Séculos atrás…

— A magia está em todos os lugares, as cinco dimensões estão ligadas por um único fio de realidade. No início de tudo, era possível a todos os seres transitar entre as cinco dimensões para partilhar os segredos de suas civilizações. Todas as antigas histórias são reais, não duvidem delas. — Disse o ancião sentado à sombra de uma macieira enquanto ensinava seus alunos.

Seus olhos cansados passeavam entre seus cinco pequenos discípulos enquanto explicava-lhes o motivo de estarem ali. Babel era o homem responsável pelas centenas de milhares de livros daquela cidade magnifica. Como o mais velho sábio, era sua missão transmitir todo o conhecimento das antigas civilizações para aquele novo grupo de guardiões.

As cinco crianças viviam em dimensões diferentes e foram escolhidas entre todas as crianças de sua dimensão por demonstrarem maior aptidão para a magia elementar, eles haviam sido treinados por mestres desde os cinco anos de idade em seus elementos naturais até completarem doze anos, para só então conhecerem as outras dimensões e seus ensinamentos.

— Avalon existe de verdade? — Perguntou Zaon com os olhos vidrados no velho que o olhava com ternura.

Zaon era um garoto magrinho, de olhos castanhos um pouco avermelhados, tinha em seu interior um impulso pela aventura, era impulsivo, dizia tudo o que vinha a cabeça sem pensar duas vezes. Vindo da dimensão das salamandras, seu elemento natural era o fogo.

— Claro que existe. — Respondeu Kayra ao seu lado. — Eu nasci lá.

— Atlântida também é real. Antes que você pergunte. — Respondeu Eolo.

— Todas as histórias fantásticas que vocês ouviram quando mais novos são verdade. — Continuou o homem. — Atlântida, Avalon, Paradizo, Sonora e a terra são todas dimensões verdadeiras. Vocês aprenderam a essência de cada dimensão durante os doze últimos anos para poderem transmitir este conhecimento para as outras dimensões. Eu vou ajudar vocês nessa nova jornada.

O homem colocou-se de pé, sacudiu a poeira impregnada nas roupas antes de vislumbrar o céu. Ele ficou parado por um longo período para só depois voltar-se para os garotos a sua frente.

— Nada aqui existe sozinho… — Ele recomeçou.

— …Tudo é uma mistura das pequenas partes. — Interrompeu Ananda

— Isso mesmo minha criança. Vejo que você tem o dom da cura.

— Sim senhor. — Ela respondeu sorrindo. — A terra nos dá plantas, musgos e outros elementos capazes de curar feridas ou acalmar pessoas ou até mesmo matar. Eu fui ensinada a conhece-los e a usa-los apenas para curar.

— O que é necessário para que a planta que cura exista criança?

— A fotossíntese.

— Sim… e como se dá esse processo.

— A planta retira do solo, do gás carbônico, e da luz solar os elementos para produzir seu próprio alimento, e nos devolve em troca o oxigênio.

— Percebe criança…

— Terra e agua e ar trabalhando juntos para curar. — Respondeu Samuel de repente.

— Sim. O mesmo acontece com a agua, que é purificada pela terra, com o fogo que usa o ar e os troncos secos das arvores como combustível. Tudo está interligado, mesmo que você não veja… todos os elementos estão lá trabalhando juntos.

— O que isso tem a ver com o nosso treinamento?

— Vocês vieram pra cá, para aprenderem juntos, convivendo em harmonia, compartilhando os conhecimentos adquiridos em suas dimensões para que os outros possam fazer o mesmo.

— O senhor é um guardião não é? — Perguntou Samuel.

— Sim. Assim como você, eu sou o guardião dos homens. Meu papel aqui é ensina-los a trabalhar juntos, como todos os elementos. Você Samuel, será o responsável de guia-los pelo reino dos homens. Ensine seus costumes, compreenda os costumes deles. E os ensine o poder da criação… o mesmo vale para todos vocês, abram a mente para as possibilidades, mas jamais se esqueçam, respeitem os elementos, a natureza e seus semelhantes ou ela se voltara contra vocês. Não busquem a guerra, proclamem a paz.

— E se não for possível?

— Sempre é possível a paz através do diálogo. Exponham seus pontos de vista e escutem a verdade dos outros, achem um caminho comum a todos. Quando um não para, para escutar o outro, não há dialogo, apenas uma imposição de ideias. Isso jamais levará a paz. Vocês são medidores, não donos da verdade absoluta. Ensinem aqueles que desejam e respeitem a opinião daqueles que não os aceitam.

— O conhecimento é a maior arma que o ser humano possui.

— Só assim vocês serão capazes de coexistir. Chegará o dia em que o guardião dos homens deverá escolher entre a razão e o coração, para salvar todos os universos você terá que fazer uma escolha.

— Eu sempre escolherei o mais logico… a razão.

— Você terá de escolher entre os seus amigos e o amor da sua vida. E fazer o que é certo lhe causará tanta dor que perdurará por incontáveis eras.

 

***

 

Mais uma vez Cassandra aumentou a carga de peso que ela carregava em seus ombros, sentada diante da arvore da vida Kayra esticou os pequeninos braços ainda mais, tentando suportar o peso que sua mestra lhe forçava a erguer. Aquilo era parte de seu treinamento de guardiã, e mesmo estando em outra dimensão a gnomo portadora da energia elemantar da terra não teria descanso. Ela já perdera as contas de quantas vezes teria feito aquele tipo de treinamento naquele dia quente de verão, isso depois de uma manhã entediante dentro de uma sala de aula escutando um velho chato tagarelar coisas sem tanta importância.

Aos 8 anos Kayra foi escolhida entre todos de sua tribo para compartilhar os segredos da floresta com as outras nações por ser uma exímia conhecedora das plantas e das formas curativas da energia terrena, e desde então vem sendo treinada pela atual guardiã. Apesar da baixa estatura a garota vinha se superando cada vez mais em seu treinamento solitário, Cassandra era uma mulher in crível e a ensinara não só sobre sua missão como também sobre os outros reinos. Cinco dimensões magicas a qual ela teria de proteger e ensinar os outros a fazerem o mesmo no futuro.

Sua vida desde então se resumia a aulas teóricas sobre outras as outras civilizações pela manhã com os quatro garotos e a tarde o treinamento prático com Cassandra. Eram raras as vezes em ela ou qualquer um dos outros garotos tinham algum tempo livre para se divertir. Apesar de virem de lugares diferentes Kayra e os outros conviviam como irmãos naquele lugar, mas mesmo assim ela ainda sentia saudade de casa.

Mais uma vez o peso em seus braços aumentou.

– Muito bem! – Disse Cassandra ao seu lado. – Levante-se.

Kayra forçou mais uma vez os braços, lançando a pilha de pedras no ar. Em um movimento rápido colocou-se de pé num salto para depois receber a pilha de pedras em seus braços mais uma vez.

— Sinta a energia da terra, use-a a seu favor.

Cassandra respirou fundo e pondo-se em posição de luta disparou em direção a aluna num ataque rápido. Kayra soltou a pilha de pedras de uma vez e a fez rodopiar ao seu redor usando-as como escudo. Sem nenhuma dificuldade, sua mestra estraçalhou uma das pedras com o punho nu, espalhando pedaços de pedra e camada de poeira por todos os lados.

Kayra sorriu, protegendo um segundo golpe com as costas dos braços, o impacto a fez deslizar alguns metros para traz enquanto via a mestra retomar a posição de luta.

A garota estudou o ambiente por alguns segundo, antes de contra atacar. Com os punhos fechados em um movimento rápido ela trouxe para si uma espeça cortina de poeira que encobriu seu próximo movimento… colocando as mãos no chão, aplicando sobre elas uma força sobre-humana puxou um bloco de pedra bruta, estilhaçando-a em pequenos pedaços.

Arrastando os pés descalços na terra a gnoma juntou próximo de si todos os pedaços próximos, fazendo-os grudar em seu corpo como em uma armadura de rocha solida.

— Muito bem criança! — Cassandra a elogiou vindo em sua direção com um pedregulho afiado flutuante a sua frente.

Kayra correu na direção de sua mestra usando o impulso da terra em forma de onda para impulsiona-la para aquele que seria o golpe final. Juntando as mãos na frente do corpo a garota puxou para si galhos e raízes da grande arvore fazendo com que estes perseguissem sua mestra para onde quer que ela se movesse.

— Não adianta fugir mestra!

Uma pedra afiada passou próximo ao rosto, provocando-lhe um corte superficial no rosto. Cassandra estava usando seus próprios truques contra ela. Sua mestra também se escondera na nuvem de poeira produzida por ela, pedras de vários formatos e tamanhos vinham ao seu encontro cada vez mais rápido. Apesar de seus 50 centímetros de altura e da idade já avançada Cassandra era uma gnoma forte e ágil. Definitivamente aquela não era uma simples luta com o intuito de treina-la.

Se Kayra bobeasse estaria morta num piscar de olhos.

— Eu não quero fugir minha querida, — A velha respondeu com uma voz As duas trocaram uma boa dose de murros, chutes e destruíram uma rouca porem doce. — quero que você me mostre que eu não escolhi uma gnoma fraca para representar nosso povo.

— Você me treinou bem. Muito bem eu diria.

— Então me mostre.

— Como queira. — Ela respondeu num salto

Correndo Kayra se desvencilhou dos ferrenhos golpes de sua mestra até chegar a seu objetivo o tronco da arvore da vida. A velha arvore lhe emprestaria o poder necessário para que ela pudesse derrotar sua mestra.

A arvore da vida era a mais bela arvore em toda aquela dimensão, responsável por manter o equilíbrio místico do lugar, controlando as quatro energias elementais num rio fluido e ininterrupto de vida. Todos os seres viventes estavam de alguma forma ligadas a ela. Ao toca-la Kayra pode sentir em seu interior toda a energia fluindo por seus tronco, galhos, raízes, folhas, flores e frutos. A arvore era pura energia, e a garota compartilhava dela como se os dois seres fossem um só.

Ao abrir os olhos para o horizonte ela viu a velha gnoma correr em sua direção trazendo diante dela uma centena de pedras afiadas com as quais ela dilaceraria seu corpo se não tivesse parado no último segundo.

— Eu venci! — Disse-lhe sua mestra triunfante.

Um clarão tomou conta de seus olhos e a cena tornou-se a se repetir. A velha mestra vinha mais uma vez em sua direção trazendo com ela um monte de pedregulhos afiados.

No segundo seguinte Kayra fez com que as raízes da arvore se desprendessem do solo prendendo a mulher num emaranhado de raízes e lama.

— Essa luta acabou. — Disse Kayra apontando uma espada de madeira para a face empoeirada de sua mestra.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo