Gêmeos: O Despertar do Cosmo
Ying acabara de transpor os portões do palácio quando foi abordada por uma das sentinelas da sala do trono:
– Alteza, com a sua licença, trago uma mensagem de sua augusta irmã, a rainha Hipólita III. – anunciou, curvando-se em uma reverência.
– Sim?
– A rainha manda avisar que poderá recebê-la quando desejar, mas sugere, em virtude dos acontecimentos dessa tarde, que, primeiramente, sua Alteza refresque-se e coma alguma coisa. Foram essas as suas palavras.
Somente nesse momento Ying tomou consciência do estado lastimável em que se encontrava, coberta de poeira e sangue da batalha travada com Mariska, e do quanto estava esfaimada, pois não ingeria nada de sólido desde o dia anterior. Naquela manhã nem lembrara de se alimentar, tão excitada estava com o que acabara de saber.
Realmente as notícias correm rápido por aqui! – pensou Ying, e entregando as rosas para a sentinela, ordenou:
– Cuide disso para mim, por favor. Coloque-as em um lugar de honra e avise à minha irmã que irei ter com ela dentro de hora e meia.
– Sim, Alteza. – disse a sentinela, curvando-se novamente.
Carregando ela mesma as roupas limpas que uma das suas servas, solicitamente, havia lhe trazido, Ying encaminhou-se para a sala de banhos situada em sua ala particular do palácio. Entretanto, quando chegou à porta desta, parou, como se tivesse mudado de ideia e saiu apressada. Embrenhando-se pelos corredores até chegar aos subterrâneos, ela deteve-se, finalmente, junto a uma das paredes cobertas de limo e empurrou a terceira pedra, contando-se a partir do chão. Abriu-se lentamente uma passagem secreta que dava para uma espécie de caverna interligada a outras por uma série de túneis, muitas vezes tão estreitos que Ying tinha que andar abaixada.
Depois de uns vinte minutos de árdua caminhada, ela chegou até o seu objetivo: a caverna principal. Aquele era o seu lugar secreto. Ninguém tinha conhecimento de sua existência, nem mesmo Nevara. Era uma espécie de salão muito amplo, cujas paredes possuíam um brilho vítreo, como se fossem inteiramente constituídas de quartzo. Era quase totalmente ocupado por um lago subterrâneo de águas cristalinas, alimentado por uma pequena cachoeira, situada ao fundo. Alguns persistentes raios do sol poente conseguiam chegar até lá, provocando múltiplos reflexos coloridos nas águas do lago e nas paredes da caverna, dando ao ambiente um aspecto magnífico e irreal, como num sonho. Ao ver aquele esplendor, Ying sorriu e pensou, enquanto olhava ao seu redor:
Não poderia partir sem me despedir deste lugar antes. Afinal, foi aqui onde despertei o meu cosmo pela primeira vez; onde eu re-encontrei o meu irmão Saga; enfim, onde tomei conhecimento do meu destino como Cavaleiro de Athena.
Ying, então, despiu-se devagar e mergulhou nas águas do lago, entregando-se às delícias do banho. Quando terminou, vestiu-se e dirigiu-se para a parte de trás da cachoeira, seu lugar favorito de meditação. Sentou-se em posição de lótus, fechando os olhos e deixou que a sua mente se libertasse, voltando ao passado. Lembrou-se de quando havia sentido pela primeira vez aquela estranha força dominando o seu corpo; das inúmeras ocasiões em que aquela misteriosa força interior a havia auxiliado, tornando-a mais veloz e mais ágil nas corridas e exercícios de atletismo do que as outras guerreiras e mais forte nos combates, até a vez em que, quando estava com 14 anos, contrariando todas as expectativas, vencera a guerreira mais forte e habilidosa do exército, uma verdadeira gigante, num combate corpo a corpo. Ying não teve consciência disso na ocasião, mas as suas companheiras lhe contaram depois que, quando a luta já parecia estar perdida e ela jazia inerte no campo de batalha, seu corpo inteiro começara a brilhar e todas, inclusive sua adversária, puderam sentir uma imensa e poderosa energia que emanava dela. No instante seguinte, ela se levantara e vencera a luta. Foi então que resolvera procurar sua mentora Nevara, que nessa época ainda morava no palácio, para esclarecer o que estava acontecendo com ela.
– Nevara, desculpe incomodá-la em sua meditação mas estão acontecendo coisas muito estranhas comigo. Por favor, preciso que me esclareça.
– Ying, minha jovem, nós já conversamos sobre essas coisas. Você está apenas crescendo, se tornando uma mulher… – respondeu Nevara sem abrir os olhos.
– Não é a isso que estou me referindo! – cortou Ying, exasperada. – É sério, Nevara, eu… Bem, acho que soube do que aconteceu esta manhã.
– Sim, eu soube.
– Então é isso, Nevara. Na verdade, venho sentindo essas coisas há muito tempo, desde que eu era bem pequena, mas agora tudo está ficando mais forte e eu não estou entendendo nada e nem sei como controlar…
– Você sente como se a força de um universo em miniatura de repente explodisse dentro de si? – interrompeu Nevara, abrindo os olhos.
– Sim, é isso mesmo! – respondeu Ying, ansiosa.
Nevara tornou a fechar os olhos e balançou a cabeça lentamente, murmurando:
– Então finalmente aconteceu.
– O quê?
Nevara levantou-se e, tomando as mãos de Ying, obrigou-a a ajoelhar-se junto com ela.
– Eu já havia percebido que algo diferente estava havendo com você, mas não esperava que ele despertasse com essa intensidade tão cedo. – continuou como se não tivesse percebido a ansiedade de sua pupila.
– Despertou o quê? – insistiu Ying, cada vez mais aflita.
– O seu cosmo, minha querida. – respondeu calmamente.
– Meu o quê?!
– Eu já lhe contei essa história quando você era bem pequena. Diz a lenda que quando a Terra foi confiada à deusa Athena ela convocou a seu serviço guerreiros fortes, bravos e de grande valor moral para auxiliá-la nessa difícil missão. A cada um deles foi designada uma constelação como guardiã e graças à força dessas estrelas, também conhecida como cosmo, eles foram dotados de poderes incríveis, passando a ser conhecidos como Cavaleiros do Zodíaco. Além disso, eles foram honrados com armaduras de bronze, de prata ou de ouro, representando suas estrelas guardiãs, de acordo com a força de seus respectivos cosmos. Seu pai, Yang, foi um Cavaleiro de Ouro, o Cavaleiro de Ouro da constelação de Gêmeos, assim como o é agora o filho dele com Hipólita: Saga, o seu irmão, minha cara. Desde que vocês nasceram, desconfiei que você também havia herdado o cosmo de seu pai.
– Eu… eu sempre pensei que essa história fosse apenas uma lenda. – murmurou Ying, confusa. – Quer dizer que… então, eu também sou um Cavaleiro de Ouro?
– Ainda não, minha jovem, mas será algum dia quando conseguir controlar e puder desenvolver essa força que existe dentro de você até o limite, até o Sétimo Sentido.
– O Sétimo Sentido?
– É a alma do cosmo, seu ponto mais alto; somente pode ser atingido pelos Cavaleiros de Ouro.
– E como poderei fazer isso? A senhora irá me ajudar, não é?
Nevara suspirou profundamente e acariciou o rosto de Ying, respondendo com a voz cheia de doçura:
– Ying, eu a venho acompanhando desde o berço, ensinando-lhe tudo o que sei sobre a sabedoria de Avalon, da mesma forma que fiz com sua mãe e a sua irmã mais velha, bem como a história e a filosofia de seu povo, assim como a sua tia Penélope vem lhe ensinando as artes da guerra. Entretanto, dessa vez, infelizmente, receio que não sejamos nós as pessoas mais indicadas para isso.
– Mas então quem poderá me ajudar?
– No momento certo você saberá, eu lhe prometo. Mas, não fique assim. – disse Nevara, observando a expressão preocupada de Ying. – Eu lhe direi como dar o primeiro passo.
Ying balançou a cabeça concordando e aguardou, atentamente, pelas instruções.
– Primeiramente, você deve ir até o seu lugar secreto…
– O meu lugar secreto?! Como…Como sabe que eu tenho um lugar secreto?
– Porque todos nós temos um, minha jovem. – disse Nevara, rindo do susto de sua pupila. – E, além do mais, você deve estar em algum lugar quando não conseguimos encontrá-la no palácio e nem em parte alguma do Vale. – concluiu, observando-a corar até a raiz dos cabelos.
– Bem, continuando… Você deve ir até o seu lugar secreto e meditar como eu lhe ensinei. Concentre-se nessa força que existe dentro de você, tente senti-la. Você deve ser capaz de fazê-la fluir através de si e exteriorizá-la à sua vontade.
– E depois?
– Paciência, querida. Você deve dar o primeiro passo para depois seguir adiante e conhecer o seu destino.
– Não sei se estou gostando disso. Não será fácil para mim, após tantos anos, chamar outra pessoa de mestre.
– Não creio que você precisará chamá-lo de mestre. – disse Nevara, calmamente, estudando a reação de Ying.
– O que quer dizer com isso? Mas… Espere, a senhora, por acaso, disse chamá-lo? –
perguntou Ying, levantando-se de um pulo, sem poder acreditar no que acabara de ouvir. – Então, a senhora está querendo dizer que eu receberei ordens de um homem?! Isso é inadmissível!!
– Ying, a partir da descoberta do seu cosmo, você estará iniciando uma nova fase em sua vida. Acontecerão grandes mudanças, você nem pode imaginar o quanto, e, portanto, em vista disso, terá de deixar muitos preconceitos para trás a começar por esse. – explica Nevara, fitando-a impassível. – Além disso, ele não é um homem comum.
– Quem é ele?
– Como já lhe disse, você saberá na hora certa.
– Mas…
– É só. Agora vá e faça o que eu disse.
Ying conhecia sua mestra o suficiente para saber que não adiantava insistir mais. Uma vez que ela dera a conversa por encerrada, só lhe restava sair e obedecer. Foi o que fez. Ela se dirigiu até a sua caverna (ou o seu “Castelo de Cristal”, como também gostava de chamá-lo) e sentou-se atrás da queda d’água para meditar. Fechando os olhos, tentou concentrar-se naquela estranha força, no seu cosmo, como se referira Nevara. Entretanto, durante horas nada conseguiu sentir, apesar de todo o seu esforço. Era como se ele nunca houvesse existido. Ying começava a impacientar-se, mas sabia que não podia desistir assim tão fácil.
Não sairei daqui enquanto não conseguir despertar voluntariamente o meu cosmo. Não posso decepcionar a minha mestra. Ela confia em mim.
Pensando assim, procurou fazer uma espécie de varredura dentro de si, até que, no mais profundo do seu ser, encontrou a força que tanto procurava.
“Concentre-se nessa força que existe dentro de você, tente senti-la. Você deve ser capaz de fazê-la fluir através de si e exteriorizá-la à sua vontade”. – as palavras de Nevara ecoavam em sua mente.
Ying concentrou toda a sua vontade naquela força e tentou fazê-la emergir lentamente do seu interior, até que ela aflorasse e se manifestasse em toda a sua potência. Ela podia sentir a energia crescer cada vez mais, quando, de repente, todo o seu corpo começou a brilhar e um imenso clarão, como o de uma grande explosão, iluminou toda a caverna, refletindo-se multiplamente nas paredes de cristal.
Eu consegui! – pensou Ying, eufórica, mal podendo acreditar no que fizera. – Eu fiz o meu cosmo despertar sozinha!
– Parabéns, Ying. Eu sabia que iria conseguir. – disse, subitamente, uma voz que ela não conhecia.
Imediatamente, tudo voltou ao normal e ela abriu os olhos, assustada com a inesperada interrupção, e deparou-se com um belo jovem de armadura dourada à sua frente.
– Quem é você? Como chegou até aqui?
– O seu cosmo me trouxe aqui e quanto à minha identidade, se você me observar com atenção, tenho certeza de que saberá responder à sua própria pergunta. – disse o misterioso jovem, aproximando-se da luz para que ela pudesse ver seu rosto.
Ying aproximou-se do intruso cautelosamente, ainda na defensiva. Sua surpresa era crescente à medida que lhe examinava os traços, pois ia se reconhecendo em cada um deles. Era quase como se estivesse observando o seu reflexo num espelho.
– É… É incrível! Seus cabelos, seus olhos, seu rosto… Você se parece muito… comigo! Como isso é possível? Não, não pode ser! – exclamou Ying, chegando a única conclusão plausível. – Grande Hera! Você só pode ser… Saga, meu irmão gêmeo!
– Sim, querida irmã. Sou eu mesmo, em carne e osso. Posso lhe garantir que não sou uma aparição. – respondeu Saga sorrindo e tomando-lhe as mãos. – Há 14 anos que espero por este encontro. Creio que não faz ideia do que isso significa para mim…
Ying estava tão emocionada quanto ele e, após alguns segundos de perplexa hesitação, conseguiu finalmente reagir:
– Oh, Saga! – disse Ying, atirando-se em seus braços. – Desde que tive consciência de mim mesma, sempre tive a sensação de que uma parte de mim estava faltando e agora me sinto completa novamente.
– Também sempre tive essa sensação. Meu pai, quero dizer, nosso pai falava muito sobre nossa mãe e sobre você. Ele nunca se conformou com a separação e talvez por isso ele falava com detalhes cada vez mais vívidos. – Saga afastou-a um pouco para observá-la melhor e continuou, enquanto afagava o rosto e os cabelos de Ying. – Sempre procurei imaginar como você seria. Imaginava, obviamente, que seríamos parecidos uma vez que somos gêmeos, mas você… superou todas as minhas expectativas. Nosso pai ficaria orgulhoso, tenho certeza.
– Ora, vamos! Deixe de bobagens! Parece até Leda, a minha governanta, falando! – disse Ying rindo para disfarçar sua perturbação. – Nós ainda somos muito jovens e temos muito o que ver. Mas, já que falou nele, aonde está nosso pai?
Saga deu um longo suspiro e balançou a cabeça.
– Para ser sincero, não sei. Quando recebi dele a armadura de ouro há seis meses atrás, ele me disse apenas que a sua missão estava terminada e a minha apenas começando e que a primeira coisa que eu deveria fazer era aguardar que o cosmo da minha irmã se manifestasse plenamente para que eu fosse ao encontro dela e instruí-la como ele fizera comigo. E aqui estou.
– Ele não disse para onde ia? – perguntou Ying sem disfarçar sua decepção.
– Ele disse apenas que ia procurar seu coração.
– Entendo… – Ying suspirou.
– E nossa mãe? Como ela está? – perguntou Saga.
Ying tornou a suspirar e balançou a cabeça negativamente.
– Quando minha irmã Hipólita completou a maioridade, nossa mãe abdicou do trono em favor dela e se refugiou em Avalon. Isso foi há dois anos. Desde então não tive mais notícias dela. Creio que deve ter se tornado uma sacerdotisa.
– Bem, pelo menos agora temos um ao outro. – ponderou Saga, tornando a abraçá-la.
– É verdade. – concordou Ying, encostando a cabeça em seu ombro. – Mas, diga-me, como chegou até aqui?
– Eu já lhe disse: O seu cosmo me trouxe. O modo como isso aconteceu exatamente você entenderá melhor durante o treinamento. Por falar nisso, onde e quando poderemos começar?
Ying pensou durante algum tempo e então respondeu pausadamente:
– Segundo as nossas leis, não poderá ser dentro do Vale… Mas há um pequeno desfiladeiro limítrofe onde creio que não seremos incomodados. Falarei com minha irmã para me assegurar disso. Tenho certeza que ela entenderá.
– Ótimo. E quando poderemos começar?
– Amanhã, após o pôr-do-sol. Não posso me descuidar dos treinamentos do exército.
– Acredita que poderá suportar a dupla jornada? O treinamento para se tornar um Cavaleiro de Ouro não é brincadeira e não pense que vou facilitar por você ser minha irmã. – alertou Saga, sorrindo.
– Nem eu lhe pediria isso. Não se preocupe comigo. Sou capaz de muito mais coisas do que pode imaginar, caro irmão. Não me subestime. – respondeu, erguendo uma sobrancelha e retribuindo o sorriso.
– Então, até amanhã.
– Até amanhã.
*******
Nesse momento, uma dor aguda em seu estômago a fez voltar ao presente. Lembrou-se de que ainda não se alimentara e que já devia estar há mais de uma hora ali. Não podia deixar sua irmã esperando, afinal de contas, ela também era a sua rainha.
Decidiu-se, então, a recuperar o tempo perdido fazendo uso do poder que adquirira com seu irmão durante o treinamento para ser um Cavaleiro de Ouro: O transporte da matéria através do espaço ou telecinesia. Para isso, concentrou seu pensamento e cosmo no palácio real e, no instante seguinte, lá estava.
Continua…
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Show Dea … Nostalgia quando leio sua fic. … Parabéns s2
^^ Nostalgia vai aumentar,então.Mais uma semana e Ying vai pro Santuário!^^
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Lindo o lugar secreto dela ^^
Vamos ver o que a irmã quer com ela e suas despedidas
Ying sonsa: “Meu lugar secreto? Que lugar secreto?!
Nevara: Em algum lugar vc deve estar quando não conseguimos encontrá-la em lugar algum…”
kkkkk
Spoiler: vou usar uma figura que vc fez pra mim…^~
Lindo o lugar secreto dela ^^
Vamos ver o que a irmã quer com ela e suas despedidas
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Ying sonsa: “Meu lugar secreto? Que lugar secreto?!
Nevara: Em algum lugar vc deve estar quando não conseguimos encontrá-la em lugar algum…”
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Vamos ver o que a irmã quer com ela e suas despedidas