NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
BEATRIZ
EDILEUSA
ELISA
GABRIELA
GUSTAVINHO
JOSIAS
LAURA
MARCELO
MARCOS
PIERRE
REINALDO
RODRIGO
SEVERO
VIVIANE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MÉDICO
CENA 01. PARIS. APARTAMENTO PIERRE. QUARTO RODRIGO. INT. NOITE.
Rodrigo ali aflito ainda com o cel. Em mãos.
RODRIGO — Deve ter acontecido alguma coisa! (Tenta ligar novamente) Caixa postal. (Aflito) Ai, meu Deus. Espero que ela esteja bem.
Pierre entra no quarto.
PIERRE — Ouvi você falar alto, filho. Aconteceu alguma coisa?
RODRIGO — A minha namorada. Parece que ela foi assaltada.
PIERRE — Mas ela tá bem?
RODRIGO — Não sei, pai. Roubaram o celular dela.
PIERRE — (Emocionado) Você me chamou de pai?
RODRIGO — Sim, mas foi coisa do momento.
PIERRE — (Sem graça) Vou ligar para o tio Jô. Talvez ele tenha notícias da menina.
RODRIGO — Aquele lá duvido que vai falar alguma coisa se souber.
PIERRE — Por que você fala desse jeito do seu tio, Rodrigo?
RODRIGO — Ah! São coisas que ele deveria ter te contado.
PIERRE — Vou ligar pra ele.
Pierre sai do quarto. Rodrigo permanece aflito. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 02. PARIS. APARTAMENTO PIERRE. SALA. INT. NOITE.
Pierre passa a mão no tel. E liga.
PIERRE — (Ao tel.) Jô, preciso da tua ajuda.
JOSIAS — (OFF) Isso vai depender do tipo da ajuda que você precisa.
PIERRE — (Ao tel.) O Rodrigo estava falando com a namoradinha dele e parece que ela foi assaltada.
JOSIAS — (OFF) Aquela lá merece isso!
PIERRE — (Ao tel.) Que isso, Jô? Não se pode desejar isso para um ser humano.
JOSIAS — (OFF) Olha, como era isso que você queria, eu não posso ajudar.
PIERRE — (Ao tel.) O que é que custa você sair e ver se a menina está bem?
JOSIAS — (OFF) Me custa muito olhar para a cara de qualquer Borges! (Bate o telefone)
PIERRE — (P/si, indignado) Além de tudo é ignorante.
Rodrigo vem do quarto.
RODRIGO — Ajudou?
PIERRE — Que nada. Ainda bateu o telefone na minha cara.
RODRIGO — Você já devia esperar por isso.
Fecha em Pierre indignado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 03. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Severo ali indignado a assistir o jogo do Vascão. Laura vem da cozinha com duas latinhas cerveja e passa uma a Severo e bebe a outra.
SEVERO — Obrigado.
Elisa chega da rua, transtornada.
LAURA — Oi, filha. (Percebe) Aconteceu alguma coisa, filha?
ELISA — Fui assaltada.
LAURA — Que horror, filha. Mas você tá bem?
ELISA — Tô. Ele levou só o meu celular.
SEVERO — E ainda diz: só. Falar isso quando não é você que trabalha, que rala pra ganhar o dinheiro é mole.
LAURA — Que isso, Severo? Isso lá é jeito de falar com a menina?! Ela acabou de passar por uma coisa terrível!
SEVERO — Coisa terrível passei foi eu com a derrota do Vascão!
Severo vai para o quarto.
ELISA — Como pode ser tão insensível?
LAURA — Liga não, filha. Seu pai tem os dias dele.
ELISA — É, mas acontece que esses dias dele tem se estendido dia após dia!
CORTA PARA:
CENA 04. FRANÇA. PARIS. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.
LETREIRO: DIAS DEPOIS.
Takes da belíssima capital da França. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 05. PARIS. TORRE EIFFEL. FRENTE. EXT. DIA.
Rodrigo e Pierre caminham. Rodrigo tirando fotos.
PIERRE — Aqui o nosso cartão postal.
RODRIGO — Muito lindo tudo aqui, pai.
PIERRE — Vem, vamos entrar. Tem um restaurante lá em cima. Com uma vista panorâmica para a cidade.
Eles entram na torre. CAM mostra a movimentação no local. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. PARIS. RESTAURANTE 58 TOUR EIFFEL. INT. DIA.
Rodrigo e Pierre ali admirando a vista.
RODRIGO — Aqui é o primeiro andar, mas já dá pra ter uma noção de como deve ser a vista lá de cima.
PIERRE — Depois do almoço vamos lá em cima. Agora vamos comer que tô com fome.
Eles se sentam a mesa.
CORTA PARA:
CENA 07. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Laura faxinando a sala. Elisa chega do colégio, cabisbaixa.
LAURA — Oi, filha. Como foi seu dia no colégio?
ELISA — Sem o Rodrigo não é a mesma coisa.
LAURA — Oh, filha… Não adianta ficar desse jeito. Vocês agora terão que se conformar com a distância.
ELISA — Eu sei, mãe. Mas eu não imaginava que era tão difícil.
LAURA — (Abraça a filha) Oh, filha…
ELISA — Vi o Jô na praça. Ele parecia tão triste.
LAURA — Mas era a sobrinha dele, né, filha? Ele considerava a Letícia como se fosse filha dele.
ELISA — É, deve ser terrível quando isso acontece.
LAURA — Ainda mais do jeito como tudo aconteceu. Imagine o horror que deve ser morrer carbonizada.
ELISA — Verdade, mãe. Agora vou tomar um banho.
LAURA — Vai lá, filha.
Elisa vai para o quarto e Laura volta a faxinar a sala. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 08. FRANÇA. PARIS. ALTO DA TORRE EIFFEL. EXT. DIA.
Rodrigo ali a admirar a vista. Pierre com a câmera.
PIERRE — Fotos tiradas aqui ficam ótimas!
RODRIGO — Com um cenário desses ao fundo não poderia ser diferente.
PIERRE — Sorria.
Pierre tira muitas fotos do filho. Edição: efeito das imagens em cartela. Instantes.
RODRIGO — Eu queria te perguntar…
PIERRE — O que, filho? Pode perguntar.
RODRIGO — Por que você nunca foi ao Brasil me ver? Ou então minha mãe que nunca falou nada de você.
PIERRE — Olha, Rodrigo… A Letícia tinha todas as razões do mundo pra me odiar. Mas eu quero que você saiba que eu não sou o único errado.
RODRIGO — Como assim?
PIERRE — Eu conheci a Letícia em uma das minhas viagens ao Brasil. O nosso caso foi de uma noite. Até alguns meses atrás, eu não sabia que a Letícia tinha engravidado.
RODRIGO — Mas por que ela esconderia de você?
PIERRE — Eu não sei! Por coincidência ou não, o Jô, seu tio, era garçom em um dos hotéis em que me hospedo sempre que vou ao Brasil. Ele me contou tudo… Tentei ir atrás da Letícia, mas ela disse que era pra deixar vocês dois em paz! Depois de muita insistência, ela acabou aceitando um valor em dinheiro que eu depositava todo mês pra vocês.
RODRIGO — Você quando procurou ela não fez nem questão de me conhecer?
PIERRE — Porque a Letícia não deixou! Eu conseguir muito mal, uma foto sua. E foi o Jô que me deu.
RODRIGO — Todos esses anos… Eu sempre querendo saber sobre meu pai e ela escondendo de mim!
PIERRE — Filho, às vezes a gente faz coisas sem pensar e depois nos arrependemos.
RODRIGO — Ela não se arrependeu! Teve 17 anos pra consertar as coisas! Aliás, nem ela, nem você! Ambos não fizeram questão de consertar as coisas!
PIERRE — O que eu posso te dizer, Rodrigo? (Pausa) Desculpe! Éramos jovens… A única coisa que eu quero agora, é passar todo tempo que eu puder, ao lado do meu filho!
Rodrigo se afasta e fica de costas para o pai, ele chora.
RODRIGO — Embora eu não entenda… Agora é tarde demais pra querer explicações, principalmente vindas dela!
PIERRE — (Se aproxima do filho) Sua mãe era um pouco orgulhosa. Ela deve ter imaginado que a nosso caso de uma noite foi um erro!
RODRIGO — E daí eu tinha que pagar pelo erro que ela achou que cometeu? (Pensa) Se ela achou um erro a noite que passou com você… Então eu sou um erro na vida de vocês!
PIERRE — (Abraça o filho) Não fale isso, meu filho! Você foi a melhor coisa que já aconteceu nas nossas vidas!
Close em Rodrigo abraçado com o pai, chorando. Instantes. Emoção.
CORTA PARA:
CENA 09. PARIS. APARTAMENTO PIERRE. SALA. INT. DIA.
Pierre sentado no sofá lendo jornal. Rodrigo vem do quarto.
RODRIGO — O senhor viu a minha calça?
PIERRE — A que você chegou aqui?
RODRIGO — É.
PIERRE — Eu joguei fora.
RODRIGO — O quê? No bolso dela estava o número da Elisa.
PIERRE — Desculpa, filho. Não sabia. Quando vi que ela estava muito surrada, decidi jogar fora já que vamos comprar roupas novas amanhã.
RODRIGO — Antes de jogar as coisas dos outros fora, você devia avisar!
Ele vai saindo, com Pierre arrematando.
PIERRE — Tá indo aonde?
RODRIGO — Revirar o lixo atrás da minha calça!
PIERRE — (P/si) Que bola fora com meu filho! Joguei fora porque não sabia. Ele ficou bravo comigo. Mas aquela calça tava velha.
CORTA PARA:
CENA 10. PRÉDIO DE PIERRE. LATERAL. EXT. DIA.
Rodrigo sai do prédio e vai para a lateral. Um caminhão de lixo jogando na carroceria, o lixo que há no latão. Rodrigo corre atrás do caminhão, mas ele dá a partida e se afasta rapidamente.
RODRIGO — (Gritando) Ei! Ei! Volta aqui! (P/si) Droga. Já era! Perdi o número dela.
CORTA PARA:
CENA 11. MONTAGEM DE CENAS. INT./ EXT. DIA/ NOITE.
Atenção Sonoplastia: Quando um Grande Amor se Faz.
MONTAGEM 01: Tela dividida entre Elisa em seu quarto e Rodrigo em seu quarto, ambos deitados a pensar um no outro. Instantes.
MONTAGEM 02: Tela dividida entre Rodrigo na ponte sobre o rio Sena pensativo. Elisa na Praça Canarinho a olhar para a asa do mesmo. Ela sorrir ao passar a mão sobre a asa. Instantes.
MONTAGEM 03: À noite. Tela dividida entre Rodrigo no apart do pai tentando ligar para alguém e Elisa na sala olhando para o tel. Fixo esperançosa por uma ligação. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 12. CASA DO CASAL MISTÉRIO. SALA. INT. DIA.
Gabriela analisando as anotações. Reinaldo vem da cozinha bebendo suco sem camisa, percebemos uma melhora em sua pele.
GABRIELA — (Feliz) Consegui! Consegui!
REINALDO — Conseguiu o que, meu amor?
GABRIELA — Conseguir a solução para acabar de vez com Ictiose!
REINALDO — (Feliz) Não acredito! Depois de 35 anos sofrendo sem poder sair na rua com camisa e bermuda… Agora quer dizer que eu vou poder ser como qualquer outro ser humano normal?!
GABRIELA — Vai sim, meu amor. Nada de viver a base de hidratantes e óleos esfoliastes.
REINALDO — Não se esqueça do ácido salicílico.
GABRIELA — Esse também. E agora vamos poder aumentar a família.
REINALDO — Verdade. Nunca que iria me tornar pai para o meu filho passar por essa mesma situação constrangedora.
GABRIELA — Infelizmente Ictiose ou doença da escama de peixe é hereditária. Mas agora viveremos novos tempos, meu amor!
REINALDO — Literalmente. Inclusive fora deste bairro.
GABRIELA — Graças a Deus! Não aguento mais esse povo que não tem o que fazer!
Os dois se beijam apaixonadamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. CASA LAURA E SEVERO. QUARTO ELISA. INT. DIA.
Elisa ali sentada na cama pensativa.
ELISA — (OFF, Narrando) Há algum tempo atrás, imaginei que o nosso amor seria capaz de ultrapassar qualquer obstáculo… Mas em menos de um mês com o Rodrigo fora do país, já não nos falamos mais. Me iludi com o nosso amor? Não sei. O fato é que o que tínhamos está cada vez mais longe de voltar. Literalmente. Mas não sei se da parta dele ainda há sentimentos por mim, mas de minha parte sei que há. Dois corações separados, que parecem não se unir nunca mais…
Atenção Edição: Colocar um coração rachando-se ao meio e separando.
Fecha em Elisa triste, cabisbaixa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.
LETREIRO: 15 ANOS DEPOIS.
CAM aérea percorre toda a orla de Ipanema, Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Jockey Club. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. CASA MARCOS E ELISA. QUARTO GUSTAVINHO. INT. DIA.
Elisa vestindo Gustavinho com o uniforme do colégio.
ELISA — Isso aí, meu filho. Vai ficar bonitão pro primeiro dia de aula.
GUSTAVINHO — Não queria ir pra escola hoje, mãe.
ELISA — Mas você tem que ir, meu filho. Colégio novo, amiguinhos novos…
GUSTAVINHO — (Emburrado) Gostava mais do antigo colégio mesmo!
ELISA — A mamãe vai com você. Tá bom assim?
GUSTAVINHO — Tá bom. Muito melhor do que ir com o papai sozinho.
Marcos entra no quarto.
MARCOS — (Autoritário) Esse menino ainda não está pronto, Elisa?! Desse jeito ele vai se atrasar no primeiro dia de aula no colégio novo.
ELISA — Calma, Marcos. (Penteia o cabelo do filho) Meu filho não vai todo largado pro colégio!
MARCOS — Você trata esse garoto como se fosse mocinha! Ele é macho, hein! Tem que ir desengonçado mesmo!
ELISA — Ai, Marcos. Sai daqui! Você com esse seu modo arcaico de pensar chega me dar ânsia!
Marcos a encara seriamente e sai do quarto.
GUSTAVINHO — Vocês não vão brigar de novo, né, mãe?
ELISA — Claro que não, meu filho.
CORTA PARA:
CENA 16. PARIS. APARTAMENTO RODRIGO. SALA. INT. DIA.
Mesmo apart de Pierre, porém, a decoração já não é mais a mesma. Rodrigo entretido sentado lendo jornal. Viviane vem do quarto.
VIVIANE — Sabe no que eu andei pensando, meu amor? (Percebe Rodrigo entretido) Querido, estou falando com você.
RODRIGO — Ah, desculpe, meu amor. O que falava?
VIVIANE — Andei conversando com mamãe esses dias, e ela me fez perceber que nós nunca fomos ao Brasil desde que nos casamos. Você não acha que já está na hora de viajarmos para o nosso país de origem?
RODRIGO — Com o caos que a empresa está infelizmente agora não vai dá Viviane!
VIVIANE — Você sempre fala isso, Rodrigo! E o pior é que a empresa nunca melhora de situação.
RODRIGO — Fazer o que, Viviane? A empresa está envolvida em tantos escândalos, que não dou nem um mês para o governo nos mandar fechar as portas.
VIVIANE — Isso é o fruto da má administração que seu pai deu aos negócios.
RODRIGO — Preciso ir ao hospital ver como ele está.
Atenção Sonoplastia: tel. Fixo começa a tocar. Viviane vai atender.
VIVIANE — (Ao tel.) Bonjour? (Pausa) Je préviens. (Alô? Eu aviso.)
Viviane desliga e fica séria. Tensão.
RODRIGO — Quem era, Viviane?
VIVIANE — Do hospital.
RODRIGO — Meu pai tá bem?
VIVIANE — Parece que houve uma piora no estado de saúde dele.
RODRIGO — Eu preciso ir pra lá agora!
VIVIANE — Vou com você, meu amor.
Os dois saem apressados.
CORTA PARA:
CENA 17. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Edileusa limpando os móveis. Beatriz desce a escada.
Atenção Sonoplastia: O tel. Fixo toca e Beatriz atende.
BEATRIZ — (Ao tel.) Alô? (Feliz) Ah. Oi, filha. Como é que vai aí em (sotaque francês) Paris?
Edileusa curiosa se aproxima disfarçadamente limpando os móveis.
BEATRIZ — (Ao tel.) Não brinca, filha. Se o véio bate as botas, você volta para o Brasil. Mas vê se convence o cabeça dura do Rodrigo. Logo que a empresa não vai muito bem é melhor voltar. Tenho certeza que o Ramiro daria uma oportunidade para ele na Fabristilo. (Pausa) É verdade, filha. Olha, eu não vejo a hora de ter você aqui com a mamãe de novo. Tá bom, filha. Me mantenha informada. Tchau!
Beatriz desliga.
EDILEUSA — Vivi Superiora está de volta pro Brasil?
BEATRIZ — (Passa o dedo no móvel, séria) Limpa isso aqui que tá imundo!
EDILEUSA — Sim, senhora.
Beatriz sobe as escadas e Edileusa continua a limpar. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. COLÉGIO INFANTIL. FRENTE. EXT. DIA.
Elisa e Marcos com Gustavinho.
MARCOS — Vai lá, filho. E lembre-se: se alguém te bater, dê o dobro de porrada!
ELISA — Que isso, Marcos?! Meu filho não é marginal não!
MARCOS — Melhor bater do que virar saco de pancada!
ELISA — Nada disso, meu filho. Se alguém implicar com você, fale com a diretora!
GUSTAVINHO — Tá bom, mãe. (Dá um beijo no rosto da mãe e entra no colégio)
MARCOS — É só eu que percebo que você estraga o garoto?
ELISA — Ah. Sou eu quem estraga o garoto? Você não percebe que é um tremendo de um péssimo exemplo pro Gustavinho?!
MARCOS — O que eu estou fazendo é ensinar o meu filho a ser homem!
ELISA — Tudo bem, Marcos. Aqui não é local adequado para termos esta conversa. Preciso ir trabalhar.
Elisa segue caminhando e Marcos vai atrás. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 19. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.
Laura procurando algo debaixo dos móveis e no chão. Severo chega da rua com sacolas de frutas e legumes
SEVERO — O que você faz aí desse jeito, mulher?
LAURA — Procurando um negócio.
SEVERO — E o que seria?
LAURA — Acho que a Elisa pegou aquela minha caixinha de costura e levou pra casa dela.
SEVERO — Deve ter levado mesmo. Talvez pra costurar os trapos do traste do Marcos!
LAURA — Que isso, Severo? Ele é o pai do nosso neto.
SEVERO — Infelizmente. Aliás, a Elisa não se envolveu com homem nenhum que prestasse até hoje.
LAURA — Como não? E o Rodrigo?
SEVERO — Ele é um Garcia, Laura! Nenhum Garcia presta!
LAURA — Meu pai eterno… Essa guerra de vocês pelo visto vai durar a eternidade!
SEVERO — Laura, mas é claro! O patriarca dos Garcias seduziu minha avó! Veja se isso não é um absurdo!
LAURA — Sim, realmente é um absurdo. Mas do jeito que você fala até parece que sua avó foi obrigada a se deitar com esse Garcia. Convenhamos aqui, né, meu bem… Essa dona aí era bem safadinha. Agora deixa eu ir buscar minha caixa de costura.
Laura sai para a rua, deixando severo ali invocado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 20. PARIS. HOSPITAL PARTICULAR. QUARTO. INT. DIA.
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tristeza.
Pierre desacordado, cheio de aparelhos. Rodrigo chorando entra no quarto e pega na mão do pai.
RODRIGO — (Consternado) Pai… Meu pai. Por que isso? O senhor vai sair dessa. Eu tenho fé que o senhor vai voltar para a nossa casa. Nós vamos ao 58 Tour Eiffel, o seu restaurante preferido. Vamos tirar fotos no topo da torre Eiffel. (Confiante) Nós vamos…
Rodrigo fica ali segurado na mão do pai. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 21. CASA ELISA E MARCOS. FRENTE. EXT. DIA.
Marcos se aproxima e começa a destrancar a porta. Laura se aproxima.
LAURA — (Chamando) Marcos? Marcos?
MARCOS — (P/si) A essa hora e a velha já tá vindo encher a merda do saco. (Vira-se e dá um sorriso falso) Pois não, dona Laura?
LAURA — Meu filho… Estava em casa procurando aquela minha caixinha de costura… Você sabe se a Elisa pegou para costurar alguma coisa?
MARCOS — Não sei, dona Laura. Mas qualquer coisa eu falo com a Elisa mais tarde.
LAURA — Não posso esperar até a Elisa voltar. Vou entrar e procurar.
MARCOS — (P/si) Além de tudo ainda é inconveniente.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 22. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. DIA.
Marcos e Laura entram.
LAURA — Prometo que não vai demorar, meu filho.
MARCOS — Nada. Fique a vontade, dona Laura.
Laura vai para os quartos.
MARCOS — (P/si) Velha mais inconveniente. Aturar essa família insuportável da Elisa não é fácil!
CORTA PARA:
CENA 23. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.
Edileusa cortando alguns legumes para preparar o almoço. Marcelo vem da sala e pega um copo d’água na geladeira.
MARCELO — Edileusinha do meu coração! Como você está?
EDILEUSA — Tô bem, Marcelo.
MARCELO — Tem certeza?
EDILEUSA — Tenho sim.
MARCELO — Você sabe, né? Sou teu amigo. Quando quiser desabafar, pode contar comigo.
EDILEUSA — Obrigado, Marcelo. Nossa! Às vezes eu fico olhando pra você assim e vejo a dona Maristela. Ela era tão agradável.
MARCELO — Verdade. Minha mãe era um doce de pessoa com todos.
EDILEUSA — Verdade. Dona Maristela não se importava com a posição social de ninguém. Todos eram tratados da mesma forma.
MARCELO — Cá entre nós… O contrário do meu pai e da sebosa tia Beatriz.
EDILEUSA — Que isso, menino? Se eles escutam você falando uma coisa dessas…
Os dois continuam a conversar fora de áudio. Instantes
CORTA PARA:
CENA 24. PARIS. HOSPITAL PARTICULAR. QUARTO. INT. DIA.
Rodrigo agarrado na mão do pai. Pierre acorda
PIERRE — (Tom baixo) Filho…
RODRIGO — Pai? Graças a Deus o senhor acordou!
PIERRE — (Tom baixo) Filho, você tem que… (Crise de tosse)
RODRIGO — O que, pai?
PIERRE — (Tom baixo) Você precisa deixar a empresa. Você não pode se manchar pelos meus erros.
RODRIGO — Pai, a empresa é da nossa família. Não posso deixar que ela morra!
PIERRE — (Tom baixo) Aproveita que eu estou morrendo e feche as portas, filho. Acredite, há muito mais coisas em jogo do que você imagina. O melhor que você faz é fechar.
Atenção Sonoplastia: Aparelho começa a notificar a falta dos batimentos cardíacos.
RODRIGO — (Desesperado sacode Pierre) Pai, não me deixa, pai! Fala comigo, pai! (Grita) Pai!!!
Uma equipe de médicos e enfermeiros entram no quarto. Começam com a massagem cardíaca. Rodrigo apreensivo, quando Viviane entra no quarto e abraça o amado. Instantes.
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tristeza.
MÉDICO — Désolé, nousne pouvons rien faire de plus. Je suis désolé. (Desculpe, não há mais nada que possamos fazer. Sinto muito).
RODRIGO — (Desesperado) Por que pararam de fazer a massagem cardíaca? Meu pai tem que viver!
VIVIANE — Meu bem/
RODRIGO — (Corta, transtornado) Meu pai tem que viver, Viviane!
VIVIANE — Meu bem, não há mais nada que eles possam fazer. O doutor acabou de falar.
Viviane abraça o amado muito abalado. Closes alternados em Rodrigo abalado, que chora muito, e Viviane a olhar seriamente para o corpo de Pierre. Instantes. Tristeza.
CORTA PARA:
FIM DO QUINTO CAPÍTULO