NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ELISA

GABRIELA

JOSIAS

LAURA

LETÍCIA

MAURÍCIO

REINALDO

RODRIGO

SEVERO

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

HOMEM e VENDEDOR.

 

CENA 01. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Letícia brava.

LETÍCIA            —    Eu vou tirar uma satisfação com a mãe dessa garota. E vai ser agora!

JOSIAS              —    (A impede, segurando-a pelo braço) Não, Letícia. Nada disso! Agora temos que manter a calma.

LETÍCIA            —    Mas como que o senhor quer que eu mantenha a calma, sendo que isso está acontecendo, tio?

JOSIAS              —    Eu sei que você está de cabeça quente, Letícia. Mas deixa que eu quero ouvir isso da boca do Rodrigo!

LETÍCIA            —    Aquele lá com certeza não vai falar nada!

JOSIAS              —    Mas ele tem que ser sujeito homem e admitir os erros dele!

HOMEM             —    (Tenta amenizar) Olha, pode não ser ela. Talvez eu tenha me enganado.

LETÍCIA            —    Depois dessa, eu tenho certeza que você viu foi essa garota aí mesmo! Mas é claro! Agora tudo faz sentido. Por isso o Rodrigo não falou nada a respeito.

CORTA PARA:

CENA 02. CASA LAURA E SEVERO. SALA. / CASA LETÍCIA. SALA. INT. DIA.

Elisa e Rodrigo ali ao tel. Fixo. Favor EDIÇÃO: Intercalar durante as falas.

ELISA                —    (Ao tel.) Você precisava ver como o seu tio e a sua mãe me olhavam. Não sei por que eles estavam me encarando tanto.

RODRIGO         —    (Ao tel.) Não deve ser nada demais, Elisa. Desencana.

ELISA                —    (Ao tel.) Rodrigo, você sabe que eu sou a que mais teme que descubram o lance que a gente tem.

RODRIGO         —    (Ao tel., brinca) Já que você é a mais medrosa, receosa do casal… Fazer o que, né!

ELISA                —    (Ao tel.) Ei! Eu não sou medrosa! Só não quero que minha mãe ache ruim por causa dessa rixa entre eles.

RODRIGO         —    (Ao tel.) Até hoje eu não entendo muito bem esse lance deles.

ELISA                —    (Ao tel.) Bem vindo ao clube! Eu também não entendo nada disso.

CORTA PARA:

CENA 03. CASA DO CASAL MISTÉRIO. FRENTE. EXT. DIA.

Táxi de Severo para do outro lado da rua e ele fica a olhar para a casa.

SEVERO           —    (P/si) A casa é até comum. Não vejo nada demais por aqui. Mas por que será que eles andam de preto e daquele jeito todo estranho? Será que em pleno ano de 2005, já estamos vivendo a era do futuro? Aonde as máquinas dominarão. (Encafifado) Ai, meu Jesus… Tomara que não. Não quero virar máquina.

Ele liga o carro e sai.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 04.  CASA DO CASAL MISTÉRIO. SALA. INT. DIA.

Sala mais parece um laboratório do que uma sala convencional. Uma bancada grande com várias substâncias químicas. Reinaldo vestido de preto, tapado da cabeça aos pés, olhando pela janela através das persianas. Gabriela, mais a vontade que o marido, a fazer um experimento químico.

GABRIELA       —    Não sai dessa janela.

REINALDO       —    Tinha um táxi parado aqui em frente.

GABRIELA       —    Povo desse bairro parece não ter o que fazer.

REINALDO       —    E como vai o experimento?

GABRIELA       —    Breve você saberá, digo… Sentirá!

Ela continua a misturar substâncias. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 05. CASA LETÍCIA. COZINHA. INT. DIA.

Rodrigo a fazer um sanduíche. Ele se vira e se assusta, com Josias ali na entrada da cozinha, sério.

RODRIGO         —    Caramba tio, Jô! Que susto o senhor me deu.

JOSIAS              —    Tá se assustando tão facilmente assim por quê? Por acaso está fazendo algo que não devia?

RODRIGO         —    Não sei aonde o senhor quer chegar com esse papo, mas não! Não estou fazendo nada demais ultimamente.

JOSIAS              —    Olha bem pra mim, Rodrigo. Vamos jogar limpo. Ter uma conversa de homem pra homem.

RODRIGO         —    Mas tio/

JOSIAS              —    (Corta, firme) Eu falo, você escuta!

CORTA PARA:

CENA 06. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.

Maurício ali desanimado encostado em seu táxi. Severo chega com seu táxi e salta.

MAURÍCIO        —    E aí, Severo. Chegando a essa hora por que, meu chapa?

SEVERO           —    Tinha que resolver algumas pendências antes de vir pra cá.

MAURÍCIO        —    E ontem, conseguiu pegar alguma corrida depois que fui embora?

SEVERO           —    Quem me dera, Maurício. Fiquei foi aqui plantado que nem um trouxa e nada de corrida.

MAURÍCIO        —    Acho que o povo não quer mais andar de táxi.

SEVERO           —    Não peguei corrida, mas vi algo bizarro ontem.

MAURÍCIO        —    (Curioso) O quê?

SEVERO           —    Um casal todo dos estranhos. Eles andavam assim.

Severo faz uma imitação robótica.

MAURÍCIO        —    (Sorrir) Mas o que é isso, cara? Rebelião das máquinas?

SEVERO           —    Cara, eu tô falando sério. Eles andam desse jeito mesmo.

MAURÍCIO        —    Severo, meu caro… Você tava aqui o dia todo no estresse de quase não ter corrida, cansado… Você tá vendo coisas!

SEVERO           —    Quer saber de uma coisa, Maurício? Acredite se você quiser. Eu sei o que vi e sei também, que não estou louco!

Fecha em Maurício sorrindo debochadamente.

CORTA PARA:

CENA 07. CASA LETÍCIA. COZINHA. INT. DIA.

Continuação da cena 05. Josias ali com Rodrigo.

RODRIGO         —    Então vai lá, tio. Fala!

JOSIAS              —    Olha, antes de qualquer coisa, meu sobrinho… Eu quero que você saiba que você pode contar comigo. Pode se abrir. Eu sou seu tio e seu amigo também.

RODRIGO         —    Ih…. Essa conversa tá ficando chata, já!

JOSIAS              —    Tá Bom, Rodrigo. Tô vendo que por livre e espontânea vontade você nunca vai falar… Chegou até meus ouvidos que você estava na praia de Copacabana com uma menina.

RODRIGO         —    Como é que é?!

JOSIAS              —    É. E sabe mais o que me falaram? Sabe, sabe? Que essa menina é a Elisa, filha do Severo!

Rodrigo fica sem jeito.

RODRIGO         —    Tio, olha/

JOSIAS              —    (Corta) Vê lá o que você vai falar, Rodrigo. Mentir a essa altura do campeonato não dá. Existe uma testemunha ocular do fato. Então não tente negar!

RODRIGO         —    E quem disse que eu negaria? Eu amo a Elisa!

JOSIAS              —    (Passa mal) Ai, meu Deus! Deu teto preto aqui, hein! Me ajuda a sentar aqui, garoto.

Rodrigo coloca Josias sentado.

JOSIAS              —    Não é possível que eu tenha vivido para sofrer um desgosto desses!

RODRIGO         —    Eu não entendo porque é tão difícil manter a harmonia entre vocês.

JOSIAS              —    Saber você sabe muito bem, sim! Não me venha agora dar um de desentendido! O que você está fazendo é enfrentar esta família!

RODRIGO         —    Se for necessário fugir para viver ao lado da Elisa, eu fugirei!

Rodrigo vai para a sala. Josias faz careta de dor e leva a mão até o coração.

JOSIAS              —    (P/si) É muito desgosto prum dia só. Esse garoto está infringindo a principal lei desta família.

CORTA PARA:

CENA 08. CASA DO CASAL MISTÉRIO. SALA. INT. DIA.

Reinaldo no teblet lendo. Gabriela ainda no experimento, fazendo algumas anotações.

REINALDO       —    Estou dando uma olhada aqui em como ser mais sociável.

GABRIELA       —    Jura, Reinaldo? Está mesmo disposto a interagir com este povo?

REINALDO       —    E por que não? Estamos aqui justamente para conhecer mais o recinto.

GABRIELA       —    Sim, mas o recinto natural, e não interagir com esse povo que não tem o que fazer.

REINALDO       —    É. Mas através disso podemos descobrir mais sobre este bairro.

GABRIELA       —    Se bem que pensando por esse lado até que você tem razão. Não sei se conseguimos o que queríamos até terminar isso aqui, mas não custa nada dar uma averiguada a mais.

REINALDO       —    É isso aí, meu amor! Assim que se fala.

Reinaldo se aproxima dela para dar um beijinho em seu rosto e ela se esquiva.

GABRIELA       —    Sem contato físico, Reinaldo.

REINALDO       —    Desculpa, meu amor.         

CORTA PARA:

CENA 09. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Letícia entregando o troco de uma cliente.

LETÍCIA            —    Muito obrigado, querida. Volte sempre.

A cliente sai e Josias entra no bar.

JOSIAS              —    Era mesmo o que imaginávamos!

LETÍCIA            —    Não pode ser. Isso não pode tio!

JOSIAS              —    Tenta falar isso pro seu filho, que inclusive ameaçou fugir para viver esse amor com a filha daquele Borges!

LETÍCIA            —    Fugir, mas como assim, tio? Eu preciso impedir que o Rodrigo cometa esse erro!

JOSIAS              —    Calma, Letícia. Calma que ele só ameaçou.

LETÍCIA            —    Mas vá saber o que se passa na cabeça desses adolescentes, tio. Vou dar uma passada em casa pra pegar minha bolsa, que eu preciso ir ao Ceasa fazer umas compras. O senhor cuida de tudo por aqui?

JOSIAS              —    Claro, minha sobrinha. Pode ir tranquila.

LETÍCIA            —    Obrigada, tio!

Ela dá um beijo no rosto do tio e sai. Josias sente algo no peito e arremata

JOSIAS              —    (P/si) Que angústia é essa?

CORTA PARA:

CENA 10. CANARINHO. PRAÇA. EXT. DIA.

Crianças e adultos por ali. De um lado vem Letícia, do outro, Laura. As duas se encaram e se aproximam. O casal mistério vem passando neste momento, vestidos de preto e tapados dos pés a cabeça, mesmo diante do dia ensolarado, as duas desviam os olhares para o casal.

REINALDO       —    (Simpático forçado) Muito boa tarde, damas!

LAURA              —    Boa tarde.

LETÍCIA            —    Boa tarde.

Eles vão se afastando e entram na floresta.

LAURA              —    Menina, você viu como eles são estranhos?

LETÍCIA            —    Vi, menina. Inclusive acho que eles escondem alguma coisa naquela casa misteriosa deles.

LAURA              —    Será, mas/

As duas caem na real, fazem careta uma para a outra e seguem seus rumos.

CORTA PARA:

CENA 11. CASA LAURA E SEVERO. QUARTO ELISA. INT. DIA.

Elisa ali sentada na cama ao tel. Fixo.

ELISA                —    (Ao tel.) Estava falando contigo naquela hora lá na sala para ter certeza que ninguém iria entrar na extensão e ouvir. Agora não corro mais esse risco. Mas me fala, o que está te deixando desse jeito?

RODRIGO         —    (OFF) Meu tio veio me falar que contaram pra ele que nos viram na praia juntos.

ELISA                —    (Ao tel., reage forte) Como é que é? Mas isso não podia ter acontecido. Eu devia ter tomado mais cuidado.

RODRIGO         —    (OFF) Agora já era, Elisa! Tava até pensando… Será que não seria o caso de fugimos?

ELISA                —    (Ao tel.) Você ficou louco, Rodrigo?! Viveríamos aonde? Sobreviveríamos do quê?

RODRIGO         —    (OFF) Não sei. A gente dava um jeito.

ELISA                —    (Ao tel.) Nada disso. Logo que descobriram… Vamos encarar isso juntos!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 12. CASA LETÍCIA. SALA. INT. DIA.

Rodrigo ali ao tel. Fixo.

RODRIGO         —    (Ao tel.) Tudo bem. Se você quer assim, mas saiba que vai ser uma luta grande.

Letícia chega da rua.

LETÍCIA            —    Precisamos conversar, filho.

RODRIGO         —    (Ao tel.) Depois eu te ligo.

Ele desliga.

LETÍCIA            —    Filho/

RODRIGO         —    (Corta) Mãe, se for pra conversar sobre o que eu já falei com meu tio… Vamos nos poupar desse desgaste, por favor.

LETÍCIA            —    Olha, eu sei que você se apaixonou por essa menina. E eu te entendo. Eu já tive a sua idade também. Mas será mesmo que vale a pena esse amor de vocês dois?

RODRIGO         —    Por mim vale sim.

LETÍCIA            —    Eu estou querendo dizer pra você, filho, que por mais que algum dia eu e o seu tio aceite isso, ainda tem a família da menina. O Severo é cabeça dura.

RODRIGO         —    Acho que não mais que o tio Jô.

LETÍCIA            —    Pensando por esse lado você tem razão, filho.

RODRIGO         —    Eu sinceramente estou meio confuso com isso tudo, mãe. Porque o que eu sinto pela Elisa, eu nunca senti por garota alguma.

LETÍCIA            —    É, meu filho… Você ama mesmo essa menina. (Abraça ele) Vamos dar um jeito.

RODRIGO         —    (Feliz) Sério, mãe?

LETÍCIA            —    Sim, mas eu não posso prometer nada! Dá pra ver que essa menina é muito importante pra você.

RODRIGO         —    E ela é, mãe.

LETÍCIA            —    Bom, agora eu preciso ir. Passei aqui só pra pegar a minha bolsa. Estou indo ao Ceasa. Não quer vir comigo, filho?

RODRIGO         —    Acho melhor não, mãe. Esse lance de terem descoberto tudo me deixou meio pra baixo.

LETÍCIA            —    (Aperta a bochecha dele) Mas não fica assim, meu menininho…

RODRIGO         —    (Sorrir) Ai, mãe, para! Eu tenho 17 anos.

LETÍCIA            —    Mas pra mim você continua sendo o meu filhinho de 2, 3 anos… Tchau, filho.

RODRIGO         —    Tchau, mãe.

Ela pega a bolsa sobre uma cadeira e sai. Rodrigo liga a TV.

CORTA PARA:

CENA 13. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Elisa nervosa andando de um lado para o outro. Laura chega da rua.

LAURA              —    Oi, filha.

ELISA                —    (Surpresa) Mãe? O que a senhora tá fazendo em casa a essa hora?

LAURA              —    É que cancelaram o meu exame. Estou de férias e até agora nada. Desse jeito vou acabar voltando a trabalhar sem fazer esse exame. Espera aí… Não gostou de me ver em casa, é?

ELISA                —    Não é isso, mãezinha. A senhora sabe que eu adoro a sua companhia. Eu só achei estranho mesmo.

LAURA              —    Você ultimamente tem estranhado tudo, minha filha. Ontem aquela história do trabalho e hoje isso? Você me parece nervosa. Vai, conta pra mãe o que tá acontecendo.

As duas se sentam.

ELISA                —    Não é nada, não, mãe.

LAURA              —    Se for algum namoradinho pode falar, filha. Eu prometo que não falo nada pro seu pai.

ELISA                —    Não é nada disso, mãe. São coisas do colégio.

LAURA              —    Tem certeza que é só isso, filha?

ELISA                —    Sim.

Fecha em Laura desconfiada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. AVENIDA BRASIL. INT. DIA.

Letícia ali ao volante em sua Fiat Fiorino Forgão 1995.

LETÍCIA            —    (P/si) Dei de cara com a Laura e não falei com ela sobre o namoro dos nossos filhos. Mas foi até bom. Se não eu poderia piorar ainda mais a situação, que já é mais do que crítica e o Rodrigo iria odiar tudo isso. Mas por que eu tive que prometer pra ele que daríamos um jeito? Não tem jeito! Borges e Garcias serão rivais até a encarnação infinita!

CORTA PARA:

CENA 15. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.

Maurício e Severo ali.

SEVERO           —    Você agora viu com seus próprios olhos como aquele casal é.

MAURÍCIO        —    Verdade. Eles são esquisitões mesmo.

SEVERO           —    Num falei? Tem alguma coisa aí, cara!

MAURÍCIO        —    E eles foram pra floresta na maior… (Malicioso) O que será que tá rolando por lá?

SEVERO           —    Bora lá dá uma bizoiada?

MAURÍCIO        —    Só se for agora!

Ambos travam os carros no controle e seguem em direção à floresta.

MAURÍCIO        —    Quem sabe eles não nos convidam pra entrar na brincadeira.

SEVERO           —    Larga de ser mente suja, rapaz!   

CORTA PARA:

CENA 16. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Elisa deitada no colo da mãe recebendo um cafuné da mesma.

ELISA                —    Mãe, eu tava aqui pensando… Por que vocês odeiam o pessoal do bar do tio Jô?

LAURA              —    Ai, filha, é uma longa história.

ELISA                —    E quem disse que eu estou com pressa? Quero saber de tudo! Porque o que me contaram foi uma pincelada da história.

LAURA              —    A família do seu pai e os Garcias sempre moraram aqui no bairro do Canarinho. O motivo da briga, segundo o que o Severo me contou na época em que namorávamos, é que a mãe dele era amante do pai dos Garcias.

ELISA                —    (Brinca) Não acredito que vovó era sapeca desse jeito!

LAURA              —    Não fala uma coisa dessas perto do seu pai de jeito nenhum! Não sei nem do que ele é capaz.

ELISA                —    Mas e então, mãe?

LAURA              —    Então que o meu saudoso sogrinho, que Deus o tenha, quando descobriu tudo, que inclusive foi em flagrante. Ele na época tinha uma espingarda e correu aí pelo bairro atrás da sua avó e do pai dos Garcias atirando.

ELISA                —    (Sorrindo) Gente, eu imagino o mico na época.

LAURA              —    Mas era essa a intenção. Ele queria que todo o bairro soubesse do adultério dela e do pai dos Garcias.

ELISA                —    (Sorrindo) Que mico e cômico ao mesmo tempo. Imagino como se fosse um filme de faroeste e ele atirando nos dois.

Laura e Elisa continuam a sorrir e conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. FLORESTA. TRILHAS. EXT. DIA.

Severo e Maurício ali nas trilhas.

MAURÍCIO        —    Cara, eu acho que já passamos por aqui.

SEVERO           —    Claro que não, Maurício. Deixa de ser doido. Seguimos a trilha.

MAURÍCIO        —    Mas e se a trilha estiver em círculos? Como vamos saber?

SEVERO           —    Vamos continuar, vai. Não saio daqui hoje sem uma resposta do que eles fazem aqui na floresta.

Eles continuam a caminhar pela trilha. Maurício com medo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. CEASA. LOJAS. INT./ EXT. DIA.

Em cortes descontínuos: um dos comércios mais populares do Rio de Janeiro para comprar legumes, verduras e frutas por um precinho ‘bem camarada’. Local cheio. Letícia a entrar nas lojas, a efetuar as compras e os funcionários das lojas colocando em sua Fiat Fiorino. Ritmo.

LETÍCIA            —    Faz um desconto aí, meu filho. Desse jeito você me deixa mal.

VENDEDOR     —    Tá bom. Como a senhora é cliente antiga, eu vou fazer um bom desconto.

LETÍCIA            —    É isso aí. Agora eu vi vantagem!

Letícia sai da loja, olha para sua Fiorino carregada.

LETÍCIA            —    (P/si) Depois das compras, é hora de voltar pra casa!

Ela fecha a porta de trás do carro, entra, coloca o cinto, dá a partida e ele vai se afastando. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 19. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Josias ali sentado à mesa junto de o Homem da cena 01.

HOMEM             —    Se eu soubesse que isso traria tantos problemas pra vocês, eu não tinha falado nada.

JOSIAS              —    E deixado o Rodrigo continuar a viver um romance proibido com a filha do inimigo? Acredite em mim. Você fez a escolha certa, meu caro.

HOMEM             —    Não tenho tanta certeza disso, mas agora já foi.

JOSIAS              —    Agora só espero que o Rodrigo tome juízo e desista desse namorico com a filha dos Borges.

HOMEM             —    Bom, eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas seja lá o que for, é uma coisa muito séria!

JOSIAS              —    Ôh se é, cara! É uma rivalidade que vem se estendendo desde a década de 70. (Pressente algo) Não tô me sentindo muito bem hoje.

HOMEM             —    (Preocupado) Você tá passando mal? Quer um copo d’água?

JOSIAS              —    Não. Eu estou bem. Só estou sentindo uma angústia no peito, sabe…?

CORTA PARA:

CENA 20. AVENIDA BRASIL. INT./ EXT. DIA.

Avenida com o transito fluindo bem. Lê ali ao volante, no rádio a tocar a música Direito de te Amar – Belo. Ela cantando, quando começa a sentir fortes dores no abdômen e faz careta.

LETÍCIA            —    Que dor é essa, meu Deus?

A dor se intensifica e ela desmaia. Corta rápido para fora do carro: Carro desgovernado invade o canteiro de obras, o carro sobe com a roda do lado esquerdo numa placa de ferro que estava num monte de areia. O carro capota várias vezes, jogando as verduras, legumes, tudo para fora do carro. Instantes. CAM se aproxima e detalha Letícia desacordada. CAM mostra o carro vazando gasolina. Alguns operários correm para tentar socorrer, mas o carro explode. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

 

FIM DO SEGUNDO CAPÍTULO

 

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