NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

BEATRIZ

BELINHA

CAMILA

DANIELA

EDILEUSA

ELISA

GABRIELA

GUILHERME

JOSIAS

KLÉBER

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

MOREIRA

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

REINALDO

RODRIGO

SÉRGIO

SEVERO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MARÍLIA.

CENA 01. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 21 do capítulo anterior. Reinaldo diante de Marília.

REINALDO       —    Olá pra você também, Marília.

MARÍLIA            —    Olá, seu Reinaldo. Desculpe por isso, mas é que senhor me diz que está vindo, e só chega um mês depois?!

REINALDO       —    Não deu pra voltar antes por causa do trabalho.

MARÍLIA            —    Sorte que eu não comentei nada com a dona Gabriela.

REINALDO       —    Fez bem. E a Dani?

Nesse momento, Dani vem do quarto e abre um sorrisão ao ver o pai. Pele do rosto dela, com leves fissuras e rachadura.

DANIELA          —    (Surpresa) Pai?

REINALDO       —    Oi, filhota! Não vai dá um abraço no seu pai?

Dani corre até o pai e dá um abraço apertado nele.

DANIELA          —    Que bom que o senhor voltou!

REINALDO       —    Voltei, minha filha. E agora eu voltei pra ficar.

DANIELA          —    (Comemora) Eba!!!

MARÍLIA            —    Dona Gabriela não vai gostar nadinha disso… Quero nem ver quando ela chegar.

Marília vai para a cozinha.

DANIELA          —    Por que minha mãe não gostaria do senhor ter voltado, pai?

REINALDO       —    Isso é coisa da Marília. Não liga pro que ela fala, não. Mas agora, filha… O que aconteceu com o seu rosto?

DANIELA          —    Ai, pai… Eu não tenho mais vontade de sair na rua! Olha como o meu rosto tá horrível.

Reinaldo abraça a filha e fica aflito com a situação. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Rodrigo ainda a vasculhar a sala atrás de algo.

RODRIGO         —    (P/si) Aqui tem que ter alguma coisa.

Alguém bate na porta.

MARCELO        —    (OFF) Rodrigo? Você ainda tá aí?

RODRIGO         —    Fala, Marcelo!

MARCELO        —    (OFF) Já terminou? Precisamos ir para o desfile.

RODRIGO         —    Não vai dá! Eu preciso ficar sozinho!

MARCELO        —    (OFF) Tá com dificuldade em alguma coisa? Talvez eu possa ajudar.

RODRIGO         —    Não precisa. Está tudo sobre controle.

MARCELO        —    (OFF) Tem certeza? Abre essa porta.

RODRIGO         —    (Áspero) Qual parte do: “preciso ficar sozinho”, você não entendeu?

MARCELO        —    (OFF) Tudo bem, cara. Então vou te esperar aqui na recepção.

Rodrigo nervoso passa a mão na cabeça.

RODRIGO         —    (P/si) Não posso me arriscar desse jeito e não encontrar nada!

CORTA PARA:

CENA 03. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Jô ali limpando o chão. Marcos totalmente disfarçado, de óculos escuros, boné e jaqueta, entra.

JOSIAS              —    (Assustado) É assalto? Pode levar tudo que tem!

MARCOS          —    Não, Jô. Pera!

JOSIAS              —    (Medo) Hoje quase não teve movimento, mas pode levar o que você quiser!

MARCOS          —    (Tira os óculos) Sou eu Jô, Marcos!

JOSIAS              —    Você quase me mata do coração! Mais um pra me fazer ir pra UPA!

MARCOS          —    Fica calmo.

JOSIAS              —    Impressionante como todos querem me matar ultimamente!

MARCOS          —    Como assim? Que história é essa?

JOSIAS              —    Histórias de duas gerações, mas me diz você… Por que sumiu?

MARCOS          —    Fiz umas burradas aí, me arrependi e agora quero ver se consigo consertar o meu erro!

JOSIAS              —    Ah, sim. Mas que erro foi esse?

MARCOS          —    Sabe, Jô… Às vezes eu acho que a teoria do não falar sobre o que te fez ou faz mal, é verdadeira.

JOSIAS              —    Tá legal. Já sei que é alguma coisa cabeluda!

MARCOS          —    Nem tão cabeluda assim, vai! Mas quando eu resolver tudo, você com toda certeza vai ser o primeiro, a saber.

JOSIAS              —    Até porque eu sou o único que ainda ouve os seus dilemas de vai e vem com a Elisa.

MARCOS          —    (Sorrir) Pior que é mesmo.

Os dois seguem conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. DIA.

Belinha sentada no sofá com a foto da menina em mãos.

BELINHA          —    (P/si, intrigada) Por que a Regina tem essa foto? Quem será essa menina?

Ouvem-se passos de alguém chegando de fora da casa.

Belinha senta em cima da fotografia. Kléber entra.

KLÉBER           —    O que você tá fazendo aqui sozinha garota?

BELINHA          —    Nada.

KLÉBER           —    Não confio em você.

BELINHA          —    Eu não estava fazendo nada. Tava no quarto brincando e acabei de vir pra cá.

KLÉBER           —    (Desconfiado) Tá legal. Mas você sabe que não pode ficar aqui sozinha.

BELINHA          —    Já estou indo para o escritório.

KLÉBER           —    É, vá mesmo que eu vou receber uma ligação e não quero ninguém nessa casa. Não sei onde a Regina tá com a cabeça pra ter deixado você sozinha aqui.

Kléber vai para o quarto. Belinha olha para certificar-se de que ele não está a olhar, dobra a fotografia, coloca-a no bolso e sai.

CORTA PARA:

CENA 05. LOCAL DO DESFILE. PLATEIA. INT. DIA.

Plateia cheia da alta sociedade carioca. Ramiro ali sentado na primeira fila. Beatriz se aproxima e se senta ao lado do irmão.

BEATRIZ           —    Viviane tá tão nervosa.

RAMIRO            —    Nervosa por quê? Ela não é uma modelo internacional, como você mesma enche a boca pra falar?!

BEATRIZ           —    Sim. Mas tem um tempinho que ela está fora das passarelas.

RAMIRO            —    Então aguardemos o desastre que isso vai ser.

BEATRIZ           —    Por que você tem que ser do contra, hein, Ramiro?! Ela é sua sobrinha e esta é a empresa da nossa família.

RAMIRO            —    Poupe-me desse tipo de conversa, Beatriz. Nós estamos no evento da empresa, então mantenha a compostura.

BEATRIZ           —    Liga pro Rodrigo aí. Talvez seja por ele não ter chegado ainda, que a Viviane está tão nervosa.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 06. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Rodrigo fecha uma das gavetas da mesa e bufa. Caminha até a porta e a abre. Marcelo entra.

MARCELO        —    Conseguiu?

RODRIGO         —    Não.

MARCELO        —    Então fala o que é. Talvez eu possa te ajudar.

RODRIGO         —    (Fecha a porta) Na verdade, eu estava aqui procurando outra coisa.

MARCELO        —    Como assim?

RODRIGO         —    Acho que pra você eu posso falar. Afinal, você é o único diferente dessa família.

MARCELO        —    Do que você tá falando?

RODRIGO         —    Eu acho que tem alguma coisa de errado nessa empresa!

MARCELO        —    Mas como assim? Você viu alguma coisa de errado?

Cel. de Rodrigo começa a tocar.

RODRIGO         —    Eu preciso atender. (Ao cel.) Fala. (Pausa) Pode deixar, Ramiro. Já estamos chegando. Valeu. (ele desliga) Seu pai querendo saber porque ainda não chegamos ao desfile.

MARCELO        —    Mas quanto a sua desconfiança, Rodrigo, você não está sozinho nessa. Eu também acho que tem muita coisa errada nesse império da Família Vieira.

CORTA PARA:

CENA 07. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.

Severo, Nandão e Maurício ali encostados no táxi a conversar.

SEVERO           —    Vocês acreditam que a Laura veio com um papinho estranho de eu fazer amizade com o Jô?

NANDÃO           —    Sério, Severão?

SEVERO           —    É! A Laura só pode ter enlouquecido! O que o patriarca dos Garcia fez nunca será perdoado!

MAURÍCIO        —    Tá, Severo. A gente tá cansado de saber disso… Mas mesmo depois de tudo que aconteceu, você não quer, sei lá, deixar isso de lado?

SEVERO           —    Nunca! Meu pai, no leito de morte me fez prometer que jamais falaria com um Garcia, e que eu tinha que passar isso adiante para as outras gerações.

MAURÍCIO        —    Você acha que a Elisa vai perder tempo com isso?

SEVERO           —    A Elisa não. Ela é igual à Laura. Mas com o Gustavinho eu tenho conversado sobre isso.

NANDÃO           —    (Brinca) Ih, ah lá! Severão querendo colocar o moleque com ódio dos Garcia!

MAURÍCIO        —    A Elisa sabe disso, Severo?

SEVERO           —    Claro que não. Do jeito que a Elisa é pode até querer afastar meu neto de mim. Mas se eu morrer hoje, sei que Gustavinho vai está ciente de tudo que aconteceu nessa família!

MAURÍCIO        —    Agora se ele vai levar isso adiante, só Deus sabe!

CORTA PARA:

CENA 08. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.

Reinaldo e Dani sentados no sofá.

DANIELA          —    Por que o senhor não voltou antes?

REINALDO       —    Dani, minha filha. Eu fui pra Buenos Aires a trabalho. Quando você é empregado de uma empresa, tem que fazer a vontade da chefia.

DANIELA          —    Entendi.

REINALDO       —    E sua mãe? Ainda tem raiva de mim?

DANIELA          —    Não sei, pai. Mas ela evita de falar no senhor.

REINALDO       —    Certamente tem alguma mágoa de mim.

DANIELA          —    Mágoa? Mas por quê?

REINALDO       —    Filha, se ela não conversou com você sobre isso, eu não vou te contar agora.

DANIELA          —    Tá! E como era lá em Buenos Aires?

REINALDO       —    Ah, Buenos Aires, capital da Argentina… Que cidade… Eventos cultuais magníficos… Eu só me arrependi de uma coisa.

DANIELA          —    Do quê?

REINALDO       —    De ficar tão longe da minha filhota.

Dani abraça o pai.

CORTA PARA:

CENA 09. LOCAL DO DESFILE. PASSARELA. INT. DIA.

Ramiro e Beatriz sentados. As luzes e a música indicam o começo do desfile.

BEATRIZ           —    (Feliz) É agora! É agora que minha filha arrasa nessa passarela!

Viviane é a primeira a subir na passarela. Ela para, faz pose, a plateia aplaude. Ela segue até o fim da passarela e faz poses, olha para a plateia procurando Rodrigo e fica fora da pose. Fecha a cara e sai da passarela. Outra modelo entra.

RAMIRO            —    Não entendo muito dessas coisas, mas acho que isso não fazia parte.

BEATRIZ           —    Claro que não!

RAMIRO            —    Por que ela ficou olhando pra plateia que nem um urubu na carniça, ao invés de posar para as câmeras?

BEATRIZ           —    Credo, Ramiro! Com tanta analogia possível, você tem mesmo que usar os termos: “urubu e carniça”? Olhe o evento chiquérrimo e vê se tem cabimento uma coisa dessas?!

RAMIRO            —    O fato é que a sua maior aposta fracassou!

BEATRIZ           —    Ridículo você, sabia?

CAM mostra as modelos desfilando na passarela. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. CLÍNICA. CONSULTÓRIO. INT. DIA.

Gabriela ali sentada, anotando algo. Guilherme entra.

GUILHERME    —    Licença.

GABRIELA       —    Oi, Gui.

GUILHERME    —    Gabriela, eu ainda estou bem confuso com as suas descobertas.

GABRIELA       —    Como assim?

GUILHERME    —    É que eu não entendo como que pode ser possível o seu marido ter sido curado. E agora a Dani apresentar as mesmas condições.

GABRIELA       —    Olha, Guilherme, eu também estou muito confusa com tudo isso. Na verdade, eu nem sei como o Reinaldo está atualmente.

GUILHERME    —    Será que a doença voltou nele?

GABRIELA       —    Acho que não. Embora quase não conversamos mais, acho que ele me avisaria.

GUILHERME    —    Então vai ser isso. Pesquisas, estudos e mais estudos… Só assim conseguiremos entender o que pode ter acontecido.

GABRIELA       —    Eu falhei. Foi isso que aconteceu.

GUILHERME    —    Nós não temos certeza. Lembra da via th17, do sistema imunológico? Cada paciente responde de forma diferente ao mesmo tratamento.

Fecha em Gabriela tensa.

CORTA PARA:

CENA 11. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Marcos e Jô sentados.

JOSIAS              —    Então, Marcos… Você não quer contar o que fez, mas onde você estava?

MARCOS          —    Eu estava em Angra, na casa da minha mãe.

JOSIAS              —    (Debocha) Não acredito. Arrumou problemas aqui e correu pra debaixo da saia da mamãe?

MARCOS          —    Quem diria que eu lhe encontraria de outra forma. Parece que tá mais alegre. Tá até debochando de mim.

JOSIAS              —    É, Marcos… Este último mês pra mim, foi um mês bem agitado. Mas a gente tá falando de você, o que pretende com essa volta?

MARCOS          —    De novo essa pergunta, Jô? Não falei que eu voltei pra consertar o meu erro?

JOSIAS              —    Ah é. Eu esqueci.

MARCOS          —    Vou consertar o meu erro e entrar na justiça contra a Elisa. Quero meu filho!

JOSIAS              —    Mas como você é cabeça dura, hein, Marcos! De novo com essa história?

MARCOS          —    Ué, Jô! Gustavinho é meu filho!

JOSIAS              —    Bem fez foi a Elisa que largou um cabeça dura que nem você!

Jô se levanta e vai para a cozinha. Marcos permanece ali sério.

CORTA PARA:

CENA 12. LOCAL DO DESFILE. PASSARELA. INT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Música composta por Marcelo tocando.

Viviane e outras modelos vêm em mais um look diferente, flashes e mais flashes, Viviane tropeça e quase cai ao sair da passarela. Alguns da plateia sorriem.

RAMIRO            —    (Debocha) Mas isso aqui agora virou os trapalhões?

BEATRIZ           —    (Firme) Ridículo você, Ramiro! Por que você não dá um jeito naquele seu filho hippie, em vez de ficar arrumando pretexto pra desmoralizar a minha filha?!

Beatriz se levanta e vai para os bastidores.

RAMIRO            —    (P/si) Gente, mas o que foi isso? Tal mãe, tal filha. Duas desequilibradas resultam nisso daí! Pelo menos o meu filho “hippie”, não está tropeçando num dos eventos mais importantes da moda nacional…!

Ramiro fica ali sério.

CORTA PARA:

CENA 13. LOCAL DO DESFILE. BASTIDORES. INT. DIA.

Viviane furiosa. Beatriz tenta acalmar a filha com um copo d’água.

BEATRIZ           —    Toma essa água, filha.

VIVIANE            —    Não quero água nenhuma não! A senhora viu o mico?

BEATRIZ           —    Filha, aquilo não foi nada demais!

VIVIANE            —    Eu não quero virar meme, gente! Imagine a minha cara estampada no Facebook ou em qualquer outra rede social?!

BEATRIZ           —    Filha, se acalma.

VIVIANE            —    Eu já fui destaque em vários desfiles. Já saí até na Vogue. É o fim mesmo! Cadê o Rodrigo, que até agora não chegou?

BEATRIZ               Ramiro ligou e ele disse já está chegando.

VIVIANE            —    (Furiosa) Senhor!!! Esse mico eu carrego pro túmulo!

CORTA PARA:

CENA 14. FÁBRICA FABRISTILO. CORREDOR. INT. DIA.

Sérgio ali nervoso mexe as mãos a todo instante. Camila sai do banheiro e Sérgio a cerca.

SÉRGIO             —    Camila, eu preciso falar com você.

CAMILA             —    Dá licença, Sérgio. Não tenho nada pra falar com você.

SÉRGIO             —    Camila, eu peço que você me escute um minuto. Por favor?

CAMILA             —    O que você quer?

SÉRGIO             —    Eu… Queria pedir desculpas por aquele dia.

CAMILA             —    Eu me surpreendi. Ninguém nunca imagina que alguém que te salvou de uma tentativa de estupro, vá agir desse jeito depois.

SÉRGIO             —    Olha, Camila… Eu sei que você tem a imagem de um monstro da minha pessoa, mas acredite que eu não sou assim.

CAMILA             —    Sinceramente? Tá difícil de acreditar.

Camila segue se afastando, com Sérgio arrematando.

SÉRGIO             —    Estão acontecendo coisas maiores do que você pode imaginar, Camila!

Camila de costas para Sérgio para e vira-se.

CAMILA             —    E pela forma como você tem agido ultimamente, certamente está envolvido nessas coisas maiores.

SÉRGIO             —    Infelizmente sim. Não porque eu quero. A verdade é que estão me obrigando.

CAMILA             —    Entendi, Sérgio. Então pelo bem da sua e da minha vida… Acho que devemos agir como se essa conversa nunca tivesse existido.

SÉRGIO             —    Concordo.

Camila segue se afastando. Sérgio respira mais aliviado.

CORTA PARA:

CENA 15. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina sentada a assinar alguns papéis. Belinha sentada.

BELINHA          —    Eu fico naquele quarto às vezes pensando…

REGINA             —    Pensando no quê?

BELINHA          —    Eu ainda não entendi porque você tem um quarto todo cor de rosa… Você já teve uma filha?

Regina engasga e começa a tossir.

REGINA             —    Belina, olha, essa pergunta foi invasiva.

BELINHA          —    Que isso?

REGINA             —    Quer dizer que ela violou a minha privacidade, quer dizer que eu não me sinto confortável em falar sobre isso.

BELINHA          —    Ah, sim. Desculpe. Eu não queria que você se sentisse mal com isso. Mas e então, você vai me falar sobre aquele quarto?

REGINA             —    Não!

Fecha em Belinha desapontada.

CORTA PARA:

CENA 16. MANSÃO VIEIRA. QUARTO RODRIGO E VIVIANE. INT. DIA.

Elisa entra, fecha a porta.

ELISA                —    (P/si) Esse quarto tem o cheiro dele!

Caminha até o guarda roupa e o abre, passa a mão nas roupas de Rodrigo. Edileusa entra.

EDILEUSA        —    Elisa?

ELISA                —    (Assustada) Ai, é você, Edileusa. Quase me mata do coração.

EDILEUSA        —    O que você tá fazendo aqui no quarto de Vivi Superiora?

ELISA                —    Eu… Estava… É… Olhando pra ver se tinha algo pra passar.

EDILEUSA        —    Ah, mas não precisa se preocupar com isso não, menina! Quando tem alguma coisa, eles avisam.

ELISA                —    Como eu não sabia, né. Eu vim ver.

EDILEUSA        —    Olha pra esse quarto, Elisa. Coisa de gente chique mesmo, né. Ligam o ar condicionado e ficam de boa aqui… Já eu, tenho que me contentar com o meu ventiladorzinho TEC-TEC.

ELISA                —    Como assim? Que marca de ventilador é essa?

EDILEUSA        —    Ah, menina. É que o ventiladorzinho velho lá de casa. Ele funciona fazendo uma barulheira. É TEC-TEC, TEC-TEC a noite inteira.

Fecha em Elisa sorrindo.

CORTA PARA:

CENA 17. LOCAL DO DESFILE. BASTIDORES. INT. DIA.

Outras modelos e algumas pessoas ao fundo. Viviane, Beatriz e Ramiro ali.

VIVIANE            —    É inacreditável como nada na minha vida dá certo!

BEATRIZ           —    Não fala assim, minha filha. Você estava arrasando. Não tinha pra nenhuma dessas outras sem sal.

RAMIRO            —    É, mas a gafe do tropeço vai ficar eternizada!

BEATRIZ           —    (Dá tapas em Ramiro) Se você não tem nada pra falar, fica calado!

BEATRIZ           —    Tio Ramiro tem razão, mãe.  Eu vou virar meme.

Rodrigo e Marcelo chegam.

RODRIGO         —    Desculpa a demora, gente.

MARCELO        —    Só conseguimos sair agora. Já acabou?

RAMIRO            —    Sim, mas vocês não perderam muita coisa, não. Só a Viviane tropeçando na passarela.

VIVIANE            —    Muito obrigado, Rodrigo!

RODRIGO         —    Como assim, Viviane?

VIVIANE            —    Muito obrigado pela sua presença fantasma no desfile!

RODRIGO         —    O Ramiro não avisou? O Marcelo e eu tivemos que ficar na Fabristilo pra resolver alguns problemas de última hora.

VIVIANE            —    Ah, sim! Então o seu trabalhinho na empresa é mais importante do que vir e prestigiar a sua esposa?

RODRIGO         —    Quê?!

VIVIANE            —    Por sua causa, da sua falta na plateia, que eu quase caio! Agora vou virar meme!

BEATRIZ           —    Filha, o Rodrigo não tem nada com isso. Ele teve que resolver uns probleminhas de última hora… Quem nunca?

VIVIANE            —    É por causa dele que eu vou virar chacota agora na internet!

RODRIGO         —    Como é que é? Eu acabei de chegar aqui sua louca!

VIVIANE            —    Louca eu realmente fui ao acreditar que você estaria aqui prestigiando algo que eu faço!

Reação dos demais presentes que voltam toda a atenção ao casal “barraco” do momento.

RODRIGO         —    (Firme) Chega! Cansei desses seus ataques de pelanca! Estou farto de sempre ter que engolir essas suas palavras! Acabou! (Grita) Acabou!

Rodrigo sai, com Viviane arrematando.

VIVIANE            —    Aonde você pensa que vai? Não pode simplesmente dar as costas pra mim desse jeito! Eu que tenho que acabar com tudo!

CORTA PARA:

CENA 18. FÁBRICA FABRISTILO. PÁTIO. EXT. DIA.

Kléber e Moreira ali parados.

KLÉBER           —    Eu não sei onde que a Regina está com a cabeça, Moreira.

MOREIRA         —    Deixar essa pestinha sozinha não é confiável.

KLÉBER           —    Eu tenho certeza que se ela não aprontou, ia aprontar alguma.

MOREIRA         —    Kléber, a gente tem que acabar logo com isso.

KLÉBER           —    Não vejo a hora. Mas não se preocupe que o nosso momento de fazer isso tá chegando.

Sérgio se aproxima.

SÉRGIO             —    Disseram que você queria falar comigo, Kléber.

KLÉBER           —    É, quero levar um papo contigo.

SÉRGIO             —    Aconteceu alguma coisa?

KLÉBER           —    Ainda não. Mas em breve você terá de provar a sua lealdade.

SÉRGIO             —    Só isso?

MOREIRA         —    Acho que ele não tá levando muito a sério esse lance não, Kléber.

KLÉBER           —    É? Mas eu se fosse você Sérgio, levava mais a sério! Até porque ninguém aqui tá de brincadeira! (Mostra arma) E convenhamos que há coisas preciosas para o Sérgio em jogo.

Kléber e Moreira sorriem. Sérgio aflito. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 19. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Elisa ali passando pano no chão.

Atenção Sonoplastia: cel. de Elisa notifica mensagem. Ela pega e ouve o áudio.

RODRIGO         —    (OFF) Cansei Elisa! Cansei dessa louca da Viviane! Vou deixar essa casa e pedir o divórcio dessa louca! Quero paz! Quero paz pra minha vida!

ELISA                —    (P/si) Eita. A briga pelo jeito foi feia!

CORTA PARA:

CENA 20. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.

Gabriela e Guilherme chegam brincando e aos beijos.

GABRIELA       —    Para, Gui! Você tá muito saidinho sabia?

GUILHERME    —    Desculpa. É que não dá pra resistir!

GABRIELA       —    (Dá um tapinha nele) Safado!

Reinaldo, que está sentado no sofá, limpa a garganta.

GABRIELA           (Surpresa) Reinaldo?

REINALDO       —    (Sorrir, debochado) Olá, Gabriela!

Closes alternados nos três. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO TRIGÉSIMO PRIMEIRO CAPÍTULO

 

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