– Cavaleiro Shura de Capricórnio, uma vez que o Cavaleiro de Sagitário resolveu encerrar seu depoimento no final deste Conselho, agora é a sua vez. – anunciou o Mestre.

É agora! – pensou Ying.

A atitude de Shura ao se levantar naquele momento não ficava nada a dever ao de uma tempestade se anunciando. Ying se preparou para enfrentar mais um adversário difícil.

– Ying de Gêmeos… É assim que se denomina, não é? – rosnou ele, em voz ameaçadoramente baixa, fuzilando-a com o olhar.

Ying o encarou também, imperturbável.

– Já sabe quem eu sou. Por que pergunta? Vá direto ao que o perturba em minha pessoa!

– Muito bem. Se é assim que quer… – ele se levantou e se colocou frente à frente com ela, a poucos passos de distância um do outro. – Então, Amazona, com que direito se apresenta neste Santuário envergando a sagrada espada Excalibur? – lançou ele à queima-roupa. – Não contesto o seu direito a ser uma de nós, pois sinto seu cosmo e vi a sua luta com Máscara da Morte e quanto ao uso da máscara, não é problema meu, mas ter a ousadia de se apresentar aqui com uma espada conhecidamente oferecida ao primeiro Cavaleiro de Capricórnio pela própria Athena…Considero isso uma ofensa pessoal! Explique-se!! – explodiu ele.

– Cavaleiro de Capricórnio, devo adverti-lo de que questões pessoais como ciúmes não estão em julgamento neste Conselho e devem ser adiadas, como fez o Cavaleiro de Sagitário. Pensei que isto havia ficado bem claro. – interveio o Mestre.

– Queira me perdoar, Santidade. – disse Shura, curvando-se humildemente diante do Mestre. – Mas não se trata de ciúmes e se protesto é porque acredito que se ela não puder explicar convenientemente o porquê desta clara desobediência às normas do Santuário com relação à posse de armamentos nãos será digna de ser chamada de Cavaleiro de Athena, afinal, foi a própria deusa que criou essa regra. E, desculpe-me a ousadia, mas o senhor deveria ser o primeiro a contestar isso.

– Eu já sabia que ela estaria de posse dessa famosa espada, Shura. – disse o Mestre, não parecendo muito convencido. – Athena comunicou-me que existem fortes razões para isso, mas não posso dizer quais são.

Shura levantou-se num rompante, voltando-se novamente para Ying, apontando para ela, de maneira acusadora.

– Então deixemos que ela mesma se explique!

Ying tremia de indignação e sentia ímpetos de esganar o homem à sua frente, mas conseguiu controlar-se com visível esforço. Nunca ninguém lhe falara naquele tom, nem mesmo sua irmã mais velha ou Saga. Bom, Mariska tentara…

Respirando profundamente, ela respondeu num tom ameaçadoramente baixo, mas audível para toda a assembléia:

– Shura de Capricórnio, cuidado! Ninguém dirige impunemente a palavra a uma princesa Amazona dessa maneira insolente! Eu deveria matá-lo por isso, mas você não tem culpa da sua ignorância, embora acredite que devesse saber melhor do que ninguém a razão de Excalibur estar nas minhas mãos ou pelo menos em poder de meu povo.

– Não tenho medo de suas ameaças, mulher, e não tenho idéia do que está falando. Ainda estou esperando suas explicações. – respondeu Shura, cruzando os braços.

– Em primeiro lugar, o meu povo, as Amazonas, têm mais direito a essa espada do que qualquer um, pois fomos nós que a forjamos, ou melhor, mulheres da raça das Amazonas tornadas sacerdotisas da Grande Deusa juntamente com altos iniciados druidas a partir de metal retirado de um meteorito caído nas ilhas britânicas, ainda chamadas de terra de Albion, numa época longínqua quando as disputas entre diferentes tribos manchavam a terra de sangue antes mesmo da chegada dos romanos…

Shura a interrompeu bruscamente:

– Está mentindo! A espada já existia e já havia sido oferecida a meu ancestral muito antes disso! Pensa que sou algum ignorante?

Ying corava e empalidecia sucessivamente e sua mão se apertava cada vez com mais força no punho de Excalibur, a qual parecia vibrar dentro da bainha. Ainda mantendo a serenidade, ela respondeu vagarosamente, como se falasse a um débil mental.

– Como eu estava dizendo, era uma época muito conturbada e os druidas1 acreditavam que somente um paladino enviado pelos deuses e munido de um senso de honra inatacável e de uma arma fora do comum poria ordem nas disputas internas, estabelecendo a paz naquelas ilhas sangrentas. – Ying fez uma pausa, olhando significativamente para Shura. – Foi então que Excalibur foi forjada e que a deusa Athena, por intermédio da Suma-Sacerdotisa, escolheu aquele que iria empunhá-la em nome da Paz e da Justiça. O nome desse herói foi oculto pela poeira do tempo, mas não o que ele fez. Após muitas lutas e muito sofrimento, as tribos passaram a viver em paz, uma paz lendária que durou séculos até que…Bom, mas isso é outra história. O que importa, e que sinceramente pensei que você soubesse, Shura, é que aquele homem era protegido pela constelação de Capricórnio…Sim, Shura, é isso mesmo que ouviu. – disse ela, percebendo o espanto do outro. – Ele era um Cavaleiro de Ouro, seu ancestral do qual tanto se orgulha, ou melhor dizendo, se tornou um após pacificar as ilhas, mas infelizmente você ignora o restante da história.

– Realmente Athena não aprovava que seus defensores usassem armas que não fossem provenientes da força de seus cosmos, portanto, quando ele envergou a armadura sagrada de Capricórnio, Athena incorporou o poder místico de Excalibur ao braço direito de seu dono que ficou como se fosse a própria espada, assim como acontece com você. Não é assim?

Shura, sem conseguir falar, fez sinal afirmativo com a cabeça e Ying continuou:

– A espada então foi devolvida aos druidas de Avalon sob cuja guarda ficou até fosse novamente necessária. Agora… – Ying corou suavemente e parecendo constrangida acrescentou: – …porque estou com ela, realmente não sei. Fiz essa pergunta à minha irmã, a rainha, quando recebi a espada de suas mãos, mas ela apenas disse que era um presente de Avalon e que quando chegasse o momento certo, eu saberia porque a havia recebido. Essa é toda a verdade.

Com uma expressão indefinível, ele ficou observando Ying sem falar durante o que pareceu a ela uma eternidade até que finalmente se pronunciou:

– Não estou bem certo de que se o que me contou é verdade ou não, embora você pareça ser sincera… – falou ele, lentamente. – De qualquer forma, creio que já sei qual o meu verdadeiro papel aqui neste momento. Vamos ver se você realmente é digna da honra que lhe foi conferida. Se conseguir me vencer, então prometo que não me colocarei mais em seu caminho.

– Protesto!! – gritou Saga, levantando-se, sem conseguir mais se conter. – O Mestre já disse que esse tipo de questão pessoal não está em julgamento aqui.

– Que seja! – esbravejou Shura, impaciente. – Mas não a considerarei um Cavaleiro de Ouro, pelo menos não um digno de empunhar Excalibur, se ela não me provar isso nos meus termos.

O Mestre suspirou, parecendo contrariado, mas perguntou somente:

– Você aceita o desafio, Ying?

Ela olhou para o mestre e respondeu, sem hesitar:

– Sim, eu aceito. Se é assim que ele quer, nós lutaremos.

************

A alguma distância dali, em um ponto convenientemente estratégico de onde se podia ver todo o desenrolar das batalhas, um rapazote de cerca de 16 anos, com olhos violetas penetrantes e cabelos escuros revoltos observava entretido a arena onde a Amazona e o Cavaleiro de Capricórnio haviam acabado de adentrar. Aguardava ansioso por mais aquela batalha assim como acompanhara fascinado a que havia se dado pouco antes entre ela e Máscara da Morte de Câncer.

Será que ela vai vencer de novo? – pensava ele, absorto. – Como uma mulher tão atrevida a ponto de não usar uma máscara pode ser tão forte? Ou será que é isso que a faz tão poderosa?

– HARGOS!! O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?!

O garoto deu um pulo, tamanho o susto que levara enquanto o outro que gritara se dobrava de tanto rir.

– Ayolia!! Isso é jeito de se abordar alguém, ainda mais a mim, Hargos, futuro Cavaleiro de Bronze da constelação de Lince?! Eu podia ter te fulminado!!

– Aham…Claro, claro! Você nem me viu chegando! Acho mais fácil eu ter acabado com você do que o contrário! – disse o outro, ainda rindo a valer.

– Humm… – fez o outro, mal-humorado. – Eu sabia que você estava chegando. Só fingi que me assustei para não te decepcionar.

– E quanto a nós, Hargos? Também sabia que viríamos?

– Albiori! Cristal! – disseram Hargos e Ayolia ao mesmo tempo.

Mais dois rapazes chegavam naquele instante à colina. O primeiro, Albiori, com 17 anos, alto e corpulento, com vastos cabelos loiros compridos e olhos de um azul profundo e misterioso;

o outro, um ano mais novo, de cabelos curtos quase brancos e que teimavam em ficar em pé, esbelto e um tanto andrógino, encaravam os dois garotos com o ar malicioso de quem apanhava alguém em plena travessura, ou antes, de quem descobria que outros haviam tido a mesma ideia antes deles próprios.

– Ora, ora… Parece que alguém fugiu do treinamento hoje para assistir ao Conselho sem permissão! – disse Cristal, tentando ficar sério, mas com um brilho divertido no olhar.

– Não que eu lhes deva satisfação – disse Hargos, levantando-se e estufando o peito, cheio de si. – mas, se querem saber, achei que seria muito importante para o meu treinamento assistir a algumas lutas entre Cavaleiros de Ouro.

– Sei… – respondeu ele, sorrindo. – E quanto a você, Ayolia? Também veio complementar seu treinamento?

O menino ficou vermelho, mas respondeu sem piscar:

– Na verdade, eu fiquei horas esperando Hargos para que pudéssemos treinar juntos e como ele não apareceu, saí para procurá-lo e…

– E então acabou aqui, que era onde todos queriam estar na verdade desde o princípio. – completou Albiori, muito sério.

– E vocês, Cavaleiros de Prata? O que fazem aqui? – perguntou Hargos, sem se deixar intimidar. – Que eu saiba vocês também não têm permissão para assistir ao Conselho dos Cavaleiros de Ouro.

– O mesmo que vocês e os outros Cavaleiros e aprendizes deste Santuário. – respondeu ele, imperturbável e acenando para as outras colinas em volta e recebendo vários acenos em resposta. – Você acha que iríamos perder isto? Afinal não é todo dia que uma mulher se torna Cavaleiro de Ouro e ainda por cima se recusando a usar a máscara!

– Ssshhhh!!!! Fiquem quietos vocês três! A luta vai começar! – avisou Ayolia.

Os rapazes ficaram em silêncio imediatamente com os olhos grudados na arena. Hargos, que tinha a visão mais aguçada, descrevia os lances principais.

– Vejam como eles se estudam, circulando a arena…Parecem dois espadachins!

– E são. – disse Albiori, sem desgrudar os olhos da batalha. – o golpe principal de Shura se baseia no poder de Excalibur, a lendária espada, que reside em seu corpo, principalmente em seu braço direito e essa Ying, pelo que eu soube possui a própria espada… É curioso…Fico me perguntando se esse combate terá um vencedor…

************

Próximo dali, Denora e as amazonas do Santuário também assistiam aos combates. Denora permanecia num silêncio obstinado e taciturno que ninguém se atrevia a interromper.

Shura leva vantagem pois carrega o invencível poder dessa espada mística em seu próprio corpo…tenho certeza que Ying está ciente disso. – pensou ela, observando atentamente a fisionomia concentrada da Amazona de Ouro. – essa luta será muito mais difícil para ela do que a anterior e dependerá de suas habilidades e seu cosmo sair ou não vencedora. Só espero que ela se recorde de nossa conversa. Vamos, Ying!!

**********

 

Puxa, esse cara é bom! Não consigo achar uma brecha na defesa dele! – pensava Ying, apreensiva, observando seu adversário.

– Vamos, Ying! – desafiou Shura. – Por que não me ataca? Vamos! Não tenha medo! O que está esperando para desembainhar sua espada?

Ying ficou ainda mais furiosa.

– Você não disse que estou desobedecendo às normas do Santuário ao portar uma espada? Por que quer que eu a use? Além disso, você está desarmado!

Ele deu um sorriso debochado.

– Este é um desafio de espadachins, portanto desembainhe a sua arma! E eu não estou desarmado. Creio que está ciente disso. Eu sou a própria arma!

Ela olhou para o Mestre, tentando descobrir o que ele pensava dessa estranha espécie de luta, mas ele se manteve impassível, observando os dois contendores.

– Muito bem. Já que quer assim…__ disse ela, desembainhando Excalibur. A espada parecia vibrar em sua mão em sintonia com o cosmo do Cavaleiro à sua frente.

Só faltava essa!! Você não se voltar contra mim, não é? – pensou ela, preocupada com a reação da espada.

Nessa fração de segundo Shura atacou. Ying não pôde ver nada, apenas sentiu uma linha de fogo riscando seu braço, entre uma junção e outra de sua armadura. A dor que veio em seguida a fez praguejar de raiva e frustração. Seu adversário se aproveitara de um momento de distração para atingi-la. Era melhor prestar atenção ou iria acabar perdendo a luta ou até a vida a julgar pela raiva nos olhos de Shura.

– Como se sente lutando contra sua própria espada, Amazona? – perguntou ele, com um sorriso irritante.

Furiosa, Ying investiu contra Shura que se desviou por um triz. Agora ele já não estava mais sorrindo.

– Humm… Parece que consegui irritá-la, não é mesmo? Mas você é hábil com uma espada, posso ver… e bem veloz também.

– Pare de repetir o óbvio, Shura! – gritou ela, impaciente. – Se não fosse boa com uma espada não seria uma Amazona e se não fosse veloz como a luz, não poderia ser um Cavaleiro de Ouro. Será que podermos lutar sério agora?

Agora foi a vez de Shura se irritar.

– Se acha que não estou lutando sério, então prepare-se para dar adeus a seu irmão e a seu namorado Ayoros!

Saga olhava para ele como um falcão prestes a se atirar sobre sua presa enquanto Ayoros se levantava, indignado.

– Ele não é… – Ying começou a protestar.

Shura nem prestou atenção nela.

– É isso mesmo, Ayoros! E não adianta fazer essa cara de ofendido! Todos sabemos qual a sua “questão pessoal” com ela. No entanto, vou lhe avisando – ele deu um passo em direção do Cavaleiro de Sagitário. – Se interferir nessa luta como fez com a primeira, vamos ajustar contas pessoalmente! Esta luta é apenas entre nós dois. – disse apontando para Ying. – Portanto, espere a sua vez, Sagitário!…Isto é, se ainda sobrar alguma coisa, depois que eu terminar com ela…

Ayoros cravou as unhas nas palmas das mãos com tanta força que chegou a arrancar sangue, mas tornou a se sentar, mandando a seguinte mensagem mental para Shura:

Você está indo longe demais em seu zelo, Shura de Capricórnio! Estou lhe avisando: você ainda vai se arrepender por isso!

 

Não vou esquecer disso, Ayoros de Sagitário! Ainda iremos nos enfrentar por você esquecer tão depressa sua lealdade com Athena pela beleza de uma simples mulher mortal! – respondeu Shura, com o olhar fuzilando de ódio fanático.

Ayoros sacudiu a cabeça e fechou os olhos, recusando-se a continuar com aquela discussão ridícula.

Você está louco.

Isso nós veremos…

– Ei!!!! – gritou Ying, impaciente. – Já que a luta é entre nós dois, será que dá parar com essa conversa mole e lutar comigo?

Shura tornou a voltar sua atenção para a Amazona.

– Vejo que está ansiosa para morrer… – ele sorriu. – Muito bem. Não é educado deixar uma mulher esperando. Vamos ver o que pode fazer com sua Excalibur.

 ************

– O clima está ficando cada vez mais quente lá embaixo. – sussurrou Hargos, concentrado na cena de batalha que se desenvolvia na arena. – Essa luta promete…

– Sim. – murmurou Albiori, pensativo. – No entanto… É, acho que não estou enganado… Pobre Shura…Ele não tem a menor chance…

O quê?! Está louco, Albiori?! – exclamou o jovem Ayolia. – Shura é um Cavaleiro de Ouro experiente e um dos mais poderosos deste Santuário. Como pode afirmar isso?

– Ele pode ter razão, Ayolia. – disse o Cavaleiro Cristal. – Seu amigo Hargos pode ter a melhor visão entre nós todos, mas Albiori tem a melhor percepção em relação a cosmos. Na verdade, até eu sinto que a cosmoenergia dela não é a de um Cavaleiro de Ouro comum…

– Vejam!! – gritou Hargos, excitado. – Eles vão atacar!

***********

Dessa vez, Ying tomou a iniciativa, com um ataque enérgico mas habilidoso, mas Shura aparou a lâmina da espada com o braço. Aconteceu então algo inesperado:

– Aaahh!! – gritou Shura, mais de surpresa que propriamente de dor. – Minha armadura!! Você destruiu minha armadura dourada!!!

De fato, o impacto da lâmina de Excalibur na peça da armadura que protegia o braço fez com ela se partisse. Pelo rasgão se podia ver, através do sangue que escorria, que o braço de Shura também fora atingido.

– Ora, mas é óbvio! Essa é Excalibur, a espada que tudo corta! O que esperava?

A fúria dele cresceu ainda mais. Sibilando, ele respondeu:

– Não fique tão convencida, amazona. – disse ele, abrindo lentamente um sorriso mau. – Dê só uma olhada em sua espada.

– O quê?!

Ying olhou e constatou, horrorizada, que Excalibur também sofrera uma séria rachadura.

Por Ártemis!! Eu devia saber! Foi se como se ela se chocasse consigo mesma! E agora?!

– E então? Já chega pra você? Vai se dar por vencida? – perguntou o outro.

Ying encheu-se de brios.

– Nunca!!! Por enquanto, estamos só empatados! Temos que decidir isso agora mesmo!

Seguiu-se então uma longa série de ataques e esquivas de parte à parte. Ambos já estavam feridos e cansados; as armaduras de ambos e a espada de Ying, seriamente danificadas, mas aquilo parecia que iria se prolongar por muito tempo ainda, pois nenhum dos dois estava disposto a dar o braço a torcer.

Sem agüentar mais aquilo, Saga se levantou e dirigiu-se ao Mestre do Cavaleiros:

– Senhor, não seria melhor interromper o combate? Acho que isso está indo longe demais…Eles vão acabar se matando!

– Não confia em sua irmã, Gêmeos? Creio que ela já provou e está provando neste exato momento que sabe cuidar de si mesma. – respondeu o Mestre, impassível.

– Confio nela, mas a conheço o suficiente para saber o quanto é teimosa e que iria preferir morrer a admitir que alguém pode vencê-la.

– Eu chamaria isso de determinação, Saga, e se a conhece realmente deveria saber que ela odiaria se alguém se intrometesse e interrompesse o combate. – o Mestre fez uma pausa, olhando do aflito Cavaleiro de Gêmeos para a acirrada batalha que se desenrolava diante deles. – Eu diria que ela tem muito de você…Afinal, quem foi o Cavaleiro que me disse várias vezes que moveria céus e terra e que lutaria com todos os Cavaleiros do Santuário se preciso fosse para que a irmã tivesse a chance de provar seu valor? – ele sorriu suavemente por trás da máscara. – Bem, ela está tendo sua chance agora. Que tal mostrar que realmente confia nela? E se não confia no cosmo e na habilidade de Ying, que tal confiar em mim? Acredite: ninguém vai morrer aqui hoje. Essa batalha terminará da maneira como deve terminar.

– O que quer dizer com isso?

– Você verá. – e voltou sua atenção inteiramente para o combate, indicando que a conversa estava encerrada.

À contragosto, Saga voltou ao seu lugar, mas o Mestre permaneceu pensativo:

É incrível que Saga não sinta o que todos devem estar sentindo neste Santuário: o cosmo dessa moça é diferente dos demais Cavaleiros Dourados…É…É algo impossível de definir!… Ou talvez ele sinta sim e por isso mesmo esteja tão preocupado…

********

Perto dali, observando a tudo de uma dimensão paralela à nossa para não ser descoberto, alguém também estava muito preocupado com o desenvolvimento daquela batalha e, principalmente, do cosmo da Amazona que lutava, só que por motivos muito diferentes e nada louváveis.

 Isso não está indo nada bem… – pensava Ares/Kannon, aborrecido. – Pensei que Máscara da Morte iria dar cabo dessa intrusa facilmente, mas ocorreu o contrário para minha surpresa, e agora parece que nem os ciúmes de Shura serão suficientes para tirá-la do meu caminho. Maldição!! – ele então sorriu maldosamente, aproximando-se dos contendores. – Muito bem. Talvez eu possa dar uma ajudazinha a Shura…

Mesmo que Kannon não estivesse em outra dimensão, naquele instante Shura e Ying estavam tão absorvidos na luta, tão concentrados um no outro que nem o teriam notado ali ao lado deles. Foi então que Kannon começou a, habilmente, direcionar seu cosmo para Ying, que por sinal naquele instante começava a levar vantagem, fazendo seu adversário recuar sob a violência de seus ataques. Imediatamente, ela sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha.

Aquela sensação de novo!! A mesma de quando cheguei no Santuário e daquele dia na aldeia! Por Athena! Que presença maligna é essa? – pensou Ying, alarmada, subitamente esquecida da luta.

–Ying!!! – gritaram Denora, Saga e Ayoros ao mesmo tempo. – Seu adversário! Não se descuide do seu adversário!!

Tarde demais. Foi apenas uma fração de segundo, muito menos que um milésimo, mas foi o suficiente para Shura se aproveitar e enfiar a lâmina afiadíssima que era sua mão direita no corpo de Ying.

– Morra, Amazona arrogante!! – gritou Shura com olhar faiscante, mas estranhamente vidrado.

Todos se levantaram ao ver Ying cair, se dobrando em duas e com uma expressão de profunda dor e surpresa em seu belo rosto e logo em seguida fechar os olhos, ficando imóvel. Saga, Mu e Aldebaran queriam correr para a arena para socorrê-la, enquanto Ayoros permanecia estático, mas o Mestre os deteve.

– Parem! Ninguém entra na arena! A luta ainda não terminou!

– Mas, Mestre… Minha irmã foi seriamente ferida! Não posso deixá-la morrer diante de meus olhos! – protestou Saga, desesperado.

– Já disse que ninguém irá morrer aqui hoje. Eu resolverei isso.

Calmamente, ele se aproximou da arena e se acercou da Amazona caída, mas sem fazer nenhum gesto para ajudá-la. Apenas ficou parado, observando-a.

E então? É essa a determinação que mostrou àquele dia em minha sala e depois no templo? É assim que pretende ser um Cavaleiro de Ouro, uma mulher guerreira da mais alta elite sem a máscara? Você não provou que não precisa usar a máscara! Vai se deixar morrer desse jeito? Levante-se, Amazona! Mais do que ninguém, você não pode se deixar derrotar assim!

Ying ouvia as palavras do Mestre como se viessem de muito, muito longe, quase de um outro mundo ou de uma outra vida. Um estranho alheamento e um torpor quase agradável começava a tomar conta de seu corpo e sua alma. Sentia também a presença de Ayoros, que parecia muito preocupado com ela. – Por que? – Ela se perguntava. – Assim ele não irá morrer por minha causa…

Ying! Por favor, resista!

Havia tanta ternura naquele apelo que ela sentiu como se estendesse a mão para alcançá-lo, mesmo não tendo movido sequer um músculo.

Ying, por sua honra e pela de todas as mulheres que combatem em nome de Athena! Não se lembra mais de sua promessa? Ela não tem mais importância para você? – dizia Denora, severa, encarando-a, sem a máscara que ocultava a metade de seu rosto dilacerado.

Irmã querida, terá abandonado sua pátria e ido tão longe em busca de uma nova vida para se deixar morrer assim? Será esse o seu destino? Não posso crer que Avalon tenha enviado Excalibur para você para que fosse a causa de sua morte! Você é uma Amazona! Levante-se e vença!

Denora! Hipólita! Eu sinto muito decepcioná-las! Vejam, minha espada está em pedaços! Minhas forças me abandonaram. O que posso fazer? Ele é muito forte!

Você estava ganhando! Lembra-se? O que houve afinal? – era a voz de seu irmão Saga e sua imagem assomava imponente à sua frente.

Saga!!

Sim, sou eu. Seu irmão e seu mestre. Mestre Shion me disse para confiar em você, então, mostre-me que ainda merece essa confiança! Seja lá o que for que a distraiu e creio eu sei o que foi… – um misto de raiva e angústia passou rapidamente por seu olhar severo. – É seu dever diante de Athena se levantar e vencer essa luta. Eu não a treinei esses anos todos para que você fracassasse na segunda luta, morrendo diante dos meus olhos! Você sabe como vencer, Ying! Lembre-se do treinamento!

O treinamento… – a mente de Ying voltou à uma tarde em que eles conversavam ao fim de mais um dia de duro treino.

“ – Sim, é verdade que tudo é formado por átomos e eles são unidos pelo chamado fluido universal ou energia cósmica, o cosmo que dá força aos nossos corpos. Portanto, assim como podemos destruir as coisas separando seu átomos, podemos também uni-los de novo através da manipulação dessa energia. – dizia Saga. – Entretanto, não é algo que qualquer Cavaleiro possa fazer, mesmo um Cavaleiro de Ouro, pois é preciso uma habilidade especial para manipular o cosmo.”

“ – Você possui essa habilidade, Saga?”

“ – Sim, e você também, uma vez que somos gêmeos. Como senhores das dimensões possuímos uma habilidade especial para manipular o cosmo. Os Cavaleiros de Áries, que por tradição consertam armaduras também a possuem, mas em grau diferente. De qualquer forma, é uma habilidade rara e que não deve ser usada levianamente, pois é muito dispendiosa em termos de energia e muito difícil de ser usada. Lembre-se: somente deve ser usada em casos de extrema necessidade e tendo absoluta certeza do que se está fazendo. O cosmo pode se tornar instável e qualquer erro pode ser desastroso.”

“ – É tão perigoso assim reconstituir algo com a força do cosmo? Que estranho!”

“ – Como já disse antes, muitas vezes é necessário muito mais energia para construir do que para destruir. Nunca se esqueça disso.” – ele a olhou muito sério. – “Portanto, tenha cuidado se algum dia precisar usar essa técnica. Vou lhe explicar como usá-la agora e amanhã veremos o que consegue fazer.”

Voltando à sua situação atual, a expressão de Ying adquiriu novo ânimo.

Sim, é isso mesmo! Eu posso conseguir!

A escolha é sua.”

A voz e a presença de seu irmão se confundiam com a de Athena, do Mestre do Santuário e uma outra que parecia vir de um passado esquecido.

Ou você desiste da luta e se deixa morrer estupidamente ou se levanta e luta por seus ideais como sempre proclamou aos quatro ventos. Você já sentiu mais de uma vez a estranha presença maligna que ronda esse local sagrado. Lembre-se que precisaremos de sua ajuda para expulsar definitivamente esse mal. A Vitória está em você, minha filha. Sua armadura não possui um elmo com asas douradas, diferente da do seu irmão, por acaso. Depende apenas de você agora, Ying de Gêmeos.”

Seu nome ficou ecoando, ecoando, vezes sem conta, até que as vozes se calaram e tudo tornou a ficar escuro. Estava sozinha novamente.

… A Vitória está em mim… – as frases se repetiam em sua mente sem cessar. – Você sabe como vencer…

Até que de repente tudo clareou de vez.

********

– Parece que você estava enganado, Albiori. – murmurou Cristal, pesaroso. – Acho que, infelizmente, aquele arrogante do Shura venceu a luta.

– Eu não entendo. A luta estava bem equilibrada, mas ela parecia que estava vencendo quando de repente…simplesmente ficou parada! O que terá acontecido? – perguntou Ayolia.

– Vocês estão se precipitando. – Albiori balançou a cabeça, resoluto. – A luta ainda não acabou. Ela ainda está viva. – concluiu ele, imperturbável.

Cristal e Ayolia já iam contestar, mas o entusiasmo repentino de Hargos calou-os:

– Ele tem razão!! Vejam, ou melhor, sintam a incrível cosmoenergia que está surgindo!! É ainda maior que na primeira luta! Cavaleiros, algo extraordinário está se passando lá embaixo.

***********

O Mestre ainda a observava preocupado, até que balançou a cabeça e ergueu o olhar.

Shura parecia agitado e nervoso, como se acordasse de um pesadelo.

– E então? Vai me declarar vencedor ou não? – disse ele, impaciente. – Essa amadora precisa de socorro. Não quero ser acusado de matar aprendizes!

– Não seja injusto, Shura! – repreendeu o Mestre. – Uma aprendiz jamais teria derrotado Máscara da Morte de Câncer e não se esqueça de que ela quase derrotou você! Portanto, mais respeito!

Shura calou-se, carrancudo.

– No entanto, em um ponto você tem razão: Ying precisa de ajuda. É uma pena que eu tenha me enganado tanto em relação a ela. – suspirou o Mestre, pesaroso. – Saga, eu sinto muito. Pode providenciar auxílio para sua irmã. – e virando-se para Shura e os demais Cavaleiros. – De acordo com a autoridade conferida a mim por Athena, declaro Shura de Capricórnio como venced…

– Um momento, Senhor! – gritou Ayoros, aturdido. – Vocês não estão sentindo? Que cosmo formidável é esse?!!

 

Todos os olhares se concentraram imediatamente em Ying, que, surpreendentemente, estava de pé. A gigantesca aura de cosmo que a envolvia parecia ainda maior do que quando vencera Máscara da Morte. – “Como isso é possível? Ela havia sido ferida mortalmente! De onde vem toda essa força?” – É o que todos pensavam, atônitos.

Com uma expressão tão indecifrável quanto um ídolo de pedra, o olhar nublado como num sonho, Ying retirou vagarosamente a mão que protegia a profunda ferida que havia em seu peito e todos puderam ver ela regredir pouco a pouco até desaparecer completamente assim como o rasgão em sua armadura dourada.

Shura recuou, perplexo, colocando-se instintivamente em posição de luta outra vez, mas um ligeiro tremor se percebia por todo o seu corpo e gotas de suor brotavam e escorriam teimosamente por sua face, agora pálida como mármore.

 

– Por acaso, você é imortal? – gritou Shura, tentando dissimular sua apreensão. – Maldição! Não me deixo impressionar por seus truques! Desista agora antes que eu a mande como um presente para Hades!

– Você é quem deveria desistir. – respondeu ela com uma voz um tanto diferente e surpreendentemente serena. – Os Cavaleiros de Athena não devem lutar por causas injustas. Ainda há tempo de reconhecer que está errado e admitir sua derrota.

– O quê?!! Você só pode estar brincando!

– Não sou conhecida por brincar, principalmente em situações sérias. Então? Não tenho o dia todo! Desiste ou não?

– Erga o que restou de sua espada, sua arrogante e veremos quem irá desistir!

Ying suspirou.

– Muito bem. Se você prefere assim…

Ela ergueu Excalibur, que estava seriamente danificada e o extraordinário cosmo ao seu redor se intensificou ainda mais, parecendo concentrar-se no que restava da lâmina.

Shura tornou a recuar, assombrado. Assim como o ferimento de Ying e os danos na armadura da Amazona, a lâmina da espada lendária foi minuciosamente reconstruída por um fluxo de cosmo direcionado com perfeição. Em segundos ela estava nova em folha novamente.

No entanto, para surpresa geral, após verificar o estado geral de sua espada, tornou a guardá-la na bainha.

 – O que foi? Resolveu reconhecer quem é o melhor e entregar os pontos afinal? Pensei que estava disposta a continuar a luta! – zombou Shura, mas sem muito da firmeza de antes.

– Não preciso comprovar minha habilidade com a espada. Já a conheço muito bem e você também pôde conhecê-la, mas não foi isso o que vim fazer aqui. Sinto muito por seus ciúmes, Shura, mas já provei que sou digna de empunhar Excalibur pois Athena me permitiu isso. Quanto a você, Shura de Capricórnio, deve ter algum valor para ter recebido, assim como seu ancestral, a honra de carregar o poder dessa espada em seu próprio corpo. No entanto, essa sua insegurança o desmerece. – Ying balançou a cabeça, parecendo desapontada. – Bem, Shura, já tivemos o nosso duelo de espadas e sua adversária ainda está pé, como pode ver. Devo admitir que você é muito bom, mas não teria me derrubado sem ajuda…

– Ajuda?! Não sei do que está falando!

Ying ignorou a interrupção e continuou:

– O que importa realmente agora é derrotá-lo para provar que não preciso usar a máscara, já que isso me é exigido. Somente usarei minha cosmoenergia e meu corpo, assim como você, para lutar daqui por diante. Pode vir com tudo, Cavaleiro. A verdadeira disputa se inicia agora!

Com um grito de raiva, Shura se atirou como um louco para cima da Amazona, mas Ying, na defensiva, se movimentava com a velocidade do pensamento. Era como se fosse uma miragem, pois nunca estava no lugar onde parecia estar e, literalmente, adivinhava cada movimento de seu adversário!

– Ele não vai conseguir vencê-la. – disse Mu para Saga a seu lado. – Parabéns, meu amigo, sua irmã foi brilhante! Ela estudou cada movimento e agora ele não tem mais como atingi-la.

– Sim, é verdade. – concordou Saga, distraído, completamente concentrado no que se passava na arena. – No entanto, não sei se a intenção dela era tão calculista assim. Shura não é um adversário que se possa menosprezar e está furioso. Isso pode torná-lo imprevisível. Espero que Ying saiba o que está fazendo…

Aquilo se prolongou durante tanto tempo que Shura, impaciente e começando a ficar exausto, protestou:

– Afinal, o que está pretendendo? Vencer-me pelo cansaço? Já chega dessa brincadeira! Vou acabar com você de uma vez por todas!

 – Pode vir, Shura. Também já estou cansada dessa luta enfadonha. Prometo que ficarei quietinha dessa vez.

 

– Poderosa Espada Excalibur!! – ele gritou, elevando seu cosmo ao máximo em um ataque desesperado, correndo como um relâmpago em direção à Amazona que, de fato, permanecia imóvel.

A violência de seu ataque era impressionante e assustadora e a velocidade alcançara tamanho nível que mesmo o Mestre e os demais Cavaleiros de Ouro tinham dificuldade para acompanhar os movimentos.

Ying, no entanto, para desespero dos que torciam por ela, parecia apática e entediada, ou, segundo outros, dotada de uma impassibilidade enervante, pois se encontrava inteiramente imóvel, parecendo aguardar passivamente o ataque de Shura.

Cada vez mais próximo de seu alvo, Shura sorria, antegozando a vitória que julgava certa desta vez, assim como Kannon, que, de onde estava, unira novamente sua cosmoenergia maligna à do Cavaleiro de Capricórnio, fazendo com que o outro se empenhasse ao máximo no combate.

Foi então que no momento do impacto…

Até hoje há calorosas discussões acerca do que aconteceu realmente naquele instante. Uns dizem que ela simplesmente desapareceu da frente de Shura, outros que ele se deteve apavorado ao ter uma visão da deusa Athena e por aí vai. Nem a própria Ying sabia contar direito o que fizera. Enfim, a versão verdadeira, conforme testemunhada pelos olhos argutos de Hargos, futuro Cavaleiro de Lince, foi a seguinte:

Com o braço direito esticado, como se fosse uma lança ou uma espada em riste, Shura estacou subitamente, perplexo, pois no último instante, Ying desaparecera, ou melhor, se abaixara rapidamente ( os mais entusiasmados dizem que “rapidamente” não define à contento o que houve) e sem dar tempo algum de reação ao outro, ergueu os braços com as mãos espalmadas paralelas uma à outra, como se fosse usar a clássica “defesa com as mãos nuas”. Só que se enganaram àqueles que pensaram que ela ia se defender somente, pois sua postura mudou repentinamente para de ataque e ela quebrou o braço direito de Shura, como se este tivesse ficado prensado entre duas colunas de aço.

– AAAIII!! Meu braço!! Sua….

– Cuidado com suas palavras, Shura de Capricórnio! – falou Ying novamente com aquela voz estranha. – Isso foi necessário para que esse combate injusto tivesse um fim. – ela lançou um olhar rápido para o lugar de onde Kannon observava tudo, fazendo

com que ele gelasse. – Mas não se preocupe, seu braço estará curado em poucos minutos se você estiver disposto a reconhecer sua derrota. E então? O que me diz?

O Mestre se aproximou, pronto a proclamar o vencedor, mas ainda em silêncio, o qual pesava sobre toda a assistência próxima e distante da arena como uma coisa tangível, repleto de uma expectativa angustiante.

Até que, de maneira relutante e quase inaudível, Shura murmurou afinal entredentes:

– Está certo… Muito bem, Amazona de Gêmeos. Eu admito… Você venceu.

E o silêncio foi imediatamente rompido por uma ovação estrondosa da grande maioria dos que assistiam, principalmente os que estavam nas colinas ao redor; os quais, aliás, se calaram de imediato ao ver o Mestre erguer um olhar severo, embora, secretamente complacente, para eles.

Ying não sorriu, nem comemorou, apenas balançou a cabeça e murmurou:

– Muito bem. Está feito então.

E apagou, assim como seu cosmo.

 Continua…

 

1 Sacerdotes celtas; povo que habitava as ilhas britânicas e parte da França do século XXI ao I antes de Cristo.

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