NOVA CHANCE PARA AMAR
Novela de Ramon Silva
Escrita Por:
Ramon Silva
Direção Geral:
Wellington Viana
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
BEATRIZ
EDILEUSA
ELISA
GUSTAVINHO
LAURA
MARCELO
MARCOS
MAURÍCIO
RAMIRO
RICK
RODRIGO
SALINA
SEVERO
VIVIANE
CENA 01. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. NOITE.
Laura e Severo sentados à mesa.
LAURA — Sabe, Severo… Eu acho que a Elisa ainda volta com o Marcos.
SEVERO — Quê?! Mas nem por cima do meu cadáver!
LAURA — Eu acho que isso ainda pode acontecer.
SEVERO — Só se a Elisa for uma retardada! Se você quer saber, Laura, já tinha até passado da hora deles se separarem.
LAURA — Olha, eu sei que não deveria te falar isso, já que você é muito esquentadinho. A Elisa tinha entrado em acordo com o Marcos pro Gustavinho passar uns dias como ele.
SEVERO — Isso não! Tá vendo só? Não disse que a Elisa era retardada?!
LAURA — Tá bom, Severo. Mas independentemente disso, a Elisa é adulta e sabe o que tá fazendo. Ela não é mais aquela adolescente de quinze anos que você mandava e desmandava, principalmente quanto aos relacionamentos da menina.
SEVERO — Eu sei disso, Laura. Mas eu como pai e avô, tenho o meu direito de dizer que não concordo!
LAURA — Sim, eu sei. Mas chamar a nossa filha de retardada é demais, né, Severo?!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 02. CANARINHO. PRAÇA. EXT. NOITE.
Elisa e Rodrigo agarradinhos debaixo da asa do canarinho.
RODRIGO — Nossa! É impressionante como a asa do Canarinho nos faz refletir sobre tudo que aconteceu.
ELISA — (Sorrir) Verdade. Viu o seu tio mala, vulgo Jô?
RODRIGO — Sim, eu fui até o bar, mas não tive coragem de contar a verdade pra ele ainda.
ELISA — E por que não?
RODRIGO — Ah, sei lá! A verdade é que eu ainda sinto uma mágoa pelo que ele fez. Eu só fui pra França porque ele me obrigou.
ELISA — Mas ter ido pra lá te fez muito bem, não? Aqui você era pobre e olha como você voltou agora. Como membro da família Vieira.
RODRIGO — Depois de te reencontrar, estou disposto a deixar de ser membro da família Vieira e viver ao seu lado, Elisa.
ELISA — Você ficou louco, Rodrigo?! Não vá estragar o seu relacionamento por minha causa. Agora você é casado com uma ex-modelo muito influente. Eu sou apenas a empregada.
RODRIGO — Não fale assim. Pra mim, você sempre foi muito mais do que os outros acham que você vale.
ELISA — Obrigado, Rodrigo. Mas sinceramente não sei se posso acreditar em você.
RODRIGO — Por que, Elisa?
ELISA — Menos de um mês que você foi pra França, simplesmente esqueceu que eu existia. Nunca mais me ligou.
RODRIGO — Elisa, você sabe que eu nunca faria uma coisa dessas com você! Meu pai jogou minha calça fora com seu número dentro. Eu até tentei recuperar, mas não conseguir. Mas e você, por que não me ligou?
ELISA — Roubaram o meu celular.
RODRIGO — Tá vendo só? Foram acidentes e incidentes que fizeram com que perdêssemos o contato um do outro. Nunca foi minha vontade deixar de falar com você!
Elisa toma a iniciativa e o beija e ficam ali abraçadinhos. Instantes. Romance.
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Viviane ali andando de um lado para o outro. Beatriz desce a escada, vestida de pijama.
BEATRIZ — Desse jeito você vai enlouquecer, minha filha. Sobe, toma um banho e tenta dormir.
VIVIANE — Com o Rodrigo fazendo Deus lá sabe o que com outra mulher por aí?! Nunca que eu conseguiria dormir! (Pega o cel. e liga)
BEATRIZ — (P/si, entredentes) Tá fazendo a louca agora. Cansei dessa palhaçada.
Beatriz vai subindo a escada, quando Viviane arremata.
VIVIANE — (Histérica, joga o cel. na parede) Inferno! Infeliz não me atende!
BEATRIZ — Tá fazendo todo esse show aí e ele pode estar resolvendo alguma coisa de importante na rua.
VIVIANE — A essa hora? Me diz o que é que se pode resolver as dez da noite?
BEATRIZ — Ah, sei lá, filha. Só queria te acalmar. Você tá muito estressada com tudo isso.
VIVIANE — Preciso sair dessa casa antes que eu exploda!
Viviane sai, com Beatriz arrematando.
BEATRIZ — Onde você vai desse jeito, Beatriz? Volta aqui, minha filha! (P/si) Pronto! Agora a preocupada sou eu, com ela saindo nesse estado de nervos.
CORTA PARA:
CENA 04. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Gustavinho deitado no sofá dormindo. Elisa chega com Rodrigo ferido, ele se apoia nela.
ELISA — (Chama) Mãe? Me ajuda aqui, por favor!
Laura e Severo vêm da cozinha.
LAURA — O que filha?
SEVERO — Quem é esse homem, Elisa?
ELISA — É uma longa história, pai.
LAURA — Agora precisamos cuidar desses ferimentos. Vou buscar o kit de primeiros socorros.
ELISA — Pai, coloca o Gustavinho pra dormir na cama dele.
SEVERO — Tá bom.
Severo pega o neto no colo e o leva para o quarto. Elisa ajuda Rodrigo a se sentar no sofá.
RODRIGO — Elisa, tem certeza mesmo que não é um problema pra você eu estar aqui?
ELISA — Claro que não. Eles nem sabem que você é. Agora tira esse paletó pra gente ver se você se machucou mais.
Rodrigo tenta, mas seus braços doem e Elisa decide ajudá-lo. Laura vem do quarto com o kit enorme de primeiros socorros.
ELISA — Caramba, mãe. Isso não é kit primeiros socorros é o hospital inteiro.
LAURA — A gente tem que se manter prevenida, né, filha?
Laura começa a limpar os ferimentos no rosto de Rodrigo.
RODRIGO — Ai, dona Laura. Tá ardendo.
LAURA — (Desconfia) Como você sabe o meu nome?
RODRIGO — (Nervoso) Eu…
ELISA — (Toma a frente) Eu falei pra ele que o nome da senhora é Laura.
Severo volta do quarto.
SEVERO — O que aconteceu com esse homem, Elisa?
ELISA — Ele me ajudou.
SEVERO — Como assim?
ELISA — O Marcos me agrediu e ele me defendeu brigando com o infeliz.
SEVERO — (Indignado) Como é que é? Aquele desgraçado! (Saindo) Eu acabo com aquele maldito!
LAURA — (Gritando) Severo? Aonde você vai, homem?! (P/Elisa) Pronto, agora vai seu pai querer brigar com o Marcos pra quase enfartar de novo!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 05. CANARINHO. PRAÇA. EXT. NOITE.
Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tensão.
Severo vem caminhando em direção a praça. CAM mostra Maurício vindo em outra direção.
MAURÍCIO — (Grita) Severo!
SEVERO — Que foi, Maurício?
MAURÍCIO — (Se aproxima) Você não costuma sair a essa hora. Aconteceu alguma coisa?
SEVERO — Não aconteceu ainda. Mas quando eu encontrar o desgraçado, eu mato!
MAURÍCIO — Como assim?
SEVERO — Marcos bateu na minha filha e tá na floresta. Vou lá acabar com a raça daquele covarde!
MAURÍCIO — Eu vou com você então.
Os dois caminham e entram na floresta. Instantes. CAM mostra Marcos, que sai da floresta por outra parte e vem caminhando. O mesmo caminha com dificuldade e com a mão na cabeça. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO CASAL. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Marcos entra.
MARCOS — (P/si) Elisa ainda vai me pagar por isso!
Ele abre o guarda-roupa e começa a jogar suas roupas sobre a cama. Pega uma mala debaixo da cama e começa a colocar as roupas dentro da mesma de qualquer maneira. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 07. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.
Laura coloca bandaid no rosto de Rodrigo. Elisa a olhar aflita.
ELISA — Será que ele não quebrou nada, não, mãe?
LAURA — Acho que não, filha. Se tivesse quebrado, ele gritaria de dor. (Olha Rodrigo por um instante) Engraçado, eu tenho a sensação de que conheço ele. Aliás, quem é ele, filha?
ELISA — Mãe, olha/
RODRIGO — (Corta) Dona Laura é super de boa, acho que podemos contar pra ela, Elisa.
LAURA — Contar o que, gente? Olha que vocês estão me deixando preocupada!
RODRIGO — Sou eu, o Rodrigo, dona Laura. Filho da Letícia e sobrinho do Jô.
LAURA — (Surpresa) Meu Deus! Rodrigo?! Como você tá diferente e bonito. Mas onde e quando vocês se reencontraram?
ELISA — Aí é que está, mãe. O Rodrigo é um dos meus patrões!
LAURA — (Surpresa) Não brinca! Filha, mas isso é igual história de filme, novela… Eu torci tanto por vocês. Mas infelizmente o Rodrigo teve que ir. (Confiante) Só que agora vai ser diferente! Vocês vão finalmente ficar juntos, né?
ELISA — Agora o Rodrigo é casado, dona Laura.
LAURA — (Desanima) Ah, sim.
CORTA PARA:
CENA 08. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. NOITE.
Marcelo ali a tocar violão. Ele para, anota algo.
MARCELO — (P/si) Vamos lá, Marcelo! Não pode ser tão difícil. Onde eu parei mesmo? Ah, lembrei.
Nesse momento, Ramiro entra o interrompendo.
RAMIRO — Licença, filho.
MARCELO — O que, pai?
RAMIRO — Vim ver como é que anda a sua arte.
MARCELO — Arte? Pelo que eu sei, o senhor e a tia Beatriz chamam isso aqui de projeto de hippie.
RAMIRO — Não mais, filho. Andei pensando muito a respeito da sua vontade de viver de música.
MARCELO — Jura?
RAMIRO — Sim, e acho que podemos chegar num meio termo. Você despreza os negócios da família por não ser sua ‘praia’. Mas que tal se você compor algo para o lançamento da coleção de inverno da Fabristilo?
MARCELO — Sério isso, pai?
RAMIRO — É. Você melhor do que ninguém sabe compor músicas e conhece um pouco da nossa empresa.
MARCELO — (Empolgado) Minha mente já está trabalhando em algo pra esse lançamento.
RAMIRO — Ótimo, filho. Então não vou ficar atrapalhando o gênio da música.
Ramiro sai. Marcelo empolgado, começa a anotar as ideias. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. FLORESTA. TRILHAS. EXT. NOITE.
Maurício e Severo caminhando pelas trilhas.
MAURÍCIO — Tem certeza que ele está por aqui?
SEVERO — Tenho. A Elisa disse que tudo aconteceu aqui.
MAURÍCIO — É, mas pelo visto o canalha já foi embora.
SEVERO — Ah menos que… Desgraçado!
MAURÍCIO — A menos que o que, Severo?
SEVERO — Que o desgraçado esteja querendo fugir, Maurício! Vamos!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 10. CASA ELISA E MARCOS. FRENTE. EXT. NOITE.
Maurício e Severo se aproximam. Luzes internas da casa acesas.
MAURÍCIO — A porta tá aberta, Severo.
SEVERO — Então o canalha já veio e deu no pé, ou ainda está na casa.
MAURÍCIO — Então vamos sem fazer alarde pra pegar o meliante no flagra da fuga.
Os dois se aproximam da casa cuidadosamente.
CORTA PARA:
CENA 11. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. NOITE.
Severo e Marcos entram.
MAURÍCIO — Parece não ter ninguém.
SEVERO — Vou ver no quarto. Fica em alerta que talvez o canalha esteja escondido e vai querer sair por aqui.
Severo vai para o quarto.
MAURÍCIO — (P/si) Marcos que tente passar por aqui que eu vou impedir ele que nem jogador de Rugby.
SEVERO — (OFF, Grita) Maurício, vem aqui, Maurício!
Maurício corre para o quarto.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 12. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO CASAL. INT. NOITE.
Quarto com todo uma bagunça, algumas peças de roupas de Marcos espalhadas pelo quarto. Severo a vasculhar o guarda-roupa. Maurício entra.
MAURÍCIO — Pensei que ele tava aqui no quarto.
SEVERO — O canalha já fugiu.
MAURÍCIO — E pela zona que ele fez, foi pra não voltar tão cedo.
SEVERO — (Furioso) Aquele filho da mãe não podia ter escapado! Mas o que ele fez com minha filha não vai ficar assim! Ninguém agride minha filha e sai impune! Ninguém!
CORTA PARA:
CENA 13. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. NOITE.
Takes das ruas vazias de Copacabana. Moradores de rua enrolados na coberta nas calçadas, debaixo das marquises das lojas. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. MADRUGADA.
Luz da sala apagada. Rodrigo entra e acende a luz. Ele está com curativos. Viviane sentada no sofá, arremata
VIVIANE — Olá, Rodrigo!
RODRIGO — (Se assusta) Viviane? O que você está fazendo acordada a essa hora?
VIVIANE — A pergunta aqui deveria ser a seguinte: porque meu marido está chegando em casa a essa hora?
RODRIGO — Olha só. Pode tirando essa ideia da cabeça de que eu estava com outra.
VIVIANE — Eu? E por algum acaso eu cheguei a dizer em algum momento isso? Você mesmo está se autossabotando.
RODRIGO — Que autossabotando o que, Viviane? Eu te conheço muito bem, e sei que você acha que eu estava por aí com outra mulher!
VIVIANE — Tá legal, Rodrigo. Se você não estava na rua com outra mulher, o que você estava fazendo até essa hora da madrugada fora de casa?
CORTA PARA:
CENA 15. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO CASAL. INT. MADRUGADA.
Elisa e Laura ali.
ELISA — Olha como ele deixou o meu quarto, mãe.
LAURA — Quando ele viu que o bicho ia pegar pro lado dele, correu e foi embora.
ELISA — Agora eu posso voltar pra minha casa.
LAURA — Tem certeza que já quer voltar, filha? Você nem sabe pra onde ele foi. E se ele levou tudo, mas estiver por perto?
ELISA — Antes de voltar, eu vou mandar trocar todas as fechaduras. Não vou confiar num homem que quer me matar. Principalmente depois do que o Rodrigo fez encarando ele então…
LAURA — Verdade, filha. Eu fico preocupada com a sua decisão em voltar pra cá, mas você sabe o que faz.
ELISA — Se preocupa não, mãe. Depois que trocar todas as fechaduras, ele não entra nessa casa nunca mais!
LAURA — Severo tá demorando, hein!
ELISA — E olha que há essa hora daqui pra Barra é rápido. Não tem trânsito. Amanhã eu volto e arrumo toda essa bagunça pra voltar pra minha casa.
As duas saem.
CORTA PARA:
CENA 16. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE E RODRIGO. INT. MADRUGADA.
Rodrigo entra e Viviane vem atrás dele.
VIVIANE — Não adianta achar que com esse seu silêncio eu vou desistir de querer saber da verdade, que eu não vou não!
RODRIGO — Eu fui resolver um problema, Viviane! Pronto! Tá feliz agora?
VIVIANE — Feliz? Olha como você me chega em casa Rodrigo! Sai de manhã com o terno limpo, passado e me volta com ele imundo desse jeito, com bandaid no rosto…!
RODRIGO — Eu me envolvi numa briga, tá bom!?
VIVIANE — E eu posso saber por quem você brigou?
RODRIGO — Por mim mesmo! E agora chega desse assunto que eu quero tomar um banho e dormi!
Rodrigo sai, deixando Viviane ali séria, desconfiada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 17. RODOVIÁRIA NOVO RIO. BANHEIRO. INT. AMANHECER.
Atenção Sonoplastia: Instrumental Tensão.
Banheiro vazio. Marcos entra no banheiro com sua mala. Ele a coloca sobre a pia, lava o rosto para disfarçar os ferimentos, lava a cabeça, mas sente dor devido ao ferimento. E troca de roupas dos pés à cabeça. Joga as roupas sujas no lixo e sai com sua mala.
CORTA PARA:
CENA 18. RODOVIÁRIA NOVO RIO. EMBARQUE. INT. AMANHECER.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Rodoviária bastante movimentada. CAM aproxima-se de um ônibus indicando: “Rio X Angra dos Reis”. Marcos se aproxima do ônibus com sua mala, entrega o bilhete e entra. Corta para dentro do ônibus: Marcos sentado num banco perto da janela. O ônibus começa a se afastar e ele a olhar pela janela, quando arremata.
MARCOS — (P/si) Estou indo, mas eu volto!
Ele sorrir. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 19. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. AMANHECER.
CAM aérea percorre toda a orla de Ipanema, com takes da Pedra do Arpoador. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 20. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. MANHÃ.
Laura e Severo sentados à mesa a tomar café.
SEVERO — O desgraçado fugiu sem deixar rastros. Se eu tivesse encontrado com ele, não sei do que eu seria capaz.
LAURA — Por um lado foi até bom você não ter encontrado com o Marcos.
SEVERO — Como assim, Laura? Você apoia a fuga do desgraçado, é isso?
LAURA — Claro que não, Severo! Depois do que aconteceu aquela vez com a história da caixinha de costura que você quase enfartou, que eu acho que você deve sossegar o facho num canto!
SEVERO — Nunca! E deixar o canalha fugir como ele fugiu? Ele agrediu nossa filha, Laura! Será que você não entende o quanto miserável e covarde ele foi?
LAURA — Claro que eu sei, Severo! Mas daí perder meu marido por causa de um crápula como o Marcos, não acho justo.
SEVERO — Tudo bem, Laura. Melhor mudar de assunto antes que a gente brigue por causa disso.
LAURA — Também acho!
SEVERO — Cadê Gustavinho?
LAURA — Tá na sala tomando o café dele pronto pra ir pro colégio.
SEVERO — Por que ele não está aqui na mesa com a gente?
LAURA — Porque eu queria conversar com você sobre isso sem que ele ouvisse.
SEVERO — Ele tem que saber desde agora o canalha que o pai dele é!
Laura encara Severo seriamente repudiando tal comentário. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 21. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT. MANHÃ.
Edileusa passando um cafezinho. Elisa e Rick sentados à mesa. Elisa boceja e Rick se assusta.
RICK — Nossa! Que bocejada foi essa, hein? (Brinca) Parecia um leão pronto para nos devorar!
ELISA — Essa madrugada eu dormir tão pouco.
RICK — Só tomar o cafezinho forte de Edileusa, que você ressuscita na hora!
EDILEUSA — Que história é essa de tá falando mal do meu café agora, Rick? Você sempre tomou e nunca reclamou!
RICK — Calma Edileuzinha… Estou brincando.
EDILEUSA — (Duvida) Hum. Sei. Mas por que você dormiu pouco Elisa?
ELISA — É que… (Mente) O Gustavinho não estava se sentindo bem.
EDILEUSA — Ah é. Criança quando tá passando mal não deixa ninguém dormir mesmo.
RICK — Elisa já me mostrou uma foto do filho dela. Mas Edileusa nunca nem tocou no assunto.
EDILEUSA — Talvez seja porque Edileuzinha, como você mesmo diz, não tenha filhos!
RICK — Jura? E eu pensando que você tinha lima ninhada.
EDILEUSA — Ninhada… Dá pra acreditar nesse cara? Você tá me achando com cara de bicho, Rick?!
Rick sorrir meneando a cabeça que não.
CORTA PARA:
CENA 22. CANARINHO. PRAÇA. EXT. MANHÃ.
Laura e Gustavinho caminhando, indo para o colégio.
GUSTAVINHO — Vó?
LAURA — Que foi?
GUSTAVINHO — Eu ouvi a senhora e o vô Severo falando do meu pai… Aconteceu alguma coisa com ele?
LAURA — Não, Gustavinho.
GUSTAVINHO — Mas do jeito que o vô Severo tava falando, parece que meu pai é um monstro.
LAURA — O seu avô é exagerado desse jeito mesmo, Gustavinho. (Desconversa) Agora vamos apertar o passo que você já está atrasado.
CORTA PARA:
CENA 23. MANSÃO VIEIRA. SALA DE JANTAR. INT. MANHÃ.
Ramiro, Marcelo e Beatriz sentados à mesa farta de café da manhã.
BEATRIZ — Viviane ontem ficou histérica com esse sumiço do Rodrigo.
MARCELO — De madrugada eu também ouvi os dois. Parece que brigaram feio!
RAMIRO — Eu continuo achando que o Rodrigo não esteja traindo ela.
BEATRIZ — Eu também acho que não. Mas adianta alguma coisa falar com a Viviane? Ela quando coloca alguma coisa na cabeça não há quem tire!
RAMIRO — E nisso ela deve ter puxado a quem mesmo? Ah, já sei. A cabeça dura da mãe dela.
BEATRIZ — Brinca mesmo, Ramiro. Debocha! O casamento da minha filha pode está acabando e você aí de debochezinho.
RAMIRO — Ué! E é por que o casamento dela com o Rodrigo está estremecido que eu vou deixar de ser feliz? Cada um com seus problemas!
BEATRIZ — Nesse ponto eu tenho que concordar com você, Ramiro! Assim como você deve ser cheio de problemas com esse seu filho projeto de hippie.
MARCELO — Tô quieto aqui e mesmo assim sobra pra mim! Dá licença!
Marcelo vai para a cozinha.
RAMIRO — Para a sua informação, Beatriz. O Marcelo vai ter uma participação crucial no lançamento de verão deste ano.
BEATRIZ — Ah é? E como? Porque eu não vejo talento em nada nesse seu filho!
RAMIRO — Olha, eu nem vou me dar ao trabalho de te responder pra não levarmos esta discussão adiante!
Os dois se entreolham sérios. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 24. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE E RODRIGO. INT. MANHÃ.
Viviane sentada na cama. Rodrigo terminando de vestir o paletó.
VIVIANE — Depois do que aconteceu ontem, é impressionante como você tem a capacidade de levantar hoje como se nada tivesse acontecido!
RODRIGO — De novo esse assunto, Viviane?
VIVIANE — Claro! Tudo está muito evidente pra quem quiser enxergar.
RODRIGO — Quantas vezes vai ser necessário eu dizer que não estou com outra?!
VIVIANE — Tudo bem, Rodrigo. Não vou mais tocar nesse assunto. (Intimidadora) Mas saiba de uma coisa: se eu descubro que você está com alguma piranha pela rua, a nossa separação vai ser muito mais degradante pra você do que pra mim!
Viviane sai e bate à porta violentamente. Rodrigo permanece ali sério. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 25. ANGRA DOS REIS. STOCK-SHOTS. EXT. DIA.
Takes de toda a linda e paradisíaca Angra dos Reis. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 26. ANGRA/FRADE. CASA BEIRA PRAIA. SALA. INT. DIA.
Marcos com sua mala, chega a porta da casa de sua mãe. CAM mostra Salina vindo da cozinha com um pano de prato na mão.
MARCOS — Oi, mãe.
Salina calada se aproxima do filho, dá-lhe um tapa na cara e arremata
SALINA — Como você tem coragem de voltar na minha casa depois de tudo que fez?
Fecha em Marcos com a mão no rosto. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO VIGÉSIMO QUARTO CAPÍTULO