NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
BEATRIZ
BELINHA
CAMILA
DANIELA
EDILEUSA
ELISA
GABRIELA
GUILHERME
JOSIAS
KLÉBER
MARCELO
MARCOS
MAURÍCIO
MOREIRA
NANDÃO
RAMIRO
REGINA
REINALDO
RODRIGO
SÉRGIO
SEVERO
VIVIANE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARÍLIA.
CENA 01. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 21 do capítulo anterior. Reinaldo diante de Marília.
REINALDO — Olá pra você também, Marília.
MARÍLIA — Olá, seu Reinaldo. Desculpe por isso, mas é que senhor me diz que está vindo, e só chega um mês depois?!
REINALDO — Não deu pra voltar antes por causa do trabalho.
MARÍLIA — Sorte que eu não comentei nada com a dona Gabriela.
REINALDO — Fez bem. E a Dani?
Nesse momento, Dani vem do quarto e abre um sorrisão ao ver o pai. Pele do rosto dela, com leves fissuras e rachadura.
DANIELA — (Surpresa) Pai?
REINALDO — Oi, filhota! Não vai dá um abraço no seu pai?
Dani corre até o pai e dá um abraço apertado nele.
DANIELA — Que bom que o senhor voltou!
REINALDO — Voltei, minha filha. E agora eu voltei pra ficar.
DANIELA — (Comemora) Eba!!!
MARÍLIA — Dona Gabriela não vai gostar nadinha disso… Quero nem ver quando ela chegar.
Marília vai para a cozinha.
DANIELA — Por que minha mãe não gostaria do senhor ter voltado, pai?
REINALDO — Isso é coisa da Marília. Não liga pro que ela fala, não. Mas agora, filha… O que aconteceu com o seu rosto?
DANIELA — Ai, pai… Eu não tenho mais vontade de sair na rua! Olha como o meu rosto tá horrível.
Reinaldo abraça a filha e fica aflito com a situação. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 02. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.
Rodrigo ainda a vasculhar a sala atrás de algo.
RODRIGO — (P/si) Aqui tem que ter alguma coisa.
Alguém bate na porta.
MARCELO — (OFF) Rodrigo? Você ainda tá aí?
RODRIGO — Fala, Marcelo!
MARCELO — (OFF) Já terminou? Precisamos ir para o desfile.
RODRIGO — Não vai dá! Eu preciso ficar sozinho!
MARCELO — (OFF) Tá com dificuldade em alguma coisa? Talvez eu possa ajudar.
RODRIGO — Não precisa. Está tudo sobre controle.
MARCELO — (OFF) Tem certeza? Abre essa porta.
RODRIGO — (Áspero) Qual parte do: “preciso ficar sozinho”, você não entendeu?
MARCELO — (OFF) Tudo bem, cara. Então vou te esperar aqui na recepção.
Rodrigo nervoso passa a mão na cabeça.
RODRIGO — (P/si) Não posso me arriscar desse jeito e não encontrar nada!
CORTA PARA:
CENA 03. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Jô ali limpando o chão. Marcos totalmente disfarçado, de óculos escuros, boné e jaqueta, entra.
JOSIAS — (Assustado) É assalto? Pode levar tudo que tem!
MARCOS — Não, Jô. Pera!
JOSIAS — (Medo) Hoje quase não teve movimento, mas pode levar o que você quiser!
MARCOS — (Tira os óculos) Sou eu Jô, Marcos!
JOSIAS — Você quase me mata do coração! Mais um pra me fazer ir pra UPA!
MARCOS — Fica calmo.
JOSIAS — Impressionante como todos querem me matar ultimamente!
MARCOS — Como assim? Que história é essa?
JOSIAS — Histórias de duas gerações, mas me diz você… Por que sumiu?
MARCOS — Fiz umas burradas aí, me arrependi e agora quero ver se consigo consertar o meu erro!
JOSIAS — Ah, sim. Mas que erro foi esse?
MARCOS — Sabe, Jô… Às vezes eu acho que a teoria do não falar sobre o que te fez ou faz mal, é verdadeira.
JOSIAS — Tá legal. Já sei que é alguma coisa cabeluda!
MARCOS — Nem tão cabeluda assim, vai! Mas quando eu resolver tudo, você com toda certeza vai ser o primeiro, a saber.
JOSIAS — Até porque eu sou o único que ainda ouve os seus dilemas de vai e vem com a Elisa.
MARCOS — (Sorrir) Pior que é mesmo.
Os dois seguem conversando fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. DIA.
Belinha sentada no sofá com a foto da menina em mãos.
BELINHA — (P/si, intrigada) Por que a Regina tem essa foto? Quem será essa menina?
Ouvem-se passos de alguém chegando de fora da casa.
Belinha senta em cima da fotografia. Kléber entra.
KLÉBER — O que você tá fazendo aqui sozinha garota?
BELINHA — Nada.
KLÉBER — Não confio em você.
BELINHA — Eu não estava fazendo nada. Tava no quarto brincando e acabei de vir pra cá.
KLÉBER — (Desconfiado) Tá legal. Mas você sabe que não pode ficar aqui sozinha.
BELINHA — Já estou indo para o escritório.
KLÉBER — É, vá mesmo que eu vou receber uma ligação e não quero ninguém nessa casa. Não sei onde a Regina tá com a cabeça pra ter deixado você sozinha aqui.
Kléber vai para o quarto. Belinha olha para certificar-se de que ele não está a olhar, dobra a fotografia, coloca-a no bolso e sai.
CORTA PARA:
CENA 05. LOCAL DO DESFILE. PLATEIA. INT. DIA.
Plateia cheia da alta sociedade carioca. Ramiro ali sentado na primeira fila. Beatriz se aproxima e se senta ao lado do irmão.
BEATRIZ — Viviane tá tão nervosa.
RAMIRO — Nervosa por quê? Ela não é uma modelo internacional, como você mesma enche a boca pra falar?!
BEATRIZ — Sim. Mas tem um tempinho que ela está fora das passarelas.
RAMIRO — Então aguardemos o desastre que isso vai ser.
BEATRIZ — Por que você tem que ser do contra, hein, Ramiro?! Ela é sua sobrinha e esta é a empresa da nossa família.
RAMIRO — Poupe-me desse tipo de conversa, Beatriz. Nós estamos no evento da empresa, então mantenha a compostura.
BEATRIZ — Liga pro Rodrigo aí. Talvez seja por ele não ter chegado ainda, que a Viviane está tão nervosa.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 06. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.
Rodrigo fecha uma das gavetas da mesa e bufa. Caminha até a porta e a abre. Marcelo entra.
MARCELO — Conseguiu?
RODRIGO — Não.
MARCELO — Então fala o que é. Talvez eu possa te ajudar.
RODRIGO — (Fecha a porta) Na verdade, eu estava aqui procurando outra coisa.
MARCELO — Como assim?
RODRIGO — Acho que pra você eu posso falar. Afinal, você é o único diferente dessa família.
MARCELO — Do que você tá falando?
RODRIGO — Eu acho que tem alguma coisa de errado nessa empresa!
MARCELO — Mas como assim? Você viu alguma coisa de errado?
Cel. de Rodrigo começa a tocar.
RODRIGO — Eu preciso atender. (Ao cel.) Fala. (Pausa) Pode deixar, Ramiro. Já estamos chegando. Valeu. (ele desliga) Seu pai querendo saber porque ainda não chegamos ao desfile.
MARCELO — Mas quanto a sua desconfiança, Rodrigo, você não está sozinho nessa. Eu também acho que tem muita coisa errada nesse império da Família Vieira.
CORTA PARA:
CENA 07. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. DIA.
Severo, Nandão e Maurício ali encostados no táxi a conversar.
SEVERO — Vocês acreditam que a Laura veio com um papinho estranho de eu fazer amizade com o Jô?
NANDÃO — Sério, Severão?
SEVERO — É! A Laura só pode ter enlouquecido! O que o patriarca dos Garcia fez nunca será perdoado!
MAURÍCIO — Tá, Severo. A gente tá cansado de saber disso… Mas mesmo depois de tudo que aconteceu, você não quer, sei lá, deixar isso de lado?
SEVERO — Nunca! Meu pai, no leito de morte me fez prometer que jamais falaria com um Garcia, e que eu tinha que passar isso adiante para as outras gerações.
MAURÍCIO — Você acha que a Elisa vai perder tempo com isso?
SEVERO — A Elisa não. Ela é igual à Laura. Mas com o Gustavinho eu tenho conversado sobre isso.
NANDÃO — (Brinca) Ih, ah lá! Severão querendo colocar o moleque com ódio dos Garcia!
MAURÍCIO — A Elisa sabe disso, Severo?
SEVERO — Claro que não. Do jeito que a Elisa é pode até querer afastar meu neto de mim. Mas se eu morrer hoje, sei que Gustavinho vai está ciente de tudo que aconteceu nessa família!
MAURÍCIO — Agora se ele vai levar isso adiante, só Deus sabe!
CORTA PARA:
CENA 08. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.
Reinaldo e Dani sentados no sofá.
DANIELA — Por que o senhor não voltou antes?
REINALDO — Dani, minha filha. Eu fui pra Buenos Aires a trabalho. Quando você é empregado de uma empresa, tem que fazer a vontade da chefia.
DANIELA — Entendi.
REINALDO — E sua mãe? Ainda tem raiva de mim?
DANIELA — Não sei, pai. Mas ela evita de falar no senhor.
REINALDO — Certamente tem alguma mágoa de mim.
DANIELA — Mágoa? Mas por quê?
REINALDO — Filha, se ela não conversou com você sobre isso, eu não vou te contar agora.
DANIELA — Tá! E como era lá em Buenos Aires?
REINALDO — Ah, Buenos Aires, capital da Argentina… Que cidade… Eventos cultuais magníficos… Eu só me arrependi de uma coisa.
DANIELA — Do quê?
REINALDO — De ficar tão longe da minha filhota.
Dani abraça o pai.
CORTA PARA:
CENA 09. LOCAL DO DESFILE. PASSARELA. INT. DIA.
Ramiro e Beatriz sentados. As luzes e a música indicam o começo do desfile.
BEATRIZ — (Feliz) É agora! É agora que minha filha arrasa nessa passarela!
Viviane é a primeira a subir na passarela. Ela para, faz pose, a plateia aplaude. Ela segue até o fim da passarela e faz poses, olha para a plateia procurando Rodrigo e fica fora da pose. Fecha a cara e sai da passarela. Outra modelo entra.
RAMIRO — Não entendo muito dessas coisas, mas acho que isso não fazia parte.
BEATRIZ — Claro que não!
RAMIRO — Por que ela ficou olhando pra plateia que nem um urubu na carniça, ao invés de posar para as câmeras?
BEATRIZ — Credo, Ramiro! Com tanta analogia possível, você tem mesmo que usar os termos: “urubu e carniça”? Olhe o evento chiquérrimo e vê se tem cabimento uma coisa dessas?!
RAMIRO — O fato é que a sua maior aposta fracassou!
BEATRIZ — Ridículo você, sabia?
CAM mostra as modelos desfilando na passarela. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. CLÍNICA. CONSULTÓRIO. INT. DIA.
Gabriela ali sentada, anotando algo. Guilherme entra.
GUILHERME — Licença.
GABRIELA — Oi, Gui.
GUILHERME — Gabriela, eu ainda estou bem confuso com as suas descobertas.
GABRIELA — Como assim?
GUILHERME — É que eu não entendo como que pode ser possível o seu marido ter sido curado. E agora a Dani apresentar as mesmas condições.
GABRIELA — Olha, Guilherme, eu também estou muito confusa com tudo isso. Na verdade, eu nem sei como o Reinaldo está atualmente.
GUILHERME — Será que a doença voltou nele?
GABRIELA — Acho que não. Embora quase não conversamos mais, acho que ele me avisaria.
GUILHERME — Então vai ser isso. Pesquisas, estudos e mais estudos… Só assim conseguiremos entender o que pode ter acontecido.
GABRIELA — Eu falhei. Foi isso que aconteceu.
GUILHERME — Nós não temos certeza. Lembra da via th17, do sistema imunológico? Cada paciente responde de forma diferente ao mesmo tratamento.
Fecha em Gabriela tensa.
CORTA PARA:
CENA 11. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.
Marcos e Jô sentados.
JOSIAS — Então, Marcos… Você não quer contar o que fez, mas onde você estava?
MARCOS — Eu estava em Angra, na casa da minha mãe.
JOSIAS — (Debocha) Não acredito. Arrumou problemas aqui e correu pra debaixo da saia da mamãe?
MARCOS — Quem diria que eu lhe encontraria de outra forma. Parece que tá mais alegre. Tá até debochando de mim.
JOSIAS — É, Marcos… Este último mês pra mim, foi um mês bem agitado. Mas a gente tá falando de você, o que pretende com essa volta?
MARCOS — De novo essa pergunta, Jô? Não falei que eu voltei pra consertar o meu erro?
JOSIAS — Ah é. Eu esqueci.
MARCOS — Vou consertar o meu erro e entrar na justiça contra a Elisa. Quero meu filho!
JOSIAS — Mas como você é cabeça dura, hein, Marcos! De novo com essa história?
MARCOS — Ué, Jô! Gustavinho é meu filho!
JOSIAS — Bem fez foi a Elisa que largou um cabeça dura que nem você!
Jô se levanta e vai para a cozinha. Marcos permanece ali sério.
CORTA PARA:
CENA 12. LOCAL DO DESFILE. PASSARELA. INT. DIA.
Atenção Sonoplastia: Música composta por Marcelo tocando.
Viviane e outras modelos vêm em mais um look diferente, flashes e mais flashes, Viviane tropeça e quase cai ao sair da passarela. Alguns da plateia sorriem.
RAMIRO — (Debocha) Mas isso aqui agora virou os trapalhões?
BEATRIZ — (Firme) Ridículo você, Ramiro! Por que você não dá um jeito naquele seu filho hippie, em vez de ficar arrumando pretexto pra desmoralizar a minha filha?!
Beatriz se levanta e vai para os bastidores.
RAMIRO — (P/si) Gente, mas o que foi isso? Tal mãe, tal filha. Duas desequilibradas resultam nisso daí! Pelo menos o meu filho “hippie”, não está tropeçando num dos eventos mais importantes da moda nacional…!
Ramiro fica ali sério.
CORTA PARA:
CENA 13. LOCAL DO DESFILE. BASTIDORES. INT. DIA.
Viviane furiosa. Beatriz tenta acalmar a filha com um copo d’água.
BEATRIZ — Toma essa água, filha.
VIVIANE — Não quero água nenhuma não! A senhora viu o mico?
BEATRIZ — Filha, aquilo não foi nada demais!
VIVIANE — Eu não quero virar meme, gente! Imagine a minha cara estampada no Facebook ou em qualquer outra rede social?!
BEATRIZ — Filha, se acalma.
VIVIANE — Eu já fui destaque em vários desfiles. Já saí até na Vogue. É o fim mesmo! Cadê o Rodrigo, que até agora não chegou?
BEATRIZ — Ramiro ligou e ele disse já está chegando.
VIVIANE — (Furiosa) Senhor!!! Esse mico eu carrego pro túmulo!
CORTA PARA:
CENA 14. FÁBRICA FABRISTILO. CORREDOR. INT. DIA.
Sérgio ali nervoso mexe as mãos a todo instante. Camila sai do banheiro e Sérgio a cerca.
SÉRGIO — Camila, eu preciso falar com você.
CAMILA — Dá licença, Sérgio. Não tenho nada pra falar com você.
SÉRGIO — Camila, eu peço que você me escute um minuto. Por favor?
CAMILA — O que você quer?
SÉRGIO — Eu… Queria pedir desculpas por aquele dia.
CAMILA — Eu me surpreendi. Ninguém nunca imagina que alguém que te salvou de uma tentativa de estupro, vá agir desse jeito depois.
SÉRGIO — Olha, Camila… Eu sei que você tem a imagem de um monstro da minha pessoa, mas acredite que eu não sou assim.
CAMILA — Sinceramente? Tá difícil de acreditar.
Camila segue se afastando, com Sérgio arrematando.
SÉRGIO — Estão acontecendo coisas maiores do que você pode imaginar, Camila!
Camila de costas para Sérgio para e vira-se.
CAMILA — E pela forma como você tem agido ultimamente, certamente está envolvido nessas coisas maiores.
SÉRGIO — Infelizmente sim. Não porque eu quero. A verdade é que estão me obrigando.
CAMILA — Entendi, Sérgio. Então pelo bem da sua e da minha vida… Acho que devemos agir como se essa conversa nunca tivesse existido.
SÉRGIO — Concordo.
Camila segue se afastando. Sérgio respira mais aliviado.
CORTA PARA:
CENA 15. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.
Regina sentada a assinar alguns papéis. Belinha sentada.
BELINHA — Eu fico naquele quarto às vezes pensando…
REGINA — Pensando no quê?
BELINHA — Eu ainda não entendi porque você tem um quarto todo cor de rosa… Você já teve uma filha?
Regina engasga e começa a tossir.
REGINA — Belina, olha, essa pergunta foi invasiva.
BELINHA — Que isso?
REGINA — Quer dizer que ela violou a minha privacidade, quer dizer que eu não me sinto confortável em falar sobre isso.
BELINHA — Ah, sim. Desculpe. Eu não queria que você se sentisse mal com isso. Mas e então, você vai me falar sobre aquele quarto?
REGINA — Não!
Fecha em Belinha desapontada.
CORTA PARA:
CENA 16. MANSÃO VIEIRA. QUARTO RODRIGO E VIVIANE. INT. DIA.
Elisa entra, fecha a porta.
ELISA — (P/si) Esse quarto tem o cheiro dele!
Caminha até o guarda roupa e o abre, passa a mão nas roupas de Rodrigo. Edileusa entra.
EDILEUSA — Elisa?
ELISA — (Assustada) Ai, é você, Edileusa. Quase me mata do coração.
EDILEUSA — O que você tá fazendo aqui no quarto de Vivi Superiora?
ELISA — Eu… Estava… É… Olhando pra ver se tinha algo pra passar.
EDILEUSA — Ah, mas não precisa se preocupar com isso não, menina! Quando tem alguma coisa, eles avisam.
ELISA — Como eu não sabia, né. Eu vim ver.
EDILEUSA — Olha pra esse quarto, Elisa. Coisa de gente chique mesmo, né. Ligam o ar condicionado e ficam de boa aqui… Já eu, tenho que me contentar com o meu ventiladorzinho TEC-TEC.
ELISA — Como assim? Que marca de ventilador é essa?
EDILEUSA — Ah, menina. É que o ventiladorzinho velho lá de casa. Ele funciona fazendo uma barulheira. É TEC-TEC, TEC-TEC a noite inteira.
Fecha em Elisa sorrindo.
CORTA PARA:
CENA 17. LOCAL DO DESFILE. BASTIDORES. INT. DIA.
Outras modelos e algumas pessoas ao fundo. Viviane, Beatriz e Ramiro ali.
VIVIANE — É inacreditável como nada na minha vida dá certo!
BEATRIZ — Não fala assim, minha filha. Você estava arrasando. Não tinha pra nenhuma dessas outras sem sal.
RAMIRO — É, mas a gafe do tropeço vai ficar eternizada!
BEATRIZ — (Dá tapas em Ramiro) Se você não tem nada pra falar, fica calado!
BEATRIZ — Tio Ramiro tem razão, mãe. Eu vou virar meme.
Rodrigo e Marcelo chegam.
RODRIGO — Desculpa a demora, gente.
MARCELO — Só conseguimos sair agora. Já acabou?
RAMIRO — Sim, mas vocês não perderam muita coisa, não. Só a Viviane tropeçando na passarela.
VIVIANE — Muito obrigado, Rodrigo!
RODRIGO — Como assim, Viviane?
VIVIANE — Muito obrigado pela sua presença fantasma no desfile!
RODRIGO — O Ramiro não avisou? O Marcelo e eu tivemos que ficar na Fabristilo pra resolver alguns problemas de última hora.
VIVIANE — Ah, sim! Então o seu trabalhinho na empresa é mais importante do que vir e prestigiar a sua esposa?
RODRIGO — Quê?!
VIVIANE — Por sua causa, da sua falta na plateia, que eu quase caio! Agora vou virar meme!
BEATRIZ — Filha, o Rodrigo não tem nada com isso. Ele teve que resolver uns probleminhas de última hora… Quem nunca?
VIVIANE — É por causa dele que eu vou virar chacota agora na internet!
RODRIGO — Como é que é? Eu acabei de chegar aqui sua louca!
VIVIANE — Louca eu realmente fui ao acreditar que você estaria aqui prestigiando algo que eu faço!
Reação dos demais presentes que voltam toda a atenção ao casal “barraco” do momento.
RODRIGO — (Firme) Chega! Cansei desses seus ataques de pelanca! Estou farto de sempre ter que engolir essas suas palavras! Acabou! (Grita) Acabou!
Rodrigo sai, com Viviane arrematando.
VIVIANE — Aonde você pensa que vai? Não pode simplesmente dar as costas pra mim desse jeito! Eu que tenho que acabar com tudo!
CORTA PARA:
CENA 18. FÁBRICA FABRISTILO. PÁTIO. EXT. DIA.
Kléber e Moreira ali parados.
KLÉBER — Eu não sei onde que a Regina está com a cabeça, Moreira.
MOREIRA — Deixar essa pestinha sozinha não é confiável.
KLÉBER — Eu tenho certeza que se ela não aprontou, ia aprontar alguma.
MOREIRA — Kléber, a gente tem que acabar logo com isso.
KLÉBER — Não vejo a hora. Mas não se preocupe que o nosso momento de fazer isso tá chegando.
Sérgio se aproxima.
SÉRGIO — Disseram que você queria falar comigo, Kléber.
KLÉBER — É, quero levar um papo contigo.
SÉRGIO — Aconteceu alguma coisa?
KLÉBER — Ainda não. Mas em breve você terá de provar a sua lealdade.
SÉRGIO — Só isso?
MOREIRA — Acho que ele não tá levando muito a sério esse lance não, Kléber.
KLÉBER — É? Mas eu se fosse você Sérgio, levava mais a sério! Até porque ninguém aqui tá de brincadeira! (Mostra arma) E convenhamos que há coisas preciosas para o Sérgio em jogo.
Kléber e Moreira sorriem. Sérgio aflito. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 19. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Elisa ali passando pano no chão.
Atenção Sonoplastia: cel. de Elisa notifica mensagem. Ela pega e ouve o áudio.
RODRIGO — (OFF) Cansei Elisa! Cansei dessa louca da Viviane! Vou deixar essa casa e pedir o divórcio dessa louca! Quero paz! Quero paz pra minha vida!
ELISA — (P/si) Eita. A briga pelo jeito foi feia!
CORTA PARA:
CENA 20. APART GABRIELA. SALA. INT. DIA.
Gabriela e Guilherme chegam brincando e aos beijos.
GABRIELA — Para, Gui! Você tá muito saidinho sabia?
GUILHERME — Desculpa. É que não dá pra resistir!
GABRIELA — (Dá um tapinha nele) Safado!
Reinaldo, que está sentado no sofá, limpa a garganta.
GABRIELA — (Surpresa) Reinaldo?
REINALDO — (Sorrir, debochado) Olá, Gabriela!
Closes alternados nos três. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO TRIGÉSIMO PRIMEIRO CAPÍTULO