NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

BELINHA

EDILEUSA

ELISA

JOSIAS

KLÉBER

LAURA

MARCELO

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RODRIGO

SEVERO

SÉRGIO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

5 CAMINHONEIROS, ADVOGADO, MOREIRA, POLICIAIS FRANCESES

 

CENA 01. PARIS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

VIVIANE            —    (Disfarça) Como assim, Rodrigo?

RODRIGO         —    Este comprovante aqui é uma ordem de pagamento da empresa do meu pai… E o destinatário do recebimento da quantia aqui constada é a Fabristilo. Essa não é a empresa da sua família?

VIVIANE            —    É sim. Deixa eu ver isso aqui. (Pega o comprovante e analisa) Ah, mas isso aqui não é nada demais. A empresa do seu pai comprou algumas peças de roupas na Fabristilo.

RODRIGO         —    Mas são empresas totalmente distintas!

VIVIANE            —    Olha, meu amor… Não precisa se preocupar. Vou ligar pro meu tio e ver que tipo de negócios a Fabristilo fez com seu pai. Tá bom assim pra você?

RODRIGO         —    Tá.

VIVIANE            —    Vou ligar pra ele.

Viviane sai da sala. Rodrigo permanece ali desconfiado. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 02. PRÉDIO FABRISTILO. SALA RAMIRO. INT. DIA.

Ramiro e Marcelo sentados.

MARCELO        —    Vim pro escritório pra ficar sem fazer nada, pai?

RAMIRO            —    Calma, meu filho. Daqui a pouco vou de dar algo para fazer.

MARCELO        —    Que saco!

Marcelo se levanta e vai olhar pela janela.

Atenção Sonoplastia: cel. De Ramiro toca. Ele pega. CAM detalha a tela do cel.: ‘Viviane’ na tela.

RAMIRO            —    (Pega uma pasta) Marcelo, leva isso aqui ao diretor jurídico.

MARCELO        —    Mas é no andar de baixo, pai.

RAMIRO            —    Você não queria algo pra fazer? Toma! Vá logo.

MARCELO        —    (Pega a pasta) Tá bom.  Na próxima que o senhor me chamar pra ser seu secretário, eu não venho mais.

Marcelo sai da sala. Ramiro liga novamente.

RAMIRO            —    (Ao cel.) Viviane?

VIVIANE                (OFF) Por que não atendeu, tio?

RAMIRO            —    (Ao cel.) Marcelo tava aqui. Mas e então, conseguiu impedir o Rodrigo?

VIVIANE            —    (OFF) Até tentei, tio. Mas ele achou uma pasta com um comprovante de pagamento do Pierre a empresa.

RAMIRO            —    (Ao cel., Firme) Eu ainda falei pra você impedir ele!

VIVIANE            —    (OFF) Agora já era e ele descobriu. O que a gente faz agora?

RAMIRO            —    (Ao cel.) Como? Não está óbvio pra você?! Vasculhe e veja se há mais evidências por aí com o nome da Fabristilo e suma com tudo. Do jeito que as coisas estão, a polícia não demora aparecer por aí e fechar as portas da empresa.

VIVIANE            —    (OFF) Tá bom, tio. Vou sumir com tudo.

RAMIRO            —    (Ao cel.) Faça isso. (Desliga o cel., p/si) Empresa não pode se envolver em todos esses escândalos que o Pierre inventou para o patrimônio dele.

Fecha em Ramiro sério, pensativo. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 03. FÁBRICA FABRISTILO. RECEBIMENTO. INT. DIA.

Caminhão terminando de encostar. Moreira dando as coordenadas ao motorista. Um grupo grande de aproximadamente quinze homens, incluindo Sérgio, ali a espera para descarregar. CAM mostra mais quatro caminhões estacionados nas docas para serem descarregados.

MOREIRA         —    (Grita, p/motorista) Aí tá bom! (P/Homens) Quando o Kléber chegar ele vai dizer como vocês vão descarregar a carga sem danificar nada.

Kléber se aproxima.

KLÉBER           —    (Autoritário) Mas o que essa rapaziada faz parada aí? Produção! Produção! Cinco caminhões. Três homens por caminhões. Vocês tem uma hora pra descarregar!

SÉRGIO             —    (P/si) Uma hora é muito pouco.

KLÉBER           —    Eu ouvi reclame de alguém? Quarenta e cinco minutos. Toda a carga de tecido de algodão deve ser retirada do caminhão com no maior cuidado possível para não avariar a matéria prima da empresa. Depois, devem ser levadas para a área de armazenagem do tecido algodão. Se houver qualquer erro igual da última vez que misturaram seda com tecido sintético, o bicho vai pegar pro lado de vocês! Quarenta e cinco minutos a partir de agora! Vai, vai, vai! Vai cambada!

Homens correm para pegar os porta-paletes, outros abrem as portas dos caminhões, outros, preparam as rampas para descarregar o produto.

MOREIRA         —    E os motoristas?

KLÉBER           —    Você sabe bem o procedimento. Cerca todos eles lá no pátio e leva para a lanchonete! Assim eles não ficam aqui pra desconfiar de nada.

MOREIRA         —    Beleza.

Moreira sai do recebimento através de uma das docas. Kléber de braços cruzados a supervisionar os trabalhadores. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. FÁBRICA FABRISTILO. PÁTIO. EXT. DIA.

Cinco caminhoneiros reunidos. Todos com as notas das cargas.

CAMINHONEIRO 1  —        Mas ô lugarzinho difícil de encontrar!

CAMINHONEIRO 2  —        Eu passei uma hora rodando até conseguir encontrar isso aqui.

CAMINHONEIRO 3  —        Tão escondido que até o GPS, me informou outro local.

CAMINHONEIRO 4  —        Eu não entendo porque uma empresa dessas tem uma fábrica tão distante de tudo!

CAMINHONEIRO 5  —        Mais caro pra eles mesmos! Vim com carga para o Rio de Janeiro já é praticamente uma missão suicida, com esses roubos frequentes de cargas e a fábrica ainda se localiza mal.

O grupo de caminhoneiros vai aos risos. Moreira se aproxima.

MOREIRA         —    E aí, rapaziada. Como vocês estão?

CAMINHONEIRO 1  —        Essa empresa fica localizada longe de tudo!b

MOREIRA         —    É para fugir da onda de violência nas zonas urbanas.

CAMINHONEIRO —        E aqui nesse fim de mundo vocês acham mesmo que estão mais seguros?

MOREIRA         —    Com a segurança de dentro da fábrica, não tem como sermos invadidos. Estão com as notas?

Todos entregam as notas a Moreira.

MOREIRA         —    Ótimo. Enquanto descarregam, porque os senhores não ficam na lanchonete da fábrica? Ar condicionado e aquela comida boa!

CAMINHONEIRO—        Opa! Com esse calor é tudo que eu quero é ar condicionado!

MOREIRA             Então vamos.

Moreira junto dos caminhoneiros segue caminhando. CAM mostra Kléber de uma das docas sério a olhar. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. CANARINHO. PRAÇA. EXT. DIA.

Elisa caminhando cabisbaixa, se senta em um banco e ali fica pensativa. CAM mostra Josias varrendo a calçada de seu bar, quando olha Elisa, arremata.

JOSIAS              —    (P/si) É… Pelo visto essa menina nunca mais foi a mesma desde que o Rodrigo foi para a França. Casou, teve um filho com o cara, mas a verdade é que ela não transparece mais aquela felicidade de antes… Mas fazer o que, né! A vida é assim mesmo. Em falar em França… Pierre nunca mais me ligou, tô começando a ficar preocupado com ele.

Ele volta a varrer a calçada. Instantes. Corta de volta para Elisa:

ELISA                —    (P/si) O que eu vou fazer da minha vida agora sem emprego, meu Deus?

CAM mostra Severo passando com seu táxi, ao ver a filha, ele estaciona, salta do carro e vai até Elisa.

SEVERO           —    Filha… Como você está?

ELISA                —    (Cabisbaixa) Tô bem, pai.

SEVERO           —    Mas não parece. Esse casaco e essa calça nesse calor minha filha?

ELISA                —    É que… É que hoje eu acordei com frio, um pouco de febre.

SEVERO           —    Entendi. (Olha p/ relógio) Essa hora você não deveria tá trabalhando?

ELISA                —    Deveria. Me atrasei mais uma vez e fui demitida.

SEVERO           —    Nossa, filha! Que chato.

ELISA                —    Pois é, pai. Ultimamente tem tudo dado errado na minha vida.

SEVERO           —    Como assim, filha? Tá acontecendo mais alguma coisa que você não me disse?

Fecha em Elisa indecisa se conta ou não conta. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 06. PARIS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Rodrigo sentado analisando a papelada de uma pasta. Viviane entra.

VIVIANE            —    Falei com meu tio.

RODRIGO         —    E então?

VIVIANE            —    E então que ele disse que realmente seu pai comprou algumas peças não só de roupas, mas de tecidos também na Fabristilo.

RODRIGO         —    Por que ele pediria isso do Brasil estando na França? Não faz o menor sentido!

VIVIANE            —    Bom, você sabe que das vezes que meu tio veio à França, seu pai e ele se deram super bem. Vai ver foi algum acordo dos dois.

RODRIGO         —    É verdade. Agora parando pra pensar até que faz sentido. Meu pai sempre fez questão de comprar tecidos para mandar fazer as cortinas do escritório e do apartamento dele do jeito que ele queria. Era uma mania dele.

VIVIANE            —    Tá vendo só? (vai para atrás do amado e coloca a mão em seus ombros) Você não tem com o que se preocupar, meu bem.

RODRIGO         —    (Puxa-a a para seu colo) Não sei o que faria sem você.

Eles se beijam e ficam abraçados. CAM mostra Viviane com sorrisinho debochado por de trás das costas do amado. Instantes. Falsidade. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 07. CANARINHO. PRAÇA. EXT. DIA.

Continuação imediata da cena 05.

ELISA                —    Tá acontecendo nada não, pai. É que depois desse episódio do Marcos com a caixa de costura da dona Laura, eu parei pra pensar mais na vida, sabe?

SEVERO           —    Sei, filha. Vai lá pra casa. A Laura ficou lá sozinha.

ELISA                —    Vou lá fazer companhia pra ela.

SEVERO           —    Vai sim, filha. Bom, agora eu preciso ir. Vou dar uma rodada pelo centro do Rio hoje porque aqui no bairro não dá mais pra conseguir um tostão.

ELISA                —    Vai lá, pai. Bom dia de trabalho.

SEVERO           —    Obrigado, filha.

Severo dá um beijo no rosto da filha e volta para o táxi, que dá a partida e vai se afastando. Elisa se levanta e começa a caminhar.

ELISA                —    (P/si) Agora não resta outra coisa a não ser usar meu tempo procurando outro emprego.

Ela segue caminhando, atravessa a rua, caminha mais, entra em outra rua e entra na casa da mãe. Josias não está mais na calçada varrendo.

CORTA PARA:

CENA 08. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. DIA.

Elisa entra.

ELISA                —    (P/si) Ué. Meu pai não não disse que ela estava em casa?

Laura vem da cozinha.

LAURA              —    (Se assusta) Filha?! Ai que susto você me deu! O que você tá fazendo por aqui há essa hora?

ELISA                —    Sou mais uma brasileira a faz parte da estatística alarmante dos desempregados.

LAURA              —    Ah, filha. Sério?

ELISA                —    Cheguei atrasada mais uma vez. E dessa vez não teve desculpa que fizesse eu garantir meu emprego.

LAURA              —    Poxa. Acabou com meu dia essa notícia.

ELISA                —    Já, já eu arrumou outro, dona Laura. Precisa se preocupar não.

LAURA              —    Bem que o vagabundo do Marcos poderia trabalhar, né?! Homem novo daquele com aquele espírito de preguiça!

ELISA                —    Não quero nem saber do Marcos.

LAURA                  Vocês brigaram ontem, não foi filha?

ELISA                —    Ele não gostou porque eu perguntei ele sobre a caixinha de costura.

LAURA              —    Esse vagabundo preguiçoso não levantou a mão pra você não, né, filha?

ELISA                —    Não, mãe. A verdade é que a convivência com o Marcos está ficando insuportável e eu decidir pôr um fim no nosso casamento.

LAURA              —    Filha, olha, eu não vou mentir pra você. O Marcos é um vagabundo que não mexeu uma palha se quer para que vocês como um casal pudessem crescer juntos. Você é uma menina com garra, batalhadora! Não precisa de homem pra nada!

Fecha em Elisa que meneia a cabeça concordando. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO VIEIRA. PORTÃO PRINCIPAL. EXT./ INT. DIA.

Táxi se aproxima e para em frente ao portão. Corta para dentro do táxi: Edileusa e Nandão ali.

EDILEUSA        —    Obrigado por ter me trazido, meu bem.

NANDÃO           —    Que nada. Eu já estava vindo pra essas bandas pra ver se conseguia mais passageiros.

EDILEUSA        —    Afff!!! Nem pra dizer que foi um prazer trazer a esposa até o trabalho dela.

NANDÃO           —    Que foi? A Verdade é que eu já estava vindo mesmo pra esses lados.

EDILEUSA        —    Tá bom, Fernando! Passar bem!

Edileusa sai do táxi. Corta para fora do táxi:

NANDÃO           —    Que isso, minha delícia? Não faz assim!

EDILEUSA        —    Você pede, praticamente implora pra que eu seja seca com você!

Ela toca o interfone e destravam o portão, com Nandão arrematando.

NANDÃO           —    Não faz assim, meu amor. Vamos conversar! (P/si) Droga! Às vezes eu tenho que parar de ser sincero com essa mulher.

CAM mostra uma loira, corpo atlético passando do outro lado da rua, com roupas de malhar.

NANDÃO           —    (P/si) Aquela loiraça ali sim eu levaria para o trabalho todos os dias.

Ele continua a olhar a loira se afastar. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina a analisar os indicadores de desempenho de produção, que estão a indicar uma leve queda.

REGINA             —    (P/si) Isso não é bom. Sejam quais forem às quedas, o Ramiro liga furioso achando que não trabalhamos o suficiente. Precisamos reverter este quadro antes do fechamento do mês.

Moreira bate na porta e entra com as notas dos caminhoneiros.

MOREIRA         —    Licença, dona Regina.

REGINA             —    Pode falar, Moreira.

MOREIRA         —    Aqui estão as notas das cargas que acabaram de chegar.

REGINA                 (Pega as notas) Ótimo. E o Kléber?

MOREIRA         —    Ainda deve estar supervisionando o descarregamento da carga.

REGINA             —    Como assim: ainda deve? Onde você estava?

MOREIRA         —    Kléber tinha mandado entreter os caminhoneiro e mandar eles para a lanchonete.

REGINA             —    Ah, sim. Desça agora e mande o Kléber vir aqui imediatamente.

MOREIRA             Sim, senhora.

Moreira sai do escritório. Fecha em Regina aflita. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 11. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. DIA.

Edileusa entra e se assusta ao ver Beatriz sentada a mesa.

EDILEUSA        —    (Se assusta) Ai, dona Beatriz! Que susto a senhora me deu!

BEATRIZ          —    A única assustada aqui sou eu com esse seu horário de chegada!

EDILEUSA        —    Desculpe, dona Beatriz. É que o trânsito hoje estava terrível. E olha que meu marido me trouxe de táxi, por isso ainda conseguir chegar agora.

BEATRIZ          —    Táxi? Você sabe muito bem que o transporte de vocês é trem para os que moram na baixada Fluminense e metrô. Lata de sardinha! Com aquele futum de braço mal lavado no nariz, mas que chegue na hora!

EDILEUSA        —    Desculpe, dona Beatriz.

BEATRIZ          —    E o que me deixa mais impressionada é a sua tamanha cara de pau.

EDILEUSA        —    Como assim?

BEATRIZ          —    (Autoritária) Não me faça essa cara de que não está entendendo! Além de estar atrasada, ainda para, conversa com um segurança aqui, outro ali, com o motorista… Você acha que tá aonde? Aqui é trabalho! Aqui você é uma empregada que tem que cumprir com os seus horários!

EDILEUSA        —    Sim, senhora.

BEATRIZ          —    Agora vá se trocar que esta mansão toda lhe aguarda e hoje eu quero ver o chão brilhando!

Edileusa vai para o quartinho se trocar.

BEATRIZ          —    (P/si) Mas é de uma petulância que eu vou te contar, viu…

CORTA PARA:

CENA 12. FÁBRICA FABRISTILO. ARMAZENAGEM. INT. DIA.

Kléber supervisionando homens com porta-paletes automáticos realizando a armazenagem dos tecidos nas longarinas.

KLÉBER           —    Toma cuidado. Toma cuidado. Não pode rasgar nem um centímetro desses tecidos!

Sérgio se descuida e bate com o palete na longarina e rasga o tecido

KLÉBER           —    (Furioso, saca a arma) Olha aí seu animal! Olha a idiotice que você fez!

SÉRGIO             —    (Medo) Desculpa, cara. Isso não vai mais acontecer!

KLÉBER           —    (Aponta a arma pra ele) Não mesmo!

SÉRGIO             —    (Desesperado) Pelo amor de Deus, cara! Não me mata!

Sérgio chega a fechar os olhos de medo. Instantes. Tensão. Kléber começa a sorrir sem parar. Todos sérios a olhar pra ele.

KLÉBER           —    Tava com o… na mão, né? (Firme) Mas eu não tô brincando não! Sérgio já tá na corda banda aqui. Que isso sirva de alerta aos demais. Serviço impecável ou as consequências serão duras!

Moreira esbaforido se aproxima.

MOREIRA         —    (Esbaforido) Kléber, finalmente te encontrei cara.

KLÉBER           —    Que foi, Moreira?

MOREIRA         —    Regina quer você na sala dela o mais rápido possível!

KLÉBER           —    Beleza. Fica aí em alerta com a rapaziada pra eles não fazerem merda.

Kléber se afasta.

MOREIRA         —    Na boa rapaziada. Vamos trabalhar! Vamos, vamos!

Todos voltam as suas atividades. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Belinha se aproxima do bebedouro e pega um copo descartável de água. Kléber se aproxima.

KLÉBER           —    O que a garota faz fora do trabalho?

BELINHA          —    (Séria) Bebendo água. Posso?

KLÉBER           —    Poder até pode. Mas morcegar não pode!

BELINHA          —    (Empurra ele) Dá licença, cara. Preciso beber minha água em paz.

Kléber a encara seriamente por um instante e sobe a escada. CAM mostra Amanda aflitíssima a olhar para a filha. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina a olhar pela janela.

REGINA             —    (P/si) Vamos, Amanda. Mais produção e menos morcegagem.

Kléber entra.

KLÉBER           —    Escuta aqui, Regina! Aquela garotinha é muito abusada! Ela me empurrou.

REGINA             —    Belinha é mesmo uma menina difícil. Mas depois cuidamos disso. Agora temos algo muito mais sério do que uma menina mal-educada.

KLÉBER           —    Qual foi dessa vez?

REGINA             —    (Vira o monitor) Olhe esses indicadores.

KLÉBER           —    Estão em queda.

REGINA             —    Exatamente! E você sabe muito bem o que vai acontecer quando o Ramiro olhar esses indicadores. Vai ligar com aquele jeito dele achando que não trabalhamos o suficiente. Nesses casos você sabe muito bem quais são os procedimentos, né?

Fecha em Kléber que meneia a cabeça que sim. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 15. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.

Takes da orla de Ipanema. Praia e quiosques cheios, surfistas mais afastados da areia aproveitando as ondas, Pedra do Arpoador. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. DIA.

Laura lavando louça e Elisa mexendo nas panelas, cozinhando.

LAURA              —    Mas, filha, se vocês realmente vão se separar, o Marcos tinha que deixar a casa!

ELISA                —    Eu sei, mãe. Mas isso aí vai do bom senso dele de sair ou não.

LAURA              —    Filha, convenhamos aqui que depois da separação não tem o menor clima para ter o ex-marido dentro de casa.

ELISA                —    Eu espero que ele entenda que quem tem que ficar com a casa sou eu.

LAURA              —    Isso vocês vão ter que sentar e conversar.

ELISA                —    Eu me recuso a olhar pra cara do Marcos novamente, mãe!

LAURA              —    Filha, então se ele não sair da casa. Você e o Gustavinho podem vir pra cá.

ELISA                —    Até que não é uma má ideia. Agora que eu tô desempregada, o Marcos não trabalha. Íamos passar fome!

LAURA              —    Nunca! Minha filha e meu neto nunca passarão por isso enquanto eu estiver aqui! Então faz isso, Elisa. Vai lá e pega as suas coisas e do Gustavinho e vem pra cá.

ELISA                —    Ai, mãe, a senhora vem comigo? Não quero ter que voltar lá sozinha.

LAURA              —    É sério isso, Elisa?!

Fecha em Elisa que sorrir. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. PARIS. PRÉDIO COMERCIAL. FRENTE. EXT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.

Duas viaturas da polícia francesa se aproximam, para. Quatro policiais saltam, dois policias de cada viatura, e entram no prédio. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 18. PARIS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Viviane a vasculhar o arquivo deslizante.

RODRIGO         —    (OFF) Mas como isso? Vocês não podem fechar a empresa do meu pai!

Viviane olha para a porta, levanta as demais pastas e pega a pasta de baixo e rapidamente coloca dentro de sua bolsa.

CORTA PARA:

CENA 19. PARIS. ESCRITÓRIO. ANTESSALA. INT. DIA.

Rodrigo na presença de quatro policiais franceses. Viviane sai da sala com a bolsa.

VIVIANE            —    Que foi, meu amor?

RODRIGO         —    Eles estão querendo lacrar o escritório.

VIVIANE            —    Meu amor, o melhor a se fazer no momento é deixar a polícia fazer seu trabalho.

RODRIGO         —    Não é justo isso!

VIVIANE            —    Rodrigo, para com isso! Se você quer ser preso por tentar impedir os policiais de fazerem o trabalho deles, continua!

RODRIGO         —    Vou ligar pro doutor Alexandre.

VIVIANE                Agora sim uma atitude sensata!

Rodrigo e Viviane saem. Os policiais começam a lacrar o local. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. PARIS. LE BRISTO PARISEN. INT. DIA.

Local fino, chique. Algumas mesas disponíveis. Mesa de Rodrigo e Viviane com uma vista panorâmica para a Torre Eiffel. Advogado chega.

ADVOGADO     —    Desculpem a demora. Acabei de voltar do fórum.

VIVIANE            —    Tudo bem, doutor Alexandre. Não tem problema.

RODRIGO         —    Eles podem realmente fazer isso com a empresa do meu pai? Simplesmente chegar e lacrar tudo…

ADVOGADO     —    Sinto muito lhe informar, Rodrigo, mas eles podem sim! A empresa do seu pai está sendo alvo de investigações depois de escândalos de que estava operando de forma ilegal, realizando trâmites de maneira ilícita no exterior e fora os pagamentos de propinas. Até no Brasil parece que Pierre tinha envolvimento com algo.

RODRIGO         —    Então está tudo acabado! Nem que eu quisesse tentar reerguer a empresa dele não seria possível.

ADVOGADO     —    Infelizmente não, Rodrigo. E quanto a voltar ao Brasil, você não pode pensar em deixar a França sem isso tudo ser resolvido.

VIVIANE            —    Como não?

ADVOGADO     —    Pierre morreu, o único herdeiro é o Rodrigo. É natural que o Rodrigo faça parte de tudo. Até porque pode ser que haja a suspeita de que o Rodrigo fazia parte dos esquemas ilegais do Pierre.

RODRIGO         —    Como é que é?! Mas isso é um absurdo!

Fecha em Rodrigo indignado. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO OITAVO CAPÍTULO

 

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