NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

BELINHA

EDILEUSA

ELISA

GUSTAVINHO

JOSIAS

KLÉBER

LAURA

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

MOREIRA

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RICK

RODRIGO

SEVERO

SÉRGIO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

BANDIDO.

CENA 01. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Rodrigo, Viviane e Beatriz sentados.

BEATRIZ          —    Que bom que vocês chegaram e já estão até reconhecendo o Rio.

VIVIANE            —    Verdade, mamãe.

Elisa vem da cozinha com uma bandeja que contém: uma jarra de água e quatro copos.

RODRIGO         —    Pior que é reconhecendo mesmo, dona Beatriz. Algumas coisas mudaram, mas outras não mudaram nada. A beleza então continua a mesma

BEATRIZ          —    (P/Elisa) Pode deixar que a gente mesmo se serve, querida. Volte para a cozinha.

ELISA                —    Sim, senhora. Com licença.

RODRIGO         —    Depois de quinze anos na França é bom voltar as raízes. Onde eu nasci, onde tudo aconteceu nas primeiras fases da vida.

Elisa ao ouvir Rodrigo, para, reflete e vai para a cozinha.

BEATRIZ          —    Rodrigo, meu genro… Tava até falando com a Viviane. Agora só falta você dizer que aceita a proposta do Ramiro e ficar de vez.

RODRIGO         —    Eu sei, dona Beatriz. Mas ainda tô pensando no assunto.

BEATRIZ          —    Que pensando o quê, rapaz? Não tem o que pensar não!

Eles continuam a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.

Elisa ali de pé pensativa. Edileusa vem do quartinho de empregadas.

EDILEUSA        —    Tá fazendo o que aí parada, Elisa? Termina logo isso aí que não podemos sair tarde daqui!

ELISA                —    Tava aqui pensando…

EDILEUSA        —    Deixa pra pensar depois, que a viagem daqui até o bairro do Canarinho não é mole, não!

Elisa volta a limpar o chão.

ELISA                —    (Limpando o chão) Só a condução já deixa a gente morta de cansaço.

EDILEUSA        —    Nem fala, menina. Nandão vem pra esses lados quase todos os dias, mas eu prefiro nem pedir pra ele me trazer.

ELISA                    (Limpando o chão) Por quê?

EDILEUSA        —    Nandão tem andado meio estranho ultimamente… Quando peço alguma coisa até parece que é o fim do mundo.

ELISA                —    (Para e arremata) Mas homem é assim mesmo. Por isso eu me separei do Marcos!

EDILEUSA        —    Que isso, menina? Que babado é esse que você não em falou antes? Vai, derrama, conta mais.

Elisa continua a falar e a limpar o chão fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Amanda trabalhando, inquieta ela olha para a janela do escritório de Regina a todo instante. Ela vê Sérgio vindo puxando um porta-palete pesadíssimo e corre para o bebedouro disfarçando. Sérgio segue se aproximando dela.

AMANDA           —    Preciso falar com você!

SÉRGIO             —    Tá maluca Amanda? Se verem a gente se falando vai dá problema!

AMANDA           —    Se não fosse sério eu não me arriscaria, né, Sérgio?!

SÉRGIO             —    Vai fala.

AMANDA           —    Regina me chamou no escritório dela pra dizer que eu tenho caído na produção e tirou a Belinha de mim

SÉRGIO             —    Como assim tirou a Belinha de você?

AMANDA           —    Ela disse que a Belinha vai ficar com ela no escritório.

SÉRGIO             —    Fazendo o quê?

AMANDA           —    E eu que vou saber, homem?!

SÉRGIO             —    Eu vou lá falar com ela agora!

AMANDA           —    (Segura ele pelo braço) Não, Sérgio! Desafiar a Regina agora é o que a gente menos precisa.

SÉRGIO             —    Mas e se ela fizer algum mau pra Belinha?

AMANDA           —    Acho que ela não seria capaz! Até parece que ela simpatiza com a nossa filha.

Moreira se aproxima.

MOREIRA         —    Mas que significa isso aqui? Vamos trabalhar!

AMANDA           —    Desculpa, Moreira!

Amanda volta para seu posto de trabalho e Sérgio continua a puxar o porta-palete. Moreira a encarar Amanda. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Marcos sentado pensativo. Jô volta da cozinha com duas coxinhas.

JOSIAS              —    Uma coxinha é por conta da casa, Marcos. Mas ô, não acostuma não, hein!

MARCOS          —    Valeu, Jô.

JOSIAS              —    Que cara é essa? Te deixei aqui pra fritar as duas coxinhas e quando volto tu tá desse jeito?

MARCOS          —    É que eu vi o Severo saindo e fui falar com a Elisa.

JOSIAS              —    E aí?

MARCOS          —    Ela arrumou um emprego e já tá trabalhando.

JOSIAS              —    Que bom!

MARCOS          —    É, mas nem tanto.

JOSIAS              —    Quê?!

MARCOS          —    Agora mesmo que ela não vai querer mais nada comigo. Qual mulher vai querer um cara que nem trabalhar, trabalha?

JOSIAS              —    Então arrume um emprego, ué!

MARCOS          —    Tem razão, Jô! Não tinha pensando nisso. Talvez eu possa trabalhar aqui contigo no bar.

JOSIAS              —    (Sorrir) Só você mesmo pra me fazer rir, Marcos. Desde que Letícia morreu que esse bar vive vazio. Ainda tô com isso aqui aberto porque é melhor passar o dia aqui do que dentro de casa. E vez ou outra a gente se diverte com sujeitos como você.

MARCOS          —    Tá aí, Jô! Primeira coisa que a gente vai fazer é fazer esse bar ser o que um dia já foi!

JOSIAS              —    Como?

MARCOS          —    Se liga só nas ideias, Jô…

Marcos continua a falar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOTIECER.

Takes do pôr do sol na Pedra do Arpoador, Jockey Club, Lagoa Rodrigo de Freitas, Marina da Glória, orla do Leblon. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Gustavinho deitado no sofá e jogando no cel. Laura vem da cozinha com suco e biscoitos para o neto.

LAURA              —    Aqui o seu lanchinho, meu neto.

GUSTAVINHO —    Obrigado, vó. (come)

LAURA              —    De nada, meu filho. Se Elisa descobre que eu tô te dando o que comer a essa hora, ela me mata.

GUSTAVINHO —    Em falar na mamãe… Ela vai chegar que horas?

LAURA              —    Não sei, Gustavinho. Mas seu avô foi buscar ela.

GUSTAVINHO —    Vó, posso te fazer uma pergunta?

LAURA              —    Mas é claro que pode!

GUSTAVINHO —    A gente vai morar aqui pra sempre?

LAURA              —    Bom, meu neto… Isso é meio complicado deu te responder agora. Vamos dar tempo ao tempo. Mas ao que tudo indica vocês vão ficar aqui na casa da vovó por um bom tempo!

GUSTAVINHO —    (Comemora) Oba! Aqui tem biscoito do bom!

Fecha em Laura que sorrir no neto. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. NOITE.

Edileusa sentada já arrumada para ir para casa. Rick entra.

RICK                  —    Ainda por aqui, Edileusa? Pensei que tava quase em casa já.

EDILEUSA        —    Larga de ser exagerado que há essa hora não teria chegado nem na Central do Brasil ainda!

RICK                  —    Se for de ônibus demora mesmo. Trânsito essa hora é muito ruim.

EDILEUSA        —    E você, Rick, vai ficar por aqui hoje?

RICK                  —    Vou.

EDILEUSA        —    (Desconfiada) Você não é de ficar por aqui… Só pra ficar babando na Vivi Superiora, não é?

RICK                  —    Superiora ela é mesmo, principalmente de beleza.

Elisa vem do quartinho de empregada pronta para ir para casa.

ELISA                —    Tô pronta, Edileusa.

EDILEUSA        —    Finalmente, Elisa! Vamos logo porque se não chegamos às dez na noite em casa.

ELISA                —    Não vamos não. Meu pai tá aí na porta me esperando.

EDILEUSA        —    Ótimo! Uma carona é sempre bem vinda! Só de pensar que não vou ficar de pé três horas na condução já é motivo de alegria. Vambora, Elisa!

As duas saem, com Elisa arrematando.

ELISA                —    Tchau, Rick. Até amanhã!

RICK                  —    Tchau, Elisa! (P/si) Hum… Até que essa Elisa dá um caldo. Caldo do bom…

CORTA PARA:

CENA 08. MANSÃO VIEIRA. PORTÃO PRINCIPAL. EXT. NOITE.

Táxi de severo ali estacionado frente ao portão. Elisa e Edileusa saem da mansão. Carro de Ramiro se aproxima. CAM de fora do carro mostra Ramiro e Marcelo dentro do carro.

RAMIRO            —    Mas o que esse táxi tá fazendo em frente ao meu portão? Tão bloqueando a minha entrada!

Ele aperta na buzina sem parar   .

ELISA                —    Mas o que esse maluco tá fazendo?

EDILEUSA        —    Entra logo pra liberar a passagem que é o carro do seu Ramiro.

As duas entram no táxi.

SEVERO           —    Sujeitinho mais apressado.

Táxi de severo se afasta.

RAMIRO            —    Tinha que ser a serviçal e aquela outra que nunca vi pra fazer uma coisa dessas.

Marcelo repudiando o ato do pai. CAM abre o plano e o carro entra. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. NOITE.

Rick mexendo nas panelas

RICK                  —    Mas essa comida tá num cheiro maravilhoso. (Pega uma colher e rouba um pedaço do frango) Edileusa como sempre mandando ver na cozinha.

Rodrigo vem da sala.

RODRIGO         —    Edileusa?

Rick esconde o frango.

RICK                  —    Fala aí, seu Rodrigo.

RODRIGO         —    Como vai, Rick? A Edileusa e aquela outra já foram?

RICK                  —    Já sim. Acabaram de sair não tem nem dois minutos.

RODRIGO         —    Poxa. Queria tanto falar com aquela moça que esqueci o nome agora.

RICK                  —    Elisa.

RODRIGO         —    Isso. Elisa. Bom, agora fica para amanhã.

RICK                  —    É.

Rodrigo volta para a sala.

RICK                  —    (P/si) O que esse cara tanto quer com a Elisa?

Ele fica ali intrigado. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. NOITE.

Regina a digitar no notebook. Belinha sentada olhando para o nada.

BELINHA          —    Até quando vou ter que ficar aqui sentada olhando você escrever aí?

REGINA             —    Calma, Belinha. Daqui a pouco vou te levar pra um local bem legal.

BELINHA          —    Eu não quero sair daqui! Eu quero minha mãe e meu pai!

REGINA             —    E quem disse que você vai sair das dependências da fábrica? É aqui mesmo, mas poucos conhecem.

BELINHA          —    Você vai me matar?

REGINA             —    (Dá altas gargalhadas) Claro que não, garota. De onde você tirou isso?

BELINHA          —    Então que lugar é esse?

REGINA             —    Calma apressadinha. Assim que o Kléber chegar nós vamos com ele.

Fecha em Belinha com medo. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. NOITE.

Mulheres ali trabalhando a todo vapor. CAM mostra algumas suando muito, outras a passar mal com o calor.

AMANDA               (P/si, olhando pra janela) Ai, filha… Por que você não aparece na janela? Mamãe tá aqui tão preocupada.

Sérgio se aproxima.

SÉRGIO             —    Alguma notícia da nossa filha?

AMANDA           —    Nada ainda. Regina não saiu do escritório desde a hora em que deixei Belinha lá.

SÉRGIO             —    Eu juro pra você, Amanda… Se eles fizerem alguma maldade pra nossa filha, eu morro, mas viro o catiço e acabo com o Kléber ou a Regina!

AMANDA           —    Calma, homem! Do jeito que você tá falando até parece que a mais sentada sou eu!

Kléber entra na área de produção.

SÉRGIO             —    O Kléber!

AMANDA           —    Se esconde!

Sérgio se agacha rapidamente. Kléber fica a olhar, desconfiado. Amanda disfarça trabalhando. Instantes. Ele sobe a escada para o escritório.

SÉRGIO             —    Voltar antes que sintam falta de mim.

AMANDA               Vai lá!

Ele dá um selinho na amada e se afasta. Amanda permanece aflita.

CORTA PARA:

CENA 12. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. NOITE.

Kléber diante de Regina e Belinha.

KLÉBER           —    Você só pode tá de brincadeira, Regina!

REGINA             —    Não! Belinha agora vai ficar aqui comigo.

KLÉBER           —    O que tá acontecendo contigo, Regina? Cadê aquela durona que exige produção acima de tudo?

REGINA             —    Ela está aqui.

KLÉBER           —    Não está não! Eu não te reconheço mais.

REGINA             —    Kléber, não é justo pra uma menina de dez anos passar por isso todos os dias!

KLÉBER           —    Não interessa! Quando eu disse ter conhecido o Sérgio e a Amanda, avisei que eles tinham essa menina! Você que insistiu e quis os dois mesmo assim!

REGINA             —    Eu sei. Assumo total responsabilidade por isso.

KLÉBER           —    Bom mesmo você assumir a responsabilidade. Olha, não quero nem saber quando o Ramiro aparecer por aqui de novo e se deparar com essa garota dentro do seu escritório!

Kléber sai e bate a porta.

REGINA             —    Liga não, Belinha. Kléber é esquentadinho assim mesmo.

Fecha em Belinha assustada, com medo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.

Nandão e Maurício ali encostados no táxi.

MAURÍCIO        —    Como foi a corrida com a amante naquele dia?

NANDÃO           —    Que amante o que, rapaz?! Me respeita, hein! Ela é apenas uma amiga.

MAURÍCIO        —    Sei bem a espécie de amizade que vocês devem ter. acho que é a famosa amizade colorida, como os jovens estão falando hoje em dia.

NANDÃO           —    Tu não fala merda, cabra! Tu não fala merda pra não dá ruim pro teu lado!

MAURÍCIO        —    Tá me ameaçando agora?

NANDÃO           —    Fica inventando asneiras aí. Se isso chega nos ouvidos da Edileusa eu tô ferrado!

MAURÍCIO        —    Na boa, Nandão… Se tu não tá feliz com teu casamento, separa, cara!

NANDÃO           —    Quem dera se tudo fosse tão simples como você acha que é, Maurício!

MAURÍCIO        —    Sei que nada é fácil, meu amigo. Você não vê o dilema que o Severo tá enfrentando?

NANDÃO           —    Pois é. Mas Severão é forte e tá dando apoio a filha dele.

MAURÍCIO        —    Se ele souber do que eu vi hoje, ele vai pirar.

NANDÃO           —    O quê?

MAURÍCIO        —    Tinha acabado de encontrar com o Severo, ele disse que ia buscar no neto no colégio porque a Elisa está trabalhando.

NANDÃO           —    Ela conseguiu um emprego? Que bom!

MAURÍCIO        —    Pois é. Depois vim aqui pela praça tranquilão, quando vi o Marcos saindo da casa do Severo e entrando no bar do Jô.

NANDÃO           —    Espera aí. Se a Elisa estava trabalhando, Severo foi buscar no neto no colégio… A dona Laura tá dando trela pro canalha nas costas do Severão!

MAURÍCIO        —    Não tem como a gente saber, Nandão! Mas que ele estava na casa do Severo, ele estava!

Closes alternados nos dois intrigadíssimos. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. MANSÃO VIEIRA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Ramiro e Rodrigo a conversar.

RAMIRO            —    Desde que chegou que não conversamos.

RODRIGO         —    Pois é, Ramiro. Mas e aí, como estão as coisas com a empresa?

RAMIRO            —    Não poderia estar melhor! Estamos prestes a fechar com uma grande rede Argentina.

RODRIGO         —    Legal. Fabristilo alcançando ares internacionais.

RAMIRO            —    Esse sempre foi o foco, mas só agora estamos engatinhando no comércio internacional.

RODRIGO         —    Mas é assim mesmo. Internacionalização de uma empresa exige amadurecimento não só do empresário, que está a frente da organização, mas de toda a empresa como um tudo.

RAMIRO            —    Com certeza. E você, já decidiu sobre a minha proposta?

RODRIGO         —    Confesso que ainda não, Ramiro.

RAMIRO            —    Você já voltou ao Brasil e está aqui sem fazer nada. Pra que ficar pensando muito?

RODRIGO         —    Olha, tomar uma decisão quando se envolve um cargo que tem um peso desses de responsabilidade não é fácil!

RAMIRO            —    Eu sei. Mas se você não fosse qualificado a atura, eu não teria feito essa proposta. Também não posso forçar nada. Quando você tiver uma resposta, me fala.

Fecha em Rodrigo indeciso. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. NOITE.

Marcelo com seu violão tenta compor algo, mas não sai nada.

MARCELO        —    (Cantarola)   Por que eu tenho que te amar?

                                                           Você nem liga pra mim.

MARCELO        —    (P/si) Droga! Por que tem que ser tão difícil compor? No meu caso é pior ainda, fiquei anos sem compor e tô mais que enferrujado.

MARCELO        —    (Cantarola)   Enche-me com teu amor…

                                                           Pois sem ele eu não sou nada…

Ele para, faz uma anotação e continua a tentar montar versos fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. NOITE.

Táxi de Severo se aproxima. Elisa, Severo e Edileusa saltam.

EDILEUSA        —    Obrigado pela carona (imita Nandão) Severão.

SEVERO           —    (Sorrir) Não cai na besteira de imitar o louco do Nandão não, hein?!

EDILEUSA        —    (Sorrir) Olha, eu ainda vou ficar louca com o Nandão. Deixa eu ir lá, gente. Até amanhã, Elisa.

ELISA                —    Até.

Edileusa segue seu rumo. Severo e Elisa entram para a casa. CAM mostra Marcos de dentro do bar observando tudo.

CORTA PARA:

CENA 17. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.

Laura e Gustavinho sentados assistindo TV. Elisa e Severo chegam.

ELISA                —    Olha quem chegou!

GUSTAVINHO —    Mãe!

Gustavinho corre e dá um abraço na mãe.

ELISA                —    Nossa! Que abraço gostoso. Isso tudo era saudades da mamãe, é?

GUSTAVINHO —    Era sim.

LAURA              —    Como que foi lá seu primeiro dia, minha filha?

ELISA                —    Olha, mãe, foi uma loucura! Primeiro quando eu cheguei para entrevista, vocês deviam ter visto como as outras candidatas a vaga estavam vestidas…

Ela continua a falar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Beatriz e Viviane a conversar.

BEATRIZ          —    Sério, minha filha? Eu pensei que você ainda tinha o desejo de voltar às passarelas.

VIVIANE            —    Não mais. Quero sossego agora.

BEATRIZ          —    Eu te entendo. A vida dessas modelos não deve ser nada fácil.

VIVIANE            —    É ensaio fotográfico daqui, patrocinador enchendo o saco dali. Chega! Pra mim, isso não é mais vida! Quero paz!

Rodrigo desce a escada.

RODRIGO         —    Vou dar uma saidinha, meu amor.

VIVIANE            —    Vai aonde? Também quero ir.

RODRIGO         —    Vou dar uma caminhada pra espairecer.

VIVIANE            —    Deixa só eu colocar meu tênis de caminhada e/

RODRIGO         —    (Corta) Se você não se importa, Viviane, eu gostaria de fazer isso sozinho.

VIVIANE            —    Tudo bem.

Rodrigo sai.

BEATRIZ          —    Rodrigo tá estranho.

VIVIANE            —    Nem me fale, mãe! Desde que ele viu a serviçal novata que ele ficou assim.

BEATRIZ          —    Ah, para, Viviane! Tudo bem que a Elisa é linda, mas o Rodrigo não seria louco de trocar você, uma ex-modelo com tudo em cima, por uma pobre e ainda empregada.

VIVIANE            —    (Soberba) Até que a senhora tem razão. Eu sou maravilhosa. Enquanto a outra é apenas a empregadinha.

CORTA PARA:

CENA 19. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. NOITE.

Regina e Belinha entram.

BELINHA          —    Nossa! Mas que casa linda!

REGINA             —    Gostou?

BELINHA          —    Meu sonho seria morar com meus pais numa casa igual a essa.

REGINA             —    Mas você vai morar.

BELINHA          —    Como assim?

REGINA             —    Você vai viver comigo a partir de agora.

BELINHA          —    Mas e meus pais?

REGINA             —    Não precisa ficar desse jeito que eles ainda são seus pais, você vai continuar falando com eles. Só vai viver aqui.

BELINHA          —    Não quero! Kléber vai querer me bater!

REGINA             —    O Kléber não é nem doido de tentar fazer alguma coisa contra você, Belinha!  Eu vou te proteger, não precisa ter medo.

Regina abraça Belinha. Close em Regina, que se sente bem ao abraçar a menina. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. FÁBRICA FABRISTILO. REFEITÓRIO. INT. NOITE.

Todos jantando. Amanda e Sérgio aflitos.

SÉRGIO             —    Não tô mais aguentando isso! Eu quero saber o que fizeram com a minha filha!

AMANDA           —    A Regina desceu com a Belinha agorinha mesmo e parece que as duas saíram.

SÉRGIO             —    (Aflito) Será que essa mulher levou nossa filha pra fora da fábrica?

Moreira se aproxima.

MOREIRA         —    (P/Todos) Vocês tem mais cinco minutos! Apressem isso aí!

SÉRGIO             —    (Chama) Moreira? Vem aqui, por favor!

AMANDA           —    Ficou louco, Sérgio? O que você tá fazendo?

SÉRGIO             —    Buscando informações sobre minha filha!

MOREIRA         —    Que foi, Sérgio?

SÉRGIO             —    Moreira, tem como você me ajudar, não? Minha filha está com a Regina e eu não sei pra onde elas foram. Tem como você tentar descobrir? Não sei se você é pai Moreira, mas eu sou. Não consigo ficar calmo sem saber onde minha filha está!

MOREIRA         —    Calma aê, Sergão. Vou passar um rádio pro Kléber.

SÉRGIO                 Valeu mesmo cara!

MOREIRA         —    (Ao rádio) Fala aí, Kléber. Tá na escuta?

KLÉBER           —    (OFF) O que é que tu quer, Moreira?

MOREIRA             (Ao rádio) Distribuindo a janta aqui e não tô vendo a filha do Sérgio e da Amanda. Sabe onde a garota tá?

KLÉBER           —    (OFF) Regina agora cismou e trouxe a menina aqui pra casa.

MOREIRA         —    (Ao rádio) Valeu, Kléber.

Ele desliga o rádio.

AMANDA           —    Mas essa casa deles fica longe daqui, Moreira?

MOREIRA         —    É aqui dentro da fábrica mesmo. Podem ficar despreocupados.

Moreira se afasta.

SÉRGIO             —    Ficar despreocupados… Fala isso porque não é a filha dele nas mãos da Regina.

Sérgio e Amanda ficam ali aflitos. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 21. PRAIA DA BARRA. ORLA. EXT. NOITE.

Orla com pouco movimento. Rodrigo vem caminhando distraído. Ele se senta num banco e fica pensativo.

INSERT do áudio de Pierre na cena 24, do capítulo 05.

PIERRE             —    (OFF, Tom baixo) Aproveita que eu estou morrendo e feche as portas, filho. Acredite, há muito mais coisas em jogo do que você imagina. O melhor que você faz é fechar.

Fim do insert.

RODRIGO         —    (P/si) Ainda não desisti, meu pai. Sei que não era só o que a justiça francesa alegou na acusação. Deve ter mais coisas no oculto.

Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.

CAM subjetiva se aproximando com uma faca. Rodrigo não percebe.

BANDIDO         —    (Com a faca em mãos) Passa o celular! Passa o celular!

RODRIGO         —    (Assustado) Tudo bem, cara.

Rodrigo passa o celular.

BANDIDO         —    O que mais tem de valor aí?

RODRIGO         —    Só tenho o celular aqui comigo!

Bandido num golpe rápido acerta a barriga de Rodrigo, que imediatamente cai no chão com a mão no sangramento. Bandido mexe no bolso da calça de Rodrigo e pega sua carteira e sai correndo. CAM dá close em Rodrigo sentindo dor ali pelo chão, ferimento sangrando. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

 FIM DO DÉCIMO QUARTO CAPÍTULO

 

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