NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

CAMILA

DANIELA

EDILEUSA

ELISA

GABRIELA

GUILHERME

KLÉBER

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RICK

RODRIGO

SALINA

SEVERO

SÉRGIO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARÍLIA, MOREIRA, PACIENTE e SECRETÁRIA

CENA 01. ANGRA/ FRADE. CASA BEIRA PRAIA. SALA. INT. MANHÃ.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Clima de tensão! Marcos com a mão no rosto diante de Salina.

MARCOS — Mãe, me escuta/

SALINA — (Corta) Mas é de uma cara de pau de aparecer aqui! Você não tem vergonha na cara não, Marcos?

MARCOS — Por favor, mãe! Me escuta!

SALINA — Depois de toda confusão que você arrumou aqui no Frade, agora tem a cara de pau de voltar!

MARCOS — Mãe, eu estou aqui arrependido!

SALINA — Nunca! Te conheço muito bem, Marcos. Você nunca voltaria se não tivesse acontecido alguma coisa grave!

MARCOS — A senhora nunca acreditou em mim! Mesmo quando eu falei a verdade!

SALINA — Pronto! Agora a culpada de você ter mandado a sua avó pro hospital sou eu?!

MARCOS — Não é isso que eu tô falando! Eu quero conversar com a senhora, mas a senhora não para pra me ouvir!

SALINA — Seja lá o que você tiver pra falar, nada vai apagar a monstruosidade que você fez!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 02. ANGRA/ FRADE. CASA BEIRA PRAIA. COZINHA. INT. MANHÃ.

Marcos e Salina sentados.

SALINA — Anda, desembucha! Por que você voltou?

MARCOS — Me envolvi numa briga.

SALINA — Hum, mas que novidade!

MARCOS — Decidi sair de casa antes que a polícia viesse atrás de mim.

SALINA — O que você fez dessa vez?

MARCOS — Eu me desentendi com a Elisa, e dei um tapa nela. Um cara viu, a gente saiu na porrada

SALINA — Eu não vou admitir um homem que tem coragem de agredir uma mulher dentro da minha casa! Você está me ouvindo?!

MARCOS — E eu vou ficar aonde? Na rua?

SALINA — (Se levanta) Não interessa! Se você é capaz de bater na mãe do seu filho, minha casa não é pra você!

MARCOS — (Implora, ajoelha-se) Mãe, pelo amor de Deus. Eu não tenho mais a quem recorrer.

SALINA — Marcos, você só trouxe desgraça pra essa família desde que saiu no cacete com seu tio! Mandou ele pro hospital quase morto de tanto que bateu no coitado.

MARCOS — Eu tô arrependido.

SALINA — Será que está mesmo? E depois disso como se não bastasse, sua avó foi parar no hospital depois que soube de tudo! Em menos de uma semana ela tava morta! Provavelmente de desgosto por ter um neto como você.

MARCOS — A senhora sabe que eu sou o que sou porque sofri nessa família!

SALINA — (Dá um tapa na cara do filho, firme) Não seja canalha! Não tente arrumar justificativa no passado, para o que você fez! Não tente justificar que você agrediu sua esposa porque sofreu no passado! Assuma o covarde que você é e pare de inventar desculpas!

Fecha em Marcos sério a encarar a mãe. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO VIEIRA. JARDIM. EXT. MANHÃ.

Rodrigo caminha pelo jardim pensativo.

INSERT-FLASH da cena 02, do capítulo 24, do beijo de Rodrigo em Elisa.

RODRIGO — (P/si, sorrir) Ai, Elisa

Rick se aproxima.

RICK — Bom dia, seu Rodrigo.

RODRIGO — Bom dia, Rick.

RICK — Vi o senhor aqui caminhando, pensando na vida e pensei: vou lá trocar uma ideia com ele.

RODRIGO — Ah, sim. Sabe, Rick. As vezes uma pausa de tudo e de todos para refletir sobre a vida é necessária.

RICK — Sei. É o que alguns chamam de parecer.

RODRIGO — (Sorrir) Espairecer, você quis dizer.

RICK — Isso. Isso mesmo.

RODRIGO — Mas é bom mesmo. Tentar se manter leve diante de todos os problemas da vida, é uma obrigação nossa para não enlouquecer.

Ramiro e Marcelo saem da mansão prontos para ir a empresa.

RAMIRO — (Chama) Vamos, Rodrigo.

RODRIGO — (Faz sinal para Ramiro que já está indo) Preciso ir, Rick.

RICK — Valeu, seu Rodrigo.

Rodrigo se aproxima de Ramiro. Os três entram no carro que vai se afastando. CAM acompanha o carro até o mesmo sair pelo portão principal.

RICK — (P/si) Seu Rodrigo tá de um jeito diferente hoje Ao mesmo tempo ele parece feliz e aflito com alguma coisa.

Ele fica ali intrigado.

CORTA PARA:

CENA 04. ANGRA/ FRADE. CASA BEIRA PRAIA. SALA. INT. MANHÃ.

Continuação imediata da cena 02.

MARCOS — Tá legal! Talvez eu seja mesmo um covarde!

SALINA — Isso! Assume mesmo! Dizem que o primeiro passo é assumir o erro! Mas olha, tem que assumir e tentar consertar. Mas espera Não tem como você trazer a sua avó de volta. Ela morreu por sua causa!

MARCOS — Uma velha de mais de oitenta anos, com tudo ruim por dentro e eu que matei ela?! Ah, mãe! Faça-me o favor!

Salina ergue a mão para bater em Marcos, mas ele a segura.

SALINA — O que é que é? Depois de ter arruinado a nossa família você agora vai me agredir também? Olha que eu faço um escândalo que esse bairro do Frade nunca viu! Você vai ser linchado em questão de segundos!

Instantes de pura tensão. Marcos solta o braço da mãe e fica ali na janela respirando fundo.

MARCOS — (Chora) Desculpa. (Pausa) Eu não sei o que deu em mim.

SALINA — Você é desequilibrado, Marcos. Você é meu filho, mas eu nunca entendi como você é. Numa hora age de um jeito, e de outra, completamente diferente. (Pausa) Você Pode ficar nesta casa.

MARCOS — (Caminha para a saída) Não. Não quero ficar num lugar que sou odiado!

SALINA (Segura o filho pelo braço) Eu não te odeio, Marcos! Por mais que tenha causado coisas terríveis nesta família, você é meu filho! Que tipo de mãe odeia o próprio filho? Você fez coisas erradas, sim! Mas eu não quero ver você aqui pelo Frade nas ruas como um sem teto! Pode ficar.

Salina vai para a sala. Marcos chora profundamente. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 05. MANSÃO VIEIRA. SALA DE JANTAR. INT. MANHÃ.

Beatriz e Viviane sentadas a mesa a tomar café.

BEATRIZ — Minha filha, você tem que dar mais espaço pro Rodrigo.

VIVIANE — Espaço pra quê? Pra eu virar corna?! Nunca!

BEATRIZ — Não é isso. Só acho que do jeito que você age, acaba sufocando ele.

VIVIANE — Mas essa é a intenção! Homem tem que saber que a mulher tá ali na rédea curta com eles.

BEATRIZ — Você é quem sabe. Mas o fato é que isso está errado. Mas eu sou só a sogra do Rodrigo. Vocês que se resolvem.

VIVIANE — A senhora tem que me entender também, mãe. Meu instinto diz que o Rodrigo está me traindo!

CAM mostra Edileusa escondia, boquiaberta ao descobrir tal coisa.

CORTA PARA:

CENA 06. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. MANHÃ.

Elisa ali sentada a mexer no cel. CAM detalha a tela do cel., com uma mensagem de Rodrigo, que diz o seguinte: “A noite passada foi quase perfeita. Tô doido pra te ver de novo”. Ela sorrir. Edileusa vem da sala.

EDILEUSA — Elisa, você não vai acreditar no bafão que eu soube agora.

ELISA — O quê?

EDILEUSA — Vivi Superiora acha que o seu Rodrigo está traindo ela.

ELISA (Faz a desentendida) Jura? Nossa! Mas que coisa.

EDILEUSA — Pois é, menina. E do jeito que ela tava, parece que vai fazer de tudo pra descobrir quem é a piranha!

ELISA — Piranha?

EDILEUSA — É! Mulher que pega homem comprometido boa coisa não é.

Fecha em Elisa séria, pensativa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. DIA.

Regina sentada a mexer no notebook. Kléber vem da cozinha.

KLÉBER — Até quando isso, Regina?

REGINA — (Olhando p/ notebook) Do que você tá falando?

KLÉBER Até quando você vai ficar sem olhar na minha cara? Eu pensei que já estávamos bem.

REGINA — Estamos bem.

KLÉBER — Sério? Porque não é o que parece!

REGINA — Kléber, esses dias eu tenho muito trabalho. Desde que a Fabristilo se tornou a fornecedora dessa bendita empresa Argentina, que eu tô lutando pra colocar tudo em ordem. Tenho que evitar atrasos na produção pro Ramiro não aparecer aqui de novo, como na última vez.

KLÉBER — Realmente. Tudo que menos precisamos nesse momento é do Ramiro aqui gritando furioso.

REGINA — (Olhando p/ notebook) Pois é.

KLÉBER — (Discreto) Você tem visto os pais da Belinha?

REGINA — (Olhando p/ notebook) Não. Por quê?

KLÉBER — Nada não. É que parece que eles aceitam bem a Belinha aqui.

REGINA — (Olhando p/ notebook) É. Eu fiz eles entenderem que aqui a Belinha tá bem melhor do que com eles na produção.

KLÉBER — Verdade. Bom, agora eu preciso ir.

Kléber sai. Rê para e arremata.

REGINA — (P/si) Tá pensando que me engana Coitado!

CORTA PARA:

CENA 08. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Amanda e Camila a trabalhar. A primeira aflita.

CAMILA — Que cara é essa amiga?

AMANDA — O Sérgio!

CAMILA — Que foi dessa vez?

AMANDA — (Vê Sérgio se aproximando empurrando um carrinho) Depois eu te falo, amiga. (Se aproxima do marido)

SÉRGIO — Oi, Amanda.

AMANDA — A gente precisa conversar!

SÉRGIO — Sobre?

AMANDA (Áspera) Não seja cínico, Sérgio! Não seja cínico que você sabe muito bem!

SÉRGIO — O que é que tá acontecendo, Amanda? Por que você tá falando comigo desse jeito?

AMANDA — Você ontem disse algo sobre afetar o Kléber. E desde aquela hora que você tá correndo de mim! Agora chega, Sérgio! Você vai ter que me contar o que é!

SÉRGIO — Por enquanto é só isso que você pode saber!

AMANDA — Como assim, Sérgio? Por que você tá agindo desse jeito?

SÉRGIO — Amanda, me deixa, tá!? Eu sei muito bem o que tô fazendo!

Sérgio se afasta com o carrinho. Amanda fica ali aflitíssima. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. FÁBRICA FABRISTILO. RECEBIMENTO. INT. DIA.

Homens a descarregar a carga da carreta e Moreira supervisionando.

MOREIRA — Vamos lá rapaziada. Sem morcegagem que essa carga é pra ontem!

Sérgio se aproxima, ainda a empurrar o carrinho.

SÉRGIO — E aí, Moreira, como é que tá essa força?

MOREIRA — Qual é a tua, hein, Sérgio?!

SÉRGIO — Como assim, cara? Do que você tá falando?

MOREIRA — Você sempre foi o cara sensato, certinho. Mudar de uma hora pra outra me parece um pouco (Pensa) Improvável.

SÉRGIO — Poxa, Moreira. Desse jeito você até me ofende. Eu como pai tenho direito de defender a minha filha.

MOREIRA — (Duvida) Sei. Mas continue assim que você tá enganando bem o Kléber.

Moreira se aproxima dos homens para dar algumas coordenadas fora de áudio. Sérgio fica ali pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. MANSÃO VIEIRA. CORREDOR. INT. DIA.

Elisa feliz a limpar os quadros de parede.

ELISA — (Canta, feliz) Somos verso e poesia

Outono e ventania

Praia e carioca

Somos pão e padaria

Piano e melodia

Filme e pipoca…

Viviane sai do quarto.

VIVIANE — Mas que ceninha mais patética!

ELISA — Ah. Oi, dona Viviane. Desculpe.

VIVIANE — Não seja falsa! Sei muito bem que você me odeia.

ELISA — Que isso? Acho que começamos com o pé esquerdo.

VIVIANE — Que seja! Você está muito felizinha hoje.

ELISA — Sim. Hoje é um daqueles dias que acordei de bem com a vida.

VIVIANE — Hum. Só espero que toda essa felicidade dure. Eu tô de olho em você, (desdém) serviçal!

Viviane desce a escada, Elisa nem dá bola e volta a cantar.

ELISA — (Canta) Somos pão e padaria

CORTA PARA:

CENA 11. PRÉDIO FABRISTILO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ramiro, Marcelo e Rodrigo chegam.

MARCELO — (P/secretária) Bom dia.

RODRIGO — (P/secretária) Bom dia.

SECRETÁRIA — Bom dia. Seu Ramiro, seu Eugênio ligou querendo falar com o senhor e disse ser urgente.

RAMIRO — Depois eu ligo pra ele. Rodrigo, será que podemos conversar?

RODRIGO — Claro.

RAMIRO — Então venha até minha sala.

Os dois entram na sala de Ramiro.

MARCELO — Então é isso, né? Eu fiquei de escanteio.

SECRETÁRIA — Liga não, bobo. Seu Ramiro é mestre nisso.

MARCELO — É duro ter que concordar com você, mas essa é a verdade. Logo que não posso entrar na sala enquanto aqueles dois não saírem, me conta as novidades.

Marcelo e a Secretária ficam ali a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Rodrigo senta. Ramiro a pegar um cafezinho.

RAMIRO — Vai um cafezinho aí?

RODRIGO — Não, Ramiro. Obrigado.

RAMIRO (Senta-se) Então, Rodrigo, diante de toda aquela confusão de ontem, que eu suponho que tenha sido quando você chegou/

RODRIGO — (Corta) Nem me fale. Viviane colocou na cabeça agora que eu estou com outra mulher.

RAMIRO E não está?

RODRIGO — (Firme) Ah! Era só o que me faltava! Foi pra isso que você me chamou aqui?

RAMIRO — Só quero entender o que tá acontecendo. Eu ouvi o lado delas e agora quero ouvir o seu. Algum problema quanto a isto?

RODRIGO — Não. Desculpe. Eu posso ter exagerado.

RAMIRO — Você pode confiar em mim, cara. Se você tiver pegando uma gostosa, o que é que tem de errado?

RODRIGO — Você tá se ouvindo, Ramiro? Minha esposa é sua sobrinha. Com licença!

Rodrigo sai.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 13. PRÉDIO FABRISTILO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Marcelo e Secretária ali. Rodrigo entra em sua sala e bate à porta violentamente.

MARCELO — (Surpreso) Nossa! Mas o que é que foi isso?

SECRETÁRIA — Ainda não tinha visto o seu Rodrigo desse jeito. Ele é sempre tão simpático.

MARCELO — Pelo visto a conversa com seu Ramiro não foi nada agradável. Aliás, quando que uma conversa com meu pai é agradável?

SECRETÁRIA — (Brinca) Se isso existir, eu ainda não vi!

Os dois sorriem.

CORTA PARA:

CENA 14. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.

Severo, Maurício e Nandão ali sentados no meio-fio.

NANDÃO (Revoltado) Aquele desgraçado teve a cara de pau de bater na Elisa? Ah, se eu encontro esse cara! Não sei do que sou capaz!

MAURÍCIO — Esquece, Nandão. Esquece que ele já deu no pé.

SEVERO (Indignado) Covarde bate na minha filha e depois foge.

NANDÃO — A Elisa tem que dá parte dele, Severo! Esse cara tem que ir em cana!

SEVERO — Laura me disse que conversou com a Elisa sobre isso, mas ela não quer se expor.

MAURÍCIO — Mesmo assim ela deveria denunciar ele, Severo!

SEVERO — E eu não sei!? Mas vocês acham o quê! Filho nunca ouve os pais.

NANDÃO — Ou quando ouve já é tarde demais.

SEVERO — Exatamente!

MAURÍCIO — Fico aqui pensado: acho que ele não teria coragem de voltar aqui no bairro do Canarinho depois do que fez.

NANDÃO — Será mesmo, Maurício? Será mesmo? Esse cara tem o jeito de ser teimoso e insistente! Ele pode voltar e dizer que “está arrependido”.

SEVERO — Eu quero ver ele olho no olho de novo. Acabo com aquele desgraçado.

MAURÍCIO — Olha o coração, Severo. Você não tá mais na idade de se aventurar como boxeador!

SEVERO — Ah! Se eu sei onde ele tá, eu mandava matar!

Closes alternados rápidos em Maurício e Nandão espantados com Severo.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 15. ANGRA. PRAIA DO FRADE. EXT. DIA.

Marcos pensativo caminhando a beira a praia. As ondas vêm e vão molhando seus pés. Instantes.

MARCOS — (P/si) Fiz tudo errado! Na verdade, desde que me casei com a Elisa que tenho feito e agido supererrado com ela e com meu filho. (Pausa) Meu filho

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 16. COLÉGIO INFANTIL. FRENTE. EXT. DIA.

INSERT da cena 18, do capítulo 05.

Elisa e Marcos com Gustavinho.

MARCOS — Vai lá, filho. E lembre-se: se alguém te bater, dê o dobro de porrada!

ELISA — Que isso, Marcos?! Meu filho não é marginal, não!

MARCOS — Melhor bater do que virar saco de pancada!

ELISA — Nada disso, meu filho. Se alguém implicar com você, fale com a diretora!

GUSTAVINHO — Tá bom, mãe. (Dá um beijo no rosto da mãe e entra no colégio)

MARCOS — É só eu que percebo que você estraga o garoto?

ELISA — Ah, sou eu quem estraga o garoto? Você não percebe que é um tremendo de um péssimo exemplo pro Gustavinho?!

MARCOS — O que eu estou fazendo é ensinar o meu filho a ser homem!

ELISA — Tudo bem, Marcos. Aqui não é local adequado para termos esta conversa. Preciso ir trabalhar.

Elisa segue caminhando e Marcos vai atrás. Instantes.

Fim do insert.

CORTA PARA:

CENA 17. ANGRA. PRAIA DO FRADE. EXT. DIA.

Continuação da cena 15.

MARCOS — (P/si) Ah seu eu pudesse voltar no tempo e consertar todos esses erros. Mas como isso não é possível (muda afeição, determinado) Agora vou até o fim com isso! Elisa e aquele almofadinha não vão muito longe. Principalmente se eu puder impedir! Consertando: seu eu puder não, eu vou impedir!

CORTA PARA:

CENA 19. APART GABRIELA. QUARTO DANIELA. INT. DIA.

CAM subjetiva: acorda, boceja, espreguiça-se. Levanta-se da cama e vem caminhando até o espelho. Dani, de 10 anos, ao ver seu rosto com a pele seca e rachada, grita histérica, desesperada.

DANIELA — (Grita) Meu rosto!

Marília, a babá, entra e se assusta.

MARÍLIA — (Desesperada) O que aconteceu, Dani? (Espantada ao ver a pele de Dani) Misericórdia, Dani! O que aconteceu com seu rosto?

DANIELA — (Chora) Não sei, Marília. Eu acordei assim.

MARÍLIA — Vou ligar pra dona Gabriela!

Marília sai rapidamente e Daniela fica a se olhar no espelho. Ela chora. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CLÍNICA. CONSULTÓRIO. INT. DIA.

Gabriela ali com uma paciente. Gabriela com um exame em mãos.

GABRIELA — Bom, de acordo com o resultado deste exame, você tem melasma epidérmico.

PACIENTE (Assustada) Mas o que e isso? É grave? Eu vou morrer?

GABRIEL — (Sorrir) Calma. Fique calma que isso não é nada demais.

PACIENTE — Como que não é nada demais, doutora? Meu rosto está com essas manchas meio marronzadas terríveis. Mas por que eu tô com isso?

GABRIELA — Bom, o melasma é um aumento da atividade de melanócitos. Melanócitos são células que produzem a melanina na epiderme. Por isso, acaba acontecendo um crescimento no depósito deste pigmento nos queratinócticos. Uma das causas mais comuns é a exposição solar sem proteção, mas também pode ser pílula anticoncepcional, se você toma esse tipo de medicamento.

PACIENTE — Tá legal, doutora. E eu vou ter que operar?

GABRIELA — Não chega a tanto. Olha só, vamos iniciar um tratamento estético de microagulhamento aqui na clínica, e em casa você pode usar dermocosméticos tópicos com ativos clareadores. (Anota no receituário e entrega a paciente) Amanhã as nove iniciamos o tratamento.

PACIENTE — Tá ok, doutora. Obrigada.

GABRIELA — De nada, querida. Eu te levo até a porta.

Gabriela abre a porta, a paciente dá um beijinho no rosto dela e sai.

Atenção Sonoplastia: Cel. De Gabriela começa a tocar. Ela pega.

GABRIELA — (P/si) Ah. É a Marília. (Ao cel.) Oi, Marília. (Reage forte) Mas como assim? (Pausa) Tá, tá bom, tô indo praí agora.

Gabriela desliga, tira o jaleco e o joga sobre a mesa, pega sua bolsa e sai apressada.

CORTA PARA:

CENA 21. CLÍNICA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Guilherme ali a falar com a recepcionista.

GUILHERME — Esse exame tem que ser entregue ao doutor Mário. Só ele pode analisar. Você me entendeu?

A recepcionista meneia a cabeça que sim. Gabriela sai do elevador e vai em direção a saída, Guilherme corre até ela.

GUILHERME — Oi, Gaby. Por que você tá saindo a essa hora, aconteceu alguma coisa?

GABRIELA — Marília acabou de me ligar desesperada.

GUILHERME (Aflito) Mas tá tudo bem com a Dani, né?

GABRIELA — Pior que não, Guilherme.

GUILHERME — Mas o que aconteceu?

GABRIELA — Olha, Guilherme, não dá pra perder tempo explicando tudo pra você.

GUILHERME — Eu vou com você então.

Gabriela sai. Guilherme vai atrás tirando o jaleco.

CORTA PARA:

CENA 22. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.

Marília, a babá, aflita sentada. Gabriela e Guilherme chegam.

MARÍLIA — Graças a Deus que a senhora chegou, dona Gabriela.

GABRIELA — Cadê minha filha?

MARÍLIA — Tá no quarto.

Gabriela e Guilherme vão para o quarto.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 23. APART GABRIELA. QUARTO DANIELA. INT. DIA.

Dani deitada enrolada no edredom. Gabriela e Guilherme entram. Dani sempre a se manter sem sair debaixo do edredom.

GABRIELA — Filha? Filha, fala com a mamãe.

DANIELA — Não!

GABRIELA — Filha, sai debaixo desse edredom. Deixa a mamãe ver o que tá acontecendo.

DANIELA — O que tá acontecendo é que eu tô igual uma monstra, mãe.

GABRIELA — (Tenta puxar o edredom) Deixa a mamãe ver.

DANIELA — (Resiste) Não!

GUILHERME — Dani, sou eu, o Gui. Estamos aqui pra te ajudar, minha linda. Deixa a gente ver.

DANIELA — Vocês vão rir de mim!

GABRIELA — Para com isso filha. Aqui ninguém vai rir de você.

GUILHERME — Nós queremos te ajudar, Dani.

Daniela sai debaixo do edredom de costas para Gaby e Gui. Ela vira-se em, SLOW MOTION, com o rosto rachado e a pele seca. Gabriela e Guilherme ficam horrorizados. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO VIGÉSIMO QUINTO CAPÍTULO

 

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