NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

BELINHA

EDILEUSA

ELISA

GUSTAVINHO

JOSIAS

KLÉBER

LAURA

MARCELO

MARCOS

RAMIRO

REGINA

RICK

RODRIGO

SEVERO

SÉRGIO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

ADVOGADO.

 

CENA 01. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Rodrigo e Viviane chegam da rua.

RODRIGO         —    (Indignado) Inacreditável que acham que eu tenho alguma a ver com isso! E não passam de teorias!

VIVIANE            —    Meu amor, se a justiça está nisso é porque seu pai fazia mesmo.

RODRIGO         —    Não pode ser, Viviane! Eu me recuso a acreditar que aquele homem que eu pensava ser correto, honesto fazia atividades ilícitas.

VIVIANE            —    É, meu amor… O pior é que enquanto isso não passar, não poderemos voltar ao Brasil.

RODRIGO         —    Depois que isso tudo passar, vamos ao Brasil sim. Vocês estava certa esse tempo todo.

VIVIANE            —    Viu só, meu amor? Eu disse que deveríamos ter ido para espairecer um pouco, ver os parentes.

RODRIGO         —    Mas isso só depois que eu provar que não tenho envolvimento com nada!

Rodrigo vai para o quarto e Viviane permanece ali séria. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. DIA.

Laura entra.

ELISA                —    (OFF) Ele tá aí, mãe?

LAURA              —    (Chama) Marcos? Marcos? (P/Elisa) Acho que não tem ninguém, não, filha.

Elisa entra.

ELISA                —    Melhor assim.

LAURA              —    Espera aí, Elisa. Por que você nem quer ver o Marcos na sua frente?

ELISA                —    Ai, mãe. Depois conversamos sobre isso. Agora eu só quero pegar as minhas coisas e do meu filho e sair dessa casa.

LAURA              —    Tudo bem, filha. Do jeito que o Marcos é, ele não vai sair.

ELISA                —    Ele não sai, mas eu saio!

Elisa vai para o quarto.

LAURA              —    (P/si, desconfiada) Elisa tá me escondendo alguma coisa. Tá agindo muito estranho pro meu gosto.

Laura vai para o quarto atrás da filha.

CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.

Edileusa mexendo nas panelas. Rick entra.

RICK                  —    E aí, Edileusa, dona múmia falou muito no teu ouvido?

EDILEUSA        —    Tu é louco, Rick?! Se dona Beatriz escura uma coisa dessas…!

RICK                  —    Se ela escuta, iria ficar escutada!

EDILEUSA        —    Fala isso porque ela não tá aqui na tua frente. Mas não, até que não falou muito.

RICK                  —    Tu também dá mole. Eu olhei discretamente, de rabo de olho pra janela, e ela tava lá com o ‘bizóião’ olhando pra gente.

EDILEUSA        —    Pois é. Ela me chamou de cara de pau por parar e conversar com vocês.

RICK                  —    (Sorrir) Aposto que foi inconveniente e arrogante como sempre! Olha, Edileusa, vou te contar… Só tô nesta casa ainda porque não quero ficar desempregado.

EDILEUSA        —    Pois é, Rick. Por mais que seja difícil, a gente precisa desse emprego.

Fecha em Rick que meneia a cabeça concordando. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO CASAL. INT. DIA.

Elisa colocando as roupas na cama. Laura dobrando tudo e colocando na mochila e bolsa grande de viagem.

ELISA                —    Vou agilizar isso aqui que não quero ter que olhar pra cara do Marcos.

LAURA              —    Será que dá pra você me falar o que aconteceu exatamente, Elisa?

ELISA                —    Eu não falei pra senhora que a gente se desentendeu depois que eu quis saber da verdade da boca dele?

LAURA              —    Sim, você disse.

ELISA                —    Então!

LAURA              —    Mas o fato é que você não ficaria desse jeito só por ter se desentendido com ele. Eu conheço bem vocês dois. Brigam direto e nem por isso você fica evitando ele desse jeito.

ELISA                —    Mãe, não precisa se preocupar que eu e o Gustavinho estamos saindo desta casa.

LAURA              —    Tá bom, Elisa. Já entendi que você não quer falar o que aconteceu de verdade. Então vamos andar de pressa com isso aqui antes que ele volte. Talvez ele não foi tão longe.

Elas continuam a dobrar a roupa. Laura olha para a filha, ainda desconfiada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Marcos sério, pensativo sentado a uma mesa tomando cerveja, já que é o único cliente do bar. Josias vem da cozinha com um pratinho de petiscos.

JOSIAS              —    Aqui está.

MARCOS          —    Valeu.

Josias se afasta para a porta do bar. Vira-se e olha para Marcos e se aproxima.

JOSIAS              —    Desculpa me meter, mas parece que você não está passando por um bom dia.

MARCOS          —    Não mesmo. Minha esposa e eu tivemos uma briga, e agora eu acho que vamos nos separar.

JOSIAS              —    Que chato cara.

MARCOS          —    Pois é.

JOSIAS              —    Eu até tentei me casar, mas como não deu certo, fiquei pra titio mesmo.

MARCOS          —    Não deu certo por quê?

JOSIAS              —    A mulher que eu gostava na época me traiu.

MARCOS          —    Sério, cara?

JOSIAS              —    Sério. Na época eu fiquei sem chão. Mas depois joguei a autoestima lá em cima e pensei: quem perdeu foi ela, não eu.

MARCOS          —    (Sorrir) Isso aí.

Eles continuam a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

As mulheres em suas posições e os homens dispersos pelo recinto. Kléber e Regina frente a todos com o mega fone.

REGINA             —    (Ao mega fone) Bom, pedi ao Kléber que reunisse todos aqui, pois temos um problema. Andei analisando os indicadores de desempenho e estamos abaixo do esperado.

BELINHA          —    (Reclama) Virar a madrugada trabalhando de novo não, mãe.

AMANDA           —    (Discreta) Shii… Fica quietinha, filha.

REGINA             —    (Ao mega fone) Infelizmente vocês terão de ser sacrificados. Temos que bater a meta, caso contrário, o presidente da empresa bate aqui e vai ser pior não só para nós que atuamos na gestão da fábrica, mas pra vocês também.

KLÉBER           —    (Ao mega fone) Por isso, enquanto não batermos a meta, não vamos parar de trabalhar! Pensando numa forma de agilizar ainda mais a produção, homens ajudarão as mulheres.

REGINA             —    (Ao mega fone) Mas antes de iniciarmos a jornada de trabalho, vamos fazer uma pausa para o almoço. Já são quatro da tarde e vocês ainda não almoçaram. Trinta minutos. Podem ir.

Todos se dirigem ao refeitório.

KLÉBER           —    Você ficou maluca, Regina? Trinta minutos é muito tempo!

REGINA             —    Pensando na hipótese de eles virarem a noite trabalhando, não acho, não.

KLÉBER           —    Não quero nem saber quando o Ramiro ligar reclamando ou vir até aqui.

REGINA             —    Deixa que com o Ramiro eu me entendo.

Regina sobe a escada e Kléber permanece ali sério. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. FÁBRICA FABRISTILO. REFEITÓRIO. INT. DIA.

Refeitório grande, porém sem mesas e cadeiras. Todos pegam suas quentinhas, que estão no chão e se sentam no chão mesmo para comer. Sérgio, Amanda e Belinha pegam as quentinhas e se sentam juntos para comer.

AMANDA           —    Cansada dessa vida, Sérgio!

SÉRGIO             —    E o que a gente pode fazer, Amanda? Só porque errei e rasgou um pedaço do tecido, o Kléber colocou a arma na minha cara.

AMANDA           —    Não é certo a gente ter que passar por isso.

SÉRGIO             —    É pelo engano que eles pescam trouxas como nós! Prometem todo amparo pra chegar aqui e ser esse inferno.

AMANDA           —    O emprego dos sonhos.

BELINHA          —    Por que a gente não foge desse lugar?

SÉRGIO             —    (Tapa a boca de Belinha) Não fala uma coisa dessas de novo, minha filha!

BELINHA          —    Por quê?

SÉRGIO             —    Aqui se eles pegam alguém tentando fugir, eles deixam um mês preso numa cela nanica e torturam.

AMANDA           —    Torturam como, Sérgio?

SÉRGIO             —    Pelo que eu ouvi os caras comentando esses dias. O Maranhão tentou fugir, os caras pegaram ele, deram uma surra de pau nele e o jogaram na tal cela.

Amanda e Belinha ficam horrorizadas.

AMANDA           —    Meu Deus! Nós vamos morrer nesse inferno então!

CORTA PARA:

CENA 08. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Ramiro digitando no notebook. Marcelo entra.

RAMIRO            —    Já não era sem tempo! Pra entregar aquela pasta ao diretor jurídico você levou quase duas horas?

MARCELO        —    Não. Depois que entreguei a pasta, fiquei andando pela empresa pra conhecer mais.

RAMIRO            —    Mas é muito vagabundo mesmo! Se pra fazer uma tarefa simples demora todo esse tempo, que de lá fazer a análise dos indicadores!

MARCELO        —    Vamos ver então papaizinho querido se eu vou demorar mesmo!

RAMIRO            —    (Se levanta) Então senta aqui.

MARCELO        —    (Se senta na cadeira o pai) Mas vê se me explica tudo direito. O senhor tem mania de jogar a tarefa. É como se dissesse: se vira.

RAMIRO            —    Clica nesse ERP aqui.

MARCELO        —    Até que é um sistema de gestão bem eficaz.

RAMIRO            —    É sim. Agora vá na aba: produção.

MARCELO            (Olhando p/ notebook) Pronto.

RAMIRO            —    Clica em: Desempenho. Agora analise os indicadores e me diga se houve aumento ou diminuição na produção. E depois me dê à porcentagem exata, seja ela positiva ou negativa.

MARCELO        —    (Debocha) Pode deixar, papaizinho querido. O vagabundo aqui vai fazer tudo do jeito o senhor quer. Igual uma marionete.

RAMIRO            —    Se você debochasse menos e fizesse a tarefa que lhe foi dada, seria bem melhor!

Ramiro sai.

MARCELO        —    (P/si, olhando p/notebook) Tá pensando que eu não sei o que você quer com tudo isso Ramiro? Mas eu sei! Querendo me testar, mas não vai arrumar motivo pra ficar falando mal de mim.

Marcelo continua a mexer no notebook. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. DIA.

Edileusa limpando, organizando.

EDILEUSA        —    (P/si) Pelo visto seu Ramiro obrigou o Marcelo ir para a empresa hoje. Às vezes eu fico com pena do Marcelo. Desde que dona Maristela morreu que ninguém dá atenção pra ele. Virou adulto como um largado de carinho e atenção. (Pega o violão que está sobre a cama) Pelo menos ele canta pra se distrair.

Beatriz aparece na porta do quarto.

BEATRIZ           —    Então ele voltou mesmo com essa loucura de virar músico!

EDILEUSA        —    Ah. Oi, dona Beatriz. Que bom que ele voltou a tocar, né?

BEATRIZ           —    Que bom? Que foi, você bebeu, é?!

EDILEUSA        —    Como assim, dona Beatriz?

BEATRIZ           —    Esse menino devia seguir os passo do pai, mas pelo visto não vai. É um irresponsável que sonha que um dia vai fazer música.

EDILEUSA        —    Nossa, dona Beatriz! A senhora não acha que devemos seguir nossos sonhos?

BEATRIZ           —    Sim, mas não quando ele é a única esperança de seguir com os negócios da família! Mas já prevejo que depois da minha morte e do Ramiro, o império da família vai às ruínas nas mãos desse desmiolado!

Beatriz sai do quarto.

EDILEUSA        —    (P/si) Coitado do Marcelo! Se ele realmente quer isso pra vida dele, terá que enfrentar leões enfurecidos!

CORTA PARA:

CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina sentada a olhar para o notebook.

REGINA             —    Se Ramiro olhar esses indicadores eu tô frita!

Atenção Sonoplastia: cel. de Rê começa a tocar. Ela atende. Kléber entra.

REGINA             —    (Ao cel.) Alô?

RAMIRO            —    (OFF, Furioso) O que vocês pensam que estão fazendo?! Querem acabar com o meu patrimônio falem logo!

KLÉBER           —    Quem é?

REGINA             —    Ramiro.

Regina coloca no viva voz.          

RAMIRO            —    (OFF, Furioso) Vocês são uns incompetentes que querem acabar com o que é meu! Queda brusca nos indicadores! Vocês ficam aí fazendo o que ao invés de trabalhar? Jogando baralho? Porque não é possível!

REGINA             —    (Ao cel.). Oi, Ramiro. Eu andei analisando os indicadores.

RAMIRO            —    (OFF, Autoritário) Agora? Depois que a merda já tá feita não adianta ficar analisando droga de indicador nenhum! Não quero nem saber! Deem um jeito de reverter essa situação!

REGINA             —    (Ao cel.) Conversando hoje com o Kléber, decidimos estender o turno de trabalho.

RAMIRO            —    (OFF, Ameaça) Olha só… Se eu tomar prejuízo pela falta de inteligência de vocês… Saibam que vaõ me pagar caro por isso!

Ele desliga.

KLÉBER           —    A gente já devia esperar por essa ligação estressada do Ramiro.

REGINA             —    Já estão todos trabalhando?

KLÉBER           —    Ainda não. Você não deu meia hora de almoço?

REGINA             —    Então desce lá e junto com o Moreira, coloque todo mundo para trabalhar o quanto antes.

KLÉBER           —    Tá certo.

Kléber sai da sala. Fecha em Regina ali aflitíssima com a situação. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Sala vazia. Atenção Sonoplastia: Campainha toca. Rodrigo vem da cozinha e abre a porta.

RODRIGO         —    Doutor Alexandre?

ADVOGADO     —    Posso entrar?

RODRIGO         —    Claro.

Doutor Alexandre entra e Rodrigo fecha a porta.

ADVOGADO     —    Surpreso com minha visita?

RODRIGO         —    Sim, afinal nos encontramos mais cedo.

Viviane vem do quarto.

VIVIANE            —    Quem era Rodrigo?

RODRIGO         —    Doutor Alexandre.

VIVIANE            —    Ah. Oi, Alexandre.

ADVOGADO     —    Oi, Viviane. Eu vim pessoalmente visar que já marcaram a data da audiência. Parece que já reuniram todas as evidências.

Fecha em Rodrigo aflito. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 12. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Elisa e Laura entram com as mochilas e bolsas de viagem estufadas de tão cheias.

ELISA                —    Agora oficialmente voltei pra casa dos meus pais.

LAURA              —    Seja bem vinda novamente!

ELISA                —    Será que o seu Severinho não vai se importar?

LAURA              —    Com o quê? De você ficar aqui em casa?

ELISA                —    É.

LAURA              —    Larga de ser boba, Elisa! Se tem alguém que vai ficar feliz com a sua separação do Marcos é o Severo. Você sabe que ele nunca gostou dele.

ELISA                —    Poxa, se eu tivesse dado ouvido a vocês na época, talvez não estaria passando por isso agora.

LAURA              —    A gente fala, mas filho escuta? Não! Às vezes eu acho que a sua felicidade estava no seu relacionamento com aquele menino sobrinho do mala do Jô.

ELISA                —    O Rodrigo?

LAURA              —    Ele mesmo.

ELISA                —    Menos de um mês que ele se mudou pra França, nunca mais me ligou. Deve ter arrumado uma namorada por lá e se esqueceu de mim.

LAURA              —    Mas você não sabe o que aconteceu! Você mesma foi assaltada e perdeu o contato dele, vai que aconteceu alguma parecida com ele também?

Fecha em Elisa pensativa na hipótese. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 11.

RODRIGO         —    Tá, mas já entenderam minha inocência no caso?

ADVOGADO     —    Não exatamente.

VIVIANE            —    Como assim, gente?

RODRIGO         —    Me explica isso direito, doutor Alexandre.

ADVOGADO     —    Perfeitamente. Todas as evidências já foram recolhidas. Agora a corte francesa vai julgar e decidir se você realmente é inocente.

RODRIGO         —    E como eu posso me defender caso eles achem que eu fazia parte de tudo?

ADVOGADO     —    Não precisa se preocupar com isso. Já até hackearam seu celular, viram suas conversas, fotos, tudo! A polícia esteve aqui no apartamento também não esteve?

RODRIGO             Sim.

ADVOGADO     —    Então, Rodrigo, só nos resta esperar as três semanas restantes até o dia da decisão final sobre esse caso.

VIVIANE            —    Vai dar tudo certo, meu amor!

Fecha em Rodrigo aflitíssimo. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 14. FRANÇA. PARIS. STOCK-SHOTS. INT. DIA.

LETREIRO: SEMANAS DEPOIS.

Takes da torre Eiffel, Rio Sena, ponte que corta o rio. Por último, a fachada o aeroporto de Paris – Charles de Gaulle. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. PARIS. TRIBUNAL. CORREDOR. INT. DIA.

Movimento de pessoas que vão e vem a todo instante. Rodrigo, Viviane e doutor Alexandre ali.

VIVIANE            —    Vai dar tudo certo, meu amor. Você vai sair dessa limpo.

RODRIGO         —    Que demora é essa, doutor Alexandre?

ADVOGADO     —    Calma, Rodrigo. (Olha p/ relógio) É, já deveriam ter chamado.

VIVIANE            —    Depois que tudo isso acabar, a gente embarca o mais rápido possível para o Brasil, tá bom?

RODRIGO         —    Calma, Viviane. Não se apresse ao fazer planos. Vamos ver como serão as coisas na audiência.

Um policial se aproxima.

ADVOGADO     —    (P/Policial) Rodrigo Garcia case?

POLICIAL          —    Oui. (Sim).

ADVOGADO     —    Vamos, Rodrigo.

Viviane dá um beijo no amado.

VIVIANE            —    Boa sorte, querido.

Eles entram na sala da audiência. Viviane rapidamente pega o cel. E liga.

VIVIANE            —    (Ao cel.) Mamãe?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 16. MANSÃO VIEIRA. PISCINA. EXT. DIA.

Beatriz de maiô deitada na espreguiçadeira, ao cel.

BEATRIZ           —    (Ao cel.) Oi, filha. Como é que vai o caso do Rodrigo por aí?

VIVIANE            —    (OFF) Ele acabou de entrar na sala de audiência.

BEATRIZ           —    (Ao cel.) Ai, filha. Aqui na torcida para que tudo ocorra bem.

VIVIANE            —    (OFF) Também tô aqui aflita com tudo isso.

BEATRIZ           —    (Ao cel.) Ramiro já ligou para o Rodrigo?

VIVIANE            —    (OFF) Não pelo que eu saiba, mãe. Por quê?

BEATRIZ           —    (Ao cel.) Não acredito que aquele filho da mãe tá enrolando!

VIVIANE            —    (OFF) Será que a senhora pode me explicar o que tá acontecendo?

BEATRIZ           —    (Ao cel.) Conversei com o Ramiro pra ele oferecer um cargo na Fabristilo para o Rodrigo. Mas parece que alguém não fez o que eu mandei.

VIVIANE            —    (OFF) Ótima ideia, mãe! Assim nós vamos e ficamos por aí de vez!

Beatriz continua a falar o cel. Fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. BAR DO TIO JÔ. INT. DIA.

Bar vazio. Josias e Marcos sentados a uma mesa.

JOSIAS              —    Olha, eu não vou com a cara dos Garcia, mas com a tua eu fui!

MARCOS          —    Eu também gostai bastante de conversar com o senhor.

JOSIAS              —    Por esse motivo, eu me sinto na obrigação de te dá um conselho.

MARCOS          —    Sobre?

JOSIAS              —    Você e sua esposa.

MARCOS          —    Ih… Isso aí já está sacramentado! Elisa não quer nem olhar pra minha cara. Aproveitou um dia que eu não estava em casa, e pegou todas as coisas dela e do nosso filho.

JOSIAS              —    Por isso você vai desisti assim da relação? Isso é, se você ainda gostar dela.

MARCOS          —    Claro que eu gosto.

JOSIAS              —    Então por que não foi até agora falar com a moça?

MARCOS          —    Ela não iria querer falar comigo.

JOSIAS              —    Olha, se tem uma coisa que eu tenho pensado ultimamente, é que tudo pode se resolver através de um diálogo.

MARCOS          —    Mas nem sempre o diálogo funciona!

JOSIAS              —    Realmente pode ser que não funcione, mas isso você só vai saber se for até ela e tentar.

Fecha em Marcos enchendo-se de coragem. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Severo lendo jornal e Laura costurando uma camisa de Gustavinho.

LAURA              —    Tenho pensado aqui… Será que a Elisa ainda volta com o Marcos?

SEVERO           —    Tá louca, Laura? Só por cima do meu cadáver! Elisa não nos contou, mas pra ela ter chegado sair de casa é porque não foi mais uma simples discussão.

LAURA              —    Às vezes eu fico sozinha pensando que talvez o canalha tenha tentado bater na Elisa.

SEVERO           —    (Indignado) Pior é se ele conseguiu! Se eu descobrir que ele agrediu minha filha eu enfarto, mas acabo com a raça daquele desgraçado!

LAURA              —    Tá doido, Severo? Para com isso! Se ele agrediu ou não a nossa filha, ela tem que procurar ajuda na delegacia da mulher, ou ligar para o 180.

SEVERO           —    Só espero que a Elisa não tenha ficado se sujeitando a agressões desse lixo do Marcos, todos esses anos!

Elisa e Gustavinho vêm do quarto.

ELISA                —    Mãe, eu preciso dá uma saidinha.

LAURA              —    Tá indo aonde, filha?

ELISA                    Vou ver se me inscrever numa agência de emprego. Quem sabe terceirizando a caça por um trabalho eu não encontrou?

SEVERO           —    Não quer que eu te leve, filha?

ELISA                —    Não precisa não, pai. A agência não fica muito longe do bairro.

GUSTAVINHO —    Eu quero ficar com o vô.

ELISA                —    E vai deixar a mamãe ir sozinha?

LAURA              —    Deixa eu só trocar de roupa e vou com você, filha.

ELISA                —    Precisa não, mãe. Eu vou sozinha. Tchauzinho pra vocês.

LAURA              —    Tchau, filha!

SEVERO           —    Cuidado na rua, hein, filha.

ELISA                —    (Saindo) Pode deixar Severinho do meu coração.

Elisa sai.

SEVERO           —    (Faz cócegas no neto) Vamos ver se o neto do vovô é capaz de não rir com as cócegas!

GUSTAVINHO —    (Rindo muito) Ai, vô! Para!

Severo continua a fazer cócegas e Laura sorrir. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 19. CASA LAURA E SEVERO. FRENTE. EXT. DIA.

Clima de suspense. CAM subjetiva ali escondida entre os carros estacionados. Elisa sai de casa, CAM vai seguindo-a. Ela pressente estar sendo perseguida, para e vira-se.

ELISA                —    Marcos?

MARCOS          —    Oi, Elisa. Será que a gente pode conversar?

Fecha em Elisa séria. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 20. PARIS. TRIBUNAL. CORREDOR. INT. DIA.

Viviane inquieta anda de um lado para o outro. Doutor Alexandre sai da sala.

VIVIANE            —    (Nervosa) E então, doutor Alexandre? Por que o senhor saiu sozinho da sala? Cadê o Rodrigo? O que aconteceu com meu marido?

Fecha no doutor Alexandre. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

 FIM DO NONO CAPÍTULO

 

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