Se eu não te amasse tanto…

Dudu, dormindo ao lado de Francine recebe a visita de Ezequiel. Ele se coloca de pé, e se alegra ao ver o anjo. Os dois saem caminhando juntos em um grande jardim.

Uma grande tela se abre. Através dela, Dudu vê Luiz puxar Maria pela mão.

Alegres os dois correm por um corredor. O casal saem dentro da capela e de joelhos se colocam diante do altar.

Uma legião de anjos se colocam como convidados de honra para assistirem a cerimônia de casamento. Maria usa um vestido rendado e um arranjo de rosas brancas nos cabelos. Luiz usa camisa e calça com suspensor.

Uma sombra se coloca de pé, na entrada da igreja. Dudu salta na cama, acordando.

Sem conseguir voltar a dormir, Dudu levanta e, na cozinha, senta ao lado da mesa. Entre um gole de café e outro, escreve com caneta tinteiro. Francine aparece. Beija-o, no alto da cabeça.

Francine — Vi quando você levantou, como demorou voltar para a cama, vim ver o que acontece. Bom, senti um cheiro delicioso invadindo o quarto.

Dudu mostra a xicara — Está uma delícia. Nunca imaginei que conseguiria fazer um café tão gostoso.

Francine também toma — E não é que está bom mesmo. — observa os manuscritos — Pensei que já tinha terminado de escrever o seu livro.

Francine começa ler as primeiras linhas.

Dudu — É outra estória que comecei. Na verdade, foi um sonho que tive com o Luiz e a Maria. Pelo que entendi do sonho alguma coisa ruim vai acontecer.

Francine lhe devolve os papéis. — Prefiro não ler. Assim que casamos você sonhou com alguém caindo por uma escada e eu cai. Graças a Deus estou viva e o nosso filho também.

O dia amanhece.
Na fábrica, Dudu vestido de papai Noel, entrega balas para a molecada. Ele vê Luiz puxar Maria pelo braço, entrando no barracão. Ele lembra a cena semelhante o sonho que teve. Ele vê Geraldo um pouco distante, ajudando numa banca, e Moreira indo em direção ao deposito. Rapidamente ele se aproxima de Afonso. — Pai, se prepara. Vamos ter briga.

Afonso — O que está acontecendo?

Dudu — Luiz arrastou a Maria para o depósito.

Afonso ri. — Deixa os dois pombinhos namorar um pouco. O Luiz é juizado e não vai fazer nada de errado para piorar a implicância do pai com o Moreira, você já sabe disso!

Dudu — O Moreira vai pegá-los em fragrantes.

Afonso — Estou indo lá!

Dudu vai na barraca, e se aproxima de Geraldo ajudando Mirtes distribuir bolo de milho. — Geraldo, vai no depósito buscar um pouco de vinho, está faltando para o pessoal lá do outro lado.

Geraldo se refere a Mirtes. — Eu já volto ajudar. — e sai passando por Dudu que fica parado, ar preocupado, seguindo-o com o olhar.

Mirtes percebe: — Algum problema senhor Eduardo?

Dudu — O Luiz me falou que a senhora não é contra o namoro dele com a Maria.

Mirtes — Claro que não! Adoro aquela menina, meu filho não podia escolher uma namorada melhor, mas por que… Já sei. Os dois estão juntos por isso mandou o Geraldo sair daqui para não vê-los. — Olha ao redor ¬— Onde estão conversando?

Dudu — No depósito!

Mirtes, o olha desapontada.

Dudu explica — Moreira já deve ter pego os dois. Achei melhor o Geraldo ir defender o filho. Acabar com isso de vez. Assim o Luiz e a Maria podem namorar em paz.

Mirtes vê Geraldo indo distante e vai atrás. Dudu também segue.

Dentro do depósito.

Luiz pergunta. – Pelo jeito você não convenceu o seu pai.

Maria — Ele não vai deixar. Então… – ela empalidece, vendo Moreira chegar — Pai!

Luiz vira para trás.

Moreira — O que você está fazendo aqui com esse moleque. E bem que eu andava desconfiado que só podia ser ele que te dava os recado.

Luiz — Seu Moreira vamos conversar numa boa.

Geraldo chega — O que está acontecendo aqui?

Moreira para a filha — Vá pra perto da sua mãe. Em casa vamos ter uma boa conversa.

Luiz agarra Maria pela cintura, impedindo-a de sair. — Não, Maria fique, vamos acabar com isso de vez.

Moreira puxa a filha. — Solte ela, seu moleque atrevido.

Afonso, chega — Luiz solte a moça, é melhor não complicar!

Luiz — Não! Já está na hora dele e meu pai saberem que eu e a Maria estamos namorando faz tempo.

Dudu, Mirtes e outras pessoas chegam.

Moreira aponta Geraldo — Manda o seu filho soltar ela. Vai ser melhor pra todos nós. Se ele não fizer isso agora, arrebento a cara dele na sua frente.

Maria chora. — Pai, por favor, para com isso! — pega nas mãos de Luiz que a prende pela cintura. — Luiz me solta. Deixe eu ir.

Luiz — Eu amo sua filha Moreira, e vou me casar com ela. Independente do meu pai e o senhor concordar ou não.

Moreira para Geraldo. — Teu filho é pior que você! — olha Luiz. — Vou lhe dizer uma coisa, rapaz. A mesma coisa que falei com o teu pai quando a minha filha nasceu. O homem pra se casar com ela tem que ser muito macho. E não digo macho pelo que ele tem dentro das calças. Você pra mim não passa de um moleque ainda cheirando a leite pra falar em casamento com a minha filha, e o seu pai vai ter que concordar comigo dessa vez! O que você entende de responsabilidade? O que tem para oferecer a ela? Que vida vai oferecer a ela sem minha ajuda ou do seu pai? Vamos, Geraldo? Defende seu filho? Diz a ele que você concorda com o casamento entre eles. – Aponta Luiz. – Enquanto você não ter o que oferecer a ela, que seja seu, sem precisar de mim ou do seu pai, não quero te ver perto dela. Porque se fizer isso. Se fizer a minha filha sofrer, eu acabo com a tua vida. Agora tira as suas mãos de cima dela.

Luiz fala com Geraldo, parado, assistindo — Pai, eu amo a Maria e não vou me separar dela.

Gerado ri — Por mim, você pode fazer o que bem quiser com a filha do Moreira, aliás, já está fazendo, eu vi os dois juntos outro dia no seu quarto.

Maria tapa o rostos envergonhada.

Moreira — O que você está dizendo?

Geraldo — Domingo, eu vi a tua filha dentro do quarto do meu filho, por mim, ele pode fazer com ela o que bem entender. — aponta Luiz — Fica com ela aqui, no meio do mato, onde você quiser, e que o pai dela não venha te cobrar nada depois. Que ele educasse melhor a filha que tem. Uma moça que se dá respeito não fica a sós com um moço, ainda mais no quarto dele. — Vira-se para Moreira — Tua filha não passa de uma vadia.

Luiz resolve soltar Maria e segurar Geraldo, ficando de costas para Moreira — Pai, para com isso.

Moreira tira da bainha um punhal. Dudu entra na frente para impedi-lo, sente a faca lhe passar na cintura.

Afonso – Meu Deus!

Todos olham em silêncio Dudu e Moreira ainda segurando a faca.

Moreira percebe o erro. — O que eu fiz?

Dudu percebe que a faca lhe passou de raspão, ferindo apenas a pele. ¬ Estou bem.

Afonso agoniado – Moreira, você podia ter matado o meu filho.

Luiz não se contém, os olhos enchem de água – O senhor viu o que fez pai?

Maria também chora e corre saindo do salão. Luiz em prantos fala com Dudu. — Me perdoe, você podia estar morto.

Francine, Noemi e outras pessoas chegam.

Dudu – Estou bem!

Francine — Melhor ir no hospital.

Luiz observa o pai, depois Moreira e vai saindo.

Dudu – Luiz? Não deixe isso atrapalhar o seu amor e da Maria.

Luiz fala com Moreira — A Maria esteve sim, no meu quarto, na casa do meu pai. Mas nada aconteceu entre eu e ela. Já faz alguns anos que eu e a Maria estamos namorando.

Moreira se refere a Geraldo — Você manda o seu filho ficar longe dela. Eu não quero ver os dois juntos novamente, enquanto ele não for homem o bastante para cuidar sozinho de uma família, com tudo que uma esposa e os filhos merecem. Antes disso, eu não aceito o casamento entre eles, e repito: se um dia, ele fazer ela sofrer, eu ainda não respondo por mim. Com licença. — pega um barril e sai.

Luiz faz gesto positivo com a cabeça, retorna para Dudu: — Eu o acompanho até o hospital.

Dudu — Foi só um arranhão. Poucos dias vou estar bem de novo. Vou lavar o ferimento e trocar de roupa. — Ele, Noemi, Francine e Mirtes saem.

Afonso — Luiz, amanhã de manhã você me faz um favor, quero que faça a demissão do seu pai e do Moreira. Eu devia ter mandado eles embora quando aconteceu a primeira briga dos dois.

Luiz — A culpa é minha e da Maria, se o senhor tiver que demitir alguém que seja eu no lugar dos dois.

Geraldo — Você ouviu bem o que Moreira disse. Então, fique longe da filha dele. Você viu o que ele é capaz de fazer.

Luiz observa Dudu, do outro lado do barracão limpando o ferimento, suspira fundo.

Geraldo continua: — Retiro o mal juízo que fiz, quando vi você e a Maria juntos no seu quarto. E não vou comprar mais nenhuma briga com Geraldo por causa disso, é tudo o que posso lhe dizer nesse momento, por mim, você e a Maria já estariam comprometidos desde quando nasceram, mas o Moreira não quis. O Afonso e outras pessoas que estão aqui são testemunhas disso, e você já sabe disso também!

Afonso — O pior que falei que não seria testemunha de nada, e quase que meu filho paga caro por isso.

Geraldo — Tanta moça por aí e você tinha que se rabicha justamente pela filha do Moreira? Até parece que isso estava escrito em algum lugar, que ia acontecer. — faz um gesto com as mãos. — Vou ajudar a sua mãe na banca. Bom, amanhã me demitem se quiser. Graças a Deus não aconteceu o pior com o teu filho, Afonso. Deus me livre de ver alguém morto por causa da filha do Moreira e do meu filho. — e de vez se retira.

Afonso bate de leve no ombro de Luiz, que permanece cabisbaixo — Não perca a cabeça rapaz, faz as coisas direito e na hora certa. Bom, a festa continua, vamos lá pra fora. — e sai com outros, que ainda estavam ali.

Luiz fica sozinho. Senta em algo e permanece só, alguns minutos.

Dudu volta — Vamos conversar nós dois?

Luiz — Eu queria entender onde é que está errado. Cara, você podia estar morto e eu não ia me perdoar nunca se isso tivesse acontecido.

Dudu — Não é que está errado! Já aconteceu errado, numa outra vez, em uma outra vida. Você e a Maria são parte de um Círculo de Vidas que se romperam a muitos séculos atrás.

Luiz — Como assim?

Dudu — A briga entre o seu pai o Geraldo são brigas entre os dois. Um quer justificar o erro do outro, que fizeram com você e Maria se separarem. Foi o que pude entender de um sonho que tive: Seu pai era contra o seu casamento com a Maria, e nesta vida, ele quis reparar o erro, assim que vocês nasceram.

Luiz — Me explica melhor?

Dudu — Em uma outra vida, não sei onde e nem o lugar, você e Maria decidiram por vocês mesmos ficarem juntos. Seu pai queria que você estudasse, antes de ter um relacionamento sério, e naquela época, você tinha que estudar em outro país. E para não perder a Maria decidiu engravidá-la, assim o Moreira exigiria casamento. Quando Moreira soube que a filha estava grávida de um moleque, como ele lhe chama, colocou a filha para fora de casa. Ele queria que você tomasse atitude de homem, enfrentando seu pai para ficar com a moça e o filho… Mas você não enfrentou, na hora, em que devia, porque seu pai o obrigou tomar uma decisão, e você tomou a decisão errada. Quando percebeu isso, decidiu ir atrás da Maria, sem que seu pai soubesse, pulou por uma janela e quebrou o pé.

Luiz olha seriamente Dudu, que continua: — Eu creio que nada acontece por acaso. Tudo sempre tem uma explicação. E o que me foi revelado, a morte acabou separando você e a Maria.

Luiz — Como poderia ter acontecido hoje? Edu ele poderia ter me matado, se você não tivesse entrado na frente, e você poderia ter morrido. Foi loucura o que você fez.

Dudu — Não fui eu. Eu não vi me colocando entre vocês. Quando me dei por conta, tudo tinha acontecido. Eu acho que Deus gosta muito de você, e também de mim, por isso me usou para não deixar nada lhe acontecer e por essa razão não fui ferido gravemente.

Luiz sente as lágrimas escorrerem pelo rosto. — Eu acredito em você. Porque sempre tive a sensação de que meu pai e Moreira iam me separar da Maria. Eu achava que era por causa da briga deles.

Dudu — Eu creio que hoje você recebeu a chance de fazer o certo. Então faça o que o seu coração deseja, sem deixar que o mal prejudique a sua vida e da Maria.

Luiz — Então, vou fazer o que acho certo e ninguém vai me separar dela, nem mesmo a morte… Posso ir embora?

Eduardo — Vai estar aqui amanhã?

Luiz sorri — Só se a morte não deixar. Até amanhã. Obrigado por salvar a minha vida. – e sai. Para do lado de fora do barracão, observando Maria ajudar Dora e Moreira, que também o vê. Decidido ele deixa a festa.

Moreira fala com a filha, que segue Luiz com o olhar. — Quer parar de olhar para onde foi aquele moleque? Ele não passa de um irresponsável, onde se viu querer se casar com você agora? O que ele tem para te oferecer, e aí de você se cair nas graças dele. Então vê se comporta como uma moça de família. Já basta o que aconteceu hoje. Graças a Deus não fiz uma desgraça pior por sua causa.

Maria mira o chão, os olhos enchem de lágrimas.

Moreira — Enquanto o Luiz não tiver idade o suficiente para assumir uma família, eu não quero ver você junto dele.

Maria sorri – Isso quer dizer que meu pai não é contra eu e ele se casar um dia?

Moreira — Um dia, você falou certo. E o Luiz sabe disso também. Primeiro ele tem que me provar cuidar bem de você. Que nunca vai deixar te faltar nada. Depois que ele me provar isso, vou concordar em casar os dois.

Maria, alegre, beija-o, no rosto. — Amo você pai. E eu e Luiz vamos esperar a hora certa. Pode confiar em mim. Quando o senhor quiser a gente se a casa.

Moreira sorri – Posso mesmo confiar em você?

Naquele momento Luiz abre a porta de casa. Logo escreve uma carta. Coloca em cima da cama e sai fechando a porta.

O dia termina. Maria chega com os pais em casa e vai direto no quarto.

Ela empalidece vendo Luiz sentado no meio da cama, com as costas apoiada a cabeceira. Fecha a porta e fala em voz baixa para não alertar os pais. — Você é maluco Luiz, o que está fazendo aqui?

Luiz — Você já conheceu o meu quarto, eu vim conhecer o seu.

Maria — Como entrou aqui?

Luiz — Em casa, minha mãe tem costume de sempre deixar uma chave escondida do lado de fora, caso perca a outra, e arrisquei, e encontrei uma escondida entre as telhas da varanda.

Maria sorri — Uma chave reserva. E você é mesmo um maluco. — Fica aborrecida — Já pensou se meu pai te pega aqui? Já não basta o que aconteceu hoje?

Luiz — Não quero mais falar nisso, nem por brincadeira. E aqui seria o lugar mais seguro para falar com você.

Maria fica apavorada. — Você viu o que aconteceu quando o meu pai…

Luiz — Ele vai me matar se eu chegar perto de você! Ele me disse isso. E sei que vai ser mesmo capaz de fazer — toca-a no rosto — Não tenho medo de morrer por você. Se o seu pai me matar vai ser injustamente, porque nem mesmo depois de morto eu vou deixar de amar a filha dele.

Maria se emocionada.

Luiz — Se quiser avisar ele que estou aqui, ele já me mata de vez.

Maria brava. — Luiz não brinca com isso. Eu que não quero agora mais ouvir falar assim, nem por brincadeira.

Luiz — Não estou brincando! Se eu tivesse medo do seu pai, não estaria aqui. Quando falei a ele que queria me casar com você, falei sério! Não sei porque temos que esperar tanto tempo. Você sabe que eu a amo e muito. Tudo o que faço, sempre foi pensando unicamente em nós. Lembra de quando prometemos fugir para bem longe, se nossos pais ficassem contra o nosso namoro?

Maria — Você não está pensando nisso?

Luiz — Se eu não te amasse tanto assim, não estaria aqui. Então, cheguei numa conclusão! Porque temos que ficar longe um do outro só porque os dois querem. Nós dois não temos nada ver com a briga dos dois. E ficar sem ver você, não vou ficar? E já que os dois decidiram envolver nós dois nas brigas deles, eu…

Maria — Luiz, não…

Luiz — Deixa eu terminar, depois você decide. Eu vou provar para o seu pai que não sou tão moleque como ele pensa. Quero provar a mim mesmo também que sou capaz de cuidar de alguém que amo. E num certo ponto eu não tiro a razão dele, eu não tenho nada a lhe oferecer agora, mas com você do meu lado, podemos construir nosso futuro juntos. Não quero fazer nada pensando na ajuda que possa vim dele e do meu pai. Desde quando comecei trabalhar na fábrica, fiz um acordo com o Edu e ele aceitou. Eu recebo apenas metade do meu salário, e a outra parte, e, as extras, está aplicada na própria fábrica. Onde vão me devolver depois, pagando as mensalidades da faculdade de direito que pretendo começar no ano que vem, e já está praticamente paga.

Maria — Por que não me disse isso antes?

Luiz — Eu queria fazer surpresa. E também quero aplicar, confiar no meu amor por você. Tudo o que faço ou deixo de fazer é pensando em você em primeiro lugar, e vou fazer tudo, melhor ainda, se você estiver do meu lado. Eu não imagino construindo a minha vida sem você fazendo parte dos meus sonhos, e quero viver com você o maior amor do mundo.

Maria — Até que a morte nos separe.

Luiz — Não! Nem mesmo a morte poderá destruir o amor que eu tenho por você. Eu quero viver. Viver muitos e muitos anos do seu lado, até que o meu corpo não suporte o peso da vida. E mesmo assim, se eu morrer primeiro, a minha alma vai estar em algum lugar a sua espera. Vou fazer tudo o que for de bom para Deus me permitir isso, e quando chegar esse dia, do outro lado, quero reconstruir minha vida novamente com você, quero acreditar que vai estar lá me esperando, mesmo que seja em outro corpo, mas com esse mesmo sorriso lindo.

Maria — Não brinque com coisas tão sérias!

Luiz – Será que também me acha tão moleque, a ponto de acreditar que minhas palavras não são verdadeiras?

Maria – Você já é mais que um homem pra mim. Um homem que eu amo e muito.

Luiz envolve-a no rosto, com as mãos. — Então aceite minha proposta. Vamos embora daqui comigo agora. E juro, por tudo que for sagrado, que você nunca vai se arrepender.

Maria — E para onde vamos?

Luiz — Não se preocupe com isso. Basta confiar em mim. Eu sei o que estou fazendo. Eu cresci sabendo que tudo o que aconteceu hoje podia acontecer, e você também. Lembra quando o doutor Custódio se casou? Nós dois saímos escondidos lá fora e conversamos sobre isso. Você disse que fugiria comigo, caso nossos pais um dia fosse contra o nosso amor, e é por isso estou aqui! Não vamos deixar que os dois nos separe. O Moreira nunca vai deixar de ser seu pai, como o meu, também nunca vai deixar de ser, e nós dois que vamos viver nossas vidas e não eles.

Maria – E somente a eles cabem aceitar e perdoar nós dois depois!

Luiz – Sim! – Entreolham em silêncio. Lentamente os lábios se aproximam. Mas rapidamente se despertam, ouvindo barulho, vindo da cozinha.

Maria — Vou ver o que aconteceu.

Dora, na cozinha, olha os pratos quebrados.

Moreira fala com ela. — O que é isso mulher? Resolveu quebrar a casa?

Maria chega — O que aconteceu, mãe?

Dora — Fui colocar os pratos na prateleira e derrubei sem querer. Tanto cuidado que tenho. Foi presente de casamento que ganhei.

Maria — Eu ajudo a senhora pegar os cacos. — vai agachar e sente tonturas.

Dora segura ela, antes de cair. — O que foi, Maria?

Maria — Minha cabeça, senti rodar.

Dora — Vai descansar, você reclamou, várias vezes de cansaço. Tanto que viemos embora da festa mais cedo.

Moreira — Dora, eu já falei que ela está muito magra, que precisa ir…

Maria — Boa noite, pai. Boa noite, mãe. — Joga beijos, beijando as mão — Eu amo vocês.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo