NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
BEATRIZ
BELINHA
ELISA
GABRIELA
GUILHERME
GUSTAVINHO
JOSIAS
KLÉBER
LAURA
MARCELO
MAURÍCIO
MOREIRA
RAMIRO
REGINA
RICK
RODRIGO
SÉRGIO
SEVERO
VIVIANE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
MARÍLIA
CENA 01. BARRA DA TIJUCA. ORLA. EXT. NOITE.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Viviane se aproxima furiosa do casal e empurra o homem, que cai sobre a areia, ficando todo sujo. CAM mostra um homem com o cel. em mãos filmando toda a ação.
VIVIANE — Escuta aqui seu infeliz!
Casal completamente diferente de quem ela imaginava que fosse. Alguns curiosos param para olhar.
MULHER — Quem é essa mulher, Alex?
HOMEM — Eu não sei!
MULHER — (Bate nele) É sua amante, é? Seu desgraçado!
VIVIANE — (Sem graça) Não! Eu pensei que fosse meu marido. Desculpem.
HOMEM — Eu nunca vi essa louca na minha vida!
MULHER — (P/Viviane) Como você chega empurrando o noivo dos outros desse jeito?
VIVIANE — Desculpe. Eu pensei que fosse meu marido. Se bem que eu não achei nada de que ele pode estar me traindo.
MULHER — Olha, nesse ponto eu te entendo. Só toma mais cuidado da próxima vez que for abordar os outros.
HOMEM — Pois é! Fiquei todo sujo.
VIVIANE — Mais uma vez, me desculpem!
Viviane se afasta toda sem graça e o casal fica ali a conversar fora de áudio. CORTA PARA O CARRO PARADO: Rick do lado de fora.
RICK — O que aconteceu, dona Viviane? Quem era aquele casal?
VIVIANE — Não interessa! Entre nesse carro e me leve de volta pra casa!
Ela entra, Rick fecha a porta, entra e o carro se afasta.
CORTA PARA:
CENA 02. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. NOITE.
Continuação da cena 21 do capítulo anterior. Clima de tensão! Sérgio diante de Belinha e Regina.
REGINA — O que você tá fazendo aqui, Sérgio? Você não pode vir aqui em casa!
SÉRGIO — Regina, a gente precisa conversar a sério!
REGINA — (P/Belinha) Belinha, você pode ir para o quarto, por favor? Eu preciso conversar com seu pai.
BELINHA — Nada disso! Eu também quero saber o que vocês dois tem em segredinho!
SÉRGIO — Filha, não dificulta as coisas. Faz o que a Regina tá pedindo.
BELINHA — Não! Eu tenho o direito de saber o que está acontecendo!
CORTA PARA:
CENA 03. APART GABRIELA. SALA. INT. NOITE.
Continuação da cena 20 do capítulo anterior. Gabriela e Guilherme ali na porta.
GUILHERME — Eu posso entrar?
GABRIELA — Claro. (Ele entra e ela fecha a porta)
GUILHERME — Eu queria muito que/
GABRIELA — (Corta) Espera, Gui.
Gabriela olha para Marília.
MARÍLIA — Que foi? (Cai na real) Ah, a senhora quer conversar a sós. (Reclama) Agora que a vilã ia se dar mal. Amanhã eu vejo na reprise.
Marília vai para o quartinho.
GABRIELA — Obrigado, Marília. (P/Guilherme) Sente-se. (Os dois se sentam)
GUILHERME — Eu queria muito, do fundo do meu coração, que você me desculpasse.
GABRIELA — Tudo bem, Guilherme. Você agiu de cabeça quente, eu realmente errei.
GUILHERME — (Pega na mão dela) E agora vamos fazer a coisa certa e juntos.
GABRIELA — (Acaricia o rosto dele) Obrigado por todo esse apoio. Eu sozinha com todos esses problemas, não sei se daria conta.
GUILHERME — Mas agora vamos trabalhar juntos!
CORTA PARA:
CENA 04. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Beatriz e Ramiro ali sentados.
BEATRIZ — No jantar quero conversar com você sobre os detalhes do lançamento da coleção de inverno.
RAMIRO — Não é melhor deixarmos para discutir isso na reunião?
BEATRIZ — Pode até ser. Mas quando será essa reunião?
RAMIRO — Essa semana ainda. Só estou esperando a confirmação da presença de todos os acionistas.
Viviane ainda em choque chega da rua.
BEATRIZ — O que aconteceu, minha filha?
RAMIRO — Essa não! Descobriu o que não queria?
VIVIANE — Passei a maior vergonha de toda a minha vida.
BEATRIZ — Como assim?
VIVIANE — Eu estava indo pra empresa, quando vi um casal de costas sentado num dos bancos da orla. Manei o Rick imediatamente parar o carro e fui até o casal, empurrei o homem, mas não era o Rodrigo.
RAMIRO — (Sorrir) Mas essa cena deve ter sido hilária!
BEATRIZ — Filha, eu já falei pra você parar com essa obsessão! Ramiro me falou que o Rodrigo está na empresa trabalhando.
RAMIRO — Pelo menos ele falou que ficaria, agora, se ele realmente ainda estiver lá, eu não sei.
BEATRIZ — (Faz sinal para Ramiro parar) Você foi na empresa?
VIVIANE — Não. Depois dessa vergonha em público, eu achei melhor voltar pra casa.
BEATRIZ — Fez bem, minha filha.
VIVIANE — Mas será que o Rodrigo está mesmo na empresa? Pode ser que esteja lá ou em outro lugar. Vá saber!
CORTA PARA:
CENA 05. BARRA. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Clima chique e sofisticado. CAM passeia pelo restaurante até chegar à mesa de Rodrigo e Elisa. Jantar servido, champanhe a mesa.
ELISA — Você sabe que eu não me sinto muito confortável em ambientes chiques como este, né, Rodrigo?
RODRIGO — Eu sei. Mas na hora H você desistiu da praia. Lá era bem melhor que você poderia se sentir mais à vontade.
ELISA — Praia só ia me sujar de areia. Que ocasião estamos comemorando?
RODRIGO — Como assim? É o nosso primeiro jantar em quinze anos. (Pega na mão de Elisa) E eu queria te falar uma coisa.
ELISA — (Tira a mão da mesa) Pode falar.
RODRIGO — Eu andei pensando bastante e vou pedir o divórcio. A gente vai pode ficar juntos, Elisa! Formar a nossa família que sempre foi o nosso sonho
ELISA — Você tá louco, Rodrigo?! Eu jamais me casaria com você!
Fecha em Rodrigo sem entender a reação de Elisa. Instantes. Suspense.
CORTA PARA:
CENA 06. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. NOITE
Continuação não imediata da cena 02. Sérgio ali de pé, aflito. Regina volta do quarto.
REGINA — Pronto! Com Belinha trancada no quarto, a gente pode conversar.
SÉRGIO — Dona Regina, o plano da senhora me parecia bom. Mas ele não contava com uma coisa.
REGINA — O quê?
SÉRGIO — Que o Kléber fosse querer que eu fizesse provas de lealdade.
REGINA — Como assim?
SÉRGIO — Ele quer que eu prove que realmente quero acabar com a senhora!
REGINA — Ele disse como seria essa prova de lealdade?
SÉRGIO — Ainda não porque a senhora passou aquele rádio. Mas ele disse que depois do tal evento, vou ter que provar que realmente estou do lado dele.
REGINA — Então prove que está do lado dele!
SÉRGIO — Mas como, dona Regina? Eu nem imagino o que o Kléber vai me mandar fazer. E se ele quiser que eu mate alguém? (Pausa) Ainda tem o Moreira que fica jogando lenha na fogueira.
REGINA — Esse desgraçado do Moreira! Pensei que depois da nossa conversa, ele tinha entendido o que vai acontecer!
CORTA PARA:
CENA 07. BARRA. RESTAURANTE. INT. NOITE.
Continuação imediata da cena 05.
RODRIGO — Como assim: jamais casaria comigo? Eu pensei que você ainda gostava de mim.
ELISA — Eu gosto… Amo você, Rodrigo.
RODRIGO — Mas e então? Eu não entendo porque você disse isso.
ELISA — Você sabe muito bem que nada é tão fácil.
RODRIGO — Mas agora o que é que nos impede? Quinze anos atrás era a guerra das famílias. E agora, o que é?
ELISA — Agora você é casado, que tem uma vida estável. Não quero que você largue tudo por minha causa!
RODRIGO — Elisa, pelo amor de Deus! Se você for levar em conta as dificuldades antes de qualquer coisa, você sempre vai hesitar! Não existe nada que não tenha problemas! Acho que o importante é um sentir confiança no outro. Mas você tá agindo completamente ao contrário!
ELISA — Rodrigo, entenda uma coisa: você é casado com a filha da minha patroa. Que me odeia por sinal. Eu preciso daquele emprego!
RODRIGO — Eu sei que você precisa daquele emprego. Mas mesmo assim eu não entendo porque você tá fazendo isso.
ELISA — Eu não quero viver sendo “a outra”. A sua esposa é a Viviane!
RODRIGO — Tudo bem, Elisa. Mesmo não entendendo, eu vou respeitar a sua decisão.
ELISA — Obrigada.
Os dois continuam a jantar. Clima desconfortável para ambos. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 08. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Laura e Gustavinho sentados assistindo TV. Severo vem do quarto sério e sai para a rua.
GUSTAVINHO — O que o vô tem?
LAURA — Olha, Gustavinho. Não é porque ele é seu avô, que eu não vou deixar de ser realista contigo.
GUSTAVINHO — Vocês brigaram?
LAURA — Seu avô é insuportável! Aliás, ele já era. Mas agora que tá ficando velho, tá pior!
GUSTAVINHO — Pelo visto brigaram e feio!
LAURA — (Indignada) Briguei mesmo! Véio mais insuportável! Não posso nem sair na rua e falar com quem eu quero porque a mamãezinha dele não hesitava de pular por aí no quarto dos outros!
Fecha em Gustavinho, que mesmo não entendendo, sorrir.
CORTA PARA:
CENA 09. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. NOITE.
Marcelo ali analisando algo no caderno. Ramiro entra.
RAMIRO — Pode entrar?
MARCELO — Entra pai.
RAMIRO — E então, como vai a letra da música?
MARCELO — Pronta.
RAMIRO — (Impressionado) Mas já?
MARCELO — Comigo é assim mesmo, pai. Pediu, eu faço rápido.
RAMIRO — Quem dera você fizesse os relatórios que eu peço tão rapidamente assim.
MARCELO — Que isso, pai? Tá querendo acabar com a harmonia, é?
RAMIRO — Não. Deleta esse comentário. Posso dar uma olhada?
MARCELO — Claro.
RAMIRO — Aliás, canta pra eu ver.
Marcelo pega o vilão e começa a tocar.
MARCELO — (Canta) Olha como ela entra na passarela
Maravilhosa dos pés à cabeça
Elegante, poderosa ela vem.
Vira e faz um charme para os flashes
Que disparam pra ela. Maravilhosa!
De costas, ela continua diva e arrasa!
RAMIRO — (Feliz, orgulhoso) Adorei, meu filho! Com certeza isso vai ser um sucesso e destaque junto da coleção!
MARCELO — Que bom que o senhor gostou, pai!
RAMIRO — Eu não falei que chegaríamos a um meio termo? Você continua fazendo o que gosta e está na empresa. (Tem ideia) Vou levar a letra pra Beatriz.
MARCELO — Aquela lá vai rejeitar como sempre! Tudo que eu faço não presta, é coisa ruim!
RAMIRO — Ela que ouse falar mal da letra que eu vou resistir até ela tocar junto com as modelos desfilando!
Ramiro pega o caderno e sai. Marcelo sorrir, feliz de o pai ter se agradado de algo feito por ele. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. FÁBRICA. CASA REGINA. SALA. INT. NOITE.
Sérgio e Regina ali.
REGINA — Tudo bem, Sérgio. Eu entendo o seu desespero. Conhecendo o Kléber, eu sei que pode ter alguma coisa absurda de morte ou até de ferir alguém de alguma forma.
SÉRGIO — O que eu faço, dona Regina?
REGINA — Olha, eu posso tentar impedir. Mas eu também não posso me impor tanto, pra que eles não desconfiem de nada.
SÉRGIO — Tá. Então se eu tiver que matar alguém, eu vou ter que matar, é isso?
REGINA — Você tem que se manter firme que eu vou ver o que posso fazer. Até lá, vou dando meu jeito de impedir que ele te peça algo.
Atenção Sonoplastia: risadas de homens, vindo de fora da casa.
SÉRGIO — (Desesperado) É o Kléber, dona Regina! O que eu faço?
REGINA — (Pensa) Vai pro quarto da Belinha. A chave tá na porta. Se tranca com ela lá até eu disser que é seguro sair.
Sérgio corre para o quarto. Regina se senta e age naturalmente. Kléber e Moreira entram.
KLÉBER — Regina, eu convidei o Moreira pra jantar com a gente hoje. Tudo bem pra você?
REGINA — Claro. Moreira é sempre bem-vindo nesta casa!
Regina olha séria para Moreira, que fica meio nervoso. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. BARRA. RESTAURANTE. FRENTE. EXT. NOITE.
Elisa sai e Rodrigo vem atrás. Ele com a pasta em mãos.
RODRIGO — Ei, Elisa. Também não precisava sair do restaurante desse jeito.
ELISA — Foi um erro ter vindo!
RODRIGO — Tudo bem. Você não é obrigada a nada. Mais uma vez a mesma história se repete.
ELISA — (Não entende) Como assim?
RODRIGO — Igual quando eu fui praticamente forçado a embarcar pra França. Lembra do que você me disse?
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 12. CANARINHO. PRAÇA. EXT. NOITE.
INSERT de partes da cena 05, do capítulo 04.
(…) Josias se afasta. Elisa vai para a asa do canarinho. Rodrigo ali escondido.
RODRIGO — (Abraça-a) Que bom que você veio, Elisa!
ELISA — O que está acontecendo, Rodrigo?
RODRIGO — Meu tio ligou pro meu pai e agora ele quer que eu vá morar com ele na França.
ELISA — Seu pai mora na França?
RODRIGO — Mora. Eu nunca comentei nada contigo porque eu não gosto de falar sobre isso.
ELISA — Mas se ele é seu pai, você tem que ir.
RODRIGO — Mas é um pai que nunca veio me visitar! Ele nunca quis saber de mim.
ELISA — Mas e se agora for diferente?
RODRIGO — Eu tenho 17 anos. Ano que vem fico de maior. Dono do meu próprio nariz.
ELISA — Mas agora ele é quem manda em você.
RODRIGO — Elisa, eu não quero te deixar.
ELISA — Rodrigo, eu não quero que você deixe de ir por minha causa. Se eu estiver sendo um atraso na sua vida, eu saio dela.
RODRIGO — Elisa, não fale isso! Você não é atraso nenhum! Eu te amo!
ELISA — Eu também te amo, Rodrigo. E justamente por te amar, eu acho que você deve ir sim morar com seu pai. Lá na França você vai ter melhores condições de vida, talvez…
RODRIGO — Eu não quero ir!
Josias acha os dois.
JOSIAS — (Puxando-o pela blusa) Você vem comigo, moleque!
RODRIGO — (Se solta das mãos do tio) Me larga tio! Eu preciso conversar com a Elisa primeiro.
JOSIAS — Não temos tempo pra isso! Seu voo sai daqui à uma hora.
ELISA — Vai, Rodrigo. Você tem o meu número. Quando puder, me liga.
RODRIGO — Tá bom.
Rodrigo se aproxima de Elisa e tasca um beijão apaixonado nela. Instantes. Romance.
JOSIAS — (Puxando-o) Vambora moleque!
Os dois seguem se afastando. Elisa triste. Josias entra num táxi com Rodrigo e se afasta. CAM mostra Rodrigo da janela do táxi a olhar Elisa. Instantes.
Fim do insert.
CORTA PARA:
CENA 13. BARRA. RESTAURANTE. FRENTE. EXT. NOITE.
Continuação da cena 11.
RODRIGO — Você sempre pensa nos outros antes de pensar em si mesma!
ELISA — Como você pode falar uma coisa dessas? Justamente por amar você, que eu te apoiei em ir morar com seu pai. Mas agora as coisas são diferentes!
RODRIGO — Diferentes por quê? Você não me ama mais, é isso?
ELISA — A questão não é essa Rodrigo! Naquela época éramos dois jovens inexperientes, sonhadores… Agora não! Somos adultos, com responsabilidades, você é casado!
RODRIGO — Tudo bem, Elisa. Se você realmente prefere que eu continue casado com a Viviane, assim será!
Elisa dá um beijo no rosto de Rodrigo e vai caminhando. Ela de costas para ele para por um instante, quase vira para olhar o amado, mas hesita e segue caminhando. Close em Rodrigo inconformado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. CASA JOSIAS. FRENTE. EXT. NOITE.
Atenção Sonoplastia: Instrumental suspense.
CAM subjetiva escondida atrás de uma árvore. Jô vem se aproximando distraído e para frente ao portão.
JOSIAS — (P/si) Essa não! Será que eu deixei as chaves no bar?
Ele procura nos bolsos. CAM subjetiva sai do esconderijo e vem se aproximando, coloca a mão no ombro de Jô, que se assusta.
JOSIAS — (Assustado) Que isso? É assalto? (Olha) Você?
CAM revela que se tratava de Severo.
SEVERO — Nós temos muito que conversar (desdém) Garcia mau-caráter!
Fecha em Jô olhando com desprezo para Severo. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 15. MANSÃO VIEIRA. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.
Ramiro, Beatriz e Viviane sentados à mesa jantando. Beatriz com o caderno a olhar a letra da música.
BEATRIZ — (Debochada) E isso aqui lá pode ser considerado uma letra de música? É um lixo!
RAMIRO — Sendo um lixo ou não, essa música que vai tocar na hora do desfile!
BEATRIZ — Você só pode ter perdido todos os sentidos, Ramiro! Em que universo uma música como esta toca nos desfiles?
VIVIANE — Normalmente são instrumentais.
BEATRIZ — Exatamente!
RAMIRO — Ah, sim. E as duas dondocas vão ficar na mesma pra sempre? Não querem ser inovadoras pra chamar a atenção da mídia…?
BEATRIZ — Eu não sei aonde eu estava com a cabeça, quando decidi que você seria o presidente da empresa.
RAMIRO — Olha que eu respondo aonde essa cabeça tava!
BEATRIZ — Você não seria tão desaforado!
RAMIRO — Paga pra ver!
VIVIANE — (Grita) Chega! Parem com isso! Deixa eu ver essa música. (Pega o caderno e olha)
RAMIRO — Veja se não é uma boa música.
VIVIANE — (Impressionada) Gente, mas isso aqui tem tudo a ver com o desfile. Nos dias de hoje, as mulheres são poderosas, independentes e a música deixa isso bem claro. Adorei!
RAMIRO — Acho que alguém vai ter que dar o braço a torcer!
BEATRIZ — Saiba que essa você só venceu, porque a Viviane gostou!
Beatriz invocada levanta-se da mesa e vai para a sala de estar. Ramiro sorrir.
CORTA PARA:
CENA 16. CASA JOSIAS. FRENTE. EXT. NOITE.
Continuação imediata da cena 14.
JOSIAS — O que você tá fazendo aqui?
SEVERO — (Intimidador) Vim te avisar pra ficar longe da Laura.!
JOSIAS — (Debocha) Ou você vai fazer o quê? Me matar?
SEVERO — Olha, até que não é uma má ideia!
JOSIAS — (Debocha) Não poso fazer nada se os Borges não dão conta do recado e suas mulheres sentem atração pelos Garcia!
SEVERO — (Furioso) Como é que é? Repete! Repete pra ver se eu não acabo com a sua raça!
JOSIAS — Tem certeza que quer ouvir de novo? Acho desnecessário. Só você parar pra pensar. Das três gerações dessa família vocês tiveram que desviar um dos meus!
SEVERO — Você é uma canalha!
JOSIAS — Mas um canalha que a mulherada gosta pelo visto!
Severo se descontrola e dá um soco no rosto de Jô, que cai batendo a cabeça no meio fio. Jô permanece desacordado.
SEVERO — Agora vai dar um de que está desacordado! Acorda ou! (Dá um chutezinho em Jô) Levanta daí! (Preocupado) Levanta daí cara! (Se agacha e sacode Jô) Acorda! Acorda Garcia! (P/si, atordoado) Meu Deus… Eu matei ele. (Grita) Ajuda! Ajuda! Socorro!
CAM mostra o táxi de Maurício se aproximando. Severo vai para o meio da rua e cerca o carro. Mauricio salta.
MAURÍCIO — Que isso, Severo? O que tá acontecendo?
SEVERO — Olha o Garcia caído aqui no chão!
MAURÍCIO — Mas como aconteceu isso?
SEVERO — Sei lá, cara. A gente tem que levar ele pro médico! Me ajuda!
MAURÍCIO — Estranho você querer ajudar um Garcia, mas de boa.
Maurício e Severo colocam Jô dentro do carro, entram e o táxi se afasta rapidamente. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 17. APART GABRIELA. SALA. INT. NOITE.
Gabriela e Guilherme analisam as anotações antigas de Gabi.
GUILHERME — Olhando tudo isso aqui, parece que você tinha tudo muito bem encaminhado.
GABRIELA — É, mas só parece. (Pega o gravador) Guardo esse gravador até hoje. Tenho um grande carinho por ele. Meu companheiro de anos de pesquisas. Escuta esse áudio.
Ela liga o gravador.
GABRIELA — (OFF) Dermatologista pesquisadora da Ictiose, Gabriela Gonçalves para o relato de número 03. Após a descoberta da seiva de uma difícil e rara árvore na localização do bairro do Canarinho Amarelo. Comprovei que a seiva fresca da mesma resulta na melhora do quadro de Ictiose, mas ainda há muito que estudar. Devido à seiva fresca, uma grande melhora pode ser notada, porém, se a seiva não estiver fresca, a melhora não acontece.
GABRIELA — Depois disso foram só frustrações. Melhor desistir de tudo.
GUILHERME — (Acaricia o rosto dela) Ei. Não falei isso. Eu não disse que estou aqui pra te ajudar com isso? Você não está sozinha!
Ela pega na mão dele e sorrir. Rola um clima. Os dois se beijam intensamente. Instantes. Romance.
CORTA PARA:
CENA 18. UPA. FRENTE. EXT. NOITE.
Clima de tensão. Táxi de Maurício chega e para. Severo corre e pega uma cadeira de rodas.
MAURÍCIO — Me ajuda aqui, Severo.
Eles colocam Jô ainda desacordado na cadeira de rodas. E seguem para dentro da UPA. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 19. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE.
Takes do Jockey Club, Lagoa Rodrigo de Freitas. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 20. UPA. SALA VERDE. INT. NOITE.
Jô ainda desacordado, agora com a cabeça enfaixada. Maurício e Severo entram e se aproximam.
MAURÍCIO — Até agora não entendi como o Jô caiu e bateu com a cabeça.
SEVERO — (Nervoso) Ele tava vindo caminhando e escorregou, foi isso.
MAURÍCIO — (Desconfiado) Mas e você, Severo?
SEVERO — O que tem eu?
MAURÍCIO — O que você tava fazendo justamente ali pela rua da casa do Jô?
Severo nervoso não fala nada. Jô resmunga algo.
SEVERO — (Disfarça) Ele tá acordando.
Jô abre o olho e sorrir ao ver Maurício, mas ao ver Severo, que acena pra ele, logo fica sério.
MAURÍCIO — Parece que o Jô não se agradou em te ver, cara.
Jô de supetão levanta da cama e pega Severo pelo pescoço, esgoelando ele.
JOSIAS — Eu vou te matar! Seu Borges desgraçado! Não queria me matar? Agora quem vai morrer esgoelado é você seu Borges!
MAURÍCIO — (Tenta apartar) Solta o cara, Jô! Para com isso!
Maurício tentando apartar. Jô a segurar forte no pescoço de Severo, com a linguinha pro lado de fora. Instantes. Cômico.
CORTA PARA:
FIM DO VIGÉSIMO OITAVO CAPÍTULO