NOVA CHANCE PARA AMAR

Novela de Ramon Silva

Escrita Por:

Ramon Silva

Direção Geral:

Wellington Viana

PERSONAGENS DESTE  CAPÍTULO

AMANDA

BEATRIZ

CAMILA

EDILEUSA

ELISA

GUSTAVINHO

KLÉBER

LAURA

MARCELO

MARCOS

MAURÍCIO

MOREIRA

NANDÃO

RAMIRO

REGINA

RICK

RODRIGO

SEVERO

SÉRGIO

VIVIANE

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:

SENHORA DA ALEGRIA.

CENA 01. PRAIA DA BARRA. ORLA. EXT.  DIA.

Continuação imediata  da última cena do capítulo anterior. Elisa e Rodrigo se encarando. Gustavinho à  parte sem entender nada.

ELISA                —    O que eu teria de importante para conversar  com você?

RODRIGO         —    Eu  preciso que você me responda uma coisa. Essa dúvida tá acabando comigo há dias.  

ELISA                —    Então vai lá. Pergunta que eu terei o  prazer de sanar essa dúvida de uma vez por todas.

RODRIGO         —    Vamos  tomar alguma coisa e conversamos melhor. Que tal?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 02. PRAIA DA BARRA. QUIOSQUE.  EXT. DIA.

Gustavinho sentado a  uma mesa comendo biscoito. Elisa e Rodrigo de pé a tomar água de coco.

RODRIGO         —    (Repara  o pingente) Bonito pingente.

ELISA                —    Obrigada.

RODRIGO         —    Não  quero ser um enxerido, mas… Quem te deu?

ELISA                —    Eu mesma que comprei. Olha, seu Rodrigo, a  água se coco está maravilhosa, muito obrigado pelo biscoito que o senhor deu  pro meu filho. Mas eu ainda não entendi o que você quer comigo!

RODRIGO         —    Antes  você tem que deixar essa história de ‘seu Rodrigo’ de lado. Nem na mansão há  necessidade disso. Acho desnecessário toda essa formalidade.

ELISA                —    Desculpe. É a força do hábito.

RODRIGO         —    Entendo.  Então, Elisa. Eu gostaria de saber mais de você.

ELISA                —    Como assim?

RODRIGO         —    Quero  conhecer mais da nova assistente da família Vieira.

ELISA                —    Olha, Rodrigo. Eu não sei o seu real  interesse com tudo isso, mas devo avisá-lo de que sou uma mulher casada.

RODRIGO         —    Eu  sei. E eu também sou um homem casado. Tá bom, Elisa. Tentar desviar da verdade  não está dando certo.

ELISA                —    Você tá me assustando.

RODRIGO         —    Desculpe.  Não foi a minha intenção. Vou ser bem objetivo. Você é a mesma Elisa que mora  no bairro do Canarinho?

Fecha em Elisa  surpresa com tal pergunta. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. MANSÃO VIEIRA. CORREDOR. INT.  DIA.

Viviane sai do  quarto com o protetor solar em mãos e ouve a voz de Ramiro. Ela fica atrás da  porta ouvindo tudo.

RAMIRO            —    (OFF)  Independentemente disso ela não vai ser mandada embora, Beatriz! É uma decisão  muito radical.

BEATRIZ           —    (OFF)  Decisão radical é essa que você está tomando. Se o patrimônio da empresa  desvalorizar. Você pode dar adeus a seu cargo de presidente da Fabristilo.

RAMIRO            —    (OFF)  Você sabe muito bem que ninguém entende tanto dos negócios desta família  quanto eu.

BEATRIZ           —    (OFF)  Mas isso não quer dizer que você seja insubstituível!

RAMIRO            —    (OFF)  Você se garante muito por ter a maior parte nas ações da empresa.

BEATRIZ           —    (OFF)  Exatamente. Por isso mesmo estou lhe deixando avisado. Ou você dança conforme  a música Ramiro, ou deixa a presidência da empresa. A escolha é sua!

Viviane fica passada  com o que ouve. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. FÁBRICA FABRISTILO. RECEBIMENTO.  INT. DIA.

Kléber e Moreira ali  a olhar os homens, incluindo Sérgio, que estão a fazer a separação das cargas  que acabaram de receber na fábrica.

MOREIRA         —    Não  param de comentar sobre o que aconteceu nesta madrugada.

KLÉBER               Dormir até no sofá por causa disso tudo.

MOREIRA         —    Brigou  com a Regina?

KLÉBER           —    Claro!  Você sabe que Regina tem ficado muito estranha esses dias.

MOREIRA         —    Verdade.  Mas o que ela disse sobre o lance da Camila?

KLÉBER           —    Ela  acreditou na Camila e na Amanda. Que ódio dessa mulherzinha do Sérgio.

MOREIRA         —    Ela  se meteu?

KLÉBER           —    Ela,  o Sérgio e mais dois babacas!

MOREIRA         —    Aplica  o corretivo neles, Kléber!

KLÉBER           —    Deixa  que com o Sérgio o esquema é outro. Ele está numa sinuca de bico. Ou faz o que  eu quero, ou alguém da família dele vai pagar.

MOREIRA         —    Uma  pena não ter consigo provar daquela tchutchuca da Camila.

KLÉBER           —    Relaxa,  Moreira. Acho que os dias de Regina no comando estão contados. Caso ela saia,  Ramiro com certeza vai me colocar no poder e aí… Será o terror!

Os dois ficam ali  sorrindo maliciosos. CAM mostra Sérgio desconfiado a olhar os dois. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. PRAIA DA BARRA. QUIOSQUE.  EXT. DIA.

Continuação imediata  da cena 02.

ELISA                —    Como você sabe onde eu moro? 

RODRIGO         —    Eu  apenas desconfio!

ELISA                —    É? Então desconfiou errado! (Nervosa) Eu  moro em outro bairro. (P/Gustavinho) Vamos, filho.

Os dois se afastam.

RODRIGO         —    (P/si)  Tenho certeza que é ela. Mas por que será que ela está na defensiva? Preciso  pensar a respeito antes de agir. Ela está ficando assustada com todos esses  questionamentos. Preciso confirmar se é mesmo a Elisa. Ela mesma se contradiz…  É ela sim.

Rodrigo segue  caminhando.

CORTA PARA:

CENA 06. BARRA. CONDOMÍNIO DE MANSÕES.  FRENTE. EXT. DIA.

Viviane sai do  condomínio e esbarra em Rodrigo.

VIVIANE            —    Rodrigo,  o que você tá fazendo aqui? Pensei que ia me esperar na orla.

RODRIGO         —    Eu  ia, mas desisti. Vou voltar pra casa.

VIVIANE            —    (Segura  ele pelo braço) Ei. O que aconteceu?

RODRIGO         —    Nada,  Viviane!

Ele entra no  condomínio. Viviane fica ali sem entender nada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. PRAIA DA BARRA. AREIA. EXT.  DIA.

Laura e Severo ali  sentados na areia a comer sanduíches. Elisa e Gustavinho se aproximam.

SEVERO           —    Tava  aonde filha?

ELISA                —    Dando uma volta com o Gustavinho.

GUSTAVINHO—    É.  Um moço chamado Rodrigo comprou um biscoito pra mim.

LAURA              —    Rodrigo? Quem é o novo partidão da vez,  hein, filha?

ELISA                —    Não é nada disso que a senhora tá pensando,  dona Laura. O Rodrigo é esposo da filha da dona Beatriz, da família em que eu  trabalho. Ele é um homem muito humilde e simpático.

GUSTAVINHO—    Ele  parecia te conhecer mãe.

Laura e Severo  estranham. Elisa disfarça.

ELISA                —    (Disfarça) Isso é Gustavinho inventando  coisas.

SEVERO           —    Só  pode ser. O único Rodrigo da vida da sua mãe não mora mais no Brasil faz anos!

Fecha em Elisa  séria, pensativa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 08. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE  E RODRIGO. INT. DIA.

Rodrigo entra e vai  para o guarda roupa. Vasculha e de lá, tira uma caixinha preta e se senta na  cama. Vira todas as fotos da caixinha sobre a cama e começa a olhar uma por  uma.

RODRIGO         —    (P/si)  Não pode ser. Aquele pingente é idêntico.

INSERT-FLASH da imagem de Elisa com o pingente.

RODRIGO         —    (P/si)  Tem que ser ela.

Ele continua a olhar  todas as fotos. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. MANSÃO VIEIRA. PISCINA. EXT.  DIA.

Viviane e Marcelo  ali na piscina.

MARCELO        —    Vocês  não iam a praia?

VIVIANE            —    Fomos.  Como eu esqueci o filtro solar, voltei pra buscar. Mas parece que isso foi  suficiente pro Rodrigo ficar chateado e não querer mais.

MARCELO        —    Jura?  Mas o Rodrigo não parece ser desses.

VIVIANE            —    Aí  é que está, Marcelo. Só quem convive diariamente é que sabe.

Beatriz se aproxima.

BEATRIZ           —    O  que você tá fazendo por aqui, Viviane? Não ia à praia com seu marido?

VIVIANE            —    Ia,  mãe. Mas o Rodrigo tá muito estranho.

BEATRIZ           —    Estranho  como?

VIVIANE            —    Depois  a gente conversa sobre isso. Agora eu quero é aproveitar!

Viviane começa a  nadar.

MARCELO        —    Tudo  bem com a senhora, tia?

BEATRIZ           —    Não  fala comigo, garoto! Desde aquele dia em que me chamou de burra, que eu não  quero mais olhar pra tua cara!

Beatriz volta para a  casa e Marcelo sorrir da situação. Na sequência, começa a nadar. CAM em plano  Geral, ele e Viviane se divertindo na piscina. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. CANARINHO. PONTO DE TÁXI.  EXT. DIA.

Nandão ali mexendo  no cel. Táxi de Maurício se aproxima, para e ele salta.

MAURÍCIO        —    Fala  aí, Nandão.

NANDÃO           —    E  aí, cara. Como é que tu tá hoje?

MAURÍCIO        —    Tô  bem.

NANDÃO           —    Tem  certeza? Ontem tu tava todo estranho. Falando das estrelas e tal…

MAURÍCIO        —    Eu  não sei o que aconteceu. Não lembro de quase nada.

NANDÃO           —    Cara,  mas você não ficaria daquele jeito à toa. Você comeu ou fumou alguma coisa!

MAURÍCIO        —    Tá  maluco, Nandão?! Você sabe que eu não faço essas coisas erradas.

NANDÃO           —    Eu  sei. Por isso que eu e o Severo ficamos sem entender porque você tava agindo  daquele jeito. Olha que tua mulher ficou braba com o jeito como tu chegou em  casa ontem.

MAURÍCIO        —    É?  Eu nem lembro.

NANDÃO           —    (Sorrir)  Quando tu chegar em casa hoje vai se lembrar então.

MAURÍCIO        —    (Lembra)  Espera aí. Eu me lembro que foi depois de ter feito uma corrida para Bangu que  eu fiquei assim.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 11. RIO DE JANEIRO. CENTRO. INT.  DIA.

Flashback:Maurício ali sentado a mexer no cel.  Uma senhora de 70 anos entra no carro, carregando com ela uma bolsa térmica.

SENHORA        —    Boa  tarde, meu filho.

MAURÍCIO        —    Boa  tarde, senhora.

SENHORA        —    Toca  pra Bangu aí.

MAURÍCIO        —    Tudo  bem.

Maurício coloca o cinto,  dá a partida e o carro segue seu rumo. A senhora tira da bolsa um pote de bolo

MAURÍCIO        —    (OFF,  Narrando) Por isso que quando eu me dei conta, a senhora estava comendo bolo e  rindo à beça no banco de trás.

A senhora sempre a rir  muito e a comer o bolo.

SENHORA        —    O  bolo da alegria. Não vai chegar nada pro meu filho desse jeito.

MAURÍCIO        —    A  senhora tá indo visitar seu filho?

SENHORA        —    É.  Ele está preso em Bangu. Hoje é dia de visitas.

MAURÍCIO        —    (OFF,  Narrando) Ela continuou rindo e comendo o tal bolo da alegria até o fim da  viagem.

CORTE DESCONTÍNUO: Maurício estaciona o  carro.

MAURÍCIO        —    Chegamos  senhora.

SENHORA        —    Foi  a viagem mais divertida que já fiz na vida!

MAURÍCIO        —    Que  bom.

A senhora dá a  Maurício uma nota de cem reais 

SENHORA        —    Não  precisa de troco, meu filho. E toma esse bolo.

Ela dá pra ele o  pote e sai do carro cambaleando.

MAURÍCIO        —    (P/si)  Hum. Que senhora simpática e divertida. (Pega um pedaço do bolo e cheira) Bolo  de chocolate. Está com um cheirinho bom.

Ele começa a comer.

MAURÍCIO        —    (OFF,  Narrando) No pote tinham uns cinco pedações. Eu comi todos.

CORTE DESCONTÍNUO: Maurício dirigindo  o carro e virando o volante com vontade.

MAURÍCIO        —    (P/si,  doidão) Eu sou o dono do mundo. (Pisca sem parar) Eu não tô enxergando nada. 

CAM subjetiva:  Maurício ao volante com a visão levemente turva. Mesmo assim, não deixa de  fazer ultrapassagens e os demais motoristas a buzinar indignados. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. CANARINHO. PONTO DE TÁXI.  EXT. DIA.

Continuação da cena  10. Nandão rindo muito.

NANDÃO           —    (Sorrindo)  A velha é mó maconheira e ainda te levou pro mal caminho.

MAURÍCIO        —    Deveria  ter suspeitado que tinha alguma coisa de errado. Ela tava muito felizinha.

NANDÃO           —    (Debochado)  É o ‘bolo da alegria’. Mordeu um pedaço, ficou doidão! Eu vivi pra ver o  Maurício do Táxi, um cara de família sair da casinha desse jeito!

MAURÍCIO        —    Foi  um acidente! Ela me enganou. Quem poderia imaginar que uma senhora de  aproximadamente 70 anos ia tá com um bolo de chocolate carregado de maconha?!

NANDÃO               (Debochado) E coloca carregado nisso!  Tu ficou doidão até altas horas da noite.

Nandão continua a  sorrir muito de Maurício, que permanece sério. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE  E RODRIGO. INT. DIA.

Rodrigo ainda a  vasculhar as fotos atrás de algo, sem sucesso ele dá uma mãozada nas fotos que  caem pelo chão.

RODRIGO         —    (P/si)  Droga! Eu preciso de respostas! Mas estas fotos não mostram o que eu quero!  Não é possível que diante dos fatos, eu vou voltar à estaca zero!

Ele fica ali sério,  pensativo. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 14. RIO DE JANEIRO. STOCK–SHOTS.  EXT. DIA.

LETREIRO: DIAS DEPOIS…

Takes da Marina da  Glória, Píer com várias lanchas luxuosas ali ancoradas, Jockey Club, Cristo  Redentor, Pedra do Arpoador. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. PRÉDIO FABRISTILO. SALA  RAMIRO. INT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Ramiro e Rodrigo  sentados. 

RAMIRO            —    Fico  muito feliz, de verdade com a sua decisão, Rodrigo.

RODRIGO         —    Não  vou mentir pra você, Ramiro. Assim que cheguei ao Rio e logo em seguida  aconteceu esse incidente da facada, eu pensei em voltar a Paris.

RAMIRO            —    Mas  por quê? Aqui é o seu lugar agora, rapaz.

RODRIGO         —    Só  não voltei graças a Viviane que me fez mudar de ideia.

RAMIRO            —    Pelo  menos pra isso a Viviane usou o neurônio.

RODRIGO         —    Ei.  É da minha esposa que você está falando.

RAMIRO            —    Foi  mal. Não sabia que você se deixava tocar por isso.

RODRIGO         —    Tô  brincando. Mas Ramiro, ainda há muitas coisas que eu preciso saber sobre a  empresa. Quero inclusive fazer um pedido.

RAMIRO            —    (Brinca)  Trabalhar com família dá nisso. Não tá nem uma hora como funcionário e já quer  fazer pedidos. Tô brincado. Pode falar.

RODRIGO         —    Eu  queria conhecer mais a empresa antes de assumir mesmo de verdade o cargo.

RAMIRO            —    Como  você quiser, Rodrigo. Só peço para que você não demore muito nesta sua  análise. Estamos precisando de alguém na Gerência Geral desta empresa pra  ontem!

RODRIGO         —    Pode  deixar, Ramiro. Eu só quero fazer isso pra me sentir mais confiante. Afinal,  este é um cargo de muita responsabilidade. Não posso agir por achar que tal  coisa é melhor. Tenho que trabalhar com respostas precisas para a saúde  financeira da empresa.

RAMIRO            —    Tá  aí. Já gostei disso. Um profissional organizado e dedicado é o que a  Fabristilo precisa!

CORTA PARA:

CENA 16. MANSÃO VIEIRA. COZINHA. INT.  DIA.

Elisa, Rick e Edileusa  sentados. 

EDILEUSA        —    Só  com dona Beatriz na rua mesmo pra gente conseguir sentar e descansar.

RICK                  —    Verdade. Ela fica que nem cão farejador só  procurando alguma coisa de errado pra dá o bote.

ELISA                —    Dá o bote? É cão ou cobra?

EDILEUSA        —    Toma  cuidado, Elisa. Se você for tentar entender a linha de raciocínio do Rick,  pode acabar como ele.

RICK                  —    Vocês ficaram sabendo da novidade?

ELISA                —    Que novidade?

EDILEUSA        —    Toma  vergonha, Rick. Um homão desses e fica aí tomando conta da vida dos outros.

RICK                  —    Hipocrisia comigo não, hein, Edileusa!  Todos aqui sabem que você é a fofoqueira suprema dos empregados.

EDILEUSA        —    Mas  que injúria isso!

ELISA                —    É calúnia.

EDILEUSA        —    Isso  aí que a Elisa falou. Eu não sou fofoqueira coisíssima nenhuma! Eu apenas  gosto de me manter informada.

RICK                  —    Eu vi o Rodrigo saindo de manhã com o seu  Ramiro. Os dois conversavam sobre alguma coisa de gerência.

EDILEUSA        —    Menino,  então é por isso que eu ouvi dona Beatriz falando com a Vivi Superiora. Acho  que ele tá trabalhando na empresa da família.

ELISA                —    Quem é superiora, gente?

RICK                  —    Quem você acha que é Elisa? A Viviane.  Edileusa tem uma obsessão por essa mulher.

EDILEUSA        —    Não  é obsessão. Eu admiro ela. Podem falar a verdade, vai. Que mulher  deslumbrante! Aposto que muitas por aí dariam tudo para ser igual a ela.

ELISA                —    Eu tô muito bem assim mesmo, obrigada!

CORTA PARA:

CENA 17. FÁBRICA FABRISTILO.  ESCRITÓRIO REGINA. INT. DIA.

Regina ali a digitar  no notebook. Kléber entra. 

KLÉBER           —    Licença,  Regina. Tem um tempo pra gente conversar?

REGINA             —    Isso  depende.

KLÉBER           —    Eu  queria me desculpar sobre aquele dia.

REGINA             —    Tá  legal, Kléber. Eu estou fazendo algo muito sério aqui e preciso de  concentração.

KLÉBER           —    Regina,  me escuta. Eu não viria até aqui se não fosse algo realmente importante.

REGINA             —    Tudo  bem. Ganhou atenção total agora. Espero que saiba utilizá-la.

KLÉBER           —    Eu  sei que agi como um cretino com a Camila. A coitadinha tá aterrorizada até  hoje. Não pode me ver que corre para longe.

REGINA             —    Não  era pra menos! Se tem uma coisa que eu sempre fiz questão de deixar claro para  todos os funcionários, e isto inclui você também. É que se deve respeito as  mulheres. Desde o exato momento em que vocês respeitam as demais mulheres,  vocês estarão me respeitando como mulher e gestora desta fábrica.

KLÉBER           —    Eu  sei, Regina. Por isso mesmo que eu queria que você me desculpasse. Eu estou  aqui pra dizer que vou mudar minha postura. A partir de hoje produção é o que  importa!

REGINA             —    Isso  aí. Esse sempre foi e será o lema desta Fábrica!

Kléber vai pegar um  refrigerante no frigobar e fica de costas para Rê, que o olha, sobe a  narração.

REGINA             —    (OFF,  Narrando) Vem pensando que vai me enganar com esse papinho… Te conheço muito  bem, Kléber. Sei que você ainda vai tentar forçar alguma coisa com essa  menina.

Rê volta ao  trabalho. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. FÁBRICA FABRISTILO. PRODUÇÃO.  INT. DIA.

Amanda e Camila a  trabalhar. Sérgio se aproxima puxando um carrinho com restos de tecido.

SÉRGIO             —    O  clima tem ficado bem calmo esses dias.

AMANDA           —    O  problema é: até quando?

CAMILA             —    Desde  o dia em que aquele desgraçado tentou aquilo, que ele parece meio distante da  Regina.

AMANDA           —    Regina  parece ter salvação. Acho que ainda resta sentimento de humanidade dentro  dela.

SÉRGIO             —    Então  é bem no oculto mesmo!

AMANDA           —    Sim,  mas ela como mulher não pode aceitar uma coisa dessas dentro da fábrica. Acho  que nem os donos disso aqui aceitariam isso.

CAMILA             —    Continuo  achando que todos são farinha do mesmo saco! Se isso aqui existe é porque os  donos compactuam.

SÉRGIO             —    São  os cabeça ainda.

CAMILA             —    Isso  aí.

SÉRGIO             —    Mas,  olha, esses dias eu tenho percebido o Kléber de muito segredinho com o Moreira.

AMANDA           —    Esses  dias não, né, Sérgio? Eles sempre vivem juntos.

SÉRGIO             —    É,  mas desta vez parece que a coisa é diferente.

CAMILA             —    Diferente  como?

SÉRGIO             —    Pode  ser que eu esteja exagerando… Mas eu tenho pra mim, que vai ter guerra pelo  poder da produção.

AMANDA           —    Você  acha que o Kléber quer tirar a Regina do cargo dela?

SÉRGIO             —    Não  tenho certeza, mas desconfio que sim.

CORTA PARA:

CENA 19. CANARINHO. PRAÇA. EXT. DIA.

Marcos vê Laura  passando distante dele e vem correndo até ela. 

MARCOS          —    Dona  Laura, eu preciso falar com a senhora.

LAURA              —    O que você quer, Marcos?

MARCOS          —    Eu  vim avisar a senhora que eu vou pegar o Gustavinho pra ficar comigo depois do  colégio.

LAURA              —    Como é que é?

MARCOS          —    É.  A Elisa e eu conversamos sobre isso e entramos num acordo.

LAURA              —    Não, Marcos, você não tá entendo. A Elisa  não me falou nada sobre isso.

MARCOS          —    Como  não? Hoje é dia deu ficar com meu filho.

LAURA              —    Eu lamento, Marcos. Mas não posso  simplesmente deixar que você saia com meu neto sem a Elisa confirmar nada.

MARCOS          —    Dona  Laura, quem não tá entendendo aqui é a senhora. Eu fechei um acordo com a  Elisa, de que eu vou ficar com o Gustavinho de quarta depois do colégio até  sábado de manhã.

LAURA              —    Marcos, eu lamento, mas enquanto a Elisa  não me ligar confirmando isso, meu neto não sai da minha casa!

Laura segue  caminhando. Ele pega o cel. E tecla o número.

MARCOS          —    (Ao  cel., p/si) Elisa vai ter que me explicar porque ninguém sabe do nosso acordo.  (Pausa) Caixa postal. Que droga!

CORTA PARA:

CENA 20. MANSÃO VIEIRA. SALA DE ESTAR.  INT. DIA.

Viviane e Beatriz  chegam das compras carregadas se sacolas. 

VIVIANE            —    Na  próxima vez o pinguim de geladeira vai com a gente pra carregar as sacolas.

BEATRIZ           —    Mas  é tão bom sair só nós duas juntas, filha. Sem homem nenhum por perto, nem que  seja empregado.

VIVIANE            —    Mãe,  mas que lojas são aquelas! Uma melhor que a outra.

VIVIANE            —    Verdade,  filha. Eu sabia que você ia adorar o Barra Shopping.

VIVIANE            —    Claro  que eu adoro. Local em que só tem gente que se pode igualar ao nosso nível é  maravilhoso.

Elisa vem da cozinha  e vai subir a escada, quando Viviane a interrompe.

VIVIANE            —    Você  serviçal.

ELISA                —    (Disfarça a raiva, simpática) Pois não?

VIVIANE            —    Espero  que você esteja fazendo o que combinamos.

ELISA                —    Estou sim.

VIVIANE            —    Leve  essas sacolas pro meu quarto.

Viviane joga as  sacolas no chão de propósito e Elisa com ódio pega a mesma, mas sempre a fazer  a simpática.

ELISA                —    Com licença.

Ela sobe a escada.

BEATRIZ           —    Deixa  a moça em paz, Viviane.

VIVIANE            —    Claro  que não. Enquanto eu não tiver certeza que essa zinha aí está longe do meu  Rodrigo, eu não vou parar! 

BEATRIZ           —    Já  falei que essa história não tem fundamento algum. Mas você é quem sabe se vale  ou não a pena continuar insistindo nisso.

CORTA PARA:

CENA 21. MANSÃO VIEIRA. QUARTO VIVIANE  E RODRIGO. INT. DIA.

Elisa entra e joga  todas as sacolas sobre a cama. 

ELISA                —    (P/si) Que ódio dessa mulher! Não perde uma  oportunidade de humilhar os empregados! Desprezível!

Ela olha para o chão  e vê a ponta um papel saindo debaixo da cama, se agacha e pega, trata-se da  foto de Letícia, mãe de Rodrigo.

ELISA                —    (P/si) Espera aí. Essa aqui é a Letícia, mãe do Rodrigo.  (Surpresa) Então, o Rodrigo milionário de agora é o Rodrigo Vieira, rival da  minha família?

Viviane entra e ao  perceber Elisa com a foto, se aproxima e toma a foto da mão dela arrematando.

VIVIANE            —    (Firme)  Mas o que significa isso? Você estava mexendo as coisas do meu marido?

Closes alternados  nas duas que se encaram seriamente. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO VIGÉSIMO CAPÍTULO

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