NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

BELINHA

ELISA

GUSTAVINHO

JOSIAS

KLÉBER

LAURA

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RODRIGO

SÉRGIO

SEVERO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

MOREIRA

 

CENA 01. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. NOITE.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

Atenção Sonoplastia: Instrumental – Tristeza.

Elisa chorando jogada no chão. Ela começa a se levantar com dificuldade, apoiando no que há por perto. Ela se senta.

ELISA                —    (P/si, chorando) Ai meu Deus…

CAM detalha o corpo dela com marcas da cinta nos braços e pernas.

ELISA                —    (P/si, chorando) Até quando isso, meu Deus?

Ela pega o cel. CAM detalha a tela do cel. Ela tecla 180. E fica a olhar para o cel. Desiste e guarda o mesmo no bolso. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. NOITE.

Rodrigo entretido a mexer no notebook. Viviane vem do quarto.

VIVIANE            —    Ainda nesse notebook, Rodrigo?

RODRIGO         —    Sim, estou olhando tudo que posso.

VIVIANE            —    Seu pai não seria tão idiota ao ponto de deixar alguma evidência no notebook que qualquer um pega e mexe!

RODRIGO         —    Como assim, Viviane? O jeito como você fala até parece que meu pai tinha alguma coisa pra esconder de mim.

VIVIANE            —    (Disfarça) Dei a entender isso? Desculpe, meu bem. Essa não foi a minha intenção. Eu só estou querendo dizer que se ele escondesse algo, provavelmente não deixaria no notebook.

RODRIGO         —    Você tem razão! Talvez fosse o caso de vasculhar o escritório do meu pai atrás de algo.

VIVIANE            —    Não, Rodrigo! Há essa hora você não vai ver nada disso. Deixa isso pra amanhã. Tá tarde.

RODRIGO         —    Tudo bem. Mas que tem algo de errado tem.

VIVIANE            —    Agora vamos deitar, meu amor. Vamos?

Ela dá a mão pra ele e os dois vão para o quarto.

CORTA PARA:

CENA 03. CANARINHO. PONTO DE TÁXI. EXT. NOITE.

CAM vem seguindo Marcos sério caminhando a passos largos, que ao passar pelos taxistas CAM deixa de segui-lo e foca em Maurício e Fernando.

NANDÃO           —    Tô estranhando o Severão não ter aparecido, cara.

MAURÍCIO        —    Liga pra ele aí.

NANDÃO           —    Qual foi, Maurício do Táxi? Tu sabe que eu não tenho crédito!

MAURÍCIO        —    (Debocha) Ah é, esqueci que você tem celular só por ter mesmo. Num é nem pai de santo esse celular. É pai de todos os santos mesmo!

Maurício passa seu cel. A Fernando.

NANDÃO           —    Mais cedo tava aí todo puto da vida com a palavra: “aplicativo”. Agora tá todo engraçadinho.

MAURÍCIO        —    Tu tá querendo me tirar do sério, não tá?

NANDÃO           —    (Sorrir) Calma, cara. Vou ligar pro Severão aqui. (Ao cel.) Fala, Severo. Aqui é o Nandão. Tô ligando pra saber onde tu tá, cara? Mais cedo vi teu táxi ali perto da floresta, mas tu não tava. (Pausa) Mas como assim?

MAURÍCIO        —    (Curioso) O que aconteceu?

NANDÃO           —    (Faz sinal pra Maurício esperar, ao cel.) Caramba, Severo. E de pensar que o canalha passou aqui agora. Tá bom. Tamo indo aí então. (Desliga)

MAURÍCIO        —    O que aconteceu, cara?

NANDÃO           —    Vamos no teu táxi.

MAURÍCIO        —    Pra onde?

NANDÃO           —    Pra casa do Severo. Entra aí que eu te explico no caminho.

Os dois entram no carro, que dá a partida e anda cerca de cem metros e chegam à casa de severo.

MAURÍCIO        —    Gastar gasolina dali aqui. Palhaçada!

NANDÃO           —    Olha a miséria, Maurício do Táxi! Bora.

Eles se aproximam da casa e tocam a campainha.

CORTA PARA:

CENA 04. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.

Severo sentado no sofá. Laura vem do quarto.

LAURA              —    Será que é a Elisa?

SEVERO           —    Deve ser o Nandão e o Maurício.

Laura abre a porta.

NANDÃO           —    E ai, dona Laura.

LAURA              —    Oi, gente. Boa noite. Entrem.

Eles entram.

NANDÃO           —    Que história é essa Severão de você ter começado a sentir dor no peito?

MAURÍCIO        —    (Brinca) Ih… Tá enfartando véio?

SEVERO           —    (Sorrir) Pior que quase enfartei mesmo, cara.

NANDÃO           —    Mas o que aconteceu que você chegou a falar no seu genro?

LAURA              —    Bom, vou ver como a Elisa está. Fiquem a vontade.

MAURÍCIO        —    Valeu, dona Laura.

Laura sai.

MAURÍCIO        —    Mas e então, Severo? Conta essa aí.

SEVERO           —    Estava voltando de uma corrida, quando vi o canalha entrar para a floresta com a caixinha de costura da Laura…

Severo continua a falar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. NOITE.

Elisa se levanta com dificuldade. Alguém bate na porta.

ELISA                —    Quem é?

LAURA              —    (OFF) Sou eu, filha. Vim ver como você e o Gustavinho estão.

ELISA                —    Estamos bem, mãe.

LAURA              —    (OFF) Tem certeza, filha? Abre essa porta.

ELISA                —    Não, mãe. Estou indo dormir já.

LAURA              —    (OFF) Tudo bem então, filha. Até amanhã.

ELISA                —    Até.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 06. CANARINHO. RUA DA CASA DE ELISA. EXT. NOITE.

Laura sai do quintal da filha, fecha o portão e ali fica pensativa.

LAURA              —    (P/si) Estranho… Muito estranho.

CAM mostra Josias vindo em direção a Laura, triste cabisbaixo, de cabeça baixa, ele passa por ela e nem olha para a mesma.

LAURA              —    (P/si) Nossa! Lamentável o estado em que ele ficou depois da morte da Letícia. Mas um homem cabeça dura e resistente à ajuda dos outros dá nisso mesmo. Ele tem que se ajudar para ser ajudado, senão fica difícil.

Laura segue caminhando.

CORTA PARA:

CENA 07. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.

Ramiro chega da empresa. Beatriz desce a escada.

BEATRIZ           —    Hum… Chegou tarde hoje, querido irmão.

RAMIRO            —    Alguém tem que trabalhar nesta família! Em falar nisso, cadê o Marcelo? Hoje era dia dele na empresa.

BEATRIZ           —    Pelo que pude ouvir do corredor está lá no quarto tocando violão.

RAMIRO            —    Como é que é?! Não acredito que essa fase de hippie dele voltou!

BEATRIZ           —    Estou te falando… Só falta agora vestir aquelas roupas ridículas e deixar o cabelo crescer!

RAMIRO            —    Essa palhaçada acaba agora!

Ramiro sobe as escadas, furioso.

BEATRIZ           —    (P/si) Garoto que não quer nada com a vida…

CORTA PARA:

CENA 08. MANSÃO VIEIRA. QUARTO MARCELO. INT. NOITE.

Marcelo toca e canta um trecho da música: “Epitáfio”

MARCELO           (Cantarolando) Devia ter amado mais

                                    Ter chorado mais

                                    Ter visto o sol nascer

                                    Devia ter arriscado mais

                                    E até errado mais

                                    Ter feito o que eu queria fazer…

Ramiro bate na porta.

RAMIRO            —    (OFF, Firme) Marcelo! Abre essa porta, Marcelo!

MARCELO        —    O que é pai?

RAMIRO            —    (OFF, Firme) Abre essa porta que precisamos conversar!

MARCELO        —    Pelo visto a fofoqueira da tia Beatriz correu pra contar que eu estava tocando violão.

RAMIRO            —    (OFF) Abre essa porta, Marcelo. Quero apenas conversar com você.

Marcelo se levanta e abre a porta.

RAMIRO            —    (Firme) Você só pode ter ficado louco! Achei que já tínhamos conversado sobre isso.

MARCELO        —    Nossa! Desse jeito que você queria apenas conversar?

RAMIRO            —    Você voltou nessa fase hippie de novo, meu filho? Está terminando a faculdade, tem uma carreira promissora na Fabristilo. Não deixe esse fogo de palha de ser músico atrapalhar sua carreira.

MARCELO        —    Pai, eu estou na faculdade não estou?

RAMIRO            —    Está! Mas não porque quer!

MARCELO        —    Exatamente!

RAMIRO            —    Você tem que colocar a mão na consciência, meu filho… Viver de música não é pra você.

MARCELO        —    Chega dessa conversa, pai. O senhor não pode me impedir.

RAMIRO            —    Não posso! Mas desde que você cumpra com seus compromissos na empresa! Hoje mesmo você deveria ter ido e não foi.

MARCELO        —    Amanhã eu vou.

RAMIRO            —    (Firme) De manhã, junto comigo!

Ramiro sai do quarto e Marcelo fica ali sério. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. CASA LAURA E SEVERO. SALA. INT. NOITE.

Severo, Nandão e Mauricio sentados a conversar.

NANDÃO           —    Mas que desgraçado, Severo!

SEVERO           —    Pra tu ver, cara! O canalha queria se livrar da caixinha de costura da Laura.

NANDÃO           —    Esse sujeito merece umas porradas!

MAURÍCIO        —    Ainda não dá pra entender porque ele faria isso.

SEVERO           —    Aquele canalha é falso! Deve odiar os pais da esposa. Sempre fui contra a Elisa namorar e se casar com ele, mas filhos nos ouvem? Não!

MAURÍCIO        —    Complicado.

NANDÃO           —    Se eu ver esse sujeito na minha frente!

MAURÍCIO        —    Agora quem tá todo esquentadinho é você. Calma aê, cara!

SEVERO           —    Deixa, Nandão. Pode deixar que esse canalha ainda vai ter o que merece!

MAURÍCIO        —    Tá armando alguma coisa contra o cara, Severo?

SEVERO           —    Não. Mas a vida às vezes nos dá uma lição. Torço pra que ela dê uma lição das bem dadas no canalha!

CORTA PARA:

CENA 10. MANSÃO VIEIRA. SALA DE JANTAR. INT. NOITE.

Ramiro e Beatriz sentados à mesa jantando. Uma empregada a parte. Ramiro sério.

BEATRIZ           —    Pelo visto a conversa com o filhinho hippie não foi agradável!

RAMIRO            —    Fala como se tivesse moral pra isso! E a sua filhinha que tá lá em Paris?

BEATRIZ           —    (Sorrir) Ai, meu irmão… Como você é besta. Sempre achando que criou o Marcelo melhor do que eu criei a Viviane. Mas a verdade é que minha filha é uma ex-modelo famosíssima no mundo inteiro, enquanto o Marcelo…

RAMIRO            —    O momento do Marcelo brilhar ainda vai chegar. E não será na passarela como a Viviane! Será no mundo dos negócios.

BEATRIZ           —    Acorda pra realidade, Ramiro! Você acha mesmo que aquele garoto (desdém) músico vai mesmo querer viver atrás de uma mesa de escritório?

RAMIRO            —    Vejamos então!

BEATRIZ           —    Quanto ao assunto de minha filha e Rodrigo virem para o Brasil… Já ligou e fez a proposta?

RAMIRO            —    Você acha mesmo que chega ao escritório mandando e eu tenho que fazer na hora as suas vontades?! Eu ainda tenho que analisar a hierarquia e ver aonde o Rodrigo pode ser encaixado.

BEATRIZ           —    Tudo bem. Só não demore.

Fecha em Ramiro furioso olhando Beatriz. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 11. CASA ELISA E MARCOS. QUARTO GUSTAVINHO. INT. NOITE.

Gustavinho dormindo descoberto. Elisa entra no quarto de vagar. Cobre o filho, dá um beijinho na testa dele e arremata.

ELISA                —    Vai ficar tudo bem, filho…

Elisa caminha até a janela, começa a chorar, se vira e fica a olhar o filho. CAM dá close em Gustavinho dormindo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. STOCK-SHOTS. EXT. AMANHECER.

Takes do nascer do sol. Movimentação de carros e banhistas pela orla da praia de Ipanema. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. CASA LAURA E SEVERO. COZINHA. INT. DIA.

Laura colocando a mesa do café. Severo vem da sala.

SEVERO           —    Bom dia.

LAURA              —    Bom dia, meu bem. Como se sente hoje?

SEVERO           —    Bem. Pronto pra ir atrás do canalha do Marcos de novo!

LAURA              —    Nem pensar. Aquele canalha quase que leva meu Severinho de mim. Pode parar, hein!

SEVERO           —    (Dá beijinhos na esposa) Tá com medo de me perder, é sua boba?

LAURA              —    Claro! São 35 anos de união, meu amor. Não são 35 dias, não, tá!?

SEVERO           —    (Se senta a mesa e se serve) Ontem como os caras estavam aqui eu nem lembrei de te perguntar… Como a Elisa estava?

LAURA              —    Estava bem. Quer dizer… Se bem mesmo ela estava eu não sei.

SEVERO           —    Como assim, Laura?

LAURA              —    Ela não quis abrir a porta, então eu não conseguir ver ela. Mas disse que estava bem.

SEVERO           —    Mas que palhaçada é essa? Ela não querer abrir a porta pra você é um absurdo!

LAURA              —    Deixa, meu bem. Ela estava indo dormir já.

SEVERO           —    (Indignado) Mas isso não impediria de ela abrir a porta e conversar olhando nos seus olhos! Virou o que agora? Pau mandado do canalha do Marcos, a Elisa?!

CORTA PARA:

CENA 14. PARIS. APART RODRIGO. SALA. INT. DIA.

Rodrigo vem do quarto arrumado. Pega o notebook, coloca na mochila, pega as chaves e vai saindo, quando Viviane o para.

VIVIANE            —    Aonde você tá indo apressado desse jeito, Rodrigo?

RODRIGO         —    Ao escritório do meu pai. Lá com certeza deve ter alguma coisa relacionada a tudo isso que ele disse antes de falecer.

VIVIANE            —    Tudo bem, Rodrigo. Eu te conheço e sei que qualquer argumento que eu tiver nesse momento será inútil. Mas toma café antes de ir, depois eu te acompanho.

RODRIGO         —    Obrigado, meu amor. Mas eu estou com pressa mesmo!

Rodrigo dá um selinho nela e sai. Viviane pega o cel. E liga.

VIVIANE            —    (Ao cel.) Rodrigo saiu daqui determinado a encontrar respostas sobre alguma coisa que Pierre disse antes de morrer! E como que eu faço agora? Tá. Vou dar um jeito dele não descobrir nada.

Ela desliga. Se senta no sofá, pega o jornal e na primeira página estampada a matéria: “Une enterprise imploquée dans des scandales de pots-de-vin faitchuter ses actions enbourse”. (Empresa envolvida em escândalos de propina, vê suas ações despencarem na bolsa de valores).

VIVIANE            —    (P/si) Só o Rodrigo não enxerga que está dando nó em pingo d’água. (Cai na real) Credo! Por que eu falei uma caipirice dessas?! Eu, hein! Sou fina, elegante e chique. Só falo em (Sotaque) Francês.

CORTA PARA:

CENA 15. CASA ELISA E MARCOS. COZINHA. INT. DIA.

Elisa de calça e blusa que tapa todo o braço, servindo o café da manhã de Gustavinho, que está uniformizado.

ELISA                —    Pronto, filho. Só não demora pra comer que não temos muito tempo.

GUSTAVINHO —    Tá bom, mãe. A senhora tá bem?

ELISA                —    Tô. Tô bem, meu filho. Não precisa se preocupar com a mamãe.

Marcos surge na cozinha e Gustavinho se assusta. Marcos e Elisa ficam a se olhar seriamente. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 16. MANSÃO VIEIRA. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Mesa farta. Beatriz, Ramiro e Marcelo sentados à mesa a tomar café.

BEATRIZ           —    Tô gostando de ver meu sobrinho. Todo elegante pra aprender mais sobre os negócios da família.

MARCELO        —    (Debochado) Sim, titia querida. Vou aprender o máximo que ele me ensinar.

RAMIRO            —    Marcelo precisa de um rumo na vida.

BEATRIZ           —    E será que você, Ramiro, conseguirá dar esse rumo à vida de seu filho?

RAMIRO            —    Destila seu veneno em outro lugar, Beatriz! Do meu filho, cuido eu!

BEATRIZ           —    Cuida muito pra não dizer o contrário. Se tivesse pulso firme, o menino não estaria com essa loucura de ser músico novamente;

RAMIRO            —    Tenho certeza que Marcelo e eu chegaremos a um consenso sobre isso, né, meu filho?

Fecha em Marcelo sério, que não responde nada.

CORTA PARA:

CENA 17. CASA ELISA E MARCOS. COZINHA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 15.

ELISA                —    Vamos Gustavinho!

GUSTAVINHO —    Mas eu nem terminei de comer!

ELISA                —    Você come alguma coisa na rua. Agora vem!

MARCOS          —    Elisa, precisamos conversar!

ELISA                —    Não tenho nada pra conversar com você, Marcos!

MARCOS          —    (Segura ela pelo braço) Por favor…

Fecha em Elisa séria.

CORTA PARA:

CENA 18. CASA ELISA E MARCOS. SALA. INT. DIA.

Elisa e Marcos sentados a conversar.

MARCOS          —    Elisa, olha… Eu nem seu o que dizer. Me desculpe. Eu estava fora de mim.

ELISA                —    É sempre a mesma coisa! Você sempre me diz que estava fora de si, que teve um dia ruim… Eu não tenho nada a ver com isso! Resolva os seus problemas fora de casa e não os traga aqui para dentro!

MARCOS          —    Desculpa, Elisa! Eu quero que você me perdoe! (Ajoelha) Estou ajoelhando pra você ver que eu estou falando sério!

ELISA                —    Das outras vezes, eu realmente acreditei que você estava falando sério!

MARCOS          —    Mas agora é diferente.

ELISA                —    (Exaltada) Diferente em que, Marcos? Você me agrediu da mesma forma que as anteriores!

MARCOS          —    Fala baixo, Elisa. O Gustavinho pode ouvir!

ELISA                —    Ontem se eu não tivesse dito para ele ir para o quarto, ele teria presenciado algo muito pior do que ouvir essa conversa! (Pausa) Faz anos que eu não te conheço mais Marcos. Você não é aquele mesmo homem com quem eu me casei!

MARCOS          —    Por isso que eu estou aqui disposto a mudar! Quero tentar novamente!

ELISA                —    Não posso impedir que você volte para esta casa! Mas no meu quarto, você não dorme mais! (Chama) Vamos Gustavinho.

MARCOS          —    Elisa, não faça isso!

ELISA                —    Você escolheu assim.

Gustavinho vem da cozinha.

GUSTAVINHO —    Comi tudo.

ELISA                —    Muito bem, meu filho. Coloca logo a mochila que já estamos atrasados.

Gustavinho coloca a mochila e eles vão se direcionando a saída, com Marcos arrematando.

MARCOS          —    Sem tchau pro papai, Gustavinho?

Eles saem.

MARCOS          —    (P/si) É.. A Elisa conseguiu jogar o menino contra mim!

CORTA PARA:

CENA 19. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO. INT. DIA.

Homens puxando com porta-paletes, tubos de tecidos enormes, e outros puxam as roupas acabadas, que foram costuradas pelas mulheres, que na máquina de costura estão.

CAM aproxima-se das mulheres e vai passando por todas elas focadas no trabalho, paramos em Belinha e Amanda.

BELINHA          —    Mãe, eu tô cansada!

AMANDA           —    Eu sei, minha filha. Mas temos que terminar isso aqui o quanto antes. (Dá uma tesoura a filha) Pega essa tesoura corta esse tecido. Mas pelo amor de Deus! Não corte muito torto. Corte o mais reto possível, Regina detesta desperdício de material!

Sérgio passa pela filha e esposa puxando um palete enorme de tecido, camisa ensopada de suor, pois transpira muito.

BELINHA          —    Coitado do meu pai!

AMANDA           —    Filha, corta esse tecido antes que alguém venha aqui e ache que não estamos trabalhando.

Kléber entra na área de produção com um mega fone.

KLÉBER           —    (Ao mega fone) Caminhão na área rapaziada! Descarregar!

Homens seguem para o recebimento de mercadorias.

KLÉBER           —    (Ao mega fone) Mulheres continuem trabalhando!

Kléber sobe a escada para um escritório de vidro com ar condicionado. CAM mostra Regina de dentro da sala a olhar as mulheres trabalhando.

CORTA PARA:

CENA 20. FÁBRICA FABRISTILO. ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina ainda a olhar. Kléber entra.

REGINA             —    Mais um carregamento?

KLÉBER           —    Sim. Desta vez são os tecidos de algodão.

REGINA             —    Ótimo. O que eu menos quero é o Ramiro ligando pra cá furioso.

KLÉBER           —    (A agarra por de trás) Relaxa, Regina. Até que todos estão fazendo bem os seus trabalhos.

REGINA             —    Exceto você!

KLÉBER           —    Ah é? Então eu tenho sido um garoto mau?

REGINA             —    Tem sim!

Eles começam a se beijar e Kléber a pega no colo, e a coloca sobre a mesa. Beijos intensos entre o casal. Rádio começa a fala

MOREIRA         —    (OFF) Kléber na escuta!

KLÉBER           —    O que esse cara quer agora? (Ao rádio) Pode falar, Moreira!

MOREIRA         —    (OFF) Os caras não tão sabendo descarregar a carga direito!

KLÉBER           —    (Ao rádio) Se eu for aí vai dar ruim pra eles!

MOREIRA         —    (OFF) Melhor tu vir!

KLÉBER           —    (Ao rádio) Aguenta aí que eu já tô indo. (P/si) Depois a gente continua!

Kléber sai do escritório. Regina recompõe-se e vai olhar novamente as mulheres trabalhando.

CAM mostra Belinha olhando para ela. Rê faz um: “tô de olho em você” para Belinha, que dá de ombros.

REGINA             —    (P/si) Menina abusada.

CORTA PARA:

CENA 21. PARIS. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Rodrigo a vasculhar as gavetas da mesa, estante, arquivo deslizante… Instante. Ele pega uma pasta, senta-se na cadeira e vasculha os documentos.

RODRIGO         —    (Lê) Comprovante de pagamento. (Pega mais um documento) Fabristilo? Essa não é a empresa da família da Viviane? (Confuso) Mas como?

Viviane entra.

RODRIGO         —    O que um comprovante de pagamento da empresa do meu pai tem a ver com a empresa da sua família?

Fecha em Viviane séria. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

 FIM DO SÉTIMO CAPÍTULO

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