Custódio, entre o vão da porta, assiste a cena. Mafalda e Tião alegre se beijam. Os dois se afastam quando notam a presença do doutor: — Como se sente?

Tião — Agora melhor que nunca, sabendo que vou ser pai.

Custódio, sério, observa os dois.

Mafalda, muito feliz se dirige a ele — Obrigada, doutor, por salvar a vida do meu Tião. Quando eu soube que ele passou mal, que veio pro hospital e teve que passar por uma cirurgia de emergência, cheguei pensar que o meu filho não ia conhecer o pai.

Custódio, fica com os olhos inquietos. — Creio que depois de amanhã ele já pode ir para casa.

Mafalda torna beijar Tião. — Tenho que ir. Vou ficar com o Roberto, a dona Raquel precisa ir no restaurante saber como aquilo lá ficou hoje.

Tião — Avisa ela que logo vou estar lá, do lado dela, ajudando de novo.

Mafalda sai. Custódio pede a ele que levante o avental, para que pudesse ver a cirurgia. Enquanto examina. — Faz tempo que trabalha no restaurante?

Tião — Quase um ano. E o doutor deveria ir lá conhecer. Acredito que é o melhor restaurante desta cidade.

Custódio — Já estive lá. Sua patroa tem um bom gosto.

Tião — Dona Raquel é a melhor cozinheira e patroa. E a Mafalda me contou que o doutor salvou a vida do garotinho da dona Raquel. Que encontrou ele praticamente sem vida, na porta da sua casa.

Custódio — Você acredita em milagres? Até ontem eu não acreditava.

Tião vê Raquel chegar na porta.

Raquel — Desculpe! Mafalda não me falou que o doutor estava aqui. Eu só ia aproveitar e fazer uma visita. Bom, a Mafalda me falou que você vai receber alta depois de amanhã, a gente se vê em casa, Tião. Tchau. — e sai rapidamente.

Tião — Até mais!

Custódio ameaça sair, e retorna — Me diz uma coisa? O que você sabe da vida da sua patroa?

Tião — Dona Raquel é muito reservada. Dá a vida pelos filhos que tem. O doutor precisa conhecer a Giza, é um amor de criança. O problema dela é não gostar de comer, tanto que é uma ratinha perto do irmão. E, voltando falar da dona Raquel, ela… Bom, todos, lá no restaurante, pensam que ela ficou viúva antes das crianças nascerem, mas, como eu e a Mafalda fomos morar junto na casa dela, pra minha mulher ajudar dona Laura, mãe da dona Raquel, cuidar das crianças, dona Raquel relatou que o pai das crianças está vivo e que ela veio morar em São Paulo para que o ele pudesse cuidar dos filhos, quando eles precisarem, mesmo ele não sabendo da existência deles. Disse que prefere viver longe dele do que sofrer por amor.

Custódio — Ela não lhe disse quem é ele?

Tião — Não, senhor! Só falou o nome do homem com quem teria se casado, se ele não tivesse morrido.

Custódio — Roberto Lacerda.

Tião — Sim! O doutor conhecia ele? Conhece essa história da dona Raquel?

Custódio — Eu e ela temos algo em comum. Medo de sofrer por amor. — Olha Tião — Roberto Lacerda era meu irmão do coração.

Tião — O doutor é pai da Giza e do Roberto? Claro! Agora que liguei os fatos, dona Raquel mora ao lado da casa do doutor.

Raquel, na rua, antes de entrar no carro, para pensativa. Chacoalha o corpo, procura se fortalecer. Suspira. Toma folego, levanta a cabeça, arruma a roupa, entra no carro e sai dirigindo. No restaurante, experimenta os sabores dos alimentos, corrige alguns e orienta outros.

No final do dia, volta para o hospital. Vê a cama de Roberto vazia. Uma enfermeira explica: — Doutor Custódio deu alta para ele.

Raquel — Mafalda devia ter me ligado. Avisei ela que eu vinha direto para cá, passar a noite com ele. Mas, Tudo bem, estou feliz em saber que o meu filho já está em casa novamente. Vou lá dar um abraço nele, antes de voltar para o restaurante.

Chegando em casa, Raquel abre a porta de casa, não vê ninguém. Chama pela mãe, pela Mafalda e Cleide.

Custódio aparece – Serve eu?

Raquel empalidece. Não consegue encará-lo — Minha mãe, as crianças, onde estão?

Custodio — O Roberto acordou bem, no final da tarde, e queria ver a irmã, decidi vir com ele. — Sorri — Giza é mesmo um encanto de menina. E os dois estão comendo bolo que a Ba resolveu fazer para dar boas-vindas a eles. Ela costumava fazer isso sempre, quando eu, Dudu e o Beto éramos crianças e passávamos todos os finais de semana, onde a sua mãe levou os dois para conhecer a casa vizinha.

Raquel ainda tensa, não consegue encará-lo. Ameaça dizer algo.

Custódio completa, se aproximando melhor. — Passei todos esses anos, tentando não olhar dos lados, com medo de ver você. — Ele suspira, também não consegue encarar Raquel, cabisbaixa — Eu jamais vou reprimir, julgar ou questionar as suas atitudes. Você fez o melhor, e teve que acontecer o que precisou acontecer, para que eu pudemos olhar dentro de mim e perceber que posso me transformar no que eu decidir ser, pelas minhas atitudes, sendo boas ou más. — se coloca de joelhos. — Foi assim que me apresentei hoje para a Giza, uma criança tão meiga e tão pequena onde imaginei que…

Raquel interfere — Por favor, levante.

Custódio — Me deixe falar: desde criança, questionei qual a razão a minha vida ser diferente. Hoje, em poucas horas, entendi que eu precisava aprender a lidar com meus sentimentos. Eu sempre pude comprar tudo que imaginava, mas a minha felicidade não depende de um centavos da herança que meu pai me deixou e da riqueza que acumulei com o tempo. Um garotinho de 4 anos me ensinou que nada tem valor quando a vida lhe falta um sopro. Não somos nada. Absolutamente nada e mesmo assim, chegamos a pensar que somos donos do mundo e que podemos decidir com nossas próprias mãos, se devemos aceitar ou não o que nos incomoda, como se a outra parte fosse insignificante.

Raquel, intacta o olha fixa, sem entender aquela atitude.

Custódio consegue encarar ela nos olhos: — Como médico eu não consegui salvar a vida da minha mulher, por que não era para salvar. Entendo isso agora. Não estava em meu poder. A mesma coisa com Estela.

Raquel — Eu soube o que aconteceu com ela. Seu irmão Eduardo me falou que ela poderia ser sua irmã.

Custódio — Não tenho provas, não ser uma fotografia do meu pai, que encontrei com ela e as lembranças de Estela me dizendo que procurava pelo pai e o irmão.

Raquel — O tempo, em que convivemos juntas, na casa do Roberto, Estela, em nenhum momento mencionou a respeito disso.

Custódio — Convivi com ela quatro anos, e foi como se fosse uma vida inteira. A morte dela foi pior que a morte da minha mulher, da minha mãe que não conheci e do meu pai que ainda posso me lembrar como se ele tivesse me deixado recentemente. Vivi momentos ruins, ao lado de Estela, que sempre me colocava de pé, mostrando que valia a pena viver, mesmo sem esperança, porque ela perdeu a esperança de encontrar quem procurava, sem imaginarmos que estávamos um ao lado do outro. Depois que ela se foi, passei a me perguntar: qual razão dela ter vivido uma vida como viveu, se o mesmo pai que era meu era o dela também? Se ela carregava uma foto dele, meu pai sabia da sua existência. E agora eu entendo que o erro não foi da Estela, não foi do meu pai, muito menos da mulher o qual a carregou no ventre. O erro estava comigo, porque eu conseguia enxergar apenas os meus problemas. A Vida dela para mim, era indiferente… Quando eu decidi me tornar médico, achei que poderia reverter a lei divina, usando as minhas próprias mãos, por não aceitar a morte ser uma vilã. Achei que poderia salvar pelos menos as pessoas que viviam ao meu redor…. E ontem de manhã, eu poderia ter me transformado num monstro, num assassino, se não me lembrasse desse detalhe. Que a Vida não pode ser vencida pela morte, se a minha capacidade humana pode reverter uma situação, e lhe dar a chance de ter um tempo maior de vida. Foi para isso que estudei, que dediquei toda a minha vida, inconformado, em perder, desde criança, as pessoas que eu amava.

Ele volta a respirar profundo, antes de prosseguir: — Outro dia, vi você, o Tião e a Giza. Por ela ser tão pequena, imaginei que teria dois anos de idade, e felizes os 3 caminhavam em direção ao mercado. E quando eu vi ele, diante dos meus olhos, numa mesa de cirurgia, precisando da minha capacidade médica para lhe salvar a vida, senti vontade de acabar com aquela alegria que eu não tinha. Cheguei a me perguntar o por que tive aquela mulher apenas uma noite em meus braços, e depois a minha vida se transformar num inferno que eu mesmo plantei? Que eu mesmo plantei! Esse foi o meu raciocínio de não tirar dela o direito de ser feliz, com quem escolhesse.

Raquel não contém as lágrimas — Você pensou que o Tião era meu marido? Pensou em deixá-lo morrer por causa disso?

Custódio — Por ciúmes, raiva, da vida que eu tinha, poderia ter deixado ele morrer sim. Essa é a razão de dobrar os meus joelhos diante de você. Não para pedir perdão pela minha fraqueza, mas, sim, agradecimentos de poder enxergar que o amor pela vida de uma pessoa é o que nos faz feliz. Hoje eu descobri o que é felicidade. É poder olhar diretamente nos olhos das pessoas com leveza na alma, sem o remorso de fazer ou deixar de fazer o que estava em meus direitos.

Levanta, se coloca bem próximo a ela, e fixos, um ao outro: — Acaso, um dia desejar uma felicidade completa, é só bater na porta vizinha. — Espera dela uma reação. Raquel permanece imóvel. Ele se afasta — Melhor eu ir.

Raquel — Espere? Pede a minha mãe vir embora com as crianças. Se não, daqui dez minutos vou bater na sua porta. — Vira-se para ele — Melhor! Estou voltado para o restaurante, trabalhando consigo refletir com mais clareza tudo que acontece ao meu redor. Não dá tempo de ficar pensando em bobagens!

Custódio — Concordo com você! Eu aviso a sua mãe. — Dá um segundo, atento nela e sai. Raquel, com o olhar pensativo, suspira. Prefere esperar a mãe chegar com as crianças. Elas chegam dormindo no colo das babas.

Dudu, sentado ao lado da mesa, na sala de estar, molha a ponta caneta tinteiro e começa a escrever numa folha e branco.

Ano – 1730

Passavam das três horas. O local, ponto marcado de todas as noites, entre cavalheiros que passavam horas consumindo bebidas em meio a jogos de baralhos e prazeres insaciáveis nos braços das mulheres da casa.

Custódio pega de cima da mesa o dinheiro, e se despede dos amigos: — Chega por hoje, estou indo para casa. — Separa notas, jogando-as de volta no lugar. — Cortesia para os novatos — Pega duas caixinhas e entrega — Façam propaganda do meu charuto, na cidade onde moram, com garantia de boa porcentagem nas vendas. E estão convidados para o meu casamento que será realizado daqui dois dias. Faço questão da presença de todos.

Novato — Nunca perdi tanta grana numa mesa de jogo. É homem um de sorte.

Roberto Lacerda — Sorte para esse daí é pouco! Custódio nasceu com a bunda virada para a lua. Vai se casar com uma belíssima moça, filha única de um milionário da cidade. Recebeu uma gorda herança do pai, e a fortuna se multiplica a cada dia. Sem dizer que todas as noites sai da casa, levando uma bolada. Nunca perde uma partida de jogo. É sorte de mais para um homem só? Não concordam comigo? Eu, por exemplo, queria a metade da sorte dele, pelo menos um dia. — Todos riem.

Custódio bate de leve no ombro de Roberto. — Um dia desses, ensino o segredo de como ganhar tudo de bom. E depois, durante meses alguém irá ganhar no meu lugar, na mesa de jogo. Quem sabe seja você. — e saindo. — Espero todos no meu casamento. Vão com suas verdadeiras esposas, não vale as amantes.

Outro homem, em deboche — Tem certeza que não podemos levar as duas?

Custódio também gargalha e deixa o local.

Roberto Lacerda pega parte do dinheiro que Custódio deixou na mesa e dois charutos, estica a face num sorriso malicioso, referindo-se aos homens: — Pagamento adiantado, pela bebida que vão tomar, outro dia, quando passarem aqui. Preciso da grana. Vou levar para minha esposa. Não apareço em casa faz uma semana. Daqui a pouco ela quem aparece aqui atrás de mim. Até mais ver. Espero que voltem. Não tenha pressa de irem embora a noite é uma criança. — e sai depois de beijar uma das mulheres. Alcança Custódio na rua, ele havia parado para acender um charuto, e juntos seguem o caminho. — Não comprei seu presente de casamento. Nem sei o que lhe dar. Você tem de tudo. Quero lhe dar algo que vai usar. Nada que fique esquecido em um canto qualquer, depois, na sua casa. Tem que ser algo especial. Afinal, você é mais que um amigo. Jamais devo esquecer o que fez a mim. Meu pai jamais faria o mesmo.

Custódio — Se eu tivesse conhecido seu pai antes de lhe dar a grana para comprar a casa, não teria lhe dado. Tenha certeza disso!

Roberto Lacerda — Está do lado do velho?

Custódio — Da razão! Seu pai gosta das coisas certas, como meu pai gostava e eu também. O amor na família deve estar acima de tudo na vida de uma pessoa. Ame seu próximo como a ti mesmo. O próximo é a família, pai, mãe, irmãos, primos, tios, avôs. Todos aqueles que fazem parte do seu sangue, não aquele que passa pela sua vida e desaparece sem deixar notícias. Parentes sempre se encontram pelos caminhos da vida. Fazem parte do mesmo círculo, onde um, deve estar sempre pronto para ajudar o outro. Bom, pelo menos eu penso assim. Aprendi isso com meu pai e procuro seguir os exemplos dele. Amando o seu próximo com a ti mesmo amará todos os seus semelhantes. O amor deve ser contagiante, começando dentro do próprio lar.

Roberto Lacerda — Amo meus filhos e minhas duas mulheres como a mim mesmo. Sou fiel a elas e com todas as outras que vivem comigo debaixo do mesmo teto. — e ri.

Custódio para, traga o charuto. Fixa a fumaça que se mistura com a neblina. — Não amo a mim! — Roberto gargalha. — Falo sério. Se eu amasse, não estaria essa hora da noite andando debaixo da neblina fria com um charuto na mão, depois de encher a cara em uma casa de perdição. Que amor é esse que tenho a meu respeito? Seu pai é um exemplo. Onde está ele neste momento?

Roberto Lacerda — Dormindo ao lado da esposa.

Custódio — Durante os anos em que convivi com meu pai, ele dizia: a noite foi feita para descansar e o corpo estará bem disposto para o trabalho no outro dia.

Roberto Lacerda — Tenho motivos para não seguir os conselhos do meu velho.

Custódio — Quando ele não estiver mais aqui para lhe dar puxões de orelhas irá sentir falta, e será tarde o arrependimento. Eu sempre procurei seguir os ensinamentos que recebi do meu pai, e sinto saudade dele.

Roberto Lacerda — Vou pedir aos céus, — brinca, em deboche. — Para morrer antes do meu, assim, não sentirei falta do senhor Afonso.

Naquele momento, uma estrela risca o céu.

Custódio — Alguém lá em cima assinou a sua sentença de morte. Atendeu ao seu pedido.

Roberto Lacerda com os braços abertos, olha para o alto. — Obrigado, meu Deus por aceitar o meu desejo. Morrerei feliz quando chegar minha hora.

Custódio — Não deveria brincar com coisas sérias!

Roberto Lacerda — Não tenho medo da morte, já falei isso para o senhor Afonso, quando me acusou de filho ingrato. Ele chegou a me dizer que joguei a minha alma no fogo do inferno, com as escolhas erradas que fiz. Infelizmente, meu caro amigo, não sou um homem perfeito como é meu pai. Como era o seu, e muito menos serei como você, que tem orgulho dos exemplos que recebeu. — O aponta — Vou lhe dar um recado. Melhor ir se preparando, você se tornará inimigo número um do senhor Afonso, no dia em que ele descobrir que você me ajudou comprar aquela casa. Vou adiantar as palavras dele: Você ajudou meu filho abrir as portas do inferno e será queimado junto com ele. — e ri gostoso.

Custódio, sério o olha. Roberto pega-o pelos ombros: — Se depender de mim, meu pai nunca saberá a verdade. Nem depois da minha morte, e poderá se consolar nos seus braços, quando chorar pela minha morte, e você poderá aliviar o seu peito a falta que lhe faz o seu pai. Seu Afonso sempre desejou um filho correto e você será o filho perfeito, onde, vão aliviar a dor um do outro. Não concorda comigo?

Custódio — Falei que sinto saudades do meu pai e não falta! São diferentes as palavras.

Roberto Lacerda — Para mim tudo é igual! Que diferença faz sentir saudade ou falta de alguém que já se foi. Após a morte nada se tem volta. O que eu queria era ser aceito com minhas escolhas, sem me comparar a outra pessoa, mesmo que seja a ele. Não tenho culpa de ser diferente daquilo que meu pai deseja. Quero o amor dele, que me aceite como sou e não como ele quer que eu seja. — E chora de tristeza. Os dedos são colocados em direção ao amigo — Falei sério! Se eu morrer primeiro que você e meu pai, podem consolar um ao outro. Não quero ver meu velho chorando a minha morte. Apesar de tudo, eu o amo muito, de coração. Quando chegar a minha hora, não quero sentir medo da morte. Estou preparado. Ela pode vir ao meu encontro quando quiser. Ninguém fica para semente!

Custódio — Você está bêbado, falando besteiras. Duvido que não terá medo da morte quando ela aparecer na sua frente. Com certeza, irá morrer de medo! — Os dois gargalham.

Roberto Lacerda — Ainda não me falou o que pretende ganhar. Tenho que ver isso amanhã, sem falta. Ou, será que posso lhe dar depois, mas aí, corre o risco de não ganhar nada. Vou ficar com a grana em vez de gastar com um presente tolo, que não irá lhe dar serventia.

Custódio — Que tal, algumas aulas, de como agir com minha virgem esposa depois do meu casamento?

Roberto encarava o amigo, com olhos arregalados.

Custódio acena e segue outro caminho — Nos veremos depois de amanhã, no meu casamento. Não esqueça que é meu padrinho. Nada de presente. Sua presença será fundamental.

Roberto Lacerda — Não vem jogar amanhã? Não acredito que irá se tornar caseiro depois do casório. Melhor avisar Raquel que não quero perder meu parceiro na mesa de jogo. Mulher minha nunca reclama de dormir quase sempre sozinha. — e ri.

Custódio — Nada de jogo. Quero estar bem disposto para a cerimônia.

Roberto fica parado, pensativo, e retorna na casa movimentada, puxa Marta pelo braço levando-a para um dos quartos, enquanto pega a bebida que ela tomava antes dele chegar. — Precisamos ter uma conversa em particular.

Depois de explicar conduziu-a pela cintura, e cochicha lhe aos ouvidos: — Podemos ganhar um bom lucro com a brincadeira. Sabe que não tenho muito a lhe oferecer, além da sociedade desta casa. Não nasci com tanta sorte como meu amigo.

Marta — E você vive de olho na fortuna dele, sei disso, faz muito tempo.

Roberto Lacerda — Custódio vai herdar toda a fortuna dos pais de Raquel, que tem uma fortuna maior que a dele, se tirarmos um pouquinho ele não sentirá falta. Custódio pagará o preço para a pessoa certa, que irá dividir a grana com nós dois. Tem que ser uma moça confiável, esperta para fazer parte do negócio.

Marta — Deixe ver se entendi. Você quer dar um golpe no seu amigo e quer minha ajuda e de outra pessoa de confiança?

Roberto Lacerda se expressa em risos — Não é um golpe! Não misture os fatos. Custódio é como um irmão e eu jamais o prejudicaria um irmão. Jamais prejudicaria meu pai.

Marta — Que estaria falido se não tivesse lhe colocado para fora de casa. Quanto ao irmão eu duvido que falaria assim se tivesse um. Seu desejo maior seria que Custódio valesse pelos dois, pai e irmão. Estou com pena dele! – e ri.

Roberto Lacerda não gosta — Não duvide das minhas palavras. Eu e Custódio não temos o mesmo sangue, mas eu tenho por ele um carinho de irmão. Jamais prejudicaria a felicidade dele. Quero que um raio caia na minha cabeça se não falo a verdade.

Marta — Que o raio não caia. — e toma o último gole de bebida, tirando o copo das mãos dele.

Roberto, desapontado, senta na ponta da cama — Confesso que não sabia que era um homem tão mal assim, como você imagina. Posso me tornar numa pessoa má se quiser.

Marta senta ao lado dele — Falando sério, Roberto Lacerda. Custódio é muito esperto. Tem Juízo. Não joga fora a grana que ganha, muito menos numa mesa de jogo, onde é um bom jogador e não vai cair numa jogada. Como pretende conseguir o que quer?

Roberto Lacerda — Encontre a moça de confiança. Uma que precisa de muita grana, assim, ela vai encarar os fatos com naturalidade.

Marta — Você está falando sério? Vai querer dar um golpe no seu melhor amigo depois do que ele fez a nós? Não podemos esquecer que essa casa é parte do dinheiro dele. Eu estaríamos morando na rua se não fosse Custódio.

Roberto seca o bigode, enquanto pensa. Marta espera a resposta. — Se Custódio fosse meu pai ou irmão, eu não falaria sério. Como ele me disse a pouco: O amor deve estar em primeiro lugar na família, e Custódio não faz parte da minha família, então, não devo me preocupar. E tem mais. Que mal tem Custódio ter uma amante que o agrade bem? Eu, por exemplo, divido com você o dobro que dou para a minha esposa.

Marta — Custódio tem grana de sobra para dividir com uma amante, e ela, com nós dois depois. Gostei da ideia e acho que tenho alguém que conheço para fazer parte do plano. Amanhã bem cedo vamos falar com ela. Adalgisa é requintada, esperta, sonhadora, inteligente. Vai ser a amante perfeita para um homem milionário como Custódio.

Quando amanhece, Marta e Roberto procuram a mocinha que mora na periferia. Adalgisa aceita o convite sabendo que rolaria muita grana.

No final da tarde, Roberto e Adalgisa param de frente à casa de Custódio, vendo Raquel chegar com a mucama. A velha escrava trazia parte do enxoval que ficou para trás, para ser engomado. Custódio recebe as duas na sala.

Roberto Lacerda – Mudança de planos. Volte e espere na casa. Daqui a pouco levo Custódio. Avise Marta.

Na sala, da casa. Mucama fala com Custódio — Raquel quer deixar tudo pronto para o grande dia.

A escrava da casa pedi que a mucama leve a roupa para o quarto do casal. Quando ficam a sós, Custódio se aproxima melhor da moça. — Estou contando os minutos para tê-la em meus braços. Você está linda e quero vê-la mais bela, amanhã, vestida de noiva, indo ao meu encontro no altar.

Raquel fica corada, ao sentir o toque suave das mãos dele, roçar de leve sua pele branca e os lábios teriam se tocado, se Roberto não invadisse a sala, despertando-os.

Roberto Lacerda puxa o amigo em direção a porta. — Preciso do seu noivo, Raquel. A partir de amanhã ele será todinho seu. Agora ele vem comigo. Pode ir embora ou esperá-lo, sem horas para voltar. — acena. — Amanhã nos veremos, minha querida, na igreja.

Ao sair no jardim, Custódio sem nada entender — Para onde está me levando?

Roberto Lacerda — Estou lhe dando o presente que me pediu. Uma despedida pelo seu último dia de solteiro. Tenho certeza que vai gostar.

Os convidados gritam viva ao noivo, ao entrarem na casa. Sabiam da brincadeira. Antes que Marta trouxesse a mocinha Roberto vai ao encontro e faz questão de entregá-la ao amigo. — Pena que não a embrulhei com papel de presente.

A zombaria é total. Os olhos da mocinha, camisola transparente, brilham de ansiedade, quando vê Custódio.

Um dos companheiros grita — Queria eu ter um padrinho assim.

Roberto Lacerda — Vai ficar aí parado? Dou minha palavra que ela é tão pura quanto sua futura esposa.

Custódio nada diz. A mocinha toma a iniciativa, puxando-o, em direção a escada que dava para o andar de cima.

Roberto Lacerda — Não precisa ficar com ela mais que meia hora, se não quiser. — e satisfeito brinda a alegria de Custódio.

No quarto, ele mede a mocinha dos pés à cabeça. Apesar dos trinta e cinco anos parecia um garotinho tímido. — Quantos anos têm?

Adalgisa age como profissional e o envolve pelo pescoço, cochichando aos seus ouvidos. — Nesse momento, imagina ser eu sua esposa. Marta me contou que se casa amanhã.

Custódio — Você veio de onde?

Adalgisa — Marta é minha prima, me procurou hoje de manhã. Ela sabe que estamos passando uma fase ruim. Aceitei a brincadeira por que minha vida não é fácil. Meu pai não está bem de saúde, falta tudo em casa. Marta me ofereceu boa grana. Seu amigo me pagou adiantado.

Custódio — Tudo bem, não precisa dizer mais nada, já entendi! — rindo — Não acredito que Roberto levou a sério minhas palavras.

Adalgisa — E amanhã, depois do seu casamento vai ficar batendo papo com a sua esposa? Eu, com certeza, não vou me arrepender em aceitar a proposta do seu amigo. Marta não me contou que se tratava de um homem charmoso, lindo. — e o beija no canto da boca, querendo seduzi-lo. — Quero ser um presente o qual desfrutará todos os dias, independente da sua esposa.

Custódio — E jamais devemos desperdiçar um bom presente, e você é um bem tentador. — Pega-a e leva para cama. Bebem e fazem amor de todas as maneiras.

Custódio adormece depois de tomar uma bebida, preparada pela moça, misturando um liquido escuro, que ela pega na gaveta, sem que ele perceba. Olhando o copo vazio ela se vê vitoriosa. — Dorme, meu anjo. E a sua noiva não mais vai querer vê-lo na frente, depois que se ver abandonada, sem você aparecer na igreja. E você será todinho meu. Você e a sua fortuna.

Deita abraçada ao corpo dele e procura dormir.

No outro dia. Ezequiel sopra aos ouvidos dele. “Raquel espera você”.

Custódio acorda meio zonzo, e afirma a vista nos ponteiros para conferir as horas no relógio, tirando do bolso da calça. Pula da cama.

Adalgisa acorda — O que aconteceu?

Custódio — Perdi a hora, eu não devia ter dormir tanto. Raquel já deve estar chegando na igreja.

Adalgisa segura-o, na tentativa de impedi-lo.

Custódio — Agora não! Preciso ir.

Desapontada, Adalgisa se joga para trás na cama. — Droga! Não era para ele ter acordado. — Sorri, não se vendo derrotada — Nem tudo está perdido. Eu tenho um casamento para ir.

Na igreja, os convidados aguardam. Roberto, preocupado com a demora do noivo sai da igreja, e vai ao encontro dele que chegava quase correndo, ainda arrumando o paletó. — O que aconteceu? Porque se atrasou tanto?

Custódio — Não posso explicar agora, onde está Raquel?

Ela, na carruagem, com os pais, aguardam. Sente alívio ao saber que Custódio a esperava no altar. O pai a conduz e a cerimônia inicia.

Adalgisa chega com uma amiga. As vestes coloridas, decotadas, tornam alvos de cochichos, entre as ilustres senhoras de respeito. Olhos saltados de inveja, ela se aproxima do casal, com o padre dando a benção final.

Envergonhado, Custódio levanta o véu que cobre o rosto de Raquel, e, em voz baixa, pede desculpas pelo atraso. Empalidece ao ser despertado pelas risadas de deboche da mocinha. Raquel também amarela, ao ver a vulgar, bem próxima a lhe estender a mão para parabenizá-la. — Felicidades no casamento.

Raquel olha-a dos pés à cabeça. Com elegância, procura ser gentil. — Quem é você? Eu não a conheço.

Adalgisa, com satisfação, mira Custódio. — Apenas uma amiga que quis conhecê-la. Sua noiva é linda. Tem razão de estar apaixonado. Parabéns!

Raquel percebe os gestos negativos de Custódio, balançando a cabeça, sem aprovar aquela atitude.

Adalgisa puxa a mão, com o forte aperto que recebe, pede licença e dá lugar aos convidados.

Raquel vê quando ela deixa a igreja, com a outra, e também Custódio, olhando as moças. Ele disfarça, ao ser parabenizado pelos amigos.

Durante a recepção, deixa Raquel com os convidados. Na casa, invade o quarto de Adalgisa, diante o espelho, tirando a maquiagem.

Custódio enfurecido — O que pensa que está fazendo? Quem lhe deu o direito de aparecer assim, no meu casamento, vestida como uma prostituta?

Surpresa, ela ri gostoso. — Vai me dar uma surra pelo que fiz? Adorei conhecer sua esposa. — e o abraça pelo pescoço, querendo beijá-lo, cai em cima da cama, sendo empurrada com violência para trás. Enfurecido ele deseja lhe espancar. Adalgisa se encolhe, esperando levar uma surra.

Custódio — Eu não quero vê-la nunca mais diante de mim.

Adalgisa — Se for embora agora. Vou a festa, e me apresento como sua amante. Vou adorar ver a reação da sua esposa, quando souber que perdeu a hora da cerimônia, porque estava comigo.

Custódio volta, o corpo treme de ódio, e ameaça lhe dar bofetadas, ela é salva pelo copo vazio, encima na mesinha ao lado da cama, ele pega e cheira: — Que tipo de droga você colocou na minha bebida?

Adalgisa gargalha.

Ele a segura pelos cabelos. — Não me faça perder a cabeça de vez com você, garota. Fiz uma pergunta, quero que me responda?

Adalgisa — Sua noiva tem muita sorte. — ainda ria, mesmo gemendo de dor no couro cabeludo. — Era para você acordar só amanhã, e não, em tempo de encontrá-la na igreja.

Custódio — Você é uma desvairada. Isso que é! — E outra vez ameaça ir embora.

Ela corre na frente, fechando a porta. — Se for embora, farei sim, o que falei. Direi a sua esposa o que significo, como ela também deve significar agora.

Custódio — Você não é nada! Não chega nem aos pés de Raquel, então, lave sua boca antes de se comparar a ela, que jamais será uma vadia como você.

Adalgisa se mostra ofendida. — Não sou do tipo que está pensando! Aceitei a brincadeira do seu amigo porque precisa da grana. Caso contrário, não estaria aqui!

Ele tira notas do bolso, e coloca-as entre os seios dela, ainda a mostra. — Prove ser mesmo uma moça do bem. Volte para a casa do seu pai. Compre os remédios que precisa e quando ele estiver bom, mande-o procurar Roberto, que vai dar a ele um bom emprego na minha fabrica. Irá receber bom salário, assim não vai lhe faltar nada. Agora abre a porta e me deixe viver em paz, com a mulher que amo, sem você no nosso caminho.

Adalgisa examina o dinheiro, enquanto pensa, e se joga contra ele, agarrando-o pelo pescoço, entrelaçando as pernas ao redor da cintura: — Tudo bem! Tudo bem! — lhe dá beijinhos. — Pode pensar o que quiser de mim, não importo! Não quero brigar. Não quero ficar sem você. Fique um pouco mais comigo, antes de ir embora. Sei que pretende fazer uma longa viajem de lua de mel. Se minha presença, com a roupa que usei lhe incomodou tanto, a ponto de vir tirar satisfações. Prometo ser fiel, amante perfeita. A melhor que poderá existir. — e beija-o na boca, com desejos salientes, querendo seduzi-lo a qualquer custo.

Custódio empurra-a de leve para trás. Ela murmura — Não faça isso! Fique um pouco mais comigo! Esqueça a outra, pense em nós. Prometo que enlouquecê-lo de amor. — Solta-o, pisando ao chão. E lhe arranca gemidos, ao tocá-lo, afagando seu membro com desejo. Empurrando-a, contra a parede, fica no controle, ela pede mais, cada vez mais, no objetivo de mantê-lo ao seu lado o tempo todo, e acaba adormecendo, horas depois, exausta e bêbada. Com desprezo, ele observa o corpo, entre os travesseiros. — Você não passa de uma diaba que atravessou o meu caminho.

Depois de colocar a roupa, anda sem pressa, na rua. Que desculpa daria para Raquel?

No local da festa, poucas pessoas restam. Roberto se dirigi ao encontro. — O que aconteceu?

Custódio — Belo presente que ganhei de você. Aquela mulher vai fazer da minha vida um inferno se eu não tomar cuidado. Se já não o fez! Espero que Raquel perdoe o que fiz com ela novamente. – e pergunta dela.

Roberto engole a saliva, entes de dizer: — Ela foi embora com os pais. Para não dar satisfação aos convidados.

Custódio se despede e vai embora. Roberto Lacerda, depois de deixar a esposa e os filhos em sua residência, vai tirar satisfações com Adalgisa, desmaiada, ainda dormia, efeito da bebida que Custódio a fez tomar em exagero para se livrar dela.

Em casa, Custódio para na sala, pensativo. Barulho na cozinha lhe chama a atenção. A escrava colocava em ordens os presentes, deixou cair algo, que despedaçou. Ele, sem querer ser visto, se afasta, e fica surpreso.

Raquel, sentada no meio da cama o aguarda.

Custódio parado entre a soleira, com a atenção voltada a ela, não sabe o que dizer. Raquel espera uma explicações. Em curtos passos ele se aproxima, senta na ponta da cama e envergonhado, pedi, outra vez, desculpas.

Raquel — Quem ela é?

Custódio — Uma que conheci ontem. Brincadeira do Roberto… Perdoe-me? Sei que não devia ter ido atrás dela, que não tinha que aparecer na igreja, vestida daquele jeito como uma… — E breca as palavras. Tira o casaco, enquanto caminha. Vê as malas prontas para a viagem. — Podemos seguir viagem, se quiser.

Raquel, intacta, o encara. Ele diante dela se sente um covarde. Decidido volta e se acomoda ao lado dela, outra vez. Sem animo, olha o travesseiro ao lado. A cabeça zonza pela bebedeira e os atropelos para se vestir e ir para a igreja, e o tempo em que ficou com a outra, o corpo pedia descanso. Não podia decepcionar Raquel, outra vez. Toca os lábios aos dela. Raquel deita para trás. Queria ser amada, desejada. Perde o interesse, quando senti o cheiro da outra e as marcas visíveis deixadas de propósitos, no corpo molhado de suor, pelo esforço, sem conseguir reação.

Raquel — Pare? Não quero continuar.

Ele passa as mãos debaixo o corpo, e lhe arranca gemidos de dores. Entreolham profundamente, e estimulado, ele quer prosseguir, e cai, ao ser lançado para o lado.

Raquel se encolhe chorando, desiludida. Desapontado, pela atitude de ambos, ele coloca nela a culpa. — Dizem que a mulher sente a pior dor quando vai parir um filho. O homem pode engravidar a mulher, na primeira vez que fazerem amor. — vira-se para Raquel, ainda encolhida, chorando: — O que fiz com você, nada justifica o que você acabou de fazer comigo. Todo meu esforço, era para cumprir meu papel de esposo. E demorei por estar abatido, de fazer amor com a outra de todas as maneiras, os quais você jamais será capaz de imaginar. Cheguei atrasado para a cerimônia porque passei a noite inteira — e se coloca de pé. — Não tenho que lhe dar satisfações pelo que faço ou deixo de fazer, você sendo minha esposa agora. — pega-a pelo queixo, para que olhe nele: — No dia em que você me quiser novamente, terá que implorar o meu amor, e me desejar como ela me desejou. Me pedir que fique, como ela pediu, e agir comigo como ela agiu… — e vai saindo.

Raquel — Espere, onde vai?

Custódio — Por que quer saber? Vai me pedir que fique? — Volta, e pega, outra vez, pelos braços. — Vamos, Raquel. Me pede para ficar e haja comigo da mesma maneira que a outra. Ela não ficou como uma morta debaixo do meu corpo, como você ficou. Gemeu de dor e prazer quando eu a possui, e pediu mais, e era tão virgem quanto você. — e saindo acrescenta. — Você ainda vai implorar pelo filho que eu poderia ter deixado hoje, em seu ventre.

Em soluços, Raquel se encolhe debaixo do cobertor.

No quarto de hospede, Custódio senta na ponta da cama, esfrega o rosto com as mãos, e depois se joga para trás, aborrecido com ele mesmo. Sabia que tinha culpa maior. Arruma o travesseiro, a cabeça doía e procurou dormir. Não queria pensar no que aconteceu. Na manhã seguinte acorda, o sol está alto. Lava o rosto, enquanto se olha no espelho. As marcas de unhas e mordidas deixadas de propósito pela outra, era visível, pelo corpo. Lembra as palavras de Roberto: — “Estou lhe dando o presente que me pediu”.

Custódio com ironia — Presente que lhe pedi! Maldita hora em que abri minha boca por uma brincadeira infane. Se nada eu tivesse dito, Roberto não teria feito a brincadeira.

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