– Ultimas Semanas ….

Na fábrica – Afonso conversa com Dudu — É aniversário do seu primo e a sua mãe me lembrou que quer ir ao Rio de Janeiro. Não estou muito a fim de fazer a viagem. Você podia levar a sua mãe no meu lugar.

Dudu — O senhor não está bem? Por que nunca o vi desanimado assim. Sempre acompanhou Dona Noemi e nunca reclamou.

Afonso — Ultimamente estou me sentindo cansado, e essa viagem vai me cansar mais ainda. Não queria negar sua mãe ir ver o sobrinho. Ela até me falou que não preciso ir junto se não quiser. Que vai sozinha.

Dudu — Posso levar minha mãe, mas tem um problema. Tem quatro fornecedores que fiquei de receber essa semana, e não tem como avisá-los para vir depois. Bom, eu levo ela semana que vem.

Afonso nada responde olhando Luiz chegar. — Desculpe, atrasei cinco minutos do meu horário. Mas prometo que não vai acontecer de novo. Eu e Maria terminamos de fazer os convites. — Entrega um para Afonso e outro para Dudu. — Esses são os de vocês.

Dudu depois de ler — Ficou ótimo. Melhor do que o meu quando me casei.

Luiz — E tem outra coisa que preciso falar. Claro que se os dois permitirem. Tanto eu quanto a Maria temos parentes no Rio de Janeiro, e será que me concedem alguns dias de folga, para que eu e ela vamos lá levar os convites pessoalmente. É que minha mãe vai junto visitar minha tia, que não a veja faz quase seis anos.

Dudu e Afonso se olham. Dudu pergunta primeiro. — O senhor pensou a mesma coisa que eu?

Afonso — Acredito que a sua mãe não vai se importar.

Dudu — Ele vai com o meu carro ou com o do senhor?

Afonso — Pode ir com o meu!

Luiz confuso — Desculpe, eu não estou entendendo a conversa.

Dudu — Quer ir amanhã para o Rio de janeiro?

Luiz — Como assim?

Dudu — Daqui quatro dias é aniversário do meu primo. Desde quando ele completou o primeiro aniversário minha mãe nunca deixa de visitá-lo.

Luiz — Já ouvi vocês falarem dele, algumas vezes. É o que nasceu deficiente?

Dudu — Esse mesmo. E se você, a Maria e a dona Mirtes vão ao Rio de janeiro levar os convites de casamento, minha mãe vai junto. Você deixa ela na casa da minha tia e faz o que tiverem que fazer e na semana que vem voltam.

Na casa de Glória Maria. Maria e Luiz conhecem José Carlos. Maria olhando seriamente o rapaz desmaia. No quarto, ela sentada na cama, toma água, falando com Mirtes, Clara e Luiz. — Que vergonha! Não sei o que foi que me deu!

Clara pega o copo — Vou levar o copo na cozinha. Fiquem a vontade. — e sai.

Luiz desapontado senta na ponta da cama ao lado dela — O que aconteceu, Maria?

Maria chora — Eu não sei explicar! Senti uma sensação horrível. E o que a elas não devem estar pensando de mim? O que a dona Noemi não deve estar pensando?

Mirtes — Porque não tenta pedir desculpas?

Maria — A senhora pode chamá-la pra mim. Não tenho coragem nem mesmo de sair daqui.

Mirtes olha Luiz, que também está espantado. — Eu vou chamar Glória Maria.

Maria — Obrigada, dona Mirtes.

Maria — Luiz o que o senhor Afonso, o senhor Dudu não vão pensar de mim, quando souber o que aconteceu? Porque eles vão saber. Com certeza dona Noemi vai contar a eles. Luiz, eu estou com tanta vergonha! Mas eu juro, eu não fiz de propósito. — e chora.

Luiz abraça-a — Eu sei que você não fez de propósito, meu amor, eu acredito em você. Ninguém faz isso de propósito. E posso imaginar como está se sente! — e fala aos ouvidos dela — Eu também me senti mal quando vi ele. Eu também senti uma sensação horrível. Não sei explicar. Cheguei a ver um clarão diante dos meus olhos e

Maria completa — E a vista escureceu.

Os dois se entreolham. Ele seca o rosto dela — Eu acho que não desmaiei porque você desmaiou primeiro e me despertei com todas socorrendo você.

Maria — O que isso significa?

Luiz — Não tenho a menor ideia!

Os dois entreolham calados. Luiz fica de pé com Clara, Mirtes, Noemi e Glória Maria entrando no quarto.

Mirtes — Eu já falei pra elas Maria, que você não sabe explicar o que aconteceu.

Maria seca as lágrimas que escorrem, olhando fixa Glória Maria que também a encara. — Me perdoe?

Glória abaixa os olhos sem saber o que dizer. Maria observa todas, por último Luiz. Retorna para Glória — Eu e o Luiz vamos nos casar daqui quatro meses. Vamos ter filhos. — olha Luiz e fala em lágrimas — Eu queria que você desse para o nosso primeiro filho o mesmo nome do filho dela, pra que ela não pense mal de mim pelo que aconteceu.

Luiz — Sim! Como você quiser.

Glória sorri. — Vamos esquecer o que aconteceu? Minha mãe tinha acabado de fazer almoço quando vocês chegaram. Então, faço questão que almocem antes de irem para casa dos parentes de vocês. — Estende as mãos para Maria — Vamos lá?

Maria sorri. — Eu quero ver o seu filho novamente, várias vezes, antes de eu voltar pra São Paulo. Assim, quem sabe ele também me perdoa o que fiz.

Glória Maria — Meu filho não entende nada. Pra ele o mundo não existe. E eu o amo mesmo assim.

Maria em lágrimas — Tenho certeza que sim! — As duas se abraçam emocionadas.

Mirtes, Clara, Noemi, até mesmo Luiz se emocionam.

Maria seca os olhos — E mesmo que eu nunca mais volte ver a senhora e o vosso filho, depois que eu voltar para São Paulo, vou me lembrar sempre de vocês dois. Ainda mais depois que o meu filho receber o mesmo nome do seu.

Glória alegremente fala com Luiz — Promessa é dívida! E tenho certeza que o filho de vocês vai ser um homem forte, bonito, cheio de vida, e com muitos amores, como seria o meio filho se não fosse o trauma que ele vive quando ainda estava dentro de mim. Mas agora vamos parar com esse assunto. O almoço está esfriando.

Em São Paulo, no hospital, diante o paciente preparado para a cirurgia de emergência, Custódio se recorda parando o carro para virar uma esquina e vê Raquel sentada no banco do passageiro e Tião dirigindo o automóvel. A curiosidade o fez segui-los e para o carro, quando Tião estaciona. Custódio vê Tião, Raquel e Giza saírem do carro, e juntos seguirem em direção a feira. Tião levando a menina no colo.

Residente o traz a realidade — Tudo bem, doutor?

Custódio olha Tião estirado na maca, e decidido, corta a pele e faz a cirurgia. Assim que Tião é levado para a sala de recuperação.

Uma enfermeira conversa com Custódio. — A esposa do paciente acabou de chegar, ele estava trabalhando quando passou mal e ela só pode vir agora saber como ele está?

Custódio — Diz, que ele vai passar a noite em observação e se tudo ocorrer bem de manhã poderá receber visitas.

Enfermeira — Ela quer saber o que aconteceu.

Custódio — Daqui a pouco o doutor Adalberto chega e conversa com ela. Vou deixar anotado. Eu já terminei o meu plantão, estou indo pra casa.

Adalberto chega.

Custódio fala com a enfermeira. — Avisa a esposa que o doutor Adalberto já está indo falar com ela.

Enfermeira — Sim, senhor!

Adalberto — O que aconteceu, acabei de saber que foi feito uma cirurgia urgente.

Custódio — O paciente chegou muito mal e não teve como esperar. Foi uma peritonite difusa grave. A esposa está esperando notícias. Poderia levar o recado a ela? Diz que a cirurgia ocorreu bem, e agora é esperar a recuperação. É uma homem forte, vai sair sem nenhuma lesão.

Adalberto estranha — O doutor vai poder explicar melhor a ela.

Custódio ¬— Já estou de saída. Vou pra casa, hoje não estou a fim de passar a noite no hospital. Até amanhã.

Adalberto vira-se para Tereza organizando a sala. — O que aconteceu? Faz seis meses que trabalho aqui e é a primeira vez que ouço o doutor Custódio dizer que está indo passar a noite na casa dele?

Tereza — Ele nunca mandou levar recado, sempre fez isso, então, creio que seja algo relacionado ao paciente e a esposa que deve estar lá aguardando notícias.

Adalberto — Vou lá falar com ela.

Já em casa, Mafalda fala com Raquel e Laura. – O doutor disse que a cirurgia foi bem, e que o Tião está fora de perigo.

Laura — Graças a Deus.

Raquel — Quando ele começou passar mal, lá no restaurante, um cliente se ofereceu em levá-lo urgente para o hospital. Agora fica com a Giza, da banho nela e a coloca pra dormir também, estou voltando para o restaurante.

Custódio, sentado na diva, na sala, da casa ao lado, entre um gole de vinho e outro, recorda os momentos em que esteve com Raquel.

Roberto sai de trás da porta, rindo, acena: — Tiazinho, doutor. Sua despedida de solteiro começa aqui. Depois é lá embaixo. Escuta o barulho. — e sai fechando a porta.

Custódio — Beto, espere? — Tenta abri-la. Percebe alguém sair do toalete.

Raquel fala com ele. — Quer a chave, doutor? Tenho a cópia. — E a coloca entre os seios, metade a mostra, no pequeno espartilho. — Vem pegar?

Custódio a olha, por completa. — Que brincadeira é essa?

Raquel — Uma festa de despedida de solteiro. Uma brincadeira do Roberto.

Ela se aproxima e pega a maleta.

Tenso, ele a observa coloca-la em cima da mesinha, ao lado da cama. Entreolham intensamente.

Custódio — Isso não vai dar certo!

Raquel, tremula, senta na ponta da cama. Não consegue mais encará-lo: — Tem razão. Isso não vai dar mesmo certo! — Tira a chave, e estende-a.

Fixo a ela, Custódio pega. Engole a saliva, que desce grossa na garganta. Vai em direção a porta.

Raquel, chama: — Doutor?

Ele volta olhar. Raquel cabisbaixa, aponta para a mesinha. — Sua maleta.

Atento em Raquel ainda de olhos baixos, pega a maleta e depois ameaça abrir a porta.

Raquel rapidamente se coloca de pé — Espere, doutor? — Suspira profundo, encarando-o. — Fique? Faça-me mulher em seus braços. Sei que se casa amanhã. Com certeza, depois, não nos veremos nunca mais.

Custódio, sem se mover, a observa. Raquel, ao lado da cama, espera a reação dele, que observa a cama, depois ela novamente, dos pés à cabeça.

Ele solta o ar, que parecia preso no pulmão. Vagarosamente tranca a porta. Coloca a maleta na mesinha. Com desejo à flor da pele, envolve-a, pela cintura, puxando-a para bem perto do seu corpo.

Raquel, com emoção, sussurra: — Será delicado comigo?

Custódio, bem próximo aos ouvidos dela. — Aprendi de tudo um pouco. Sou também ginecologista. — sorri — Eu sabia que essa brincadeira não ia dar certo. Você vai ser a perdição da minha vida. — e a leva para cama.

Raquel o ajuda se despir e se entregam em carícias.

Ouvem batidas, várias vezes, na porta.

Custódio — Quem é?

Ninguém responde. Ele se enrola no lençol e abre a porta.

Raquel, também assustada. — Quem é?

Custódio — Não tem ninguém aqui! — e segue em direção onde vem o som. No final do corredor olha para ver se encontra alguém.

Estela ao subir a escada com Augustinho, fica surpresa, vendo Custódio.

Augustinho, zomba: — A virgem estava tão boa assim doutor, que deixou até mesmo as calças para ela? E que rapidez, a festa mal começou!

Custódio — Quem bateu na porta?

Estela — Como assim, doutor?

Custódio — Bateram, várias vezes na porta, com muita força, pensei que alguém estava morrendo no corredor.

Estela — Não ouvimos nada! Os quartos estão vazios. Somente o senhor e Raquel estão aqui em cima. Estamos subindo agora.

Custódio — Alguém bateu na porta sim! — Vendo Raquel se aproximar. — Ela também ouviu.

Estela — Podemos conferir os quartos. Talvez alguém subiu as escadas e não percebemos.

Decididos vão em quarto em quarto. Todos vazios.

Augustinho brinca: — Vai ver foi uma alma penada, do outro mundo, que bateu na porta, pela escada ninguém desceu, doutor. Isso eu garanto.

Custódio — Por que uma alma penada bateria com tanta força na porta? Uma alma não teria tanta força assim?

Todos riem. Menos Custódio.

Augustinho vendo Raquel de camisola transparente. — Vai ver estava difícil o doutor resolver o assunto com a virgem, que um fantasma resolveu dar uma mãozinha. Caso o doutor ainda precisar de ajuda, sou de carne e osso. – ri.

Custódio olha Raquel, que dessa vez também permanece séria. Rapidamente se afasta, passando por ela.

No quarto, Custódio coloca a roupa. Pega a maleta e fala com Raquel, distante, intacta. — Não vou pagar pelo serviço que não aconteceu. Com certeza, Roberto pagou e muito bem.

Desapontada Raquel senta na ponta da cama.

Custódio desce a escada, quase correndo.

Roberto segura, quando passa por ele. — Espere, mano, aonde vai com tanta pressa? A festa mal começou.

Custódio, com desprezo, serra os dentes: — Tire suas mãos sujas de cima mim.

Beto levanta os braços, e brinca. — Tudo bem, não vou sujar a sua roupa branca. Agora volte lá para o quarto e se divirta com a moça.

Custódio — Divirta você com seus amigos. Tenho assuntos mais importantes a resolver.

Beto ainda ria — É apenas uma brincadeira! Não acredito que vai levar a sério. Afinal de contas somos irmãos, e não tem nada de mais um irmão fazer uma brincadeira com o outro.

Custódio — Uma brincadeira de muito mau gosto, você não acha? E depois, você não é meu irmão, se fosse, eu teria vergonha de ter o mesmo sangue que o seu.

Beto sério — Hei! Também não precisa levar pela ignorância.

Custódio — Seu pai, outro dia me disse que infelizmente tem um filho que não vale nada. E eu lhe defendi. Mas vejo agora que ele tem razão.

Ameaça sair, volta. — E faça-me um favor. Não apareça no meu casamento amanhã. Faço questão que não vá! — e sai, passando entre as pessoas que abrem caminho.

Custódio toma o vinho que coloca no copo e volta a recordar.

Ele chegando na casa de Beto, apoiado ao balcão, contava dinheiro.

Beto surpreso — Meu querido, irmão doutor. Sinto felicidade em vê-lo. — coloca a mão no peito. — Estou feliz de verdade. Acredita em mim! Você acabou de tirar um peso da minha alma. Eu jurava que você não voltaria. Como foi a viagem? Minha cunhada está bem?

Custódio apoia no balcão: — A viagem foi ótima. Adalgisa está em casa, dormindo.

Beto ri — E como sempre faz um bom homem, para não dormir cedo com a esposa, vem se divertir com outra. Esse é o motivo, o qual abri essa casa. Não deixar os bons homens sem diversão.

Custódio — Raquel. Posso falar com ela?

Beto – Vejo que trouxe um vinho francês para tomar com ela. Comigo, tenho certeza que não é. — Solta gargalho — Quando o senhor Afonso souber disso, não sei se vai brigar mais comigo ou com você.

Custódio — Ele sempre tratou todos os filhos iguais.

Beto ainda ria — É! Isso é verdade. A mesma surra que eu levar, você também vai. Porque ele é um homem fiel. Garanto que se ficar pelado, com uma dúzia de mulheres lindas, não trairia nossa mãe, cumprindo o juramento que fez perante Deus. Amar e ser fiel até que a morte os separe. Como fez você, jurando amor e fidelidade a sua esposa. Estou lhe dizendo tudo isso por que…

Beto se cala, separando o pacote de dinheiro, em duas partes, enquanto Custódio cabisbaixo nada responde. Coloca uma parte do dinheiro no bolso, e volta falar sério com o irmão. — Infelizmente, Raquel não está aqui. Foi embora, desde aquele dia. Não voltou mais. Não tenho a menor ideia onde ela possa estar morando. Raquel deve ter voltado para as casa dos pais, e, eu não tenho o endereço. — estende parte do dinheiro que separou. — Foi bom você aparecer. Lembra que fiquei de…

Vendo Estela ir em direção a escada. — Estela, você não está ajudando na cozinha?

Estela — Estou indo lá em cima pegar um…

Beto — Volte para cozinha. Não sei o que deu em vocês hoje, que atrasaram o serviço. Daqui a pouco começa o movimento e aquela cozinha parece um chiqueiro.

Custódio e Estela entreolham tensos. Rapidamente ela volta para a cozinha.

Beto fala com Custódio. — Estou lhe devolvendo uma parte da grana. Vou lhe devolver em dobro o que peguei emprestado. Negócio é negócio! Amizade é amizade!

Custódio, muito tenso, fixa o dinheiro oferecido. Beto sorri. — Pega o dinheiro doutor, ele é seu. E se veio procurar Raquel, isso significa que não continua magoado comigo. Fico feliz em saber disso, assim, podemos continuar bons amigos. Aliás, não somos amigos. O mesmo carinho que tenho pelo Eduardo tenho com você. Deus sabe que estou falando a verdade! Posso ter defeitos, e sei que não são poucos. Você me conhece bem, e sabe que eu jamais enganaria meu pai. Jamais enganaria um dos meus irmão, e você é meu irmão — Bate no peito ¬— Um irmão que mora dentro do meu coração. Amo e respeito.

Custódio pega o dinheiro, estende a garrafa de vinho a Beto que se alegra.

Beto — Amo esse vinho. Pena que é tão caro. Se não, seria capaz de beber uma garrafa por dia.

Custódio coloca o dinheiro no bolso, e vai saindo — Estou voltando para casa.

Raquel — Doutor?

Custódio retorna, surpreso, vendo-a na escada. Olha Beto, paralisado. — Você disse que ela não estava aqui!

Beto engole a saliva — Menti!

Raquel, alegre se aproxima de Custódio, envolve-o, pelo pescoço, falando com emoção: — Podemos terminar o que começamos aquele dia, se o doutor quiser.

Custódio, sério, sem se mover, a encara nos olhos.

Beto fala com ele. — Está esperando o que doutor? Por acaso, não está aqui por causa dela? Então, fique à vontade. Eu ainda lhe devo muito. Enquanto não lhe pagar tudo, essa casa lhe pertence.

Raquel — Eu não importo de ser a outra na sua vida. Não me importo de dividi-lo com a sua mulher. Eu o quero para mim.

Com emoção e desejo recíproco, ele puxa-a, pela cintura, apertando contra o seu corpo, e os lábios se unem. Ele pega-a em seus braços, e a leva até a escada.

Custódio suspira e relembra Beto gritando, enquanto bate na porta. — Doutor, abre a porta, eu sei que está me ouvindo! Nosso pai me disse que você não quer falar com ninguém. Eu estava viajando, cheguei faz poucas horas. Eu procurava Raquel, e a encontrei. – ri – A vida decidiu pregar em nós dois a mesma peça. Eu sei que está apaixonado por ela, eu também.

Custódio deitado de bruços na cama, cobre a cabeça com o travesseiro não querendo ouvir Beto, que volta a gritar. — Abre a porta, doutor. Está começando a chover. Você não vai me deixar debaixo da chuva.

Custódio também lembra de Beto entrando no quarto do hospital. Ele pede: — Beto, por favor, não quero vê-lo aqui! Vá embora!

Beto não se manifesta, olhando seriamente os irmãos.

Eduardo pede: — Beto, faça o que ele pediu. Dá um tempo. Agora não é hora de você aparecer.

Beto — Eu vim saber como está minha cunhada.

Eduardo quem responde: — Ainda inconsciente, mais bem!

Beto — Isso mesmo doutor? Giza está bem! Fora de perigo?

Custódio – Não saiu os resultados dos exames ainda. Mas aparentemente ela está bem. Apenas dormindo, não sei quando vai acordar, ou se vai acordar!

Beto bate na madeira da cama: — Claro que vai! Pensamento positivo! Como sempre diz nosso pai à esperança deve ser última a morrer. E, sinto muito pelo que está acontecendo com a sua mulher. — sorri, com deboche. — Fiquei sabendo da fortuna que deu para Raquel desaparecer da sua vida. E ela desapareceu mesmo.

Custódio — Não quero falar disso, Beto. Raquel é assunto encerrado. E se já que deu o seu recado pode ir embora.

Beto fica sério. Pega a pulseira do bolso. — De todas as joias que o doutor deu para Raquel, essa ficou no chão. Uma das moças encontrou. O nome dela é Estela. Ajudou Raquel fugir da casa, eu não teria deixado Raquel ir, se tivesse chegado à tempo. Eu estava na rua, vendo outro negócio, quando o doutor chegou na casa.

Custódio – Beto, eu não quero saber o que aconteceu.

Dudu ameaça dizer algo.

Beto se refere a ele, falando primeiro: — Quando você esteve lá na casa, me pediu para analisar os sofrimentos que nossos antepassados já sofreram.

Dudu — O que isso tem agora, com o que está acontecendo?

Beto — Confesso que fiquei uma fera, quando descobri que Raquel havia fugido. Tanto, que fiquei totalmente fora de mim, como se alguma coisa ruim me dominasse. E não sei como, Estela conseguiu se livrar das minhas mãos. A força dela, foi maior que a minha. Foi maior que o meu ódio. Maior que a minha ira.

Dudu — Beto, isso é muito sério.

Beto — Eu sei! Tanto que estou aqui me desabafando.

Custódio e Dudu, calados observa Beto, que acrescenta, olhos fixos em Custódio: — Eu também menti, quando lhe falei que não sabia do endereço dos pais de Raquel. Eu fui conhecer eles….

Dá pausa: — Quando Raquel chegou na casa, contou uma história que eu não acreditei. Achei que era artimanhas para tentar conquistar o doutor. Ela já sabia da brincadeira e com quem seria… Resumindo… Raquel aceitou ir morar na casa apenas para juntar um bom dinheiro e voltar para Goiás com os pais. Eles estavam vivendo na miséria aqui em São Paulo, e pretendiam voltar a trabalhar na roça, em uma fazenda, onde viviam antes.

Custódio — Creio, então, que fiz uma boa caridade a ela e aos pais.

Beto — Um pai que se negou em deixar a filha para trás, mesmo eu entregando a ele uma boa quantia em dinheiro. O qual mandou ela me devolver depois… E que sempre achei que um amor assim, de um pai para o filho não seria real.

Dudu — Beto, nosso pai sempre teve e ainda têm muito amor pelos filhos dele.

Beto — Dudu, caso um dia o nosso pai descobrir que montei aquela casa, você garante que ele não vai me condenar?

Dudu olha o chão, sem saber a resposta.

Beto — O pai de Raquel, mostrou o amor dele pela filha ser maior que qualquer fortuna que poderia ter na vida. Um homem de idade avançada, doente e sem expectativa de conseguir um bom emprego.
Custódio vira a garrafa direto na boca, tomando o resto do vinho, ao se lembrar, entrando no quarto de Raquel, na casa de Roberto, balança o saco, e joga as joias e diamantes, em cima dela. — É isso que você quer? Pois, pode ficar com uma parte da herança que meu pai me deixou. Pegue tudo e desapareça do meu caminho. — aponta ela, e bufa com ira. — Nunca mais, quero vê-la na minha frente.

Raquel, paralisada, fica sem entender o gesto dele.

Custódio começa jogar tudo pelo chão, procurando algo.

Raquel se coloca de pé, e segura ele: — Pare com isso, o que está fazendo? O que está procurando?

Custódio empurra-a com força para trás. — Solte-me demônio. Afasta-se de mim.

Raquel, sem esperar, cai bruscamente para trás, ele ainda grita: — Não vou deixar que faça da minha vida um inferno. E que maldita droga você colocou na minha bebida?

Raquel, no chão, em prantos, nada responde. Ele a segura bruscamente: — Responda a minha pergunta. O que foi que você colocou na minha bebida?

Raquel, quase sem voz — Não bebemos nada.

Custódio se afasta, ao se lembrar ter entregue a garrafa de vinho para Beto. — Meu Deus, o que fiz?! — E pega nela para ajudar a se levantar.

Raquel se encolhe, em pânico: — Não toque em mim! Pegue suas joias e vá embora daqui. Eu que não quero vê-lo nunca mais.

Custódio vê Estela, e outra mocinha, de pé na soleira. Elas assista a cena. Envergonhado ele saiu quase correndo, passando pelas duas, que lhe dão passagem.

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