NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellyngton Vianna

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

BEATRIZ

EDILEUSA

ELISA

GUSTAVINHO

JOSIAS

LAURA

MARCELO

MARCOS

RAMIRO

RICK

RODRIGO

SEVERO

VIVIANE

 

CENA 01. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Rodrigo e Viviane entram vestidos de preto, de óculos pretos. Rodrigo abalado.

VIVIANE            —    Meu amor… Eu sei que você está abalado com tudo isso, mas não foi culpa dos médicos. Eles fizeram tudo que estava ao alcance deles.

RODRIGO         —    Eu sei. Meu pai cumpriu bem a missão dele aqui na terra.

VIVIANE            —    Isso aí, meu amor. Agora bola pra frente.

RODRIGO         —    Estranho foi o que ele me disse momentos antes de falecer.

VIVIANE            —    (Curiosa) O que ele te disse?

RODRIGO         —    (Se senta no sofá) Disse que como ele estava morrendo, o melhor que eu tinha a fazer era fechar as portas da empresa.

VIVIANE            —    Tá vendo só, meu amor? Até seu pai antes de morrer mandou você fazer isso. Não entendo porque você fica hesitando.

RODRIGO         —    (Áspero) Porque tudo ainda não está claro pra mim!

VIVIANE            —    Tá bom, Rodrigo. Também não precisa falar desse jeito.

RODRIGO         —    Desculpe, meu amor. A verdade é que… Eu não estou sabendo lidar com tudo isso.

VIVIANE            —    Pensa no que eu te falei. Talvez deixar a França e voltar ao Brasil seja a melhor opção.

Viviane vai para o quarto. Rodrigo fica pensativo, quando arremata.

RODRIGO         —    (P/si, intrigado) Por que ele disse ter mais coisa em jogo do que eu pensava? No que ele estava envolvido?

CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.

Edileusa cozinhando. Marcelo sentado à mesa cortando cenoura. Beatriz vem da sala.

BEATRIZ          —    Edileusa, eu preciso que… (Vê o sobrinho cortando cenoura) Mas o que significa isso, Marcelo?

MARCELO        —    Estou cortando cenouras. Não ficou claro pra senhora?

BEATRIZ          —    Mas o que você pensa que está fazendo? Isso é serviço da Edileusa.

MARCELO        —    E por isso eu não posso ajudá-la?

BEATRIZ          —    (Autoritária) Óbvio que não! Ela é paga pra isso! Largue essas cenouras imediatamente!

MARCELO        —    (Larga as cenouras) Tudo bem, tia. Por que a senhora tem que fazer todo esse show?

BEATRIZ          —    Não entendo como você pode ser desse jeito! Deve ter puxado a Maristela. Ela que adorava ficar na cozinha de conversinha fiada com a criadagem!

MARCELO        —    Chaga. Pra mim não dá mais. Não suporto ouvir a senhora falando desse jeito dos empregados. A senhora querendo ou não, são eles que fazem isso tudo aqui funcionar!

Marcelo vai para a sala.

BEATRIZ          —    E ainda é malcriado. Esse garoto não tem jeito mesmo! (P/Edileusa) E você, vá falar com o motorista para preparar o carro!

EDILEUSA        —    Sim, senhora.

BEATRIZ          —    E vá antes que eu a demita por permitir o Marcelo nesta cozinha!

Edileusa sai rapidamente pela porta da cozinha. Beatriz sorrir debochadamente.

CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. DIA.

Marcelo entra, fecha a porta e se joga na cama. Olha para a cabeceira e pega o porta retrato da mãe.

MARCELO        —    (P/si) Se pra eles parecer com a senhora é vergonha, pra mim é orgulho! Tratar todos de igual pra igual! A única a ensinar verdadeiros valores nesta casa.

Marcelo fica ali a olhar para o porta retrato. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. CASA LAURA SEVERO. SALA. INT. DIA.

Laura deitada no sofá a assistir TV. Elisa entra com um tupperwere em mãos.

ELISA                —    Oi, mãe.

LAURA              —    Oi, filha. Pensei que tivesse ido trabalhar.

ELISA                —    Hoje é minha folga.

LAURA              —    Ah, sim. Conseguiu encontrar a minha caixinha de costura?

ELISA                —    Ainda não, mãe.

LAURA              —    Eu não entendo como você pode ser tão relaxada ao ponto de deixar sumir uma coisa que não é sua, Elisa!

ELISA                —    Desculpe, dona Laura! Eu deixei ela no meu quarto, depois disso eu não sei o que aconteceu pra ela ter sumido assim do nada. Mas não precisa se preocupar que eu deixei o Marcos procurando.

LAURA              —    Como se aquele lá se importasse com alguma coisa.

ELISA                —    A senhora também, mãe?

LAURA              —    Pois é, minha filha. Parando pra pensar, até que o que o Severo fala do Marcos tem fundamento.

ELISA                —    É, mas ele é o pai do meu filho.

LAURA              —    Infelizmente, né, Elisa! Dedo podre pra homem, você tem!

ELISA                —    (Sorrir) Que horror, mãe.

LAURA              —    (Vê a tupperwere nas mãos da filha) Essa vasilha é minha, não é?

ELISA                —    É sim. A senhora me deu com bolo pro Gustavinho, não lembra?

LAURA              —    Lembro sim. Inclusive ainda tem do bolo.

ELISA                —    Oba!

LAURA              —    Vem que eu vou passar um cafezinho fresquinho.

As duas vão para a cozinha.

CORTA PARA:

CENA 05. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO CASAL. INT. DIA.

Marcos a procurar da caixinha de costura debaixo da cama.

MARCOS          —    (P/si) Num é possível que essa maldita caixinha tenha sumido. Essa véia vai fazer um inferno daqui pra frente se isso some. Ôh véia pra fazer drama e tempestade em copo d’água. (Olha para cima do guarda roupas) Não… (Pausa) Se bem que conhecendo a Elisa, tudo é possível.

Marcos pega uma cadeira e sobe em cima da mesma. Vasculha o guarda roupas e acha a caixinha.

MARCOS          —    (P/si) Achei. Aqui está essa desgrama. Agora eu posso ficar em paz. (Tem ideia) Se bem que pregar uma peça na véia não seria nada mal. Já que ela quer tanto isso, é porque algum valor sentimental tem… Então ela não verá mais a caixinha dela.

Marcos sai do quarto.

CORTA PARA:

CENA 06. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.

Dois táxis estacionados ali. Nandão e Maurício atravessam a rua em direção aos táxis.

NANDÃO           —    Viu Serverão por aí hoje?

MAURÍCIO        —    Vi nada. Severo tá rodando bem pouco ultimamente.

NANDÃO           —    Mas agora ele não depende só disso aqui como a gente.

MAURÍCIO        —    Verdade. E olha, vou te mandar a real… Desde que esses malditos aplicativos surgiram que houve quedas brutais no número de passageiros.

NANDÃO           —    Tu já viu o valor dos aplicativos?

MAURÍCIO        —    Não. E nem quero ver! Comigo é boicote nesses negócios! Só veio pra ferrar trabalhador honesto.

NANDÃO           —    É muito mais barato. Sem contar que se pegar trânsito, o taxímetro continua rodando, no aplicativo não tem nada disso.

MAURÍCIO        —    (Indignado) Qual é a tua, hein, Fernando!? Tá defendendo a categoria responsável por tirar alimento da boca das nossas famílias?!

NANDÃO           —    Calma, cara! Só tô falando o que eu vi no aplicativo!

MAURÍCIO        —    (Áspero) Não fala mais a palavra aplicativo perto de mim hoje, que eu não sei do que sou capaz!

NANDÃO           —    (Recua) Na boa então…

CORTA PARA:

CENA 07. MANSÃO VIEIRA. FRENTE. EXT. DIA.

Rick, o motorista, ali com a porta traseira do carro aberta. Beatriz sai da mansão e caminha até o carro.

BEATRIZ          —    Já não era sem tempo deste carro ficar pronto.

RICK                  —    Desculpe, dona Beatriz. Como a senhora sempre me diz um dia antes se vai sair no dia seguinte, eu lavei o carro hoje.

BEATRIZ          —    Como eu não avisei que sairia hoje. Isso está perdoado.

Beatriz entra no carro. Rick fecha a porta, respira aliviado e entra no carro, que vai se afastando para o portão principal da mansão.

CORTA PARA:

CENA 08. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Bar vazio. Josias vem da cozinha, senta-se a uma das mesas e ali fica pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Insert da cena 09, do capítulo 02.

Letícia entregando o troco de uma cliente.

LETÍCIA            —    Muito obrigado, querida. Volte sempre.

A cliente sai e Josias entra no bar.

JOSIAS             —    Era mesmo o que imaginávamos!

LETÍCIA            —    Não pode ser. Isso não pode, tio!

JOSIAS             —    Tenta falar isso pro seu filho que inclusive ameaçou fugir para viver esse amor com a filha daquele Borges.

LETÍCIA            —    Fugir, mas como assim, tio? Eu preciso impedir que o Rodrigo cometa esse erro!

JOSIAS             —    Calma, Letícia. Calma que ele só ameaçou.

LETÍCIA            —    Mas vá saber o que se passa na cabeça desses adolescentes, tio. Vou dar uma passada em casa pra pegar minha bolsa, que eu preciso ir ao Ceasa fazer umas compras. O senhor cuida de tudo por aqui?

JOSIAS             —    Claro, minha sobrinha. Pode ir tranquila.

LETÍCIA            —    Obrigada, tio!

Ela dá um beijo no rosto do tio e sai. Josias sente algo no peito e arremata

JOSIAS             —    (P/si) Que angústia é essa?

Fim do insert.

CORTA PARA:

CENA 10. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Continuação da cena 08.

JOSIAS              —    (P/si) Como eu gostaria de ter impedido você, minha sobrinha de ter saído desse bar naquele dia… Mas quem poderia imaginar que isso iria acontecer? Superar jamais!

Josias fica ali pensativo com os olhos lacrimejados. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 11. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. DIA.

Elisa beliscando do bolo. Laura terminando de passar o café.

ELISA                —    Tô preocupada com a senhora ainda não ter conseguido fazer esse exame, mãe.

LAURA              —    Fazer o que, né, minha filha! Você morre, mas não faz o exame.

ELISA                —    Não seria o caso da senhora fazer esse exame em algum hospital particular.

LAURA              —    O problema é que é caro demais, filha. Não tenho esse dinheiro. Salário de um aposentado dá pra viver aos trancos e barrancos, minha filha.

ELISA                    Verdade, mãe. Se ao menos eu pudesse ajudar à senhora com isso.

LAURA              —    (Serve o cafezinho) Não se preocupe, filha. Daqui a pouco chega a minha vez de fazer esse exame.

ELISA                —    Hoje em dia com esse monte de doença ruim por aí a gente tem que ficar de olhos bem abertos.

LAURA              —    É mesmo.

Fecha em Elisa preocupada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. FLORESTA. TRILHAS. EXT. DIA.

Marcos vem caminhando com a caixinha em mãos. Instantes. Severo vem logo atrás dele.

SEVERO           —    (P/si) Pra onde esse desgraçado está indo com a caixinha da Laura?

Severo continua a seguir o genro. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 13. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Ramiro lendo um documento. Beatriz entra sem bater.

BEATRIZ          —    Olá, irmão.

RAMIRO            —    (Sério) Quantas vezes eu vou ter que dizer pra falar com a secretária antes de entrar?! E se eu tivesse numa reunião?

BEATRIZ          —    Por que eu pediria pra entrar em uma empresa que também me pertence?

RAMIRO            —    Mas esta sala não pertence a você!

BEATRIZ          —    Tá bom, Ramiro. Cortando logo essa conversa desnecessária, que eu vim aqui pra falar algo sério com você!

Fecha em Ramiro sério a olhar para a irmã. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 14. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Marcelo desce a escada com um violão. Edileusa vem da cozinha com um balde.

EDILEUSA        —    Não acredito que você vai voltar a tocar!

MARCELO        —    Vou sim, Edileusa. Meu pior erro foi ter dado ouvido ao meu pai e ter desistido de tocar. Cantar é minha vida! E não ficar preso numa faculdade por quatro anos para me tornar administrador da empresa da família.

EDILEUSA        —    Fico muito feliz por você, Marcelo. De verdade, do fundo do meu coração. Mas você sabe que vai ter que enfrentar a fúria do seu Ramiro.

MARCELO        —    Não tem problema. Com esse daí eu sei me virar. Não posso virar uma marionete nas mãos dele e fazer o que ele acha que é melhor pra mim.

Marcelo se senta no sofá e começa a ‘arranhar’ acordes no violão.

EDILEUSA        —    (Brinca) Parece que alguém está enferrujado!

MARCELO        —    (Sorrir) Verdade, Edi. Mas nada que um treino diário não resolva.

Edileusa sorrir e sobe as escadas com o balde. Marcelo fica ali ajustando as cordas do violão. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 13.

RAMIRO            —    Pois então diga o que a trouxe até aqui que não poderia esperar até a noite.

BEATRIZ          —    (Se senta) O pai do Rodrigo morreu!

RAMIRO            —    (Surpreso) Como é que é? O Pierre morreu?

BEATRIZ          —    (Desconfia) Sim. Não espera essa sua reação.

RAMIRO            —    (Disfarça) Conheci ele quando viajei junto de Maristela pra Paris. E confesso que até gostei do sujeito.

BEATRIZ          —    Pois é. O fato é que você gostando do sujeito ou não, ele morreu.

RAMIRO            —    E você saiu do conforto da mansão só pra me dizer isso?

BEATRIZ          —    Isso e lhe fazer um pedido.

RAMIRO            —    Já desconfiava. Vai, fala.

BEATRIZ          —    A Viviane me ligou dizendo que está cheia de Paris e quer voltar ao Brasil, porém o Rodrigo não quer. Mas todos nós sabemos que Pierre em seus últimos anos de vida sucateou tudo que construiu…

RAMIRO            —    Enfim, Beatriz! Sintetiza que eu não tenho tempo.

BEATRIZ          —    Liga pro Rodrigo e ofereça a ele um cargo aqui na empresa!

RAMIRO            —    Você ficou louca?! Eu não posso ligar pra qualquer um e oferecer um cargo na empresa!

BEATRIZ          —    Acontece que o Rodrigo não é qualquer um e eu quero a minha filha perto de mim! Portanto, dê um cargo a ele, ou seremos obrigados a convocar um conselho com todos os acionistas!

RAMIRO            —    Chantagista de merda! Você tem a maior parte das ações da empresa, mas quem trabalha pra isso ir pra frente sou eu!

BEATRIZ          —    (Debocha) Reclama com o nosso finado papai que gostava mais de mim do que de você!

Beatriz sai da sala.

RAMIRO            —    (P/si, indignado) Desgraçada acha que isso aqui tem que funcionar como ela quer!

CORTA PARA:

CENA 16. FLORESTA. RIACHO. EXT. DIA.

Marcos se aproxima do riacho com a caixinha e arremata.

MARCOS          —    (P/si, sorrir) Agora que essa véia não vê mais essa maldita caixinha de costura dela nunca mais!

Ele ergue a mão para jogar a caixinha na água, Severo segura o braço dele.

SEVERO           —    O que você pensa que tá fazendo?

Fecha em Marcos a encarar o sogro seriamente. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 17. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Rodrigo vem do quarto com um notebook. Viviane vem atrás dele.

VIVIANE            —    Você acha mesmo que num notebook pode ter as respostas que você procura pra essas teorias que você mesmo cria?

RODRIGO         —    Não são teorias, Viviane! Meu pai nunca falaria uma coisa daquelas pra mim se não tivesse algum sentido!

VIVIANE            —    Que saber? Cansei! Faça o que você achar melhor, Rodrigo!

Viviane vai para a cozinha. Rodrigo permanece mexendo no notebook. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. FLORESTA. RIACHO. EXT. DIA.

Continuação imediata da cena 16.

MARCOS          —    Eu só estava/

SEVERO           —    (Corta) Jogando a caixinha de costura da Laura na água! Me dá isso aqui! (Toma a caixinha dele)

MARCOS          —    Deixa eu explicar, seu Severo.

SEVERO           —    Cala a boca seu lixo! Eu nunca fui com os seus córneos. E agora está aqui está à resposta!

MARCOS          —    (Firme) Não me chame de lixo!

SEVERO           —    Não chamar por quê? Apenas estou sendo realista! Infelizmente é o pai do meu neto, mas não é por isso que sou obrigado a olhar pra tua cara e dizer que vou com teus córneos!

MARCOS          —    (Ignorante) Tá legal, véio! Leva essa droga pra sua véia chata e me deixa em paz!

Marcos segue caminhando. Severo coloca a mão no peito e faz careta de dor. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 19. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. ANOITECER.

Takes do anoitecer de toda a zona sul, com ênfase na orla de Ipanema. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.

Laura, Elisa e Gustavinho sentados assistindo TV. Severo chega da rua com a caixinha.

GUSTAVINHO —    (Feliz) Vô!!!

LAURA                  (Vê a caixinha) A minha caixinha. Aonde você encontrou isso, meu bem?

SEVERO           —    (Leva a mão até o peito) Não tô muito bem.

ELISA                —    (Ajuda o pai a se sentar) Vem, pai. Senta aqui.

LAURA              —    (Aflita) O que aconteceu, Severo?

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) Eu encontrei o canalha do Marcos jogando a sua caixinha no riacho.

LAURA              —    Como é que é?

ELISA                —    Como assim, pai? Por que o Marcos faria uma coisa dessas?

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) Porque ele odeia essa família!

ELISA                —    Não fale isso perto do Gustavinho, pai.

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) O menino tem que crescer sabendo o canalha de pai que tem!

LAURA              —    Eu não entendo. Elisa você não disse que ele tinha ficado em casa procurando?

ELISA                —    E tinha! Quando vim pra cá ele estava fazendo isso.

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) Então o canalha achou e queria se livrar da caixinha. A Sorte foi que voltei de uma corrida e vi ele se embrenhando no mato com uma coisa que parecia a caixinha de costura da Laura. Daí seguir o desgraçado e tomei dele.

LAURA              —    E por que você tá com a mão no peito desse jeito, Severo?

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) Tô sentindo dor! O desgraçado ainda me chamou de véio e disse que era pra trazer essa droga pra sua véia chata e me deixa em paz!

ELISA                —    O Marcos vai ter que me dar explicações e vai ser agora! Vem, Gustavinho!

Os dois saem apressados.

SEVERO           —    (Com a mão sobre o coração) Laura, vai atrás da Elisa. Ela não pode confrontar o canalha sozinha desse jeito. Traz ela de volta.

LAURA              —    Depois eu faço isso, Severo. Agora eu tenho que cuidar de você. Vou pegar o seu remédio.

Laura vai apressada para a cozinha e Severo permanece ali com a mão sobre o coração e com dores. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 21. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. NOITE.

Marcos tomando uma latinha de cerveja. Elisa e Gustavinho chegam.

ELISA                —    (Autoritária) Que história é essa de você quase ter jogado a caixinha de costura da minha mãe no riacho?!

MARCOS          —    Modere essa voz pra falar comigo, que você não está falando com um qualquer, não!

ELISA                —    Por que você fez isso, Marcos?

MARCOS          —    É a palavra do seu pai que sempre me odiou, contra a minha!

ELISA                —    Sim, meu pai nunca gostou de você. Mas apesar disso, ele nunca falou nada relacionado ao seu respeito. Eu confio na palavra dele!

Marcos arremata caminhando até Elisa e a mesma caminha de costas recuando, com medo.

MARCOS              Confia, é? Como você ousa confiar na palavra do seu pai e não na do seu marido? O homem que está sempre do seu lado!

ELISA                —    Vai pro seu quarto Gustavinho!

O menino corre para o quarto.

MARCOS          —    (Tirando a cinta)  Você ultimamente tem sido muito saidinha, Elisa. Sempre me desafiando.

ELISA                —    (Implora) Pelo amor de Deus, Marcos! De novo não!

CAM abre o plano com a imagem turva. Mesmo assim, conseguimos identificar a agressão acontecendo em segundo plano e fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 22. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO GUSTAVINHO. INT. NOITE.

Gustavinho na cama encolhido de cabeça baixa a ouvir as agressões.

ELISA                —    (OFF, desesperada) Pelo amor de Deus, Marcos! Para com isso!

Atenção Sonoplastia: ouve-se o ruído do cinto se chocando com o corpo de Elisa.

MARCOS          —    (OFF) Não duvida do próprio marido? Então toma!

Ouvimos mais uma vez o ruído. Gustavinho tremendo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 23. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. NOITE.

Elisa debruçada no chão. Marcos coloca a cinta de volta na calça, se agacha e arremata.

MARCOS          —    (Fala aos ouvidos da esposa) Vê se depois dessa você aprende! Não quero ter que fazer isso de novo.

Marcos sai para a rua. Elisa permanece ali no chão chorando. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

 FIM DO SEXTO CAPÍTULO

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