De repente tudo mudou, eles estavam cercados por uma espécie de campo de força, em uma dimensão paralela criada apenas para eles, tudo estava negro e frio, dessa vez foi a mulher elegante que provocara tal fenômeno. Aquele seria um duelo meramente mental, onde a mente mais forte sobreviveria. As arvores pareciam gemer de dor, o mundo estava sendo destruído, e Samuel era um mero espectador do acaso.
─ Você também pode ver meu velho amigo. ─ Disse a mulher com lagrimas de sangue em seus olhos. ─ Essa terra perecerá pelas mãos dos tolos humanos que você insiste em proteger.
─ Os seres humanos erraram sim, ─ ele respondeu, ─ mais aprenderam com seus erros.
─ Que povo é esse que destroem o lugar onde vivem, devastam florestas, poluem os rios e matam uns ao outros em troca de falsas riquezas. ─ Disse ela apanhado um galho com folhas negras.
─ Eles ainda tem muito que aprender, de fato, mais a humanidade já vê a natureza com outros olhos, pensando nas gerações futuras eles tentam proteger o que ainda resta.
─ Não seja tolo. Eles apenas temem o futuro previsto por seus métodos e estudos arcaicos. E não fazem nada para mudar tal situação.
Os dois trocavam olhares desafiadores.
Samuel ainda via naquele ser desprezível um estimado amigo, que dividiu com ele um passado cheio de gloria, vitorias e alegrias. Ele reuniu suas ultimas forças para criar uma barreira de energia luminosa para proteger aquele lugar.
O amontoado se fumaça, que antes tomara a forma de Helena agora tinha a aparência de um corpo desfigurado esquelético exalando morte ao seu redor, ele não estava tão belo quanto antes, mais tinha os mesmos olhos singelos e tristes de antes.
A cada passo dado à criatura destruía a vegetação a sua volta, o que antes era um esplendor de beleza, apodrecia em sua presença. Ele era como o ceifeiro, anunciando a morte por onde passava.
─ Eu ainda pareço uma pessoa normal? ─ Perguntou o ser zumbificado.
Aproximando-se dele com passos lentos, a criatura estendeu a mão para ele procurando por algo que o confortasse.
─ Você não é nada alem de um grande amigo do passado, de quem eu guardo boas lembranças. ─ Disse Sam tentando não olhar.
─ O seu tempo de guardião esta próximo do fim meu amigo. ─ Disse com uma voz gutural próxima ao seu ouvido.
Samuel sentiu o peito doer, um liquido viscoso e quente escorria por seu corpo, ele sentia seu corpo pesar, o frio tomando conta de todo o seu ser. Um som abafado estava preso em sua garganta, Ele estava quase sem forças e suas pernas bambeavam, ele parecia não se segurar em pé, estava prestes a desmaiar.
─ O Zaon que você conheceu não existe mais, essa é apenas uma casca inútil para mim agora.
─ Ahhhhhhhhhhhhhr!
Com um grito agonizante Samuel simplesmente apagou.
***
Ele não sabia ao certo o que estava acontecendo com Samuel, só sabia que era perigoso para ele estar ali perto naquele momento. Ao ver aquela coisa destruindo tudo por onde passava o garoto sentiu um aperto no peito, uma sensação estranha tomou conta de todo o seu corpo, fazendo suas pernas bambearem.
─ O que foi aquilo? ─ Perguntou Adam sentando-se em um tronco de arvore.
O rapaz olhava para o pequeno lobo roçando o corpo em sua perna, ele esperava que o pequeno animal tivesse a resposta que ele precisava.
─ Eu não sei Adam, ─ disse Jimmy recuperando o fôlego, ─ mais que foi sinistro isso foi.
─ Você não pode me explicar o que esta acontecendo não é? ─ Disse o garoto acariciando o pequeno lobo em seus pés.
─ Animais não falam Adam.
Jimmy sentou-se em um tronco oco e o mico leão dourado pousou em seu ombro fazendo barulho como se quisesse avisar sobre algo.
─ O que houve com você? ─ Disse ele tentando tirar o animal do cabelo.
─ Eles estão iniciando uma guerra. ─ Disse um garoto saindo detrás de uma arvore.
─ hem? ─ Disse Adam surpreso. ─ Uma guerra!
─ Ou melhor, eles reiniciaram uma guerra.
─ Ah, é você Ângelo. ─ Disse Jimmy levantado-se em um salto. ─ Como você…
─ … Sei disso? ─ O rapaz completou depressa.
O pequeno mico eriçou o pelo, estava pronto para atacar o convidado inesperado, assim como o pequeno lobo aos pés de Adam eriçou os pelos e mostrou os dentes rosnando alto.
─ Eu sei de muitas coisas, coisas que você nem imagina. ─ Ele disse com um olhar ameaçador para o animal no ombro de Jimmy. ─ Esse espécime não pertence a este lugar e não é comum que eles se apeguem a humanos dessa maneira.
Az tentou tocar no animal mais não obteve sucesso, o pequeno mico recuou quando o garoto se aproximou dele.
─ Parece que eles não gostam muito de você. ─ Disse Adam tentando acalmar o lobo.
─ Como vocês os conseguiram? ─ Disse ele. ─ Por acaso vocês estão envolvidos em contrabando de animais?
─ É claro que não. ─ Apressou-se Jimmy a responder.
─ Isso é crime. ─ Emendou Adam.
Os dois animais estavam tão agitados que começaram a emanar uma espécie de aura luminosa de cor vermelha e laranja que tomou conta dos dois garotos.
─ Ele já sabe do contrato. ─ Respondeu Az cobrindo os olhos por conta da forte luz. A partir daquele momento seus óculos de visão noturna se mostraram desnecessários.
─ De que contrato você esta falando? ─ perguntou Adam confuso.
─ Seu mentor morrerá esta noite, e eu fui enviado por ele para destruir o seu legado. ─ Respondeu Az apanhando um punhado de folhas secas.
O lobo parecia furioso nos braços de Adam, ele rosnava para o rapaz, mostrando os dentes impaciente. Adam e Jimmy entenderam o recado logo de cara e olhavam ao redor a procura de uma rota segura de fuga segura.
─ Não adianta fugir anjos, destino de vocês já esta traçado há muito tempo. ─ Disse o garoto.
─ O que você pretende? ─ Disse Jimmy
─ Não se preocupe. ─ Az respondeu, ─ eu não vou mata-los agora, só quero que de um recado para mim.
Az agora estava sentado em no chão com os pés cruzados, rabiscando mo chão com um graveto.
─ Que recado seria esse?
Como num passe de mágicas Az havia virado fumaça literalmente, deixando para traz apenas o desenho de uma caixa com o símbolo do infinito na areia.
Quando de repente ouviu-se do alem:
“ ─ Diz para ele que ela é só minha”.
***
Aos poucos ele estava sendo tomado pela energia negra, se ele não fizesse algo rápido, logo estaria morto.
Samuel reuniu forças para conter o mal em seu corpo.
Lucca disparou uma rajada de luzes vermelhas contra o homem que assista aquela cena perplexo, mais nada aconteceu.
Samuel se consocia de dor caído no chão, Alice assistia a tudo sem entender o que estava acontecendo.
─ Rápido, você tem que fazer alguma coisa. ─ A garota disse atordoada. ─ Ou ele vai morrer.
─ Sam, o que ta acontecendo? ─ Perguntou Lucca sem entender.
─ Lucca você tem que me matar agora. ─ Disse Samuel quase sem voz.
─ Eu não posso fazer isso. ─ Afirmou o garoto.
─ Lucca rápido… Anda logo e me mata. Ele esta fraco agora, não esta?
Lucca não queria aceitar o fato de ter que matar uma pessoa.
─ Se você esperar ele sair do meu corpo, ele vai destruir tudo.
─ Se eu fizer isso você vai…
─ É preciso. ─ Ele disse em agonia, ─ Não hesite, apenas faça.
Samuel estava quase sem forças, agonizante ele suplicou por ajuda, seus poderes sozinhos já não eram mais suficientes contra aquela coisa, ela estava ficando cada vez mais forte.
O rapaz estava em choque, um homem estava prestes a morrer diante de seus olhos e ele não era forte o bastante para ajuda-lo. Ele não era capaz de entender o que acontecia ali, Lucca podia de lutar, aquela varinha era inútil contra aquele monstro destruidor de mundos, tudo estava perdido, seria apenas questão de tempo ate tudo acabar.
─ LUCCAAAAAAAAAAAAAAA! ─ Alice gritou de repente em lagrimas.
Aquele grito fez Lucca acordar, ao ver Alice correndo em direção ao corpo inerte de Samuel caído no chão. Mais uma vez o garoto pensou com toda a força de sua mente em separar a sombra negra do corpo de Samuel.
E assim disparou uma nova rajada de energia prateada contra o corpo quase sem vida do amigo. Samuel ainda se contorcia no chão, seus olhos reviravam e ele babava como um bebe pronunciando palavras em uma linguagem estranha.
Impulsionada por algo que ela não sabia como explicar, Alice em um piscar de olhos estava pronta para cravar seus dentes na jugular de Samuel sem prévio aviso, seus olhos estavam fixos em um ponto latejante de seu pescoço a veia aorta.
Sem pensar duas vezes ela cravou-lhe as presas no pescoço.
Um denso liquido negro escorreu pelos pequenos furos feitos por ela em sua jugular, Samuel acabara de algum modo recobrando a consciência.
─ Obrigado, minha doce Helena. ─ Disse ele por fim antes de desmaiar novamente.