não sei quanto tempo eu dormi em cima da minha filha. Quando acordei ela estava sufocada… Eu vi a minha filha morta, nos meus braços. — e lembra ele segurando a menina, entre os panos, em desespero — Vamos, respire? OH, meu Deus, não! Respire, filha, vamos. Meu Deus não ela deixe morrer!
Moreira engole a saliva e prossegue: — Até hoje eu agradeço a Deus pela graça que recebi, quando ouvi o choro dela. Eu acredito que Deus me devolveu ela, porque eu fiz uma troca com ele, naquele dia. ¬Me joguei de joelhos ao chão e implorei pela vida da minha filha. E se ela voltasse, eu jamais iria ter outro filho. E para cumprir a minha promessa, não mais fazia amor com a minha mulher, não como devia. — Olha Luiz ¬— A minha filha tinha vencido a morte, quando o seu pai veio me fazer uma proposta, e, bom, essa parte quase todos já conhece. E naquela noite em que você trouxe a Maria de volta pra minha casa, acabei deixando a minha promessa de lado e o meu filho resolveu nascer, justamente ontem. Mas, como lhe prometi, estou aqui para levá-la ao altar.