Estava tão alto que quase conseguia ver São Pedro nos portões para o Paraíso, havia bebido e fumado tudo o que tinha direito mais do que em qualquer outra festa que já frequentou. Mais uma vez, Arthur se encontrava completamente bêbado e chapado. Dançava e ria no meio dos seus amigos e amigas, o mundo parou completamente e só existia aquele único momento onde todos os acontecimentos dos dias anteriores desapareceram.
Alguns dias atrás o seu amigo saiu do armário para ele, não havia sido uma grande surpresa para falar a verdade e também não conseguia não se sentir um pouco ofendido pelo amigo ter demorado tanto para ter deugrança em se assumir para ele, isso deixava os seus sentimentos de amizade feridos de alguma maneira.
…
Quando voltou para a sua casa, depois da conversa reveladora que tivera com Lucca, sentia alguma coisa diferente, talvez admiração pela coragem do amigo? O fato era que o garoto que, alguns minutos atrás, tinha assumido sua homossexualidade não queria deixar os seus pensamentos. Algum sentimento mudou, mas ele não sabia dizer qual e os motivos para isso ter acontecido. A coragem de Lucca em se assumir tinha plantado uma coisa nele. Não sabia dizer com exatidão, mas uma coisa mudou.
Precisava fazer alguma coisa para tirar Lucca de sua cabeça. Lembrou-se de um rapaz que conheceu em um evento de anime, universitário e gay também.
Perfeito!
Arthur sentou em frente ao seu notebook e pelo o seu perfil do Facebook começou a caçar eventos próximos que esse amigo também compareceria, mas não precisou, pois foi convidado por ele para uma festa de música eletrônica que aconteceria na antiga estação ferroviária.
Estaria fazendo um favor para o seu melhor amigo, para Lucca, não? Quer dizer, todo mundo precisa de um par… Talvez o sentimento que havia mudado dentro dele foi esse. Como um amigo que também julgava ser o irmão mais velho precisava encontrar alguém que fizesse o melhor amigo feliz de verdade.
Arthur não queria pensar em Lucca daquela maneira, mas por quanto tempo ele conseguiria não pensar no outro “daquela maneira”?
…
A dança continuava. Seus pensamentos com Lucca finalmente haviam sido trancados em um baú dentro da sua mente, com a ajuda de todo o álcool e maconha. Quando avistou o casal que acabou de juntar conversando em um grande entrosamento, um tocando a perna do outro, risadas sincronizadas, sorrisos e olhares trocados. Arthur sentiu o seu corpo se mover até eles. Não sabia o que faria, somente tinha a certeza que estava se aproximando de Lucca e Dario.
— Espera aí, aonde você vai? — perguntou uma das amigas com ele dançava.
Não ligou para essa amiga, continuou a caminhar. Sentou ao lado de Lucca e em seguida o abraçou pelas costas. Sorriu para Dario, não era um sorriso comum, porém Dario parecia não ter percebido.
Os dois que tiveram a conversa atrapalhada riram da situação em que Arthur se encontrava.
— Acho que ele ultrapassou os próprios limites. — comentou Dario rindo.
— Eu quero… Em bora, vamos em bora. Lu ‘ca? — perguntou o chapado com uma voz fraca e lenta.
Lucca suspirou e deu de ombros para o seu novo amigo e depois explicou:
— Desculpa, eu tenho que voltar com ele.
— Tudo bem, pode ir. Eu já tenho o seu número. — Dario sorriu.
Lucca se despediu do seu novo amigo e futuro alguma coisa com um abraço.
— Vem Arthur, vamos embora.
Lucca ajudou o amigo a levantar o apoiando em seus ombros. Colocou a mão no bolso de Arthur, o rapaz bêbado sorriu, pegou o aparelho celular e em seguida ligou para o pai do seu amigo avisando que estavam prontos para ir embora. Ele olhou para trás e soltou um sorrio em direção ao jovem homem que conheceu naquela noite. Sorrindo, Dario acenou correspondendo o ato.
Arthur foi arrastado por Lucca até a entrada da estação, assim ficaram ali esperando pelo o carro que os levariam para casa.
As coisas ficaram confusas para Arthur. Quando fechou seus olhos não conseguiu abrir mais e assim tudo ficou escuro, mas ainda conseguia ouvir o mundo, quando tentava abrir os olhos enxergava tudo borrado e a luz trazia dor. Ouviu a voz do seu pai, sentiu o cheiro de Lucca perto do seu rosto e em seguida a sua cabeça pousar nas pernas dele. Ouviu a conversa entre seu melhor amigo e o seu pai, mas não conseguia compreender do que se tratava.
Quando chegou a sua casa, as coisas ficaram mais claras. Sabia que era Lucca quem estava o preparando para dormir. As mãos tiraram sua camisa e a sua calça, sentiu com cuidado o seu corpo ser colado na cama e a coberta por cima. Tinha noção de que Lucca ficou sentado ao seu lado na cama. O peso do olhar do seu amigo e em seguida os lábios dele encostando-se aos seus. As respirações juntas.
Uma formicação preencheu a região abaixo da sua cintura, entre suas pernas e, então, os lábios fugiram dos seus, esperou para ver o que mais aconteceria em seguida, se Lucca voltaria a beijá-lo ou faria outra coisa. Ouviu a porta do quarto bater com certa força. Esperou mais um tempo e quando teve certeza de que estava sozinho abriu seus olhos e se ajeitou na cama. Pousou seus dedos sobre sua boca, onde foi beijado, confuso restou observar a porta do quarto e tentar processar o que tinha acontecido ali.