—Não espere que eu vou dá a minha parte dessas terras para você.

—Sim, vai ter que me dá caso contrário eu vou dizer a mamãe que você tem uma amante e tem um filho bastardo!

—Sua mãe sabe do Inácio.

—O quê?

—A Verônica sabe do Inácio e do relacionamento que eu tive com a mãe dele antes de me casar.

—Agora entendo o porquê da mãe viver tão estressada, é por causa disso. É porque você tem duas famílias…

—Não, eu só tenho uma família que é você e a sua mãe.

—Me engana que eu gosto, acha que tá falando com algum guri?

—Que provas você tem que eu tenho alguma amante ou que ainda tenho um caso com a mãe do Inácio?

—É preciso de provas? Você vem pra cá fazer o quê? Matar a saudade da fazenda é que não é. Assuma pai que o motivo que vem para Corumbá é pra se encontrar com sua amante.

—Isso não é verdade!

—É verdade sim!

—Eu não vou dá as minhas terras para você! Não vou!

—O que é, hein? Por que não me quer dá as suas terras? É por causa do bastardo?

—O que tem a ver o Inácio com isso?

—Tem a ver porque você não quer dá a sua parte para mim por causa dele, pois não quer ficar mal com ele, afinal, essas terras e tudo que é seu um dia quando você morrer vão pertencer a ele como também a mim.

—Como pode pensar assim, Darlan?

—Eu penso em mim, é só ao que me interessa. Você fez bem em ainda não ter registrado, mas cedo ou tarde o Inácio pode pedir que reconheça a sua paternidade e não quero correr esse risco de ter que dividir com ele os seus bens no futuro.

—Não estou te reconhecendo, meu filho. Como pensa nos meus bens se ainda estou vivo?

Anderson demonstra está incrédulo com a ambição do filho caçula.

—Pai, não começa, tá? Dinheiro e propriedades são apenas negócios e você mesmo me ensinou a não deixar que sentimentalismos se tornem empecilhos para conseguir o que se quer.

—Eu aturei suas rebeldias, te livrei das vezes que foi parar na delegacia por causa de bebedeiras e desacatos a policiais, achei que tudo fosse apenas coisas da idade, da juventude, mas começo a ver que estava enganado…

—Não me julgue, pai, eu cheguei à conclusão que você nunca amou a minha mãe. É claro, ela é filha de um desembargador e foi uma excelente oportunidade de conseguir o que você sempre quis: status. —deu uma risada irônica. —Pai, você é tão medíocre, tão patético que sabia que sozinho não conseguiria chegar onde chegou.

—Você me respeite, Darlan!

—Ouvir as verdades doí não é, Anderson Barreto? Você é uma farsa!

—Os seus insultos não vão me fazer mudar de ideia. Não vou te dá as minhas terras.

—As terras serão minhas, você querendo ou não! —saiu batendo a porta com força.

Anderson furioso deu um soco na mesa.

—Que merda!

 

 

Darlan subiu rapidamente as escadas, entrou no quarto e começou a colocar algumas roupas dentro de uma mochila. Anahí passava pelo corredor e viu a porta do quarto aberta e entrou.

—Darlan, o que houve? —percebendo a agitação dele.

—Eu vou voltar pra capital.

—Por que?

—Meu amor, eu vou, mas eu volto logo. —segura o rosto dela e a beija. —tenho que resolver um assunto sério.

—Tem a ver com o tio Anderson e o Inácio?

—Sim.

—Se acalma, Darlan, não vá assim com os nervos à flor da pele pode tomar uma decisão precipitada.

Darlan caminha pelo quarto.

—Tem razão, eu vou amanhã. Vou esperar um pouco mais. —se sentou na cama.

—Vocês brigaram? —se sentou ao lado dele.

—Sim, brigamos.

—Era o esperado. Você chegou nesta fazenda e descobriu que esses anos todos tinha um irmão.

—É, não é tão fácil como pensei que seria entender essa situação. Amor. —segura a mão dela. —Onde mora o Inácio?

—Na cidade com a mãe dele.

—Como se chama a mãe?

—Fernanda, por quê?

—Por nada, eu achava que ele morasse na fazenda.

—Não, o Inácio as vezes aparece por aqui.

—Ainda não conheci a mãe dele, como ela é?

—A Fernanda é muito legal, ela trabalha como cozinheira no Almirante do Pantanal, é um restaurante bem conhecido da região.

Luana passa pelo corredor e ver Darlan e Anahí sentados na cama e resolveu entrar.

—Anahí.

—Mãe.

Darlan e Anahí se surpreendem com a presença de Luana que logo percebe os dois de mãos dadas.

—Preciso da sua ajuda, filha, lá no quarto.

—Tá, boa noite, Darlan.

—Boa noite, Anahí.

Anahí sai. Luana o olha desconfiada.

—Boa noite, tia.

—Boa noite. —saiu e fechou a porta.

Darlan sai do quarto, desce as escadas e ver o pai saindo da sala e entrando na varanda, e o segue.

 

 

Luana e Anahí conversavam na suíte máster.

—Já percebi que vocês dois estão indo além do que amigos.

—A gente está se conhecendo, mãe.

—Anahí, você é livre e adulta e tem o direito de escolher quem você quiser se relacionar, mas observe bem o Darlan.

—Por que? Desconfia dele?

—Filha, ainda não o conhecemos bem, e essa estória dele, do seu tio e do Inácio ainda vai acontecer muita confusão e quanto mais ficar longe disso é melhor para não sobrar pra você.

—Ele e o tio Anderson brigaram. Naquela hora que você me viu lá no quarto com ele, eu estava tentando o convencer de não ir embora.

—Ir embora assim?

—É disse que tinha que resolver um assunto sério na capital e que voltava logo.

—Ele vai dizer a mãe.

—Espero que tudo se resolva entre eles.

—Anahí, está gostando mesmo do Darlan?

—Sim, mãe, não posso dizer que amo porque ainda é muito cedo. Tem algo no Darlan que me atrai.

—Darlan é um rapaz bonito.

—Os olhos dele traz um mistério que cada momento me instiga a querer revelar.

—Está apaixonada.

—Sim, como nunca estive antes: apaixonada.

 

 

Anderson estaciona a caminhonete na frente da porta da casa de Fernanda, e logo depois Darlan estaciona o carro um pouco distante sem ser notado pelo pai. Então, Anderson desce da caminhonete, caminha em direção a casa e Fernanda abre a porta e ele entra enquanto Darlan dentro do carro tira fotos pelo celular.

—Essa é casa da sua amante. Você quer provas, terá provas.

 

 

Na sala da casa, Anderson entra e Fernanda fecha porta.

—O que faz aqui a essa hora?

—Eu não sei o que faço, Fernanda. —demonstrava desespero.

—O que aconteceu?

—Onde está o guri do mato?

—Ele saiu com amigos.

—Melhor assim, não quero que ele escute o que tenho pra te dizer. —se senta exausto no sofá. —Eu tive uma discussão com o Darlan. Ele me ameaçou, disse que se eu não der as minhas terras para ele vai contar a Verônica que descobriu as minhas vindas para Corumbá e sobre o Inácio.

—E por que ele quer tantos essas terras?

—Porque não quer dividir com o Inácio.

—Só por isso ou tem algo mais?

—Ele me disse que quer aquelas terras para fazer um negócio dele, enfim, eu estou decidido e não vou dar as minhas terras pra ele.

—Então, deixa ele dizer a Verônica sobre tudo, afinal, ela já sabe do Inácio e do que tivermos.

—A Verônica não sabe que te deixei com o guri nesta casa e nem que dou uma pensão há anos.

—Deveria ter dito. Sabe, Anderson, o seu maior problema é que você mente demais. Se tivesse esclarecido toda essa situação logo no início não teria tanto problemas, aliás, se você tivesse sido verdadeiro não teríamos nada ou não teria iludido a Verônica também. No final eu e ela somos suas vítimas.

—Eu sou o vilão da estória, é isso?

—Sim, tanto que acho que você tá vivendo o momento que nas estórias os vilões pagam por suas maldades. —se levanta.

—Eu venho aqui pra desabafar e você vem me acusar.

—O que queria? Que tivesse peninha de você? me poupe, Anderson Barreto.

—O que eu queria era que você me recebesse como antes com beijo, com carinho, me dizendo que estava com saudades de mim, minha ribeirinha. —se levanta e a puxa pela cintura.

—Me larga, não vem que não tem mais. —se afasta.

—Eu te amo, Fernanda, esses anos você me renega, me ignora, mas eu volto porque sei que esse amor ainda vive em você.

—Não, esse amor morreu faz há tempos.

—Mentira, eu sei que não. —segura o rosto dela a fazendo olhar para ele. —me ama tanto que sinto pela sua respiração, a sua pele precisa da minha, minha ribeirinha, nada mudou entre nós, o nosso amor vive…

—Seu amor é uma doce mentira que me deixou marcas profundas e que estou conseguindo as superar.

—Eu juro que nunca quis machucar seus sentimentos. Eu fui um completo idiota, hoje eu sei e estou arrependido…

—É muito tarde…já tem um outro alguém em minha vida…

—O doutor, não é?

—O Marcos me ama. Eu mereço ser amada, Anderson, eu mereço viver ao lado de quem seja digno de está comigo.

—Eu não sou digno de você?

—Não. —se afasta e segue em direção a mesa e fica de costas para ele.

—Eu vou me divorciar da Verônica.

Fernanda parou incrédula e depois ficou de frente para Anderson.

—Por que?

—Porque é você quem eu amo. —ele a rouba um beijo.

A porta não havia sido fechada corretamente e surgiu uma brecha e naquele exato momento Darlan começa a tirar fotos de Fernanda e Anderson se beijando, pelo celular.

—Não, Anderson! —o empurra.

Darlan abre a porta e Fernanda o ver e toma um susto.

—Quem é você? Como entrou na minha casa?

—Ora, ora, finalmente descobrir onde mora sua amante, pai.

Anderson se vira  e olha surpreso para o filho.

—O que faz aqui, Darlan? Como chegou até essa casa?

—Te segui. —olha ao redor com desprezo.

Fernanda estava tensa e Anderson tentava se controlar porque o que ele queria era tirar o filho de lá.

—Volte para fazenda. Não tem nada o que fazer nesta casa, e outra você a invadiu, não foi convidado. Vá, antes que te tire a força, Darlan.

—Até que esse lugarzinho não é tão ruim. —se senta na poltrona e coloca os pés sob o centro de madeira.

—Se levante, não seja folgado! —gritou o pai.

—Relaxa, pai. Deixa eu curtir este momento único. —dá uma risada. —o momento em que flagrei meu pai aos beijos com sua amante.

—Darlan, não me faça perder a paciência. Fora daqui!

Darlan se levanta e olhava para Fernanda.

—E você, hein? —a olhava com desejo dos pés à cabeça. —Eu tenho que reconhecer que você tem um bom gosto pra mulher, pai. Tão bonita, tão jeitosa e tão irresistível. Será um prazer se dividir ela comigo. —a agarra pela cintura.

—Não! —gritou Fernanda.

A fúria tomou conta de Anderson que rapidamente puxou o braço de Darlan e o deu um soco que sangra a boca dele.

—Só assim você aprende! Quem você pensa que é para invadir essa casa e desrespeitar a Fernanda?

—Por favor parem os dois.

—Cala a boca, sua vadia! —gritou Darlan.

Anderson um empurrão em Darlan que cai no sofá.

—Não, Anderson, por favor, chega! —gritou Fernanda desesperada.

—Eu vou te dá uma surra que te faltou e quem sabe da próxima vez que pensar desrespeitar um mulher se lembre dela. —ele tira o cinto da calça e começa a bater em Darlan.

—Como pode bater em mim por causa dela? Como? Eu sou teu filho, o seu filho legítimo!

Darlan gritava de dor a cada cintada que levava do pai e enquanto Fernanda não sabia o que fazer com aquela situação.

—Você me paga, sua vadia, você e aquele maldito bastardo!

 

 

Na fazenda, Anahí havia adormecido em seu quarto e estava sonhando que ela e Darlan nadavam no rio quando de repente uma mancha negra tomava toda a água, e desperta do sonho assustada.

 

 

Inácio entra em casa e ver Anderson batendo em Darlan com o cinto e a mãe nervosa ao lado.

—O que tá acontecendo?

—Dando uma surra que já devia ter dado no seu irmão.

—Chega, Anderson. —disse Fernanda se aproximando dele e tocando no braço.

—Levanta! —o puxa pela gola da camisa. —Fora daqui! Vai!

—Eu te odeio… — encara o pai com respiração ofegante e limpa a boca ensanguentada com a mão. —Eu odeio você, odeio a tua amante e odeio o teu filho bastardo. É só o começo, pai, ainda vai pagar caro por tudo isso.

—Não me venha com ameaças, guri!

Darlan olha para Fernanda com desdém, depois caminha parando em frente ao irmão o encara e sai.

—Me desculpe por tudo que aconteceu, Fernanda.

—Tudo bem, você não teve culpa, não sabia que ele havia te seguido.

—É melhor eu ir embora. Depois a gente conversa com mais calma. Tchau, Fernanda.

—Tchau.

Ele passa pelo filho.

—Tchau, guri do mato.

—Tchau.

Anderson sai e Inácio fecha a porta.

—Mãe, me explica o que aconteceu?

 

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo