Alice não demorou muito para voltar para casa, nada anormal ocorreu durante o trajeto de volta, a não ser alguns passantes que soltavam piadinhas do tipo “ E aí gata”, Quer ir lá em casa?”.

As casas estavam iluminadas, as pessoas tinham acabado de chegar de um dia muitas vezes estressante de trabalho, sentavam-se à mesa se preparando para o jantar em família.

 As poucas pessoas na rua estavam voltando do trabalho ou indo para a escola para o período de aulas noturnas, com isso as ruas estavam quase desertas.

Desde a saída da reserva, Alice estava incomodada com alguma coisa, um pressentimento ruim, sentia como se estivesse sendo observada.

Alice olhou em volta, nada fora dos padrões. Estava tudo tranquilo, a suave brisa noturna fazia as folhas das árvores ressoarem um canto agradável aos ouvidos. Parada na porta de casa, a garota observou a rua para se certificar que não estava ficando maluca, por um instante ela ouviu algo batendo em uma pedra, então olhou novamente para os dois lados da rua tentando identificar a origem do barulho, mas não havia nada de anormal. Esse era como um tipo de sexto sentido que ela possuía, sempre que alguma coisa estava prestes a acontecer com ela ou pessoas próximas esse sexto sentido disparava.

O velho casarão onde Alice morava ficava exatamente no centro da rua, da porta de sua casa dava para visualizar com perfeição os lados direito e esquerdo, graças à visão privilegiada dos vampiros ela era capaz de ver com exatidão tudo à sua volta.

Do outro lado da rua, na casa de frente para a sua, alguém olhava para ela através da cortina.

Eu não acredito. Disse ela para si mesma.

Lá estava ele mais uma vez bisbilhotando. O vizinho da frente estava espionando a casa novamente.

Alice sempre o via de olho quando saia para caçar, ou quando observava os poucos segundos antes do anoitecer, lá estava ele, sentado na janela do quarto ou sentado no terraço bisbilhotando sua vida.

Ao entrar em casa a menina encontra sua mãe assistindo ao noticiário local, com uma taça em uma das mãos e uma bolsa de sangue recém-tirado do micro-ondas na outra.

Eurídice tinha os olhos penetrantes com uma cor que lembra muito a prata em seu estado líquido, seus cabelos longos e cacheados estavam soltos e lhe caíam sobre os ombros, sua pele era branca e gélida como o mármore.

Um vestido longo de ceda vermelha lhe cobria todo o corpo, deixando à mostra os braços e as pernas definidas cruzadas em uma poltrona do século XVIII que segundo ela pertenceu a Napoleão Bonaparte. O magnífico vestido valorizava ainda mais os dotes naturais da mulher, parecia ter sido feito sob medida para ela, lembrando muito uma camisola antiga o traje evidenciava os seios fartos e acentuava suas curvas, deixando-a mais bonita se é que isso era possível.

Quer um pouco querida? Perguntou Eurídice colocando o sangue na taça.

Não mãe, obrigada, vou subir e tomar um banho. Respondeu Alice

O que aconteceu querida? Ela perguntou percebendo a aflição com que Alice entrou em casa.

Não é nada de mais, apenas aquele garoto nojento nos espionando de novo.

Ah sim, a mãe dele acabou de sair daqui. Disse Eurídice bebericando um gole de sua taça.

O que ela queria? Alice perguntou.

O de sempre. Me convidou para o chá das senhoras, mas, educadamente recusei.

O que eu tive dessa vez? Alice perguntou com um sorriso.

  Você teve uma leve enxaqueca e está no quarto repousando, por isso não vai à escola hoje. A Sra. Azuos se encarregou de avisar à diretoria. Respondeu Eurídice.

A senhora deve ter sido bem convincente, não? Alice perguntou em tom irônico.

Pois é, sei ser bem convincente quando quero. Ela respondeu com um leve sorriso.

Por mim tudo bem. Qualquer coisa eu estou lá em cima.

Ela subiu as escadas pulando alguns degraus, no piso superior caminhou lentamente até chegar à porta do banheiro, entrou e a trancou, em seguida abriu a torneira da pia de mármore, deixando a água cair enquanto via seu rosto refletido no espelho redondo da parede. Com as mãos em forma de concha, Alice pegou um bocado de água e passou no rosto como se retirasse todas as preocupações de sua mente.

Seus olhos vislumbravam um ser pálido, com olheiras ao redor dos olhos, um ser desprezível que ela tentava esconder de tudo e de todos a todo custo. Apesar de sua inestimável beleza, ela se mostrava fria mesmo no olhar. Alice não era capaz de expressar qualquer emoção verdadeira, suas olheiras vistas de perto revelavam o alto preço que ela pagava por sua imortalidade, ela não precisava dormir, e isso afetava sua real aparência.

Varias imagens invadiam sua mente, imagens de coisas que ela nunca viveu em seus 16 anos de existência. Alice só queria esquecer.

Esquecer do homem com quem ela sonhava todas as noites desde os 11 anos, das coisas que ela era obrigada a aguentar noite após noite para manter seu segredo.

Ela estava cansada de se esconder, de bancar a garota frágil que necessita de cuidados constantes. O muro intransponível que era erguido por ela todas às noites para os habitantes daquela cidade tosca se desfazia como areia entre aquelas quatro paredes.

Alice queria gritar. Seus olhos estavam marejados diante do espelho, ela estava sufocando naquele lugar pré-histórico.

O som da campainha no andar de baixo a trouxe de volta de seus devaneios, a menina enxugou as lágrimas, respirou fundo, lavou o rosto e refez a maquiagem. Fez uma nota mental para que aquilo jamais se repetisse de novo e rumou de volta para a sala.

Alice desceu as escadas compassadamente, como se elas não tivessem fim, ela esperava ver o nerd sem noção esperando na porta para levá-la à escola. Ao pisar na sala não era Ângelo que estava à sua espera, a visão de um homem estranho parado à porta fez a menina tremer.

Eurídice tinha acabado de atender a porta, ela estava parada diante de um desconhecido imóvel. Aquele era o mesmo homem que Alice via em suas visões todas as noites, o mesmo rosto, os mesmos olhos profundos e cheios de energia, ele só parecia um pouco mais velho do que ela estava acostumada a desenhar.

A menina parou por um minuto segurando o corrimão da escada.

É ele”. Ela pensou.

Alice manteve os olhos fixos nos dele por um segundo. O homem diante dela retribuiu com um largo sorriso.

Olá. Disse ele tentando parecer o mais cordial possível.

Quem é você? Ela perguntou automaticamente.

Você sabe perfeitamente quem sou eu. Ele respondeu entrando e fechando a porta com a chave.

Definitivamente, aquele era o misterioso homem de seus sonhos.

O que você quer com a gente? Ela perguntou procurando uma saída.

Tudo há seu tempo criança… Tudo há seu tempo.

Era como se só estivessem os dois naquela sala, como se o tempo estivesse parado para os eles.

Eurídice continuava imóvel, como uma bela escultura feita em mármore pelo próprio Michelangelo.

O que você fez com a minha mãe? Perguntou ela com os olhos marejados.

Ela ficará bem, não se preocupe. Ele respondeu aproximando-se dela lentamente enquanto corta a palma de sua mão com uma pequena adaga de prata. Quem me preocupa agora é você.

Você é um caçador, não é? Vociferou a garota subindo as escadas. Por que vocês não nos deixam em paz!

Não Alice, eu não sou um caçador. Disse ele se aproximando devagar.

Não se aproxime de mim! Ela gritou.

Seus olhos agora tinham mudado de cor, passaram de um vermelho escarlate vivo para pra o preto em questão de segundos.

Alice caiu no chão se contorcendo, ela foi tomada por uma aura escura, grunhidos estranhos eram audíveis e vinham dela.

Lute contra isso meu anjo, você ainda pode. Ordenou o homem com a voz doce, porém firme.

Lutar contra o quê? Ela perguntou.

Você deve lutar contra os seus próprios medos. Não deixe eles dominarem você. Ele estendeu a mão para Alice que agora estava de volta ao topo da escada entorpecida pelo cheiro do sangue no ar.

Ainda com a mão estendida diante dela, Samuel retirava de seu pescoço o cordão com a pedrinha branca que fora usada há algumas semanas no estranho ritual no quarto do hotel.

Ele sabia que não havia muito tempo, a garota, a coisa tinha se apossado quase que por completo dela. Alice estava se perdendo, ele não poderia ver aquilo acontecer com ela de novo.

Ainda há tempo. Vamos lute.

Ela é minha. Ela disse olhando para ele.

Um urro de um bicho selvagem trovejou naquele local, Alice perdera totalmente a consciência, dando lugar a um boneco sem expressão ou vontade própria.

Ela estava agora envolta em uma espécie de fumaça escura, seus dentes saltavam para fora, ela não fazia mais ideia de seus atos. Como um animal acuado a menina estudava cada movimento que o homem fazia se preparando para dar o bote.

Em uma fração de segundos ele saltou sobre as escadas voltando ao patamar inferior onde estava Eurídice. Alice veio em sua direção esbravejando ódio, querendo arrancar seu coração.

Mate-o. Ouviu-se uma voz distorcida

Lute. Samuel gritou em resposta. Não se deixe dominar pelas sombras.

Mate-o. Ela repetiu com uma voz gutural. Ele não sabe o que diz.

Busque a luz, aplaque sua sede. Ele mostrou mais uma vez o cristal em sua mão. Eu preciso que você lute.

A energia que emanava do corpo de Alice era cada vez mais forte. O que antes era uma sala de estar agora dava lugar ao vazio. Não se via mais nada a não ser uma vasta escuridão tomando conta de tudo.

 Alice perdera totalmente a razão e agora estava sendo controlada pela sede de sangue. Em um piscar de olhos, Alice estava pronta para cravar seus dentes no pescoço dele.

Como última cartada, Samuel expôs seu mais íntimo segredo na esperança de que ela recobrasse os sentidos.

Você deve se lembrar, do amor que um dia sentiu por mim. Disse ele entregando-se completamente nas mãos dela.

O amuleto em sua mão reluziu mais uma vez, o local antes tomado pelo mal agora dava lugar a uma luz acolhedora.

Alice não resistiu à intensidade do poder do amuleto, cobrindo os olhos com a palma das mãos a garota pronunciou:

Samuel, salve-me!

E então desmaiou.

 

***

 

Era uma linda tarde de Novembro, fazia sol naquele dia e havia poucas nuvens no céu, um dia perfeito para um piquenique surpresa ao lado de sua amada.

Ele preparou a cesta com todas as guloseimas que eles mais gostavam: bolo de milho com coco, pudim de leite feito em casa, cocadas, pães e suco de carambola com limão (apesar dele não gostar muito, era o favorito dela). Por fim, dobrou uma manta fina de retalhos e a pôs junto à cesta.

Aquela seria uma tarde agradável, Helena prometera a ele mais um de seus retratos feitos a mão. Para Helena, ele era um modelo perfeito, por isso ela não se cansava de desenhá-lo, não importava quantos desenhos ela já tivesse dele, sempre arranjava alguma desculpa para desenhar mais um.

Os dois saíram de bicicleta para um passeio vespertino ao parque onde ele havia preparado a maior de todas as surpresas.

Deitado à sombra de uma árvore, Samuel vislumbrava o azul do céu e via Helena ao seu lado segurando de um jeito torto uma prancheta de desenho, um toco de carvão quase acabado e uma espécie de borracha amassada em uma das mãos.

Ela estava deslumbrante em seu vestido azul, sua pele clara como o leite refletia os raios solares que escapavam por entre as folhas das árvores, tornando seus contornos ainda mais belos e seus cabelos estavam soltos dançando ao vento, ele não podia parar de admirá-la.

Pare de olhar para mim. Ela disse com a voz suave. Eu é que sou a desenhista aqui e você o modelo. Não inverta os papéis

Não posso. Ele respondeu com um leve sorriso.

Você sabe que não gosto que me olhe desse jeito. Ela disse deixando a prancheta de lado.

Você é um anjo, é normal que um simples mortal como eu não se canse de admirá-la.

Ora, não seja bobo. Disse ela corando.

Case-se comigo? Ele perguntou segurando sua mão, e os olhos fixos nos dela.

O quê? Ela perguntou surpresa, porém com um tom desafiador em sua voz.

Seja minha esposa, e fique comigo pelo resto da eternidade Ele disse retirando do bolso uma caixinha de veludo vermelho.

Samuel abriu a pequena caixa e dentro dela estava armazenado um pequeno anel de prata com uma singela pedra branca reluzente.

Os dois estavam juntos há quase 12 anos, porém a ideia de casamento nunca passara pela cabeça dela, Helena nunca quis rotular o que eles tinham, ela sabia que era especial e aquilo bastava.

Aquele era realmente um pedido formal de casamento, algo que ela realmente não esperava naquele momento, sua única reação foi sorrir.

Fique comigo para sempre Helena Simons Pacheco. Disse Samuel pondo o anel em seu dedo, beijando sua mão para selar o compromisso.

Sim. Helena respondeu quase sem fôlego, explodindo de tanta felicidade ela juntou os lábios que foi de encontro aos dele.

Samuel não queria que aquele beijo acabasse, mas ele foi interrompido por um homem parrudo e corpulento de rosto coberto apontando para o jovem casal um revolver.

É um assalto. Disse o homem.

Por favor, não nos faça nada. Ela suplicou

Só quero seus pertences de valor. Respondeu de forma rude. Façam o que eu digo e tudo ficara bem.

Nós não temos nada de valor. Disse Samuel com a voz trêmula.

Um homem de tamanha elegância deve ter por ai alguns trocados no bolso, para um pobre mendigo sem sorte. O homem retrucou em deboche.

Não senhor, eu não tenho. Respondeu Samuel com raiva.

E este anel minha jovem, deve ter algum valor, não? Perguntou o homem mais interessado em seu decote do que no anel de fato.

Levantando Helena pelo braço o homem beijou-lhe a mão do anel e puxou-a para junto de seu corpo.

Helena tentou de todas as formas livrar-se do homem, o que foi deveras inútil. Segurando a garota pela cintura o assaltante forçou um beijo, que ela não desejava retribuir.

Vendo aquela cena Samuel chutou o calcanhar do homem com toda a força que conseguiu encontrar naquele momento.

Corra Helena, corra!

Helena correu o mais rápido que pode. Samuel agarrou a arma do homem tentando dar algum tempo ate que ela estivesse em segurança.

O barulho de um tiro fez os passarinhos se agitarem. Caída há poucos metros de distancia, Helena foi atingida por um tiro fatal disparado acidentalmente pela arma durante a briga entre Samuel e o assaltante.

Vendo Helena caída no chão coberta de sangue Samuel foi tomado por uma força descomunal, perdendo os sentidos ele foi incapaz de proteger a mulher que amava.

Descarregando sobre o homem todo o ódio que sentia naquele momento Samuel deflagrou sobre o homem socos e pontapés até que ele não pudesse mais bater. O rosto do homem ficou quase que irreconhecível.

Suas mãos estavam agora manchadas de sangue, e o assaltante havia desmaiado. Em lágrimas Samuel correu para junto dela, debruçando-se sobre seu corpo coberto de sangue ele gritava por ela em desespero.

Não me deixe Helena! Ele disse apoiando a cabeça dela em seu colo. Nós temos de ficar juntos por toda a eternidade!

 Samuel aproximou seu rosto junto ao dela e ouviu apenas um sussurro abafado.

Salve-me Samuel. Disse Helena num último suspiro.

 

***

 

Alice sentiu um aperto profundo no peito, aquela triste cena fez uma lágrima rolar solitária sobre seu rosto. Ela foi capaz de sentir a dor, ela sentiu sua vida se esvaindo no momento em que a morte se aproximara para ceifar a vida de Helena.

Era como se ela tivesse vivido tudo aquilo, Alice e Helena dividiam o mesmo pesar, o mesmo sofrimento, uma mesma vida retirada delas por um mero capricho do destino.

Você compreende não é? Ele perguntou de pé ao seu lado.

Ela… Ela estava desnorteada com o que acabara de presenciar. Ela Sou eu?

Em outra época, sim. Ele respondeu com uma tristeza no olhar. Numa época em que eu me permiti levar uma vida normal.

Por que isso aconteceu? Ela perguntou segurando sua mão.

Aconteceu porque eu fui tomado pelo ódio. Ele respondeu encarando-a nos olhos. O mesmo ódio que você está fadada a repetir.

Como assim, eu estou fadada a repetir?

Nosso amor não se concretizou por inteiro, por isso estamos destinados a odiar o mundo por conta disso. Ele respondeu.

E como isso acaba? Ela quis saber.

Você terá de aprender a amar novamente, de uma maneira diferente, e eu terei de ensiná-la.

Até aquele momento, Alice não havia se dado conta de que não estava mais em sua sala de estar, o lugar parecia o mesmo mais estava totalmente sem cor, sem vida. Eurídice continuava parada junto à porta com uma expressão vazia.

Onde nós estamos?

Estamos além do tempo. Ele respondeu. Essa é uma dimensão paralela que existe entre o presente, o passado e o futuro. Eu fui capaz de dobrar o tecido que cobre a realidade e assim parar o tempo pela última vez.

Isso é uma viagem no tempo?

Sim e não. Estamos em uma dimensão paralela onde o tempo não é o senhor de tudo. Aqui o tempo simplesmente não importa.

Por que eu me lembrei disso só agora? Ela perguntou mais uma vez.

Eu quis que você lembrasse. Ele disse quase chorando. Não era para você fazer parte disso novamente.

Fazer parte do quê?

Parte do que está por vir, minha querida. E eu vim aqui apenas para me despedir. Disse ele

Eu verei você novamente? Ela perguntou

Sim. Nossos destinos se cruzarão novamente, eu sempre estarei com você, sempre amarei você. Só que você não se lembrará de mim quando nos encontrarmos novamente.

Então fique comigo para sempre, assim eu não o esquecerei. Ela disse com lágrimas nos olhos.

O para sempre, sempre acaba. Ele respondeu por fim. E chegou a sua hora de por um fim nisso.

Com o mesmo sorriso de antes Samuel segurou seu queixo com a ponta dos dedos e levou seus lábios ao encontro dos dela. Tomada por uma sensação incontrolável ela queria que aquele momento não terminasse. Alice simplesmente fechou os olhos e esperou que os lábios dele tocassem os dela.

Ela foi capaz de sentir sua respiração, o calor de seus lábios por um segundo, foi quando propositalmente ele voltou a erguer a cabeça, dando-lhe um beijo em sua testa por fim ele sussurrou.

Eu estarei sempre com você, não importa o que aconteça. Vigiarei você de longe, mais agora você deve esquecer.

Como num déjà vu, Alice sentara na escada e simplesmente desabara num pranto sem fim. Eurídice ainda estava parada diante da porta aberta, esperando um convidado que não estava mais lá.

Não havia ninguém, apenas a suave brisa noturna e a súbita vontade de chorar.

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