NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
AMANDA
BEATRIZ
BELINHA
EDILEUSA
ELISA
GUSTAVINHO
JOSIAS
KLÉBER
LAURA
MARCELO
MARCOS
MAURÍCIO
MOREIRA
NANDÃO
RAMIRO
REGINA
RICK
RODRIGO
SEVERO
SÉRGIO
VIVIANE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
BANDIDO.
CENA 01. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Rodrigo, Viviane e Beatriz sentados.
BEATRIZ — Que bom que vocês chegaram e já estão até reconhecendo o Rio.
VIVIANE — Verdade, mamãe.
Elisa vem da cozinha com uma bandeja que contém: uma jarra de água e quatro copos.
RODRIGO — Pior que é reconhecendo mesmo, dona Beatriz. Algumas coisas mudaram, mas outras não mudaram nada. A beleza então continua a mesma
BEATRIZ — (P/Elisa) Pode deixar que a gente mesmo se serve, querida. Volte para a cozinha.
ELISA — Sim, senhora. Com licença.
RODRIGO — Depois de quinze anos na França é bom voltar as raízes. Onde eu nasci, onde tudo aconteceu nas primeiras fases da vida.
Elisa ao ouvir Rodrigo, para, reflete e vai para a cozinha.
BEATRIZ — Rodrigo, meu genro… Tava até falando com a Viviane. Agora só falta você dizer que aceita a proposta do Ramiro e ficar de vez.
RODRIGO — Eu sei, dona Beatriz. Mas ainda tô pensando no assunto.
BEATRIZ — Que pensando o quê, rapaz? Não tem o que pensar não!
Eles continuam a conversar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 02. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.
Elisa ali de pé pensativa. Edileusa vem do quartinho de empregadas.
EDILEUSA — Tá fazendo o que aí parada, Elisa? Termina logo isso aí que não podemos sair tarde daqui!
ELISA — Tava aqui pensando…
EDILEUSA — Deixa pra pensar depois, que a viagem daqui até o bairro do Canarinho não é mole, não!
Elisa volta a limpar o chão.
ELISA — (Limpando o chão) Só a condução já deixa a gente morta de cansaço.
EDILEUSA — Nem fala, menina. Nandão vem pra esses lados quase todos os dias, mas eu prefiro nem pedir pra ele me trazer.
ELISA — (Limpando o chão) Por quê?
EDILEUSA — Nandão tem andado meio estranho ultimamente… Quando peço alguma coisa até parece que é o fim do mundo.
ELISA — (Para e arremata) Mas homem é assim mesmo. Por isso eu me separei do Marcos!
EDILEUSA — Que isso, menina? Que babado é esse que você não em falou antes? Vai, derrama, conta mais.
Elisa continua a falar e a limpar o chão fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 03. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.
Amanda trabalhando, inquieta ela olha para a janela do escritório de Regina a todo instante. Ela vê Sérgio vindo puxando um porta-palete pesadíssimo e corre para o bebedouro disfarçando. Sérgio segue se aproximando dela.
AMANDA — Preciso falar com você!
SÉRGIO — Tá maluca Amanda? Se verem a gente se falando vai dá problema!
AMANDA — Se não fosse sério eu não me arriscaria, né, Sérgio?!
SÉRGIO — Vai fala.
AMANDA — Regina me chamou no escritório dela pra dizer que eu tenho caído na produção e tirou a Belinha de mim
SÉRGIO — Como assim tirou a Belinha de você?
AMANDA — Ela disse que a Belinha vai ficar com ela no escritório.
SÉRGIO — Fazendo o quê?
AMANDA — E eu que vou saber, homem?!
SÉRGIO — Eu vou lá falar com ela agora!
AMANDA — (Segura ele pelo braço) Não, Sérgio! Desafiar a Regina agora é o que a gente menos precisa.
SÉRGIO — Mas e se ela fizer algum mau pra Belinha?
AMANDA — Acho que ela não seria capaz! Até parece que ela simpatiza com a nossa filha.
Moreira se aproxima.
MOREIRA — Mas que significa isso aqui? Vamos trabalhar!
AMANDA — Desculpa, Moreira!
Amanda volta para seu posto de trabalho e Sérgio continua a puxar o porta-palete. Moreira a encarar Amanda. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Marcos sentado pensativo. Jô volta da cozinha com duas coxinhas.
JOSIAS — Uma coxinha é por conta da casa, Marcos. Mas ô, não acostuma não, hein!
MARCOS — Valeu, Jô.
JOSIAS — Que cara é essa? Te deixei aqui pra fritar as duas coxinhas e quando volto tu tá desse jeito?
MARCOS — É que eu vi o Severo saindo e fui falar com a Elisa.
JOSIAS — E aí?
MARCOS — Ela arrumou um emprego e já tá trabalhando.
JOSIAS — Que bom!
MARCOS — É, mas nem tanto.
JOSIAS — Quê?!
MARCOS — Agora mesmo que ela não vai querer mais nada comigo. Qual mulher vai querer um cara que nem trabalhar, trabalha?
JOSIAS — Então arrume um emprego, ué!
MARCOS — Tem razão, Jô! Não tinha pensando nisso. Talvez eu possa trabalhar aqui contigo no bar.
JOSIAS — (Sorrir) Só você mesmo pra me fazer rir, Marcos. Desde que Letícia morreu que esse bar vive vazio. Ainda tô com isso aqui aberto porque é melhor passar o dia aqui do que dentro de casa. E vez ou outra a gente se diverte com sujeitos como você.
MARCOS — Tá aí, Jô! Primeira coisa que a gente vai fazer é fazer esse bar ser o que um dia já foi!
JOSIAS — Como?
MARCOS — Se liga só nas ideias, Jô…
Marcos continua a falar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 05. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOTIECER.
Takes do pôr do sol na Pedra do Arpoador, Jockey Club, Lagoa Rodrigo de Freitas, Marina da Glória, orla do Leblon. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Gustavinho deitado no sofá e jogando no cel. Laura vem da cozinha com suco e biscoitos para o neto.
LAURA — Aqui o seu lanchinho, meu neto.
GUSTAVINHO — Obrigado, vó. (come)
LAURA — De nada, meu filho. Se Elisa descobre que eu tô te dando o que comer a essa hora, ela me mata.
GUSTAVINHO — Em falar na mamãe… Ela vai chegar que horas?
LAURA — Não sei, Gustavinho. Mas seu avô foi buscar ela.
GUSTAVINHO — Vó, posso te fazer uma pergunta?
LAURA — Mas é claro que pode!
GUSTAVINHO — A gente vai morar aqui pra sempre?
LAURA — Bom, meu neto… Isso é meio complicado deu te responder agora. Vamos dar tempo ao tempo. Mas ao que tudo indica vocês vão ficar aqui na casa da vovó por um bom tempo!
GUSTAVINHO — (Comemora) Oba! Aqui tem biscoito do bom!
Fecha em Laura que sorrir no neto. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 07. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. NOITE.
Edileusa sentada já arrumada para ir para casa. Rick entra.
RICK — Ainda por aqui, Edileusa? Pensei que tava quase em casa já.
EDILEUSA — Larga de ser exagerado que há essa hora não teria chegado nem na Central do Brasil ainda!
RICK — Se for de ônibus demora mesmo. Trânsito essa hora é muito ruim.
EDILEUSA — E você, Rick, vai ficar por aqui hoje?
RICK — Vou.
EDILEUSA — (Desconfiada) Você não é de ficar por aqui… Só pra ficar babando na Vivi Superiora, não é?
RICK — Superiora ela é mesmo, principalmente de beleza.
Elisa vem do quartinho de empregada pronta para ir para casa.
ELISA — Tô pronta, Edileusa.
EDILEUSA — Finalmente, Elisa! Vamos logo porque se não chegamos às dez na noite em casa.
ELISA — Não vamos não. Meu pai tá aí na porta me esperando.
EDILEUSA — Ótimo! Uma carona é sempre bem vinda! Só de pensar que não vou ficar de pé três horas na condução já é motivo de alegria. Vambora, Elisa!
As duas saem, com Elisa arrematando.
ELISA — Tchau, Rick. Até amanhã!
RICK — Tchau, Elisa! (P/si) Hum… Até que essa Elisa dá um caldo. Caldo do bom…
CORTA PARA:
CENA 08. MANSÃO VIEIRA. PORTÃO PRINCIPAL. EXT. NOITE.
Táxi de severo ali estacionado frente ao portão. Elisa e Edileusa saem da mansão. Carro de Ramiro se aproxima. CAM de fora do carro mostra Ramiro e Marcelo dentro do carro.
RAMIRO — Mas o que esse táxi tá fazendo em frente ao meu portão? Tão bloqueando a minha entrada!
Ele aperta na buzina sem parar .
ELISA — Mas o que esse maluco tá fazendo?
EDILEUSA — Entra logo pra liberar a passagem que é o carro do seu Ramiro.
As duas entram no táxi.
SEVERO — Sujeitinho mais apressado.
Táxi de severo se afasta.
RAMIRO — Tinha que ser a serviçal e aquela outra que nunca vi pra fazer uma coisa dessas.
Marcelo repudiando o ato do pai. CAM abre o plano e o carro entra. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. NOITE.
Rick mexendo nas panelas
RICK — Mas essa comida tá num cheiro maravilhoso. (Pega uma colher e rouba um pedaço do frango) Edileusa como sempre mandando ver na cozinha.
Rodrigo vem da sala.
RODRIGO — Edileusa?
Rick esconde o frango.
RICK — Fala aí, seu Rodrigo.
RODRIGO — Como vai, Rick? A Edileusa e aquela outra já foram?
RICK — Já sim. Acabaram de sair não tem nem dois minutos.
RODRIGO — Poxa. Queria tanto falar com aquela moça que esqueci o nome agora.
RICK — Elisa.
RODRIGO — Isso. Elisa. Bom, agora fica para amanhã.
RICK — É.
Rodrigo volta para a sala.
RICK — (P/si) O que esse cara tanto quer com a Elisa?
Ele fica ali intrigado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. NOITE.
Regina a digitar no notebook. Belinha sentada olhando para o nada.
BELINHA — Até quando vou ter que ficar aqui sentada olhando você escrever aí?
REGINA — Calma, Belinha. Daqui a pouco vou te levar pra um local bem legal.
BELINHA — Eu não quero sair daqui! Eu quero minha mãe e meu pai!
REGINA — E quem disse que você vai sair das dependências da fábrica? É aqui mesmo, mas poucos conhecem.
BELINHA — Você vai me matar?
REGINA — (Dá altas gargalhadas) Claro que não, garota. De onde você tirou isso?
BELINHA — Então que lugar é esse?
REGINA — Calma apressadinha. Assim que o Kléber chegar nós vamos com ele.
Fecha em Belinha com medo. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 11. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. NOITE.
Mulheres ali trabalhando a todo vapor. CAM mostra algumas suando muito, outras a passar mal com o calor.
AMANDA — (P/si, olhando pra janela) Ai, filha… Por que você não aparece na janela? Mamãe tá aqui tão preocupada.
Sérgio se aproxima.
SÉRGIO — Alguma notícia da nossa filha?
AMANDA — Nada ainda. Regina não saiu do escritório desde a hora em que deixei Belinha lá.
SÉRGIO — Eu juro pra você, Amanda… Se eles fizerem alguma maldade pra nossa filha, eu morro, mas viro o catiço e acabo com o Kléber ou a Regina!
AMANDA — Calma, homem! Do jeito que você tá falando até parece que a mais sentada sou eu!
Kléber entra na área de produção.
SÉRGIO — O Kléber!
AMANDA — Se esconde!
Sérgio se agacha rapidamente. Kléber fica a olhar, desconfiado. Amanda disfarça trabalhando. Instantes. Ele sobe a escada para o escritório.
SÉRGIO — Voltar antes que sintam falta de mim.
AMANDA — Vai lá!
Ele dá um selinho na amada e se afasta. Amanda permanece aflita.
CORTA PARA:
CENA 12. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. NOITE.
Kléber diante de Regina e Belinha.
KLÉBER — Você só pode tá de brincadeira, Regina!
REGINA — Não! Belinha agora vai ficar aqui comigo.
KLÉBER — O que tá acontecendo contigo, Regina? Cadê aquela durona que exige produção acima de tudo?
REGINA — Ela está aqui.
KLÉBER — Não está não! Eu não te reconheço mais.
REGINA — Kléber, não é justo pra uma menina de dez anos passar por isso todos os dias!
KLÉBER — Não interessa! Quando eu disse ter conhecido o Sérgio e a Amanda, avisei que eles tinham essa menina! Você que insistiu e quis os dois mesmo assim!
REGINA — Eu sei. Assumo total responsabilidade por isso.
KLÉBER — Bom mesmo você assumir a responsabilidade. Olha, não quero nem saber quando o Ramiro aparecer por aqui de novo e se deparar com essa garota dentro do seu escritório!
Kléber sai e bate a porta.
REGINA — Liga não, Belinha. Kléber é esquentadinho assim mesmo.
Fecha em Belinha assustada, com medo. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.
Nandão e Maurício ali encostados no táxi.
MAURÍCIO — Como foi a corrida com a amante naquele dia?
NANDÃO — Que amante o que, rapaz?! Me respeita, hein! Ela é apenas uma amiga.
MAURÍCIO — Sei bem a espécie de amizade que vocês devem ter. acho que é a famosa amizade colorida, como os jovens estão falando hoje em dia.
NANDÃO — Tu não fala merda, cabra! Tu não fala merda pra não dá ruim pro teu lado!
MAURÍCIO — Tá me ameaçando agora?
NANDÃO — Fica inventando asneiras aí. Se isso chega nos ouvidos da Edileusa eu tô ferrado!
MAURÍCIO — Na boa, Nandão… Se tu não tá feliz com teu casamento, separa, cara!
NANDÃO — Quem dera se tudo fosse tão simples como você acha que é, Maurício!
MAURÍCIO — Sei que nada é fácil, meu amigo. Você não vê o dilema que o Severo tá enfrentando?
NANDÃO — Pois é. Mas Severão é forte e tá dando apoio a filha dele.
MAURÍCIO — Se ele souber do que eu vi hoje, ele vai pirar.
NANDÃO — O quê?
MAURÍCIO — Tinha acabado de encontrar com o Severo, ele disse que ia buscar no neto no colégio porque a Elisa está trabalhando.
NANDÃO — Ela conseguiu um emprego? Que bom!
MAURÍCIO — Pois é. Depois vim aqui pela praça tranquilão, quando vi o Marcos saindo da casa do Severo e entrando no bar do Jô.
NANDÃO — Espera aí. Se a Elisa estava trabalhando, Severo foi buscar no neto no colégio… A dona Laura tá dando trela pro canalha nas costas do Severão!
MAURÍCIO — Não tem como a gente saber, Nandão! Mas que ele estava na casa do Severo, ele estava!
Closes alternados nos dois intrigadíssimos. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. MANSÃO VIEIRA. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.
Ramiro e Rodrigo a conversar.
RAMIRO — Desde que chegou que não conversamos.
RODRIGO — Pois é, Ramiro. Mas e aí, como estão as coisas com a empresa?
RAMIRO — Não poderia estar melhor! Estamos prestes a fechar com uma grande rede Argentina.
RODRIGO — Legal. Fabristilo alcançando ares internacionais.
RAMIRO — Esse sempre foi o foco, mas só agora estamos engatinhando no comércio internacional.
RODRIGO — Mas é assim mesmo. Internacionalização de uma empresa exige amadurecimento não só do empresário, que está a frente da organização, mas de toda a empresa como um tudo.
RAMIRO — Com certeza. E você, já decidiu sobre a minha proposta?
RODRIGO — Confesso que ainda não, Ramiro.
RAMIRO — Você já voltou ao Brasil e está aqui sem fazer nada. Pra que ficar pensando muito?
RODRIGO — Olha, tomar uma decisão quando se envolve um cargo que tem um peso desses de responsabilidade não é fácil!
RAMIRO — Eu sei. Mas se você não fosse qualificado a atura, eu não teria feito essa proposta. Também não posso forçar nada. Quando você tiver uma resposta, me fala.
Fecha em Rodrigo indeciso. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. NOITE.
Marcelo com seu violão tenta compor algo, mas não sai nada.
MARCELO — (Cantarola) Por que eu tenho que te amar?
Você nem liga pra mim.
MARCELO — (P/si) Droga! Por que tem que ser tão difícil compor? No meu caso é pior ainda, fiquei anos sem compor e tô mais que enferrujado.
MARCELO — (Cantarola) Enche-me com teu amor…
Pois sem ele eu não sou nada…
Ele para, faz uma anotação e continua a tentar montar versos fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. NOITE.
Táxi de Severo se aproxima. Elisa, Severo e Edileusa saltam.
EDILEUSA — Obrigado pela carona (imita Nandão) Severão.
SEVERO — (Sorrir) Não cai na besteira de imitar o louco do Nandão não, hein?!
EDILEUSA — (Sorrir) Olha, eu ainda vou ficar louca com o Nandão. Deixa eu ir lá, gente. Até amanhã, Elisa.
ELISA — Até.
Edileusa segue seu rumo. Severo e Elisa entram para a casa. CAM mostra Marcos de dentro do bar observando tudo.
CORTA PARA:
CENA 17. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Laura e Gustavinho sentados assistindo TV. Elisa e Severo chegam.
ELISA — Olha quem chegou!
GUSTAVINHO — Mãe!
Gustavinho corre e dá um abraço na mãe.
ELISA — Nossa! Que abraço gostoso. Isso tudo era saudades da mamãe, é?
GUSTAVINHO — Era sim.
LAURA — Como que foi lá seu primeiro dia, minha filha?
ELISA — Olha, mãe, foi uma loucura! Primeiro quando eu cheguei para entrevista, vocês deviam ter visto como as outras candidatas a vaga estavam vestidas…
Ela continua a falar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Beatriz e Viviane a conversar.
BEATRIZ — Sério, minha filha? Eu pensei que você ainda tinha o desejo de voltar às passarelas.
VIVIANE — Não mais. Quero sossego agora.
BEATRIZ — Eu te entendo. A vida dessas modelos não deve ser nada fácil.
VIVIANE — É ensaio fotográfico daqui, patrocinador enchendo o saco dali. Chega! Pra mim, isso não é mais vida! Quero paz!
Rodrigo desce a escada.
RODRIGO — Vou dar uma saidinha, meu amor.
VIVIANE — Vai aonde? Também quero ir.
RODRIGO — Vou dar uma caminhada pra espairecer.
VIVIANE — Deixa só eu colocar meu tênis de caminhada e/
RODRIGO — (Corta) Se você não se importa, Viviane, eu gostaria de fazer isso sozinho.
VIVIANE — Tudo bem.
Rodrigo sai.
BEATRIZ — Rodrigo tá estranho.
VIVIANE — Nem me fale, mãe! Desde que ele viu a serviçal novata que ele ficou assim.
BEATRIZ — Ah, para, Viviane! Tudo bem que a Elisa é linda, mas o Rodrigo não seria louco de trocar você, uma ex-modelo com tudo em cima, por uma pobre e ainda empregada.
VIVIANE — (Soberba) Até que a senhora tem razão. Eu sou maravilhosa. Enquanto a outra é apenas a empregadinha.
CORTA PARA:
CENA 19. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. NOITE.
Regina e Belinha entram.
BELINHA — Nossa! Mas que casa linda!
REGINA — Gostou?
BELINHA — Meu sonho seria morar com meus pais numa casa igual a essa.
REGINA — Mas você vai morar.
BELINHA — Como assim?
REGINA — Você vai viver comigo a partir de agora.
BELINHA — Mas e meus pais?
REGINA — Não precisa ficar desse jeito que eles ainda são seus pais, você vai continuar falando com eles. Só vai viver aqui.
BELINHA — Não quero! Kléber vai querer me bater!
REGINA — O Kléber não é nem doido de tentar fazer alguma coisa contra você, Belinha! Eu vou te proteger, não precisa ter medo.
Regina abraça Belinha. Close em Regina, que se sente bem ao abraçar a menina. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 20. FÁBRICA FABRISTILO. REFEITÓRIO. INT. NOITE.
Todos jantando. Amanda e Sérgio aflitos.
SÉRGIO — Não tô mais aguentando isso! Eu quero saber o que fizeram com a minha filha!
AMANDA — A Regina desceu com a Belinha agorinha mesmo e parece que as duas saíram.
SÉRGIO — (Aflito) Será que essa mulher levou nossa filha pra fora da fábrica?
Moreira se aproxima.
MOREIRA — (P/Todos) Vocês tem mais cinco minutos! Apressem isso aí!
SÉRGIO — (Chama) Moreira? Vem aqui, por favor!
AMANDA — Ficou louco, Sérgio? O que você tá fazendo?
SÉRGIO — Buscando informações sobre minha filha!
MOREIRA — Que foi, Sérgio?
SÉRGIO — Moreira, tem como você me ajudar, não? Minha filha está com a Regina e eu não sei pra onde elas foram. Tem como você tentar descobrir? Não sei se você é pai Moreira, mas eu sou. Não consigo ficar calmo sem saber onde minha filha está!
MOREIRA — Calma aê, Sergão. Vou passar um rádio pro Kléber.
SÉRGIO — Valeu mesmo cara!
MOREIRA — (Ao rádio) Fala aí, Kléber. Tá na escuta?
KLÉBER — (OFF) O que é que tu quer, Moreira?
MOREIRA — (Ao rádio) Distribuindo a janta aqui e não tô vendo a filha do Sérgio e da Amanda. Sabe onde a garota tá?
KLÉBER — (OFF) Regina agora cismou e trouxe a menina aqui pra casa.
MOREIRA — (Ao rádio) Valeu, Kléber.
Ele desliga o rádio.
AMANDA — Mas essa casa deles fica longe daqui, Moreira?
MOREIRA — É aqui dentro da fábrica mesmo. Podem ficar despreocupados.
Moreira se afasta.
SÉRGIO — Ficar despreocupados… Fala isso porque não é a filha dele nas mãos da Regina.
Sérgio e Amanda ficam ali aflitos. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 21. PRAIA DA BARRA. ORLA. EXT. NOITE.
Orla com pouco movimento. Rodrigo vem caminhando distraído. Ele se senta num banco e fica pensativo.
INSERT do áudio de Pierre na cena 24, do capítulo 05.
PIERRE — (OFF, Tom baixo) Aproveita que eu estou morrendo e feche as portas, filho. Acredite, há muito mais coisas em jogo do que você imagina. O melhor que você faz é fechar.
Fim do insert.
RODRIGO — (P/si) Ainda não desisti, meu pai. Sei que não era só o que a justiça francesa alegou na acusação. Deve ter mais coisas no oculto.
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.
CAM subjetiva se aproximando com uma faca. Rodrigo não percebe.
BANDIDO — (Com a faca em mãos) Passa o celular! Passa o celular!
RODRIGO — (Assustado) Tudo bem, cara.
Rodrigo passa o celular.
BANDIDO — O que mais tem de valor aí?
RODRIGO — Só tenho o celular aqui comigo!
Bandido num golpe rápido acerta a barriga de Rodrigo, que imediatamente cai no chão com a mão no sangramento. Bandido mexe no bolso da calça de Rodrigo e pega sua carteira e sai correndo. CAM dá close em Rodrigo sentindo dor ali pelo chão, ferimento sangrando. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO DÉCIMO QUARTO CAPÍTULO