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Adeus, Companheiras – Parte I

O campo de treinamento é uma vasta extensão de terreno naturalmente fortificado pela inóspita cordilheira que cerca o Vale das Amazonas e que, apesar da falta de modernos aparatos bélicos e tecnológicos (uma vez que as Amazonas, por tradição, lutam até hoje como se estivessem na era mitológica), nada fica a dever em relação às modernas bases militares do “mundo exterior”, pelo menos no que concerne à organização e contingente devidamente preparado para qualquer eventualidade. Apesar da falta de armas modernas, as guerreiras Amazonas se encontram prontas, inclusive para o caso do ataque de um exército paramentado, em razão da sua superior capacidade de estratégia acrescida do fato de, periodicamente, serem enviadas “espiãs” para aprenderem sobre as novas armas e técnicas de combate e principalmente sobre como evitá-las e neutralizá-las.

Em uma pequena elevação do terreno, conhecida como Platô de Comando, a qual permitia a quem estivesse lá uma visão panorâmica de todo o campo, estavam naquela manhã algumas das oficiais mais graduadas do exército das Amazonas aguardando ansiosamente a presença de sua comandante, a princesa Ying.

– Onde ela está? – perguntou uma mulher muito alta, com cabelos louro-avermelhados, entremeados de fios brancos e corpo marcado por cicatrizes de antigas batalhas. Era Penélope, a general do exército e irmã da antiga rainha, Hipólita II.

– Ela já deveria estar aqui há meia hora atrás. – disse a capitã Hermione, apreensiva, olhando para a posição do sol, cujos raios se refletiam em seus longos cabelos castanho- escuros, presos num rabo de cavalo no alto da cabeça.

– Não fica bem para uma comandante geral deixar o seu exército esperando… – murmurou maldosamente a capitã Mariska, fixando em Hermione os seus gélidos olhos azuis.

– Ying não costuma se atrasar, ao contrário de você, Mariska. – respondeu Hermione, impetuosamente, respondendo à provocação.

– É verdade. – admitiu Mariska, sem se abalar. – Entretanto, eu não sou a comandante geral e muito menos uma reles bajuladora como você. – acrescentou de maneira displicente.

– Ora, sua… – explodiu Hermione, avançando para cima de Mariska, que já estava em posição de combate.

– Parem com isso, as duas! – gritou a general Penélope, separando-as. – Não devemos brigar entre nós, vocês sabem muito bem disso! Hermione, já disse para não aceitar provocações! E quanto a você, Mariska, acho melhor que se comporte e demonstre mais respeito pela princesa! Eu estou farta de você e saiba que se não fosse pela influência de Ying, que a considera uma excelente espadachim, eu já a teria expulsado do exército há muito tempo!

As duas se afastaram ainda amuadas. Mariska murmurou, entredentes, que não precisava da benevolência de ninguém.

Vendo que os ânimos haviam se acalmado, Penélope disse:

– Assim está melhor. Hermione, vá até o palácio e descubra o que está retendo a princesa.

– Sim, general. – disse Hermione, inclinando-se.

– Não será necessário. – se fez ouvir, de repente a voz de Ying atrás delas. – Eu já estou aqui. Perdoem-me pelo atraso.

As três voltaram-se, surpreendidas. Ying movimentara-se como um felino, sem fazer o menor ruído e sem que ninguém percebesse a sua presença.

– Nós já estávamos preocupadas, Ying. Houve algum problema? – perguntou Penélope.

– Não, nenhum problema. Na verdade, eu recebi um importante comunicado, o qual me obrigou a tomar uma resolução decisiva em minha vida.

– E que resolução tão importante foi essa, pode-se saber? – perguntou Mariska, antecipando-se à pergunta de Penélope.

– Todas saberão, mas não agora. – respondeu Ying, ignorando a ironia de Mariska. – Primeiro, quero ver como as aspirantes se sairão na Batalha Simulada.

Ouvindo aquilo, as oficiais responsáveis pelos pelotões de aspirantes tiveram um sobressalto e um murmúrio de excitação percorreu as fileiras. A Batalha Simulada era uma espécie de prova final para a admissão definitiva ao exército das Amazonas e ele só costumava ser realizado durante o Solstício de Verão, como parte das comemorações e ainda faltavam duas luas para ele.

– Deve haver algum engano, Ying. – disse a general Penélope, surpresa. – Não creio que seja ainda o momento oportuno, pois faltam alguns dias para o Festival.

__ Sei disso, minha cara tia, mas não foi a senhora mesma quem me disse uma vez que guerras não ocorrem com dia marcado? E que uma boa guerreira deve estar sempre preparada para a batalha, ainda que imprevista? Apenas resolvi que seria uma boa hora de colocar isso em prática.

Penélope a encarou com estranheza por alguns segundos e finalmente disse:

– Você tem razão. – e voltando-se para as guerreiras lá embaixo: – Vocês ouviram! Que tenha início a Batalha! – ordenou, dando o sinal, erguendo o bastão de comando.

A Batalha Simulada, então, começou sob os olhares atentos de Ying e de suas oficiais. Durante a maior parte do dia, como se estivessem em uma verdadeira guerra, as aspirantes se sucederam em exercícios de cavalaria, como ataque e manobras evasivas; esgrima e combate desarmado. Ao cair da tarde, a general Penélope baixou o bastão, dando por finda a Batalha.

Todas as aspirantes se puseram em forma novamente e aguardaram, ansiosas, pelo parecer da princesa. Com um ar grave e o rosto impassível, ela se aproximou da borda do platô e fixou as guerreiras lá embaixo, como um falcão encarando a sua presa. Com uma expressão indecifrável de esfinge, ela olhou para cada rosto, inspirou fundo, e por fim falou:

– Devo confessar a todas vocês que, apesar destes dois anos de árduo treinamento, no fundo, temia que ainda não estivessem devidamente preparadas. Mesmo com esse receio, eu me vi obrigada a antecipar um pouco esse momento decisivo por razões que explicarei mais adiante. Entretanto, acreditei também que esta seria talvez a melhor maneira de confirmar ou dissipar definitivamente os meus temores, e parece que eu estava certa. – Ying fez uma pausa e todas prenderam a respiração para ouvir o que viria a seguir. – Bem, eu posso afirmar, com toda a segurança e com a concordância de minhas oficiais aqui presentes que, desde que há sete anos tive o privilégio de assumir o comando deste exército, eu jamais treinei um grupo de aspirantes que se igualasse a vocês. O que eu quero dizer realmente é que, neste momento, tenho o prazer e o orgulho de afirmar que vocês são o melhor grupo de aspirantes que eu já treinei e que, em nome de minha irmã, a rainha Hipólita III, de Ártemis e da deusa Athena, de hoje em diante, eu as declaro oficialmente membros do glorioso exército das Amazonas!

As últimas palavras de Ying foram aclamadas pelas novas guerreiras com vivas entusiásticos. Após tanta expectativa, elas puderam dar vazão à sua alegria jogando seus elmos para o ar, abraçando-se e erguendo suas espadas oficiais recém-recebidas, símbolo de sua nova condição de guerreiras. Emocionada, Ying observava a festa das ex-aspirantes e compartilhava intimamente da alegria delas, recordando-se de quando ela própria havia sido sagrada uma guerreira Amazona.

No entanto, também sentia uma certa tristeza, resultante da saudade antecipada, pois, muito em breve, teria que abandonar aquela terra que tanto amava.

Procurando controlar a emoção que ameaçava tomar conta dela e que era traída pelo ligeiro tremor de seus olhos e pela voz que procurava firmar, Ying ergueu a mão, pedindo silêncio. Quando este se restabeleceu, ela falou:

– Em tempos imemoriais, um grupo de mulheres corajosas lutou para se libertar do domínio e opressão do mundo dos homens. Mas essas mulheres não lutaram com o objetivo de subjugar outros povos ou de se auto-afirmarem, alardeando aos quatro ventos, a sua força e perícia como guerreiras. Elas lutaram para formar uma nação honrada e livre: A nação das Amazonas. Em suas mãos entrego este legado e, um dia, vocês o passarão às suas filhas e às filhas de suas filhas. Cumpram-no honradamente e lembrem-se disso: Um verdadeiro guerreiro não luta apenas pela sua própria satisfação pessoal ou para exibir suas habilidades. Deve lutar por aquilo em que realmente acredita e é isso que o torna invencível mesmo quando tudo parece estar contra ele.

Como se fosse muito difícil para Ying continuar, ela fez uma pausa e, em seguida, prosseguiu:

– Essas palavras eu ouvi pela primeira vez da general Penélope, minha amada tia, quando fui sagrada uma guerreira Amazona, assim como vocês, e elas jamais saíram da minha mente. Tenho certeza de que vocês, minhas bravas guerreiras, também não as esquecerão e saberão cumprir com honra o significado delas e é por isso que, com a consciência tranquila e com um misto de orgulho e pesar, eu repasso o comando deste exército para as mãos da general Penélope de quem eu o recebi há sete anos atrás.

Desta vez, um enorme silêncio de puro assombro seguiu-se às palavras da princesa. Ninguém conseguia acreditar no que ouvira. Finalmente, rompendo com dificuldade o pesado silêncio, Penélope perguntou:

– O que… O que significa isto? Não está querendo dizer que…

– Ora, mas este realmente é um dia extraordinário! – comenta Mariska, sarcástica. – Primeiro, a nossa grande comandante chega quase uma hora atrasada ao treinamento pela primeira vez em sua vida, depois, antecipa inesperadamente o dia da Batalha Simulada e, finalmente, decide simplesmente abandonar a sua privilegiada posição de comandante…

– Ying, afinal o que está acontecendo com você? – pergunta Hermione, cortando a ironia de Mariska.

– Calma, companheiras! Bem, parece que chegou o momento das explicações. – Ying, então, respirou fundo e continuou:

– Todas devem lembrar-se de que quando cheguei aqui esta manhã me referi a um importante comunicado que eu teria recebido e a uma resolução decisiva que havia tomado. Está correto?

Todas aquiesceram, observando-a atentamente.

– A mensagem era de meu irmão, Saga. Como todas vocês devem saber, ele já há alguns anos assumiu o lugar de nosso pai como Cavaleiro de Ouro de Gêmeos no sagrado Santuário de Athena, na Grécia. Não é segredo também que ele vinha me treinando, fora dos limites do Vale, é claro, para que eu mesma me tornasse um Cavaleiro de Ouro. Bem, já há algum tempo, Saga disse que não havia nada mais que ele ainda pudesse me ensinar e deu o treinamento por encerrado. Ele, então, disse que, a qualquer momento, entraria em contato comigo para que eu fosse ao seu encontro e assumisse ao seu lado a guarda da Casa de Gêmeos. Isso finalmente aconteceu hoje cedo, daí o meu atraso.

– Então, irá nos abandonar? – perguntou Hermione.

– Se tudo correr como eu espero, partirei ainda esta noite, mas não, Hermione, eu não as abandonarei. Meu coração ficará aqui; mesmo longe, eu jamais deixarei de ser uma Amazona.

– Belas palavras, princesa! – aplaudiu Mariska, cada vez mais irônica. – Mas não passam de promessas vãs. Acaso esqueceste do que é imposto no Santuário às mulheres-Cavaleiro?

– Se está se referindo ao uso da máscara, Mariska, não, eu não esqueci. – disse Ying num tom de voz calmo mas firme, o que irritou Mariska ainda mais. – Eles inventaram que somente os homens poderiam defender Athena, tudo isso para justificar o fato de que se as mulheres também quisessem lutar por ela, deveriam esconder a sua face por detrás de máscaras que lhes ocultariam a feminilidade. Isso é uma tolice pois, do contrário, Athena não teria se aliado a nós. Portanto, nós mulheres, somos tão dignas de lutar ao seu lado quanto os homens. Além disso, quem usar a máscara perderá a memória, esquecendo completamente o seu passado antes de se tornar um Cavaleiro. Entretanto, eu não me submeterei a isso. Não pretendo renegar minhas raízes; que todas fiquem tranquilas em relação a isso. Eu já disse: sou uma Amazona e sempre serei, mesmo que esteja a milhares de quilômetros daqui.

– Nós sabemos disso, minha cara. – disse Penélope, já refeita da surpresa, colocando as mãos nos ombros de Ying. – Na verdade, eu já esperava por esse momento há muito tempo, apesar de, no meu íntimo, sempre pedir à Athena que não a levasse embora. Mas se é realmente necessário, desejo que tenha boa sorte e tenho certeza de que Athena não terá jamais uma defensora tão leal.

– Obrigada, por suas palavras, minha tia. Espero sinceramente corresponder às suas expectativas a meu respeito. – respondeu Ying, com lágrimas brilhando em seus olhos.

– Corresponderá, eu sei que corresponderá, talvez mais até do que imagina… – disse Penélope, com um sorriso enigmático, e antes que Ying a pudesse inquirir quanto ao significado de tão estranhas palavras, ela pegou sua trompa de prata e deu três toques, sinal convencionado para reunir as tropas. Em poucos minutos, todo o exército estava reunido no campo juntamente com as ex-aspirantes, com exceção das sentinelas das fronteiras, as quais não podiam abandonar seus postos. Vendo que todas haviam chegado, a general falou:

– Irmãs Amazonas, convoquei a todas vocês neste momento para comunicar-lhes um fato de suma importância. Prestem bastante no que vou lhes dizer agora: Que o dia de hoje passe a fazer parte dos anais da nossa história, pois ao mesmo tempo em que nos regozijamos por receber no seio de nossa corporação, um pouco antes do que esperávamos, duas mil novas guerreiras, também estamos perdendo aquela que vem sendo nossa comandante há sete anos. – Penélope teve que fazer uma pausa em virtude dos murmúrios de surpresa. – Infelizmente, é verdade. A princesa Ying acaba de me comunicar que está nos deixando. No entanto, não obstante o pesar que isso nos causa, não devemos nos lamentar ou nos revoltar contra esse fato, pois se ela não estará mais em nosso convívio é porque ela foi convocada pela própria Athena para ser uma de suas defensoras mais próximas. Sim, companheiras, ela foi escolhida para ser a primeira mulher a fazer parte do seleto rol dos Cavaleiros de Ouro e deverá partir ainda esta noite, para o Santuário da Grécia. Athena honrou uma de nós com sua escolha e isso deve ser considerado um motivo de orgulho para nosso povo, significando a consolidação da aliança feita em tempos idos. Portanto, devemos nos despedir dela com a deferência devida a uma grande guerreira e chefe militar, além de desejar-lhe sorte para as batalhas que irá certamente enfrentar para se impor e fazer respeitar naquele mundo predominantemente masculino. Atenção! Continência!

As guerreiras imediatamente obedeceram à ordem da general e levaram a mão esquerda com o punho fechado ao peito, de encontro ao coração, que é a maneira das Amazonas de prestar continência. Apesar de permanecerem firmes como rochas, o tremor quase imperceptível das pupilas e dos lábios traía a violenta emoção que lhes ia na alma.

Ying, igualmente emocionada, retribuiu à continência. Todas ficaram assim, observando-se durante alguns minutos, em uma despedida silenciosa até que a princesa ordenou que elas se colocassem à vontade.

Quando já se virava para despedir-se das outras oficiais, Hermione chamou a atenção da princesa para uma das guerreiras que aguardava respeitosamente na subida do Platô.

– Alteza, uma das novas guerreiras pede permissão para se aproximar.

– Certamente, diga a ela que pode subir. – concordou Ying, um tanto surpresa.

Hermione fez sinal para que a moça se aproximasse. Ying ficou observando-a enquanto subia, tentando reconhecê-la. Viu apenas que era uma das ex-aspirantes. Quando elas ficaram frente à frente, Ying pôde ver que ela era pouco mais que uma menina, não aparentando mais do que quatorze anos. No entanto, era uma bela moça, alta e airosa, com lisos cabelos loiros que lhe caíam pelo meio das costas. Tinha um enorme buquê de belíssimas rosas amarelas em seus braços e encarava a princesa com ar firme e determinado, mas seus lábios entreabertos tremiam ligeiramente, como se quisesse dizer alguma coisa e fosse impedida pela emoção. Ying, então, tentou encorajá-la:

– Como é o seu nome, soldado?

– Meu nome é June, Alteza. Sou uma das novas guerreiras que acabou de nomear e eu… quero dizer, nós… – ela gaguejou, confusa e Ying, com o olhar, instou-a a prosseguir. – Bem, nós, as aspirantes planejávamos prestar-lhe uma homenagem no Solstício, que seria o dia esperado da grande Batalha Simulada. Mas, em virtude dessa inesperada antecipação, minhas colegas pediram que eu fosse o mais rápido possível até o desfiladeiro de Sharon e trouxesse estas rosas que servirão como nossa homenagem à comandante que aprendemos a amar e respeitar e, infelizmente, também como um presente de despedida. Esperamos que aceite o nosso singelo presente, Alteza e perdoe a nossa ousadia em abordá-la desta maneira.

– É claro que eu aceito, June, e agradeço de coração a todas vocês esta homenagem tão sincera. – disse Ying, recebendo as rosas. – Mas diga-me: como conseguiu trazer estas rosas até aqui tão depressa? Afinal, o desfiladeiro de Sharon fica no extremo norte do Vale, a uma grande distância de onde estamos; quase um dia de viagem!

– Bem, as outras me escolheram para essa tarefa por ser eu a mais rápida de nosso grupo, segundo elas.

– Foi bem rápido, sem dúvida. – disse Ying, sinceramente impressionada. – E você não parece nem ao menos cansada!

De fato, a jovem não estava nem mesmo ofegante, como seria de se esperar. Estava fresca e descansada como se houvesse acabado de despertar, mesmo depois de um dia inteiro envolvida em combates e escaramuças militares junto com suas companheiras.

Ying olhou para as rosas e murmurou:

– As rosas mágicas de Sharon…

– Segundo a lenda, Alteza, essas rosas têm a propriedade de ceder o seu perfume à pessoa a quem são ofertadas, se esta as aceita de coração aberto, e o seu aroma jamais desaparece enquanto essa pessoa viver. Foi a nossa maneira de ajudá-la a sempre lembrar da terra que amamos.

– Foi um presente maravilhoso, June. Mais uma vez, eu agradeço.

– Peço agora a sua licença para retirar-me, Alteza, e desejo em meu nome e em nome de todas as outras guerreiras que faça uma boa viagem e tenha boa sorte em sua nova vida. – disse June, curvando-se graciosamente em uma reverência.

– Pode ir, June e obrigada por seus votos. Desejo também que você e as outras tenham um grande futuro como guerreiras.

Fazendo outra reverência, June se foi. Ying ficou pensando enquanto ela se afastava:

Existe uma aura de cosmo muito forte envolvendo essa menina, da qual é possível que nem ela mesma tenha se dado conta ainda. Não é tão forte quanto o meu, talvez seja mais como o de um Cavaleiro de Prata… Já senti essa cosmoenergia antes em Mariska, pena que nela seja uma cosmoenergia tão agressiva. – pensando assim não pôde evitar de olhar disfarçadamente para Mariska e viu que ela não desviava os olhos dela, e que esses olhos tinham uma expressão cada vez mais ameaçadora.

É melhor eu sair logo daqui. A última coisa que eu quero que aconteça hoje é que Mariska faça uma cena.

– Bem, minha cara tia… – disse Ying, voltando-se para a general Penélope. – Creio que já é hora de ir. Minha irmã deve estar me esperando. Hoje, pela manhã, antes de vir para cá, eu pedi que a avisassem que gostaria de falar-lhe.

– Está bem, Ying. Adeus e seja feliz. – disse Penélope, abraçando-a mais uma vez.

– Não diga adeus, diga até a volta. – disse Ying sorridente e virando-se para abraçar sua velha amiga. – Hermione, eu…

– Espere! – gritou Mariska.

Tarde demais. – pensou Ying, fechando os olhos e inspirando profundamente. – Parece que chegou a hora da verdade afinal. – e perguntou, voltando-se para Mariska:

– O que disse?

– Você não pode sair assim! Não agora!

– Quem você pensa que é para me dizer o que devo ou não fazer? – disse Ying, entregando as rosas a Hermione e encarando Mariska agora frente à frente.

– Também sou de sangue real, assim como você, pois sou filha da princesa Elora, irmã mais nova da rainha Hipólita II, ou, por acaso, esqueceu que somos primas?

As outras observavam atônitas àquela cena insólita. Hermione ainda fez menção de intervir, assim como a general, mas Ying as deteve com um gesto.

– O que houve com você, Mariska? O que houve conosco? Não, eu não esqueci que somos primas. – disse com um ar cansado. – Mas, por acaso, você esqueceu de que fomos muito mais do que isso? Nós éramos amigas, Mariska! Companheiras inseparáveis; eu, você e Hermione, fosse nos estudos, treinos ou passeios; até que você começou a se afastar de nós, por causa daquela garota mais velha, Calypso. Eu tentei te alertar sobre a índole cruel dela; tanto que ela acabou sendo expulsa do reino mais tarde, mas você não me deu ouvidos. foi se tornando maldosa, amarga e cada dia mais dura, mas eu sei que toda essa dureza não é real. Esta não é você, Mariska! Tudo isso não passa de um escudo contra o mundo e principalmente contra você mesma. Eu só espero que algum dia alguém consiga revelar toda a ternura que há dentro de você, pois, infelizmente, eu fracassei nessa tarefa.

– Cale a boca!

As outras guerreiras, rubras de cólera pela ousadia de Mariska, levaram as mãos aos punhos das respectivas espadas, mas, sem se perturbar, Ying disse em tom firme :

– Não! Isto é somente entre nós duas. Eu proíbo a qualquer uma de vocês de interferir neste caso!

Elas hesitaram por alguns instantes mas acabaram por obedecer e se afastaram um pouco.

– Você hoje está particularmente desagradável, Mariska. O que você quer de mim, afinal?

– Já que a citou, Ying, Calypso era minha amiga de verdade e uma guerreira extraordinária. Aprendi muito com ela e acho que foi uma injustiça inominável o que vocês fizeram, mas isso não vem ao caso agora. O que realmente importa é que, há sete anos atrás, eu é que deveria ter sido a escolhida para comandar este exército! Afinal, além de também ser de sangue real, sou mais experiente e muito melhor guerreira do que você! – sibilou Mariska entredentes e com os olhos chispando de ódio mortal. – O que eu proponho é um desafio, princesa, um duelo entre nós duas, para que se comprove, de uma vez por todas, diante de toda a nação das Amazonas, qual de nós é a melhor! Você me deve isso!

Continua…

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