O ano estava chegando ao final e em breve as festas de final de ano estariam novamente presentes, mais uma vez Lucca não estava ansioso para as festividades e desta vez por causa da ausência de Dario que da noite para o dia ficou do tamanho do buraco feito pelo o meteoro que dizimou os dinossauros na Terra. Felizmente e, ao mesmo tempo, infelizmente aquele sofrimento que estava durando uns seis meses iria acabar logo mais, Lucca não sabia, entretanto do outro lado da cidade no campus da universidade federal Dario terminava de criar coragem para finalmente conversar com o nosso protagonista sobre o seu brusco afastamento.
Durante o tempo em que Lucca ficou nessa situação com o namorado, o seu melhor amigo, Arthur, engatou em um novo namoro. Assim como sua ex-namorada essa sua nova paixão chamada Alessandra também frequentava a sua mesma “tribo”. A tribo dos amantes dos animes e da cultura japonesa em geral, porém, diferente de Letícia Lucca não criou uma rápida amizade com essa garota.
Por meio do namoro entre Arthur e Alessandra que Lucca conheceu novas pessoas e fez novas amizades, algumas que não duraram muito e outras que permaneceriam até o futuro do jovem. Encontrou um novo grupo de amigos temporários que frequentava mais por ter essa conexão com o namorado de Alessandra.
Foi no grupo de mensagens desse grupo que Lucca conheceu uma jovem chamada Gabriela, mas demoraram um pouco para desenvolverem uma amizade mais forte e também para se conhecerem pessoalmente. Nessa época os antigos sentimentos que Lucca sentia pelo seu melhor amigo estavam em um novo estágio mais evoluído do que anteriormente e quando percebeu isso começou a se preocupar sobre como lidar com a situação, porém, ao mesmo tempo, ainda gostava de Dario.
Antes do universitário finalmente chamar Lucca para conversar, o nosso protagonista foi convidado por Jonas, o amigo que havia conhecido no Twitter e o convidou para participar de um RPG de chat sobre Glee. Para participar de outro RPG de Glee, mas agora em uma rede social russa chamada VK que era onde todos os fakes do — na época — quase morto Orkut foram parar. Nesse novo RPG na rede social russa Lucca fez uma conta fake do personagem que ele iria interpretar na hora dos turnos (como chamavam as rodadas do jogo). A sexta temporada e última da série iria começar dali alguns meses, mas os novos personagens já estavam entre os fãs e como Lucca queria fazer algo diferente escolheu Spencer para ser o seu personagem no novo jogo de intepretação de personagens.
Mais uma vez o seriado presenteou Lucca com novos amigos, porém vamos falar dessas novas e importantes amizades mais tarde.
Lucca e Dario faziam aniversário no mesmo mês, Novembro, mas o segundo completava seus anos de vida vinte dias depois do namorado e foi um dia após o seu aniversário que ele chamou Lucca para conversar. Começou quando o nosso protagonista no dia do aniversário do seu namorado lhe mandou parabéns e muitos anos de vida em uma nova e tardia tentativa de chamar atenção dele. Deu certo porque eles se encontram no dia seguinte em uma praça da cidade.
Lucca se encontrava muito nervoso porque depois de quase um ano Dario finalmente iria conversar com ele cara a cara e se tivesse sorte explicaria toda aquela situação em que foi deixado o namoro. Tinha esperanças que depois dessa conversa tudo ficasse bem e eles voltassem a namorar? Sim, infelizmente Lucca nutria uma pequena esperança de isso acontecer porque depois de Arthur começar um novo relacionamento se sentia mais sozinho e esses momentos eram quebrados quando ele estava em seu perfil feito especialmente para jogar como se fosse um personagem do seu seriado musical favorito.
Chegou primeiro na praça e sentou em um banco. Ainda estava nervoso e por isso abriu o aplicativo do VK em seu celular, mandou um oi para o grupo do jogo e se contentou em ficar observando os turnos dos outros jogadores. Pode parecer estranho para você que está observando isso de fora, mas estar inserindo naquela forma de interação era bastante interessante para Lucca porque os demais e até mesmo ele passavam tempo criando e combinando tramas para os seus personagens, eram histórias com começo, meio e um final. Era mais ou menos como acompanhar um folhetim sendo escrito ao vivo, claro que o português de alguns desses jogadores era péssimo.
— Oi… — disse a voz conhecida, então, Lucca guardou seu celular e levou seu olhar até o rapaz universitário que estava parado em pé na sua frente.
Fazia tento tempo que não olhava para aquelas feições. Lhe pareceu estranho ao primeiro momento porque os cabelos de Dario estavam curtos, porém logo se acostumou.
— Oi. — disse o nosso protagonista quase em um sussurro. — Senta, vamos conversar… Você me chamou aqui para isso, não?
— Sim. — respondeu Dario enquanto se sentava, mas não disse mais nada.
Ficaram nesse silêncio até que Lucca se viu obrigado a começar a conversa.
— Quanto tempo a gente não se fala, hein? — tentou reproduzir um tom de gozação, mas a tristeza na sua fala era nítida. — Quase um ano.
— Me desculpa, eu sei que o que eu fiz foi completamente errado. Me desculpa.
Naquele momento o que Lucca gostaria de ter feito era ter gritado muitos palavrões, ter ofendido a mãe e toda a família do outro menino, ter acabado com sua humanidade e sua integridade. Ter batido nele como se estivessem uma cena de alguma telenovela e o mocinho havia acabado de magoar a mocinha e por conta disso ela descontrolada saia batendo no seu amor descontroladamente. Era isso que ele gostaria de fazer, mas não faria, por alguma razão existia uma vontade dentro dele em mostrar que não se importava mais com Dario por mais que ele ainda se importasse muito.
— Tudo bem. — respondeu Lucca. — Tudo bem.
Dario ficou em silêncio, tentando entender. Continuou a falar:
— Eu deveria ter conversando com você quando eu percebi, mas deixei quieto porque você estava em férias também e quando voltei fiquei com medo de te chamar. Eu deveria ter terminado o nosso namoro assim que notei que o que eu sentia por você não passava de uma amizade.
— Amizade?
— Sim.
— Amizade e eu até estou namorando uma garota agora. — Lucca sentiu um soco em seu coração. — Eu acho que podemos tentar ser amigos porque eu te acho uma pessoa muito legal. Não acha?
— Eu vou precisar de um tempo. — disse o adolescente tentando não esboçar alguma reação. — Vou precisar de um tempo para pensar se a gente pode se tornar amigo, Dario… Acho que um grande tempo.
— Lucca…
— Acho que está tudo resolvido agora, eu voltar para a minha casa… Tchau.
Desde que começou a assistir ao seriado Glee, Lucca pegou uma mania de pensar em alguns momentos da sua vida, geralmente os tristes, como se fossem um número musical semelhante os que eram apresentados nos episódios. Então, quando sentiu que já estava longe o suficiente da praça, tirou o aparelho celular do seu bolso e conectou os seus fones ouvido, o lado esquerdo estava querendo morrer, abriu o player de musica e procurou por alguma canção que o ajudaria a visualizar aquele momento como um musical do seu seriado favorito. Selecionou a música “ERROR” do grupo coreano VIXX, acabou escolhendo essa mais porque o seu agora ex-namorado era muito fã. — A música não se ligava com o que Lucca sentia naquele momento, porém a batida da mesma combinava.
Se jogou em sua cama assim que chegou em casa e apertou o travesseiro com força, agora sim estava livre para poder sentir tudo o que tinha direito para sentir. É engraçado porque nos meses em que ficou sem ter contato com o ex-namorado Lucca ficava triste, entretanto não sentia a dor que estava sentindo agora, antes sentia mais falta de Dario por ele estar longe e não ter notícias e desconfiava do fim dos sentimentos dele por ele, então, quando o pensamento se tornou pior o buraco que já havia em seu peito também se tornou. Parece que quando as coisas tem um final tudo fica mais intenso, um final sempre deixa tudo assim, não?
Final de um relacionamento.
Final de uma série ou novela.
Final de um livro, fim de uma saga de filmes.
A morte.
Quando Lucca se deparou com o término do seu namoro com Dario percebeu que ali acabaria tudo, em pouco tempo se tornaria uma lembrança e também em pouco tempo parecia que nada daquilo foi real, não passaria de um sonho porque somente estaria vivo em suas memórias. Naquele momento era o que mais deixava o adolescente para baixo, molhou um pouco seu travesseiro com suas lágrimas, aliás, todavia Lucca não sabia que aquilo era o começo de algo que iria, futuramente, ditar uma regra nada agradável para os seus futuros relacionamentos.
…
Havia sido mais um final de ano difícil para o nosso protagonista, no anterior foi quando o seu ex-namorado sumiu e esse que tinha acabado de passar foi quando a relação com Dario acabou oficialmente. Com conhecimento da tristeza do amigo, Arthur o ajudou sendo seu ombro amigo, literalmente e figurativamente, pois o rapaz chorou algumas vezes em seu braço. Em algum momento do passado Arthur olhou para o melhor amigo com uma visão diferente, isso aconteceu quando estava louco de álcool e maconha na festa em que apresentou Lucca a Dario, mas também já tinha acontecido quando estava em depressão.
Mas tudo o que ele pensava sobre o seu amigo mudou quando comprou um filtro dos sonhos com um indígena no centro da cidade. Arthur tinha suas crenças que eram moldadas pela a seguinte linha de pensamento “a realidade, às vezes, é mais estranha do que a ficção”. Ele deixou o objeto místico sobre a sua cama, como recomendado pelo o nativo brasileiro que lhe vendeu para que ajudasse a filtras os pesadelos. Pois bem, na primeira noite em que foi dormir com o filtro preso sobre a sua cama, Arthur teve um sonho com Lucca, mas não era um sonho comum, era um sonho mais sexual. Até aquele momento ele não havia visto o amigo daquela forma, o achava uma pessoa bonita, mais do que Lucca se achava, entretanto foi a primeira vez em que pensou nele de uma forma sexual.
Arthur chegou a conversar com Lucca sobre isso, para ver como seria a sua reação. A conversa foi mais estranho para Luca do que para o outro rapaz que iniciou o tópico somente para fins de avaliação, porém, isso foi um assunto que deixou o nosso personagem título com várias pulgas atrás da orelha.
Lucca ainda se encontrava emocionalmente frágil quando Arthur trouxe esse assunto à tona, nós podemos considerar que essa foi a primeira chave para que os antigos sentimentos que ele tinha pelo o melhor amigo voltassem. Ficaram um bom tempo sem voltar a falar sobre o assunto, mas Arthur ainda continuava a ter os sonhos com o amigo e ainda namorava Alessandra. Depois do começo do ano letivo de 2015, Dario voltou a ter contato com Lucca e isso mexeu um pouco com ele porque o ex-namorado voltou dizendo que estava dividido entre ele e a atual namorada, porém Dario sumiu novamente.
Lucca estava se sentindo um idiota e mais uma vez quebrado emocionalmente pelo mesmo garoto, Arthur sentia muita raiva de Dario.
Lucca foi passar à tarde com o seu melhor amigo para esquecer-se do último acontecimento envolvendo o retorno do seu ex, mas de vez em quando pedia para entrar em seu facebook pelo notebook de Arthur para checar se Dario havia lhe respondido, pelo menos, na rede social, porém também não haviam respostas lá. Ele se viu preso em uma situação parecida a do ano passado, mas agora era pior porque ele tinha se colocado naquilo conscientemente. Por que fez aquilo consigo mesmo?
Lucca suspirou e se jogou para trás na cadeira, Arthur o observava, então, em um impulso pousou sua mão sobre a coxa do amigo e ficou massageando a região. Aquele toque fez com que o corpo de Lucca experimentasse uma sensação de arrepio que levou sangue até a sua região íntima. Não disse nada nos primeiros minutos, mas quando sentiu que estava ficando excitado disse em um tom de brincadeira:
— É melhor você parar…
— Por quê? — perguntou Arthur.
— Eu to começando a ficar excitado.
O garoto de cabelos negros somente deu um sorriso de canto, aquele sorriso fazia o coração de Lucca derreter completamente.
— Isso não seria um problema. — continuou o melhor amigo subindo sua mão, então, sorriu quando notou que o outro realmente estava excitado. — Parece que não mentiu. — Deixou sua mão sobre o zíper do calção. — Eu posso?
Lucca não falou nada, mas consentiu com um balançar de cabeça. Arthur abriu o zíper e retirou aquele pedaço do amigo e ficou massageando-o enquanto observava coma atenção a reação dele ao seu toque, também estava ficando excitado e rapidamente levantou Lucca da cadeira, os dois deitaram em sua cama e Arthur continuou a tocar o membro do rapaz.
— Quer ver o meu? — perguntou Arthur ficando de joelhos na cama.
— Si-sim… — respondeu Lucca.
Arthur retirou sua camisa e em seguida a de Lucca, logo abriu o zíper do calção que usava e mostrou o seu membro sexual para o amigo, era a primeira vez que o nosso personagem título via o pênis de outro homem a sua frente, totalmente ereto daquele jeito.
— Coloca ele na boca… — sussurrou o garoto de cabelos negros com sua mão sobre a nuca do outro e em seguida, com delicadeza levando a boca do amigo em encontro ao seu órgão sexual. Não deixou de gemer quando sentiu a boca quente abraçando a sua carne.
O corpo de Lucca sempre foi frio em comparação ao de Arthur, aquele contraste entre os dois estava chegando ao fim porque conforme os dois trocavam beijos e seus corpos se esfregavam um no outro o calor do melhor amigo invadia o corpo do outro e parecia haver um preenchimento entre os dois, uma ligação da qual Lucca nunca havia experimentado antes. Quando os olhares se encontraram, o coração do mais tímido bateu mais forte, todas as outras chaves haviam sido viradas e aquele sentimento do começo da história voltou, invadindo seu coração e mente como um tsunami engole uma ilha desprotegida.
Os dedos de Arthur desceram até a região entre as bochechas da bunda de Lucca, ele encarou o mesmo e perguntou antes de continuar:
— Posso?
Mais uma vez Lucca deu consentimento somente com um balançar de cabeça e assim Arthur preparou aquele corpo para receber o seu.
Por ser a primeira vez de Lucca a entrada foi demorada e dura, sem piada de duplo sentido nessa parte. Porém, quando finalmente seus corpos se conectaram e os olhares voltaram a se encontrar, Lucca sentiu que mesmo que Arthur não se sentisse assim naquele momento ou em um momento próximo, ele o amaria para a vida toda. Não tentaria o conquistar se o mesmo não quisesse, não forçaria uma barra que não existe, mesmo que fosse em segredo… Sentiu que a paixão que sentia por aquele rapaz não era mais paixão, com certeza o sentimento havia evoluído muito antes daquele momento, já era amor e sabia que iria sofrer, mas muito provável nunca deixaria de amar Arthur.
Só mais tarde que Lucca terminou de processar aquilo que aconteceu na quarto do seu melhor amigo, foi durante o banho onde ainda conseguia sentir os toques que Arthur deixou em seu corpo que ele percebeu que havia feito sexo com seu melhor amigo, perdido sua virgindade e ainda se deitou com um cara que ele sabia que havia uma namorada. Suas emoções oscilaram entre confusão, talvez felicidade e muita vergonha de si mesmo.
Quando voltou para o seu quarto, tinha recebido duas mensagens de Arthur.
“Foi muito bom hoje, espero que tenha gostado”
“eu gostei rsrsrs”
“se quiser fazer de novo qualquer dia, vamos fazer…”
“ah”
“não se preocupa com a Alessandra, ela não precisa saber”
Sentou em sua cama, existia muito para ser refletido.