—Uau, eu não esperava por isso.
—Marcos, eu estou muito envergonhada…
—Você quis o beijo?
—Sim, eu o correspondi.
Marcos demonstrava um semblante de desapontamento e se levanta do sofá.
—Me desculpa, eu não sei o que foi que deu em mim, eu não devia ter o correspondido, eu…
—Você gostou do beijo. —se afastou e ficou de costas olhando para a janela. —Já é o suficiente para saber que você ainda gosta do Anderson.
—Marcos, foi só uma recaída…quem eu devo amar é você.
—Deve? — virou-se de frente para ela. —Fernanda, amar não deve ser um dever ou uma obrigação.
—Eu tinha que te dizer o que aconteceu.
—Fez bem, reconheço que foi sincera e verdadeira comigo, aliás, eu não devia ter insistido em tentar te conquistar sabendo o que você sente pelo Anderson.
—Já disse que não o amo. —segura as mãos dele.
—Você quer negar algo que sente, Fernanda, você o ama reconheça.
—Como posso amar um homem que me fez sofrer, me iludiu, me enganou e ainda não registrou o meu filho?
—Fernanda. —carinha os cabelos dela. —O que sente por mim?
—Carinho, respeito, admiração e você é o homem que me fez depois de tantos anos novamente acreditar que posso amar alguém e viver e compartilhar momentos incríveis como agora pouco lá no restaurante quando dançamos.
—Você precisa de um tempo e eu também. Talvez toda essa revelação dessa farsa que o Anderson viveu por esses anos com a família na capital, o Inácio e o irmão dele, esteja fazendo você voltar ao passado…
—Confesso que sim que tudo isso está mexendo comigo. Eu não quero perder você, Marcos. —acarinho o rosto dele.
—Eu também preciso desse tempo porque Fernanda não é justo que eu fique criando uma expectativa com você e depois perceber que perdi o meu tempo. Estou sendo sincero como você foi comigo, em um relacionamento não dar para um amar pelos dois, os dois têm que amar juntos e igualmente.
—Me desculpa, Marcos.
—Você precisa se decidir com qual dos dois vai ficar ou eu ou o Anderson. Eu vou embora. —segue em direção a porta. —Tchau, Fernanda.
—Tchau, Marcos.
Marcos sai e fecha a porta enquanto Fernanda se senta no sofá pensativa, pois pela primeira vez se viu no lugar de Anderson em ter que fazer uma escolha entre duas pessoas. Ela sentia algo por Anderson talvez pela sua estória com ele apesar dos erros do passado, mas ao mesmo também viu em Marcos um refúgio, um novo recomeço. Com quem ela irá decidir ficar? Sabendo ela que se escolher o juiz a afastará do filho que não aceita a possibilidade de que volte a se relacionar com o pai, porém, caso escolha ficar com Marcos será um novo caminho no amor, é um relacionamento aceito pelo filho e viveria certa tranquilidade entretanto ficará sempre a dúvida sobre seu sentimento por Anderson o que a motivou a corresponder aquele beijo e seus pensamentos que hora vinha e hora ia sobre o divórcio dele?
Verônica entra na sua suíte máster na mansão Gouveia, fecha a porta e ver Anderson fechando uma mala que estava em cima da cama.
—Arrumou rápido essas malas, hein, Anderson Barreto. Pelo visto está com muita pressa de sair daqui e correr para os braços daquela rameira pantaneira.
—Verônica, eu não estou nenhum pouco afim de começar novamente uma discussão e outra coisa por favor pare de denegrir a Fernanda a chamando de rameira pantaneira.
Verônica dá uma gargalhada irônica.
—Como é que é? Deixe de ser hipócrita, Anderson, anos e anos você me ouviu chamar aquela mulherzinha assim e nunca disse nada e agora vem se doer, me poupe. A chamo como eu quiser, entendeu? E não estou errada não, ela é uma rameira sim, uma mulher fácil e perdida que se prestou a ser amante do meu noivo e pai do meu filho.
—Fale o que quiser, mas esses insultos fica feio pra você.
—Mulheres como ela merecem ser marcadas pela sem-vergonhice, pela vergonha de serem amantes e assim como homens como você que trai, que engana merecem o troco, eu soube bem te dá o troco. —lembrou do fato de ter o traído com Décio.
—O que você quer dizer em ter me dado um troco por ter sido infiel?
—Te dei um troco. —olha para ele com desdém. —Te dei um filho, te amarrei a mim e você sabia que eu sou melhor que ela que tanto que casou comigo.
—Filho não segura casamento.
—Foram vinte e seis anos. Fui tua mulher, aguentei seus momentos, te dei prazer…Anderson… —coloca os braços envolta do pescoço dele. —Vamos esquecer tudo isso, vamos voltar a ser como antes? —tenta beija-lo, mas ele a afasta.
—Não, Verônica.
—Tantas vezes a gente já brigou e resolvemos na nossa cama. —acarinha o rosto dele. —Nada que um boa noite de amor pra gente dá uma volta por cima e amanhã acordarmos dispostos e mais apaixonados do que nunca… —tenta beija-lo.
—Uma noite de amor ou uma transa não resolve absolutamente nada, é apenas um engano porque depois do prazer só nós restará o vazio e não quero mais viver isso na minha vida, não quero.
—Eu te amo! —gritou chorando.
—Verônica, por favor não torne as coisas mais difíceis.
—Eu não aceito, não, não aceito. —tirou a blusa e ficou só de sutiã. —me ama Anderson, vamos nós amar e esquecer tudo e viver somente o nosso amor. —joga a blusa na cama e o rouba um beijo e ele a afasta.
—Chega, Verônica! Para!
—Que merda! O que ela tem? O que ela faz pra te ter assim nas mãos? Deve ser algum feitiço ou algo parecido.
—Não crie fantasias, Verônica. Amanhã o Décio entrar em contato com você sobre o nosso divórcio.
—Você chamou o Décio pra ser seu advogado?
—Sim, quem eu mais chamaria? É meu amigo, formos sócios e tenho confiança.
—Eu não vou dá o divórcio.
—Se quiser ir para o litigioso iremos, mas não vou mais me submeter a viver a isso.
—A isso que você chama agora um dia foi o que você tanto quis. Anderson não se cospe no prato que se come.
—Verônica, vamos resolver essa situação como dois adultos, eu não vou fazer tanta questão em relação aos bens. O que é meu é meu, o que é seu é seu e o que é nosso iremos dividir de forma justa.
—Só vou te dá o divórcio se você dá as suas terras para o Darlan ou você vai ter que esperar que a gente resolva de forma litigiosa e sei que isso demora e como também sei que você está louco pra se livrar de mim e ir correr atrás da ribeirinha.
—Está bem se esse é o preço que tenho que pagar pra me ver livre de você, eu pago. Darei as minhas terras ao Darlan, mas saiba que você um dia pode se arrepender por esse seu ato.
—Você que vai se arrepender, Anderson, essa tua ribeirinha vai te usar e depois de jogar fora como você faz comigo hoje. Um dia vai voltar para essa mansão louco de amor por mim e me pedindo de joelhos pra voltar.
—Você realmente adora se gabar. —risonho.
—Eu posso, eu sou. — senta-se na cama, cruza as pernas com ar altaneiro.
—Eu vou embora. Boa noite, Verônica. —pegou as malas e saiu.
—Que ódio!
Anderson seguiu com as malas pelo corredor e ver Darlan.
—Pelo visto já vai embora.
—Vou. Você poderia ter evitado toda essa confusão. Ter esperado que eu te explicasse tudo.
—Não há o quê explicar o que vi em Corumbá.
—Darlan, não se faça de filho protetor porque eu sei que você pouco se importa com sua mãe. O que você quer são minhas terras e usa essa máscara de bom filho para conseguir o que quer.
—Pai, é como dizem filho de peixe, peixinho é. Assim como você usou uma máscara por todos esses anos, eu também uso a minha. Afinal, cada um acha o melhor meio de realizar seus objetivos.
—Já sei quais são os seus objetivos com as minhas terras porque quer colocar o seu garimpo, mas vou logo te dizendo que não há nada lá, você vai perder o seu tempo e dinheiro.
—É mesmo? Não trabalho mais com garimpos.
—Por que?
—Não estava me dando os lucros que esperava e muitos problemas também. Eu penso usar as suas terras para fazer um hotel, o que acha?
—Um hotel? Acho muito difícil o Rafael aceitar.
—Aquelas terras serão minhas e o tio Rafael não terá nada a ver com isso. Eu não sei como o tio Rafael não pensou em fazer da Dois Rios um hotel fazenda? Ele tá perdendo de ganhar dinheiro, o que mais tem é gente vindo do mundo todo para conhecer o pantanal.
—É até que não é uma má ideia. E você já tem algum projeto?
—Eu entrei em contato com alguns profissionais que fazem esse tipo de projeto e só preciso das terras para começar.
—Vou te dá as terras, mas saiba que é porque eu quero me divorciar o quanto antes da sua mãe.
—Poxa, pai, obrigado! —tenta o abraçar.
—Não. —o afasta. —não pense que tudo vai ser como antes, tudo que aconteceu me fez ver quem você é de verdade, Darlan, eu não te reconheço, meu filho.
—Pai, me desculpa, entenda que não é nada fácil descobrir um irmão já adulto e que seu pai tem uma amante…
—Não somos amantes.
—Tudo bem, eu me corrijo, eu quis dizer que não foi nada bom saber que você não ama mais a minha mãe e que ama a Fernanda.
—Eu sempre amei a Fernanda e não admito que você volte a denegri-la e nem se engraçar com ela, Darlan, eu juro que se você se atrever será pior.
—Pai, eu te entendo, eu agi de forma errada, passei do ponto. Me desculpa.
—Deve pedi desculpas a Fernanda.
—Quando eu tiver oportunidades irei pedir.
—Eu vou embora. Boa noite, filho.
—Onde vai ficar?
—Vou para um hotel.
—Boa noite, se cuida, pai.
—Tchau, filho.
—Tchau.
Anderson saia com as malas e Darlan para no corredor e pensa.
—As terras serão minhas e o que falta é a minha índia me dizer onde fica a nascente e o ouro será meu, todo meu. —sorriu vitorioso.
Em Corumbá no restaurante Almirante estava Inácio e Lino sentados ao balcão.
—A Florzinha querendo me dá ordens fora da fazenda, onde já se viu? —deu um gole na bebida.
—Ela gosta de você.
—O quê? Aquela guria é uma criança.
—Já tem quase dezoito.
—E pior que ela quase estragou a minha noite com a Cristina.
—E falando nela onde está?
—A Cristina está lá na mesa conversando com as amigas e aproveitei de vim ter um prosa contigo.
—Não vejo a Maria Flor por aqui, eu vou perguntar a Anahí se está com ela. —pegou o celular do bolso da calça. —A Anahí deixou uma mensagem dizendo que ela e a Florzinha foram embora e foram com o meu carro. E agora vou ter que voltar a pé.
—Não se preocupe que te deixo em casa.
—Eu vou dormir na fazenda hoje.
—Então melhor, vamos para o mesmo caminho.
Logo, seu Clemente aparece em frente aos dois.
—Querem mais uma aguardente?
—Desce mais uma dose. —disse Lino.
—E Fernanda onde está? —servia aguardente para o peão.
—Ela deu uma saída com o doutor Marcos. —respondeu Inácio.
—Que bom que ela está aproveitando a folga aqui no restaurante para ficar com o doutor. Eu não quero me meter onde não sou chamado, mas eu tô aqui na torcida para ela ficar com doutor Marcos.
—Também estou, seu Clemente. Minha mãe merece ser feliz.
—Claro, a Fernanda merece toda felicidade do mundo é uma pessoa muito iluminada.
Diogo estava encostado na pilastra observando Cristina conversando com um grupo de mulheres em uma mesa, ela se afasta e segue em direção ao banheiro. Diogo a segue para fora do restaurante e próximo a porta do banheiro ele a puxa pelo braço e a coloca contra a parede.
—Não tente gritar! O que faz aqui? Devia tá nas chalanas.
—Eu não trabalho mais pra você. —chorando desesperada. —Eu não te devo mais nada, Diogo, estou livre.
—Livre? Não, porque ninguém fica livre de mim. Você me pertence como as outras gurias que se vendem, que dão sexo em troca de dinheiro e mordomias.
—Me deixe em paz ou vou denunciar você.
Diogo dá uma risada.
—Me denuncie que você desaparece para sempre desse pantanal. Você sabe o que sou capaz, Cristina, não me provoque.
—Eu não tenho medo de você.
Lino se aproxima.
—Algum problema?
—Nenhum problema, Lino.
Diogo encara Lino e sai.
—Está tudo bem?
—Sim, está.
—Quem é aquele homem?
—Não sei, ele me perguntou se eu tinha algum carregador de celular, mas o meu não funcionava no celular dele. Bom, vamos voltar para a festa. —seguiu de mãos dadas com Lino.
O dia amanheceu na capital morena Campo Grande, e no escritório de advocacia na sala de Décio estavam Anderson e Verônica sentados à mesa e sentado à frente deles estava o advogado.
—Bom, antes de iniciar a ação de divórcio, eu pergunto aspartes se estão em comum acordo em dissolver o casamento?
—Sim, Décio, vamos logo com isso, não precisa de tantas formalidades comigo. —falou Anderson.
Verônica ficou em silêncio e com olhar desdenhoso para os dois.
—E você, Verônica? —perguntou Décio.