NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE  CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

BELINHA

CAMILA

EDILEUSA

ELISA

GUSTAVINHO

JOSIAS

KLÉBER

LAURA

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

MOREIRA

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RICK

RODRIGO

SÉRGIO 

SEVERO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

HOMEM 1.

CENA 01. FÁBRICA FABRISTILO. CORREDOR. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

BELINHA          —    Desculpa, eu só estava/

MOREIRA             (Corta) Se metendo onde não foi chamada! Garota, você sempre tem que atrapalhar a vida dos outros, né?

BELINHA          —    O homem tava pedindo socorro, eu só queria ajudar!

MOREIRA         —    É? Pois então saiba que uma pestinha que nem você, ajudaria mais se ficasse com sua mãe, e não andando pela fábrica como se fosse um parque de diversão!

BELINHA          —    E você acha muito certo manter esse homem preso aqui?

MOREIRA         —    Aprenda uma coisa peste: se ele está aqui, alguma coisa ele fez. Você mesma é abusada e nem por isso está aqui.

BELINHA          —    (Caminhando) Eu vou contar pros meus pais desse homem! 

MOREIRA         —    (Segura ela pelo braço) Ah, mas eu se fosse você não faria isso! Seu pai já está na corda bamba… Tem certeza que quer comprometer ele ainda mais com essa historinha?

Belinha o encara seriamente, solta-se dele e vai caminhando. Moreira permanece ali sorrindo debochadamente. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 19 do capítulo anterior.

ELISA                —    Dona Beatriz, eu juro pra senhora que eu limpei o armário por fora.

BEATRIZ           —    Mas o pó de café está dentro. Do que adianta o armário ter uma boa limpeza por fora se dentro tá uma verdadeira imundice?!

ELISA                —    Desculpa, dona Beatriz. Eu vou limpar agora mesmo!

Edileusa sorrir, Elisa vai indo para a área de serviço, quando Beatriz arremata.

BEATRIZ           —    Espera, Elisa!

ELISA                —    Pois não, dona Beatriz?

BEATRIZ           —    Agora que eu estou me recordando de uma coisa aqui… Você não deve limpar nada nesta cozinha.

Reação de Edileusa, surpresa.

ELISA                —    Não?

BEATRIZ           —    Toda a limpeza desta cozinha é de responsabilidade da Edileusa, a cozinheira. Se ela te mandar limpar aqui, não limpe que é essa preguiçosa querendo se dar bem a suas custas!

ELISA                —    Sim, senhora.

BEATRIZ           —    (P/Edileusa) Não é de hoje que eu percebo que você não está mais na ativa como antes… (Firme) Trate de limpar este armário antes que eu a demita por tal desleixo!

EDILEUSA        —    Sim, senhora.

Beatriz vai para a sala. Elisa vai

ELISA                —    Bom, já que eu não tenho responsabilidades por aqui, vou limpar a sala de jantar.

Elisa vai para a sala.

EDILEUSA        —    (P/si, furiosa) Que ódio! Que ódio! Sempre conseguindo colocar todos no bolso! (Abre o armário) Tinha necessidade de jogar tanto pó de café assim, Edileusa? (Reclama) Afe!!!

CORTA PARA:

CENA 03. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Belinha chorando vem correndo e abraça a mãe. Amanda e Camila não entendem tal comportamento de Belinha.

AMANDA           —    O que aconteceu, filha?

CAMILA             —   Ela parece assustada.

AMANDA           —    Filha, conta pra mamãe o que aconteceu. Você saiu daqui sorrindo, feliz e agora volta chorando.

CAMILA             —    Alguém mexeu com você, Belinha?

Ela meneia a cabeça que não.

AMANDA           —    Mas alguma coisa aconteceu pra você estar desse jeito, Belinha. Vai, conta pra mamãe.

BELINHA          —    (Entredentes) Nada.

AMANDA           —    Não quero mais você andando sozinha por essa fábrica! Você tá me entendendo, Belinha?

Ela meneia a cabeça que sim.

CAMILA             —    Que estranho.

AMANDA           —    Só pode ter alguém assustando a minha filha, Camila.

CAMILA             —    Mas quem faria uma coisa dessas?

As duas pensam por um instante, se olham e arrematam.

AMANDA           —    (Ao mesmo tempo) Kléber!

CAMILA             —    (Ao mesmo tempo) Kléber!

CORTA PARA:

CENA 04. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Ramiro e Rodrigo, ainda a analisar o relatório. 

RODRIGO         —    Percebeu agora, Ramiro? Tem muitas irregularidades neste relatório.

RAMIRO            —    Mas isso aí pode ter sido um errinho que acabou passando despercebido.

RODRIGO         —    Isso aqui jamais deveria ter passado! Uma irregularidade como esta, é capaz de dar um prejuízo milionário a empresa.

RAMIRO            —    Esse relatório é do exercício anterior. Neste exercício trabalharemos para que o mesmo não se repita.

RODRIGO         —    Com certeza! O maluco que cometeu esses erros queria acabar com a empresa!

Marcelo entra, ainda a tomar o sorvete.

RAMIRO            —    Você estava aonde, Marcelo?

MARCELO        —    Sair pra espairecer e tomar um sorvete.

RAMIRO            —    Ah, sim. Enquanto todos trabalham você sai pra tomar sorvete? Você tá vendo isso, Rodrigo? Vê se tem condições do Marcelo assumir essa empresa futuramente como este tipo de conduta.

Rodrigo sorrir.

MARCELO        —    Aposto que o homem furioso lá embaixo veio falar contigo.

RAMIRO            —    Que homem furioso?

MARCELO        —    Quando estava voltando a empresa, eu vi ele saindo daqui. Pelo jeito o cara estava furioso com alguma coisa.

RAMIRO                (OFF) Kléber!

Fecha em Ramiro pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. MANSÃO VIEIRA. JARDIM. EXT. DIA.

Viviane ali passando a mão nas flores. Beatriz se aproxima indignada. Rick a lavar o carro ao fundo, mas próximo as duas.

VIVIANE            —    O jardineiro está de parabéns! Olha como esse jardim é bem cuidado. (Percebe Beatriz indignada) Que cara é essa, mãe?

BEATRIZ           —    Edileusa! Só porque é mais velha de casa, acha que pode ficar com a perninha pro alto e mandar a Elisa fazer um serviço que é dela.

VIVIANE            —    Como assim?

BEATRIZ           —    O armário da cozinha tava podre, Viviane. Cheio de pó de café por dentro. A imunda da Edileusa não limpa o armário e a Elisa que ia limpar.

VIVIANE            —    Ou essa tal Elisa estava limpando só pra Edileusa levar uma bronca.

BEATRIZ           —    E por que a Elisa feria isso?

VIVIANE            —    Desde a primeira vez que eu olhei pra essa Elisa, que eu vi que ela é aquele tipo de mulher manipuladora! Mas a senhora acha que isso é implicância minha com ela, então…

BEATRIZ           —    A menina acabou de entrar. Não acho que ela seria tão radical assim de mexer com a Edileusa que tem anos de casa.

VIVIANE            —    A senhora é quem sabe.

Close em Beatriz intrigada, CAM desvia de Beatriz e vai buscar Rick, a olhar tudo com a mangueira desperdiçando água. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. FÁBRICA FABRISTILO. CELA. INT. DIA.

Na cela há um balde, uma ‘cama’ de papelão e só. Homem1 sentado de cabeça baixa. Moreira entra na cela. 

MOREIRA         —    Você não tem jeito mesmo não, hein sujeito!

HOMEM 1          —    Como?

MOREIRA         —    Mesmo preso nesta cela longe de tudo e de todos, você não para de arrumar problemas!

HOMEM 1          —    Não quero arrumar problema pra menina. Ela só queria ajudar. A culpa é toda minha.

MOREIRA         —    Relaxa. Relaxa que a menina arruma mais problemas do que parece. E detalhe: com as próprias mãos.

HOMEM 1          —    Até quando vocês vão me manter preso aqui?

MOREIRA         —    Isso não é comigo! Entrei aqui só para te mandar o papo reto. Se você continuar desse jeito, eles vão passar você!

HOMEM 1          —    (Implora) Não, pelo amor de Deus! Eu estou peso aqui há dias na minha sem perturbar ninguém!

MOREIRA             É? Mas não é que os gestores da fábrica acham. Inclusive acham que você é um dos mais difíceis de se lidar que já passou por aqui!

HOMEM 1          —    Só quero sair daqui! Eu juro que se me deixarem sair dessa cela, eu vou andar na linha.

MOREIRA         —    Pode ser que tenham misericórdia de você. Mas isso depende deles, não de mim!

Fecha no Homem 1 aterrorizado. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 07. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. DIA.

Táxi de Severo se aproxima e para frente à casa. Laura e Gustavinho saltam.

LAURA              —    Obrigado, meu amor.

SEVERO           —    De nada. (P/Gustavinho) Daqui a pouco o vovô volta pra gente brincar a tarde toda, tá bom?

GUSTAVINHO—    Então vem logo, vô.

SEVERO           —    O vovô tem que ir até o ponto falar com o Maurício, mas depois eu volto.

Severo buzina e o táxi se afasta. Laura começa a procurar a chave.

LAURA                 (P/si, procurando) Onde eu deixei essa bendita chave? Será que eu perdi?

Gustavinho olha para o bar e Marcos se aproxima da porta. Marcos faz sinal chamando o filho. Laura acha a chave e ao ver Gustavinho olhando para Marcos, o puxa para dentro imediatamente. 

LAURA              —    Vamos entrando, Gustavinho.

Jô se aproxima da porta do bar.

JOSIAS              —    O que foi, Marcos?

MARCOS          —    Tão mesmo querendo tirar o Gustavinho de perto de mim, Jô. Dona Laura puxou o menino pra dentro como se eu fosse o lobo mau.

JOSIAS              —    (Sorrir) O caso não é de riso não, mas essa comparação foi boa.

Marcos sério encara Jô.

JOSIAS              —    Tudo bem. Não tá mais aqui quem tava rindo.

Jô volta para dentro do bar. Marcos olha para a janela da sala. Laura aparece, o olha por um instante através da janela e fecha a cortina. 

CORTA PARA:

CENA 08. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Laura terminando de fechar as cortinas. Gustavinho se senta no sofá e liga a TV. 

LAURA              —    Gustavinho…

GUSTAVINHO—    Oi, vó.

LAURA              —    Deixa eu te perguntar uma coisa. Você gostaria de ficar uns dias com seu pai?

GUSTAVINHO—    Sim.

LAURA                  (Surpresa)Sério?

GUSTAVINHO—    Sim. Foi muito legal quando eu passei o dia com ele.

Fecha em Laura surpresa com a revelação do neto. 

CORTA PARA:

CENA 09. FÁBRICA FABRISTILO. QUARTINHO. INT. DIA.

Amanda e Sérgio entram. 

SÉRGIO             —    O que tá acontecendo, Amanda?

AMANDA           —    Temos um problema.

SÉRGIO             —    Tá, mas seja breve pro Moreira não desconfiar de nada. E que problema é esse?

AMANDA           —    Tem alguma coisa acontecendo com a Belinha.

SÉRGIO             —    Quê? Por quê?

AMANDA           —    Não sei o que é. Ela não quer falar. Pode ter alguém assustando a nossa filha, Sérgio.

SÉRGIO             —    (Furioso) Desgraçado do Kléber! Eu mato aquele maldito!

AMANDA           —    Calma, Sérgio. A gente ainda não sabe o que é. Só estou te falando pra você também ficar ligado e não deixar nossa filha ficar andando pela fábrica sozinha.

SÉRGIO             —    Mas como é que a gente pode controlar a Belinha se a Regina agora age como se fosse a mãe dela?!

CORTA PARA:

CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Belinha ali tristinha ao lado de Camila.

CAMILA             —    Belinha, você tem certeza que não quer falar sobre o que te deixou assim?

Ela meneia a cabeça que sim. Regina desce a escada do escritório com o megafone.

REGINA             —    (P/Todos, ao megafone) Atenção de todos. Peço um segundinho da atenção de todos! Bom, acabei de receber uma ligação dos nossos superiores. Eles me falaram que a produção em massa começa a partir de hoje. A Fabristilo é a nova fornecedora de uma empresa estrangeira. Portanto, vamos acelerar. E lembrem-se: Produção é que interessa! Continuemos o trabalho, porque hoje o dia e a noite serão de trabalhos intensos!

Regina vê Belinha ali tristinha e se aproxima.

REGINA             —    Belinha? O que aconteceu?

CAMILA             —    Ela não quer falar.

REGINA             —    (Áspera) Eu perguntei alguma coisa a você? Volte ao trabalho! (P/Belinha) Vem comigo, Belinha.

As duas sobem a escada para o escritório.

CAMILA             —    (P/si) É impressionante como essa daí agora acha que é mãe da Belinha! Pior é que Amanda e Sérgio não podem fazer nada. Tem que ver a filha deles com essa maldita e não podem impedir. Deve ser um sentimento terrível de impotência.

CORTA PARA:

CENA 11. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Belinha sentada. Regina pega uma latinha de refrigerante no frigobar e dá a Belinha.

REGINA             —    Toma, Belinha.

BELINHA          —    (Pega , abre e toma) Obrigada.

REGINA             —    Ah, resolveu falar, é?! O que aconteceu?

BELINHA          —    Nada.

REGINA             —    Você estava tão tristinha que eu fiquei preocupada de ser alguma coisa que te fizeram.

BELINHA          —    (OFF, Pensamento) Se eu falar alguma coisa, eles vão querer matar o meu pai.

REGINA             —    Espera aí. Acho que sei porque você ficou tristinha desse jeito. Será que não é porque eu disse que você não poderia ficar no escritório hoje?

Belinha embarca na onda e sorrir.

BELINHA          —    (Disfarça) É, Regina. É por isso.

REGINA                 Sabia! Mas agora você já pode ficar aqui, tá bom?

Belinha meneia a cabeça que sim e bebe do refrigerante a olhar Regina, que volta ao trabalho. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. FÁBRICA FABRISTILO. PÁTIO. EXT. DIA.

O portão monumental se abre e o carro de Kléber entra. CAM mostra Moreira saindo da fábrica. Kléber salta do carro e encontra com Moreira.

MOREIRA         —    E aí, Kléber. Voltou rápido.

KLÉBER           —    É, cara. Nem tudo saiu como eu esperava.

MOREIRA             Sério?

KLÉBER           —    É, mas e aí, Regina perguntou pra onde eu fui?

MOREIRA         —    (Desconversa) Cara, aconteceu uma coisa que a gente não imaginou.

KLÉBER           —    O quê?

MOREIRA         —    A menina encontrou a cela do cara rebelde!

KLÉBER           —    (Firme) Mas que peste, praga de garota! O idiota do Sérgio achou que eu tava brincando quando eu falei que alguém vai pagar. Essa menina que não se meta onde não deve. A praga contou pra mais alguém sobre isso?

MOREIRA         —    Não porque eu fui bem claro com ela sobre isso.

KLÉBER           —    Fez bem, Moreira! Não podia ter um aliado melhor que você.

Fecha em Moreira que sorrir sem graça, para disfarçar.

CORTA PARA:

CENA 13. MANSÃO VIEIRA. ÁREA DE SERVIÇO. INT. DIA.

Elisa lavando a área e esfregando com a vassoura. Rick vem da cozinha. 

RICK                  —    Elisa, eu preciso te falar uma coisa.

ELISA                —    Nem mais um passo, Rick! (Ameaça) Se você sujar o que eu acabei de limpar com esse sapato, a vassoura vai voar, hein!

RICK                  —    Tudo bem. Eu preciso te falar uma coisa.

ELISA                —    Então fale!

RICK                  —    (Olha para ver se não tem ninguém) Pelo que eu ouvi, tem gente querendo a sua cabeça.

ELISA                —    Quem? A Edileusa?

RICK                  —    Se fosse, seria o menor dos seus problemas. Ouvi a Viviane falando com dona Beatriz sobre você. Parece que ela não vai muito com a sua cara.

ELISA                —    Olha, Rick. Eu fui contratada pela dona Beatriz. Quando ela quiser me mandar embora, ela é a única que pode. A verdade é que essa Viviane é uma nojetinha. Estamos empatadas, porque eu também não vou com cara dela!

RICK                  —    É, mas você sabe que ela tem influência na família. Ela é filha da dona múmia e sobrinha do seu Ramiro. 

ELISA                —    Essa Viviane tem cara mesmo de quem quer ver o mal dos outros pelas costas! 

RICK                  —    Só tô te avisando pra você ficar em alerta. Do jeito que ela tava falando, se ela conseguir convencer a dona Beatriz, você pode ser mandada embora!

Fecha em Elisa, que fica tensa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.

CAM aérea percorre a orla de Copacabana toda iluminada, Jockey Club, Pousos e decolagens no Aeroporto Santos Dumont, Ponte Rio Niterói. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. NOITE.

Edileusa arrumada para ir embora sentada à mesa.

EDILEUSA        —    (Tom alto) Vambora, Elisa! Desse jeito a gente não chega hoje em casa!

ELISA                   (OFF) Calma aí, Edileusa. Estou terminando já.

EDILEUSA        —    (P/si) Misericórdia! Desse jeito a gente não sai daqui hoje.

Beatriz vem da sala.

BEATRIZ           —    Na hora de ir pra casa se arruma o mais de pressa possível!

EDILEUSA        —    Já estaria indo pra casa se a Elisa não demorasse tanto.

BEATRIZ           —    Hum… Deixou tudo como mandei?

EDILEUSA        —    Sim, senhora. Comida tá quente ainda no fogão e a salada tá na geladeira.

Elisa arrumada para ir embora, vem do quartinho.

ELISA                —    Pronto, Edileusa. Agora sim podemos ir.

EDILEUSA        —    Graças a Deus. Fiquei mofando aqui te esperando!

ELISA                —    Pelo menos HOJE você me esperou!

EDILEUSA        —    (Não entende) Quê?

ELISA                —    Nada. Vamos logo. (Saindo) Tchau, dona Beatriz!

EDILEUSA        —    (Saindo) Até amanhã, dona Beatriz!

BEATRIZ           —    Tchau, meninas. Bom descanso. (P/si) Olhando para a Elisa assim, a Viviane tem razão de estar insegura com ela. Ela é uma moça muito bonita mesmo. Mas a minha Viviane é muito mais que a empregada!

Beatriz volta para a sala.

CORTA PARA:

CENA 16. PRÉDIO FABRISTILO. FRENTE. EXT./ INT. NOITE.

Ramiro, Marcelo e Rodrigo saem do prédio.

RAMIRO            —    Mais um dia de trabalho vencido.

MARCELO        —    Pois é, pai. Não vejo a hora de chagar em casa e descansar.

RAMIRO                Olha isso, Rodrigo. Quem vê ele falando assim até parece que faz alguma coisa.

MARCELO        —    O senhor acha que não cansa vir pra cá todos os dias de manhã, não?

RAMIRO            —    Ah, Marcelo, para! Vem no meu carro conosco, Rodrigo.

RODRIGO         —    Não precisa, Ramiro. Eu tenho que passar num lugar antes de ir pra casa.

RAMIRO            —    Mas é longe daqui? Talvez eu possa te levar.

RODRIGO             Não precisa se preocupar, Ramiro. Você tá cansado depois de um dia de trabalho. Podem ir. Só avisem a Viviane que talvez eu chegue tarde em casa.

RAMIRO            —    Tudo bem então. Vamos, Marcelo?

Os dois entram no carro, dá a partida e o carro se afasta. Rodrigo se aproxima da rua e um táxi vem se aproximando. Rodrigo faz sinal e o táxi para. Ele entra no banco do carona. Corta para dentro do táxi:

RODRIGO         —    Boa noite.

NANDÃO           —    Boa noite. Pra onde, chefe?

RODRIGO         —    Bairro do Canarinho.

NANDÃO           —    Que coincidência. Minha terrinha.

RODRIGO         —    É mesmo? Que bom.

Corta para fora do carro: o mesmo segue se afastando pela rua. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.

Severo e Maurício encostados no táxi. 

SEVERO           —    Nandão ficou rindo de você com a história da ‘Senhora da Alegria’. Mas a verdade é que todo taxista tem uma história inusitada pra contar.

MAURÍCIO        —    Até você, Severo?

SEVERO           —    Claro.

MAURÍCIO        —    Então conta alguma aí.

SEVERO           —    Iiih são tantas. Teve uma vez que uma cantora famosa entrou no meu táxi desesperada pra escapar dos fãs loucos que estavam perseguindo ela na Barra da Tijuca.

MAURÍCIO        —    Sério? Que cantora?

SEVERO           —    A Cláudia Leite. Se eu entendi bem, teve um probleminha e o carro que vinha buscar ela, quebrou. Ela tinha outro show no Rio e tava desesperada pra chegar a tempo.

MAURÍCIO        —    Que loucura, Severo.

SEVERO           —    Pois é. Como na época não tinha nada disso de foto, ela me deu um autógrafo que eu guardo até hoje na carteira. (Tira a carteira do bolso e mostra)

MAURÍCIO        —    Que legal! Antes eu tivesse feito a corrida para uma cantora muito famosa e não pra uma Senhora de uns 70 anos com um bolo carregado de erva!

Maurício e Severo sorriem. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. METRÔ RIO. INT. NOITE.

Elisa e Edileusa ali em meio a ‘lata de sardinha’.

EDILEUSA        —    Será que algum dia eu ganho na loteria e deixo essa vida sofrida de pobre?

ELISA                —    Como é que você quer ganhar se nem jogar você joga, Edileusa?!

EDILEUSA        —    Iiih. Tá sabendo muito da minha vida, hein!

ELISA                —    Você tem cara de quem não joga nessas coisas!

EDILEUSA        —    Aí é que você se engana, Elisinha querida! Toda semana eu não deixo de jogar. Vai que um dia eu dou o fora dessa vida.

ELISA                    Sonho de todo trabalhador brasileiro! Principalmente de ter que encarar um transporte super lotado como esse.

EDILEUSA        —    Verdade, menina. Eu quando venho já chego pra trabalhar cansada.

ELISA                —    Se ao menos tivesse lugar pra pessoa sentar e relaxar até chagar em casa, já ajudaria!

EDILEUSA        —    Realmente. Mas sentar é algo muito raro. São duas horas de vinda e duas ou três de volta, tudo em pé. (Dramática) Ai como eu sofro!

Fecha em Elisa, que sorrir. 

CORTA PARA:

CENA 19. RUA. INT. NOITE.

Táxi de Nandão. 

RODRIGO         —    Você mora há muito tempo no Canarinho?

NANDÃO           —    Deve ter uns dez anos.

RODRIGO         —    Bastante tempo.

NANDÃO           —    Pois é. Mas e você? Todo enternado (de terno) e parece conhecer o bairro do Canarinho.

RODRIGO         —    Eu? Bom, na verdade eu não conheço o bairro. Vi pela internet e estou indo conhecer. Aquela escultura enorme de um canarinho Dourado me chamou a atenção.

NANDÃO           —    A única coisa boa que o bairro do Canarinho tem a oferecer é a escultura.

RODRIGO         —    Mas me pareceu ser um bairro bem calmo.

NANDÃO           —    Isso não tem como negar. Rio de Janeiro pra onde você vai tem tiroteio, bala perdida! Mas lá no Canarinho até que é da paz.

Fecha em Rodrigo ansioso. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CANARINHO. PRAÇA. EXT. NOITE.

Táxi de Nandão se aproxima e para. Rodrigo salta.

RODRIGO         —    Valeu, cara. Pode ficar com o troco.

NANDÃO           —    Obrigado. Sempre que precisar estamos às ordens, chefe!

RODRIGO         —    Tá bom.

Táxi de Nandão se afasta. Rodrigo sorrir a olhar a praça.

RODRIGO         —    (P/si) Não mudou praticamente nada.

Ele vem caminhando e se senta a um dos bancos.

RODRIGO         —    (P/si) Que nostálgico! Impressionante como se passa um filme na minha cabeça. (Olha a escultura do canarino e se aproxima) Aqui onde eu passei os melhores dias da minha vida ao lado da Elisa. Em falar nisso… Será que ela ainda mora na mesma casa?

Ele segue caminhando em direção ao bar.

CORTA PARA:

CENA 21. BAR DO TIO JÔ. INT. NOITE.

CAM de dentro do bar mostra Rodrigo se aproximando, ele para e fica admirar a casa de Elisa. Instantes. Ele sorrir, olha para o bar e entra no mesmo, que está vazio. Ele se senta a uma mesa. 

RODRIGO         —    (Passa a mão na mesa, p/si) Tudo igualzinho.

Josias vem da cozinha com algumas coxinhas numa bandeja, as deixam no balcão e vem atender o cliente.

JOSIAS              —    Boa noite. Eu sou Josias e vou te atender hoje.

Fecha em Rodrigo surpreso a admirar o tio. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

FIM DO VIGÉSIMO SEGUNDO CAPÍTULO

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