Lucca passou o resto da noite acordado na frente do computador, baixando drives e compondo códigos binários para o funcionamento do robô parado na garagem.

Há meses ele vinha revirando a sucata na em cooperativas e no lixão da cidade procurando peças para o projeto já em andamento. Aquela seria a ultima parte, o garoto programava com euforia o que seria o cérebro da maquina, parte crucial para o bom funcionamento do mesmo.

O relógio marcava duas e meia da madrugada e Orfeu ainda não haviam chegado. Orfeu quase nunca saia de casa, mas das poucas vezes que isso ocorria ele não tinha hora para voltar.

O convívio entre eles era deveras interessante, Orfeu não era um pai turrão e chato, Lucca estava liberado para fazer o que quisesse desde que avisasse, os amigos viviam na casa de Lucca como se fosse a casa deles e tinham Orfeu como um pai.

Eram raras as vezes que Lucca via o pai em casa ele sempre estava ocupado com alguma coisa, o único momento do dia que eles tinham juntos sem distrações como pai e filho eram reservados aos treinos de magia.

Enquanto rodava o programa de reconhecimento vocal, Lucca pensava em tudo o que acontecera naquela noite, aquilo era consequência do que ele havia feito. Um homem quase havia morrido aquela noite e ele quase havia matado os amigos.

Que grandes feitos são esses pai? Perguntou ele para se mesmo. Seu filho é um grande fracasso.

 

***

 

“Eu conheço seu segredo”.

Os corredores do segundo andar estavam vazios, ela andava despreocupada por ai a procura da sala do clube de teatro.

Era muito estranho não ter ninguém naquela escola uma hora daquelas, pelo menos o zelador do prédio deveria estar ali limpando as salas para as aulas noturnas.

A garota havia recebido uma mensagem na noite anterior marcando o encontro no clube de teatro as 18h00min horas da quinta feira. O numero do remetente era desconhecido, ela só tinha dois números gravados em seu celular, o de casa e o numero do celular da mãe, esses números eram apenas precaução para se acontecesse algo com elas. Em 17 anos, nada aconteceu então Alice não se preocupava mais com isso, sua vida já era caótica demais, para mais alardes sem sentido, ela apenas deixava as coisas acontecerem.

Essa poderia ser sua maior qualidade, se comparadas as das pessoas ao seu redor, em alguns momentos esse era seu maior defeito. Na noite anterior, quando ela saia da casa de Lucca, seu celular tocou.

CHAMADA CONFIDENCIAL mostrava o visor de luz azul do smartphone, Ela não atendeu de primeira, pois não havia dado aquele numero a ninguém. A garota apenas olhou o visor e ficou ouvindo a musica tocar ate o a pessoa do outro lado da linha desistir.

 

You’re forgiven, not forgotten
You’re forgiven, not forgotten
You’re forgiven, not forgotten
You’re not forgotten

 

Forgiven, not forgotten, era a sua musica preferida da The Corrs, aquele refrão era a melhor parte e ela não se cansava de ouvi-lo. Depois de três tentativas houve a desistência por parte da outra pessoa, então veio o alerta de mensagens. Alice checou o celular mais uma vez, mensagem de um número desconhecido.

Eu conheço seu segredo, se não quiser que todos saibam me encontre no teatro da escola as 18h00min horas. Vá sozinha!”

Depois de tudo o que aconteceu na noite anterior, ela estava receosa demais para deixar passar uma ameaça como aquela.

E lá estava ela. Esperando uma pessoa misteriosa aparecer.

 

***

 

Ela estava fraca e nauseante, seus braços e pernas queimavam como acido, Alice estava acorrentada a uma cadeira, seus olhos mal se adaptaram a pouca luz do lugar. Um garoto sorria, mostrando a ela um tabuleiro de xadrez preparado para o jogo.

Seja bem vinda meu anjo. Disse o garoto sentado a sua frente. Preparei este jogo especialmente para você.

O que você quer comigo? Perguntou ela tentando se livrar das correntes.

Não adianta tentar se soltar, ele disse pondo-se de pé, isso é prata pura, minha linda vampirinha.

Então foi você quem me mandou aquela mensagem?

Você não esta aqui para ter respostas e sim para responder as minhas perguntas. Ele disse pegando uma seringa com sangue que estava por trás do tabuleiro. O jogo apenas começou.

Sem cerimônia, o garoto injetou uma pequena quantidade do conteúdo da seringa no braço dela. Alice sentiu suas veias queimarem, seus olhos apresentavam manchas negras que dificultavam ainda mais sua visão, ela estava começando a perder a consciência.

Alice podia reconhecer onde estava os armários de vidro guardavam em seu interior frascos transparentes de compostos químicos usados em experiência com os alunos, ela sentiu o cheiro sufocante de amônia no ar, formulas complexas estavam escritas numa lousa em uma parede próxima, sem duvida alguma eles estavam no quinto piso próximo à sala dos professores no laboratório de química.

O que é isso? Perguntou ela com a voz embargada.

Isso minha querida, é um veneno para os seres de sua espécie. Respondeu ele retirando a corrente de um dos braços.

Sangue de um homem morto. Disse ela quase sem forças, vendo ele espirrar um pequeno jato para testar a agulha.

O corpo de Alice não obedecia mais as suas vontades, o sangue de um homem morto era mesmo um veneno para ela. Era como uma droga pesada que mexia com o subconsciente fazendo-a ter fortes alucinações, fraqueza, náuseas, tonturas e delírios frenéticos.

O que você quer com ele? Perguntou o garoto próximo ao seu ouvido.

Ele quem? Ela perguntou confusa.

Não tente me enganar meu amor. Eu venho vigiando vocês em segredo. Ele disse beijando os lábios dela. O que há entre você e o Lucca?

Eu não sei do que você ta falando. Quem é você?

Você não faz ideia de quem sou eu? Ele perguntou acariciando sua mão.

Sinceramente, não. Ela respondeu.

Ela esta mentindo. Disse uma voz em sua cabeça. Pergunte sobre o guardião.

O garoto se afastou um pouco, deu alguns passos para traz, olhando para as peças do xadrez ele estudava uma estratégia para fazê-la falar.

Sou eu minha querida, o Ângelo. Disse ele finalmente.

Ângelo… Eu não sei quem é você. Ela respondeu

As primeiras peças foram jogadas, logo, logo meu vírus estará em todos os lugares da rede e ninguém poderá me impedir de destruir o mundo. Nem mesmo você Lucca Souza.

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