A lua agora estava em seu ponto mais alto, parecia única num céu sem nuvens estrelado.
Lucca dispôs os amigos para que eles formassem um circulo perfeito em volta dele e fez com que cada um segurasse um dos elementos básicos.
A sua frente estava Adam segurando um punhado de terra, as suas costas Drew meditava com uma respiração constante representando o ar, a sua direita Tonny erguia um copo com água e a sua esquerda Jimmy segurava uma vela, com Lucca no centro completando um circulo perfeito.
─ Não soltem isso por nada. ─ Ordenou ele. ─ Isso não pode dar errado
─ Qual é cara. Termina logo isso. ─ Disse Adam segurando um punhado de terra. ─ Aqui faz um frio do cacete.
─ Logo tudo estará acabado.
Ele colocou o livro em branco aberto no meio do circulo, e em pé no meio dos quatro apontou a varinha de metal com um fragmento da pedra filosofal na base em direção à lua.
─ Eu, Lucca Souza. ─ Ele iniciou de repente. ─ Filho de Atlântida, venho requerer o que é meu de direito. Que a lua azul me permita enxergar o véu invisível que recobre o mundo.
Com uma intensa rajada de vento, as páginas do livro passaram uma a uma até se fecharem. Ao mesmo tempo uma leve corrente de ar envolveu Lucca e foi passando de um por um naquele círculo, intensificando cada um dos elementos ali expostos. Era como se a magia que Lucca tanto queria agora pertencesse a todos eles.
Um emaranhado de luzes surgiu diante de seus olhos, era como se pequenas bolhas se sabão luminosas explodissem diante deles dando origem a várias cores e formas.
─ O que tá acontecendo aqui? ─ Perguntou Jimmy sem entender. ─ Era pra isso acontecer?
─ Isso é incrível… ─ Disse Adam admirado com o que era capaz de ver agora.
─ Até parece magia. ─ Completou Drew
─ Isso não parece, isso é magia. ─ Respondeu Lucca com os olhos fixos na lua.
Lucca apanhou o livro no chão abriu e folheou as primeiras folhas, as páginas antes em branco agora estavam repletas de conhecimento. Diante de seus olhos um monte de letras e números dançavam desordenados, todas as coisas pareciam ser feitas a partir de um único código binário como num circuito eletrônico de um jogo.
─ De alguma forma, esse ritual deu a todos nós o dom da magia, se vocês são capazes de ver o que vejo, significa que ela pertence a vocês também.
─ Cara, que louco isso. ─ Disse Tonny. ─ O que faremos agora?
─ Agora iremos terminar esse ritual convocando um familiar para cada um, só assim poderemos controlar a energia elementar do universo.
─ Como você sabe disso? ─ Perguntou Adam.
─ Está tudo escrito aqui. ─ Disse ele mostrando o livro agora escrito.
─ Isso deve ser feito ainda hoje. ─ Uma voz conhecida ecoou na escuridão.
Tomado pelo medo, Lucca apanhou a varinha e apontou na direção em que se ouvia a voz.
─ Guarde a sua varinha, você não precisa desse instrumento arcaico. ─ Disse o homem. ─ Eu não vim lhes fazer mal.
Os garotos viram surgir das sombras o homem que os espreitava, Samuel os observava desde aquela tarde como se esperasse o momento certo para aparecer.
─ Isso é jeito de aparecer?… Quase me matou de susto. ─ Disse Adam com o que parecia ser uma pedra na mão.
─ Isso foi imprudente de sua parte garoto. ─ Esbravejou Samuel com os olhos fixos no grupo.
─ Ah… Desculpe-me. ─ Respondeu Adam automaticamente.
─ Você não fedelho, ele. ─ Disse Samuel apontando para Lucca. ─ Era para você despertar só o Grimório e não a magia de todos eles. Eles ainda não estão prontos para isso.
─ Como assim. Só o livro? ─ Quis saber Lucca.
─ Era para você ter feito isso sozinho. — Respondeu Sam atônito. ─ Pensei que você fosse capaz de fazê-lo sozinho.
─ Eu era um fracasso como alquimista. Acha mesmo que eu faria isso sozinho?
─ Deixe de choramingar fedelho, temos que conter as energias de todos aqui, antes que algo ruim aconteça.
─ Ruim tipo? ─ Perguntou Jimmy tomando coragem.
─ Tipo… Ou vocês fazem o que eu digo ou estão ferrados. Agora cala a boca e faz o que eu disser.
─ Ok ok não precisa disso tudo não.
─ Você trouxe o sal não é? ─ Perguntou Sam à Lucca, como sua vida dependesse disso.
Lucca entregou a ele um pacote de sal groso.
─ Fiquem perto do círculo. ─ Ordenou Sam desenhando um pentagrama no chão. ─ Espíritos da terra, do fogo, do ar e da água, eu os saúdo como iguais. E juro proteger os segredos confiados a mim através das eras, e repassá-los para as próximas gerações.
─ O que ele tá fazendo Lucca? ─ Perguntou Tonny
─ Cala a boca e espera ─ ele respondeu.
─ Eu agora passo adiante minha centelha de guardião, e peço ajuda e proteção aos novos anjos que agora aceitam a missão.
Samuel alinhou as cinco pedras que trazia no bolso dentro do pentagrama. As pedras brilharam tão intensamente ofuscando a visão de todos dando lugar a quatro pequenos animais luminescentes.
─ A partir de agora eles são responsabilidade de vocês. ─ Disse Sam fazendo carinho no que parecia ser um lagarto um pouco maior que o de costume. ─ O resto é com vocês.
***
─ Vocês devem terminar o ritual. ─ Disse Samuel. ─ Cada um terá um servo para que o ajude a compreender o uso correto da magia.
─ Eles não vão morder, vão? ─ Perguntou Drew estendendo a mão para que o pequeno animal a cheirasse.
─ Podem ficar tranquilos. ─ Respondeu ele.
─ Eu só vejo quatro animais aqui. E nos somos cinco. ─ Disse Tonny.
─ Esses animais representam os quatro elementos, eles são regentes das quatro nações mágicas que existiram antigamente. ─ Disse Sam.
─ Mas por que só quatro se nós somos cinco? ─ Perguntou Adam.
─ O quinto familiar aparecerá quando o quinto membro desta equipe estiver pronto, pois ele é a junção dos quatro aqui presentes.
─ Como faremos isso? ─ Perguntou Jimmy com uma espécie de símio ao redor do pescoço.
─ Adam, você recebe o dom da terra e com ele o seu protetor Lupin. Este lobo pode parecer dócil mais carrega consigo a força esmagadora da terra.
─ Olá Lupin, espero que possamos nos dar bem. ─ Disse Adam acariciando o animal.
Lupin parecia ser uma mistura de lobo guará com cachorro, seus pelos eram marrons mesclados com cinza, os olhos cor de âmbar eram ferozes e dóceis ao mesmo tempo. O animal deu uma lambida na bochecha de Adam como se retribuísse a saudação do novo amigo.
─ Jimmy, você tem consigo um mico leão dourado. Ele representa o fogo que é o seu elemento. Como você, ele pode aquecer os corações, proteger do frio. Mas em proporções erradas é destruidor, tome cuidado.
─ Ok. ─ Ele respondeu sorrindo, com os gracejos do animal em seu cabelo.
─ Drew, a tartaruga marinha representa a mudança das águas, paciente e profunda, aprenda com as marés.
─ E por último a arara azul, animal que guarda consigo os mistérios do ar, pertence a você, Tonny.
─ Qual o meu familiar? ─ Perguntou Lucca, sentindo uma pontada de inveja dos amigos.
─ Vocês já estão juntos há muito tempo, só não perceberam isso ainda. No momento certo ele se revelará a você. ─ Disse Sam. Agora nós temos que sair daqui e nos esconder, pois o mal se aproxima.
─ O ritual não foi terminado. ─ Disse Lucca lendo o Grimório.
─ Não temos mais tempo! ─ Disse Sam. ─ Ele já esta aqui e quer destruir vocês!
─ Ele quem?… ─ Quis saber Drew um pouco amedrontado.
O garoto não obteve resposta.
Antes que Sam pudesse dizer alguma coisa um denso nevoeiro os alcançou, as folhas das árvores ao redor começaram a secar, dando ao lugar um cheiro horrendo de morte.
O nevoeiro corroía tudo por onde passava, o ar ficou rarefeito, fazendo todos respirarem com dificuldade. Os animais antes felizes agora estavam cabisbaixos e sem forças.
─ CORRAM! ─ Gritou Samuel. ─ Tirem os animais daqui, agora!
─ Que porcaria é essa?! ─ Perguntou Lucca apertando a varinha nas mãos.
─ Eu vou tentar atrasá-lo! ─ Disse ele. ─ Apenas saia daqui! AGORA!
Tudo foi tomado por uma luz branca que serviu como escudo deixando os cinco garotos de fora para que pudessem sobreviver.
Deixando Samuel sozinho na redoma de luz com a coisa destruidora, Lucca e os amigos correram sem olhar para trás.
─ O ritual não foi terminado. ─ Disse Lucca lendo o grimório.
─ Nós não temos mais tempo. ─ Disse Sam. ─ Ele já esta aqui e quer destruir vocês.
─ Ele quem?… ─ Quis saber Drew um pouco amedrontado.
O garoto não obteve resposta.
Antes que Sam pudesse dizer alguma coisa um denso nevoeiro os alcançou, as folhas das arvores ao redor começaram a secar, dando lugar a um cheiro horrendo de morte.
O nevoeiro corroia tudo por onde passava, o ar ficou rarefeito, fazendo todos respirarem com dificuldade. Os animais antes felizes agora estavam cabisbaixos e sem forças.
─ CORRAM. ─ Gritou Samuel, ─ tirem os animais daqui agora.
─ Que porcaria é essa? ─ Perguntou Lucca apertando a varinha nas mãos.
─ Eu vou tentar atrasá-la. ─ Disse ele. ─ apenas saia daqui. AGORA.
Tudo foi tomado por uma luz branca que serviu como escudo deixando os cinco garotos de fora para que pudessem sobreviver.
Deixando Samuel sozinho na redoma de luz com a coisa destruidora Lucca e os amigos correram sem olhar para trás.
***
Cada um deles correu em direções opostas, carregando consigo os animais que ali estavam, Adam e Jimmy seguiram para um lado, Tonny e Drew para outro, deixando Lucca sozinho no meio da mata escura com uma varinha que não havia sido testada.
As árvores eram mais altas ali, ele nunca tinha entrado tão a fundo naquela parte da reserva, aquela parte permanecia intocada até então. Lucca ainda podia ver as luzes ao longe toda vez que olhava para trás, mas aquilo não confortava sua mente e seu corpo tremia tomado pelo medo.
Seu coração estava tão acelerado que ameaçava sair pela boca. A adrenalina do momento o fazia correr tão rápido que o garoto quase não sentia o chão embaixo dos seus pés, ou qualquer cosa que estivesse a sua frente. Ele queria apenas ficar longe de toda aquela confusão em que havia se metido.
─ Aonde eu vim me meter. ─ Ele pensou em voz alta.
Apesar dos óculos e a falta de visão diurna, de algum modo Lucca podia enxergar muito bem à noite, seus instintos diziam que era perigoso estar ali, alguma coisa muito ruim estava prestes a acontecer e ele tinha muito medo.
O rapaz sabia que estava sendo seguido, por alguém já há algum tempo, mesmo antes de entrar na floresta.
─ Você já pode sair. ─ Ordenou ele apontando sua varinha na direção de uma árvore como defesa, mesmo que aquilo não surtisse efeito algum. ─ Por que você está me seguindo?
─ Ora… Ora, ─ Ela disse saindo detrás de uma árvore ─ O que você pretende com isso? ─ Disse Alice fixando os olhos no objeto.
─ Chegue mais perto e descobrirá! ─ Ele respondeu enérgico.
─ Vejam só o que temos aqui. ─ Disse ela rindo. ─ O que você acha que é? Um mago talvez…
A garota se aproximou estudando o garoto um pouco receosa do que ele pudesse fazer, apesar da ironia Alice ainda tinha medo do que ele pudesse fazer, e mesmo assim queria testá-lo.
─ A Korcovado esta muito longe para você querer dar uma de Hugo Escarlate pra cima de mim. ─ Disse ela irônica. ─ Ou quem sabe talvez … Harry Potter? Acha que eu tenho medo de um cosplay mal feito?
Em uma fração de segundos ele sentiu as mãos frias dela apertando seu pescoço, Lucca tentava respirar, porém o ar rarefeito não era suficiente. Alice o encarava nos olhos, esperando que algo fantástico ocorresse a qualquer momento. Ele podia ver em seus olhos a euforia que ela sentia com aquele ato, um sorriso malicioso surgiu em seus lábios mostrando as presas prontas para serem cravadas em seu pescoço.
Sua vida estava se esvaindo. Ele não conseguia mais respirar, Lucca precisava fazer alguma coisa rápido ou não viveria para contar história.
O garoto torcia para que o ritual feito há pouco tivesse surtido algum efeito, mas como usar magia? Ele não fazia a mínima ideia de como começar.
─ Alquimia básica. ─ Ele lembrou. ─ Decomposição e recomposição da matéria.
Um princípio básico e simples de se entender mentalmente, já na prática aquilo era difícil para ele.
“─ Decomposição e recomposição… decomposição e recomposição”.
Ele manteve seus olhos fixos nos dela como havia ocorrido no porão do colégio, pensando na decomposição do cálcio para uma espécie de estado liquido, Lucca agitou sua varinha em um movimento simples de um círculo completo, fazendo a mão de Alice ficar tão mole quanto uma gelatina.
A garota perdeu completamente o controle de seu braço, toda a força empregada no enforcamento havia sumido, a única coisa que ele podia sentir agora era algo extremamente macio em seu pescoço.
Assim ele foi capaz de se livrar das mãos de Alice, fazendo com que ela simplesmente o deixasse ir.
Alice não conseguia entender como ou porque seu braço não respondia a sua vontade. Agora ele estava no controle.
─ Isso é alquimia. ─ Disse ele por fim. ─ Seu braço irá se reconstituir em breve, e…
Ele simplesmente não teve tempo de terminar a frase…