O Diário de Lucca: Capítulo 24 – Preciso Esquecer

Os momentos quais não pensava em Arthur eram quando estava conversando com Sabrina ou na companhia de qualquer um dos seus novos amigos. Tinha dias que bebia e não pensava na sua paixão não correspondida e impossível de acontecer. Uma vez Arthur disse, depois que se descobriu como uma pessoa pansexual, que não pensava em namorar outro homem naquele momento da sua vida e talvez não pensaria em namorar com um tão rápido. Alguma coisa no interior do Lucca, talvez o pessimismo, lhe dizia que em algum momento o seu amigo acabaria em um relacionamento sério com outro homem, mas não seria com ele e esse golpe seria o mais difícil de suportar.

Diferente do nosso protagonista, Arthur ingressou na base aérea da cidade em que viviam e como o nosso protagonista, o melhor amigo também acabou conhecendo novas pessoas e fazendo amizades novas. Estaria mentindo se dissesse que ele também não pensava em Lucca, porém quando ia pegar o seu celular para enviar uma mensagem repensava e escolhia esperar o outro iniciar uma conversação até porque foi Lucca quem disse que pediu um tempo afastado. E dá ultima vez que tentou puxar assunto não obteve uma resposta. Também pensou por um tempo sobre. Se teria acontecido algo diferente se a revelação dos sentimentos do amigo por ele tivesse vindo mais cedo. Não, não conseguia ver um cenário diferente, porém menos triste como aquele? Talvez.

Pensava em Lucca e sentia atração sexual e o mesmo afeto amigável, algo mais forte que levaria os dois a formarem um casal?

Não, isso não seria possível naquela realidade.

Quem sabe em outra.

Não, Arthur não conseguia materializar uma realidade em que estaria namorando Lucca.

— Faz tempo que eu não converso com ele. — disse Lucca. Ao se lado se encontrava Gabriela, os dois resolveram passar aquela tarde de sábado em um dos dois shoppings do centro da cidade. — Mas sei que ele tá na base aérea.

— Hmmm… Ele não tava namorando?

— Deveria tá namorando, ele troca de namorada como alguém que troca de roupa. — respondeu Lucca em um tom crítico.

— Eu acho que ele gosta de você, mas não admite. — disse Gabriela.

— Isso não é verdade, também não quero que seja porque é melhor ele não gostar de mim de um jeito romântico do que gostar e não ter coragem para admitir isso.

Os dois sentaram na praça de alimentação depois de dividirem um combo.

— Sabe que uma vez… Quando eu tava voltando da venda lá da esquina da minha rua, bem, o pai dele me parou na rua porque ele e a mãe do Arthur, né, iam sair de noite e ele queria que eu fizesse companhia para o Arthur de noite.

— Eles super querem que você namore com esse garoto. — a garota disse rindo. — Mas você não vai.

— Não, não vou… Olha, eu gosto do Arthur e eu acho que é um negócio além de paixão e isso, eu sinto falta dele como amigo, não vou negar. Só que namorar, isso seria impossível vindo dele, então, eu vou aprender a conviver com esse sentimento não correspondido.

— Difícil esquecer algo não correspondido…

— Muito.

— E se assim, quem sabe… Se ele descobrisse no futuro que também gosta de você? Se ele quisesse namorar você, o que você faria?

— Pensando assim na hora? — perguntou Lucca respondendo a questão. — Eu acho que não pensaria duas vezes e aceitaria o pedido de namoro, mas isso em teoria. Na prática eu ia ficar muito surpreso e assustado. Diria não.

— Por quê? — Gabriela perguntou.

— Eu não acho que daria certo. — o adolescente deu de ombros. — Eu não confiaria nele, ele… Eu não sei dizer. A primeira vez que fiz sexo com ele foi quando ele namorava, eu sei que também fui errado nessa história, então, acho que por isso eu ficaria paranoico. Não existiria confiança entre nós.

— Que evoluído você pensar nisso.

— Pois é. — suspirou Lucca. — Eu to começando a pensar que tenho problemas em questão de relacionamentos românticos.

— Você tem.

— Eu sei. — sorriu sem jeito.

Nunca tinha reparado muito nos alunos da sala número dois do curso preparatório, mas era porque somente três dos seus novos amigos estudavam lá. Em um dia quando juntaram as turmas pela a primeira vez no auditório do prédio, Lucca reparou em um rapaz que chamou sua atenção de diversas formas. Tinha cabelos grandes, um porte físico considerado normal, branco e vestia uma camisa com uma banda de rock desconhecida para o seu pequeno conhecimento sobre o gênero musical. Nunca notou aquele rapaz, mas gostou de tê-lo percebido naquele momento.

— Quem é aquele? — perguntou a sua amiga que assistia aula na sala dois.

— Ah, Samuel. — respondeu a garota.

— Como eu nunca vi ele antes?

— Quando não tá assistindo aula ele tá com os professores, conhece a maioria. É um cara bem inteligente, parece que toca em uma banda de rock ou alguma coisa assim…

— Ele é bonito.

— Você acha? — a garota questionou enquanto observava o rapaz com Lucca. — Acho ele normal, mas espera só para você ver quando ele abrir a boca… Garanto que vai achar ainda mais bonito.

Lucca riu sem graça. Tinha que esquecer Arthur a qualquer maneira e qual a melhor maneira de esquecer uma pessoa do que levar toda sua atenção para outra? Não era uma coisa saudável e certa de se fazer, entretanto ele estava disposto a tentar.

— Samuel… — sussurrou Lucca o observando.

Depois da aula com as duas turmas reunidas, enquanto o rapaz de longos cabelos se preparava para ir embora guardando seu material em sua mochila, o nosso jovem protagonista se aproximou lentamente com um sorriso em sua face.

— Oi… — disse o mais alto quando notou a presença do rapaz.

— Oi. Então… Samuel, né?

— Sim. Esse é meu nome.

— Lucca. — levou sua mão e em seguida o roqueiro a segurou, correspondendo o cumprimento. — Eu e os meus amigos, sempre quando as aulas terminam mais cedo, bem, a gente se reúne na praça pra conversar e beber, às vezes, sabe para distrair…

— Sim…

— Quer vir junto?

O mais alto foi pego por aquele convite, não esperava e provavelmente passar um tempo com pessoas mais jovens que ele não seria tão agradável quanto passar um tempo com os seus outros amigos, mas Lucca pareceu tão confiante quando o convidou que achou que seria legal dar uma chance para aquilo. Para ver o que ia acontecer.

— Então, quantos anos você tem? — perguntou Lucca enquanto os dois desciam do quarto andar pela escadaria do prédio.

— 26.

— Nossa, achei que fosse menos.

— E você?

— Faço 20 em Novembro.

— Escorpiano?

— Sim. — Lucca respondeu rindo. — Fiquei sabendo que você toca numa banda de rock.

— Toco sim. Gosta?

— Gosto, mas acho que me identifiquei com poucas músicas de rock, acho que a maioria são do Nirvana.

— Kurt era um gênio. — disse Samuel sorrindo.

— Era sim. Garanto que esse lance de rock deve deixar as garotas loucas por vocês. — Lucca plantou as sementes.

— Devem ser.

— Tem namorada? — Lucca perguntou o que poderia trazer as portas abertas para a sua futura investida.

— Não… Nem namorado.

— Ah, você é bissexual?

— Sem rótulos. — disse o mais alto. — Não gosto.

— Nossa. Que legal. — havia conseguido colher maduro.

— E você? Namora? — perguntou Samuel parando de andar quando eles chegaram a porta do prédio.

— Não, não tenho namorado. Solteiro. — sorriu Lucca. — Vamos. Eles estão na praça?

A noite seguiu como todas as outras quando os jovens se reuniam para conversar, beber e se distraírem… Apesar de ser uma quarta-feira. O Clima estava agradável, apesar de estarem no meio do inverno. Não muito frio, um pouco úmido e sem chuva.

Lucca e Samuel ficaram conversando ao lado do grupo, realmente quando o roqueiro de cabelos grandes começou a falar Lucca começou acha-lo mais bonito, incrível como uma mente inteligente consegue fazer com que a beleza de uma pessoa já bonita fique ainda mais realçada. Sem saber Lucca ficou todo o tempo durante sua conversa com o novo conhecido com um sorriso bobo no rosto, enquanto Samuel falava sobre literatura — assunto favorito do nosso protagonista — e política — assunto nem tão favorito — os pensamentos do mais novo diziam que se conseguisse, pelo menos, beijar aquela boca seria uma nova fase fanfic em sua vida. Como aquela oportunidade perdida com Higor.

Samuel acompanhou Lucca até o ponto de ônibus mais longe, onde Lucca poderia pegar o ônibus e escolher um lugar para sentar. Antes de se despedirem os dois trocaram seus números e se abraçaram.

Um abraço que acabou em um curto e rápido beijo nas bochechas do rosto.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Publicidade

Inscreva-se no WIDCYBER+

O novo canal da Widcyber no Youtube traz conteúdos exclusivos da plataforma em vídeo!

Inscreva-se já, e garanta acesso a nossas promocionais, trailers, aberturas e contos narrados.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo