No quarto do hospital estava Anderson sentado na cadeira de rodas e Inácio ao lado com a alça da mochila pendurada em um dos ombros.

– Vamos, pai?

– Eu tenho alguma escolha?

Inácio abre a porta e depois vai para atrás da cadeira de rodas e a empurra conduzindo o pai para fora do quarto.

 

De noite, Fernanda chega em casa, entra na sala e encontra Inácio saindo do corredor com uma bandeja nas mãos.

– Filho.

– Mãe.  Acabei de dá a janta para o pai. – segue em direção a mesa e coloca a bandeja em cima.

-Como foi a saída no hospital?

– O pai não gostou de saber que sou eu que vou cuidar dele. Ficou lá dizendo na frente do Marcos que queria que você cuidasse dele.

– A ideia foi sua, Inácio.

-Ele não sabe. O que eu o disse é que você falou que não vai querer cuidar dele.

– Mas caso você precise sair, eu posso ficar com seu pai.

– Mãe, o pai é de minha responsabilidade e do Darlan, ele até apareceu por lá. O pai insistiu que ele ficasse com ele, mas o Darlan o rejeitou.

– Era o esperado. O seu irmão não é uma boa pessoa. O Anderson está pagando pelos atos com aquele filho.

– Darlan foi frio e disse que o pai iria atrapalhar a vida dele porque está muito ocupado com a construção do hotel fazenda, enfim foi triste o que eu e o Marcos presenciamos.

– Isso tudo foi na frente do Marcos?

– Sim, o pai ficou decepcionado com Darlan e envergonhado porque passou por essa rejeição na frente do Marcos. Aconteceu uma coisa que eu nunca tinha visto, mãe.

– O quê?

– O pai chorou. Eu nunca tinha o visto chorar. É estranho para mim.

– Também nunca vi o Anderson chorar. Não deve estar sendo fácil pra ele ter sido rejeitado pelo filho que tanto protegeu e ficar dependente dos outros.

– É, mas peço a Deus que o pai não tenha ficado com nenhuma sequela e volte ser o de sempre.

-Filho, não quero que depois que seu pai se recupere você espere algo que talvez ele não te dê. Não quero que se decepcione, Inácio.

– Eu sei, mãe. Apenas não posso renegar e rejeitar o meu pai. Ele precisa de mim pra comer, tomar banho, se vestir e farei tudo de coração.

– Você é um anjo que Deus me deu na minha vida, Inácio.  – acarinhou o rosto do filho. – tenho tanto orgulho de você, meu amor. Onde ele está?

– No meu quarto. Coloquei em minha cama e eu vou dormir na rede ao lado.

– Você já jantou?

– Ainda não.

– Vá jantar e descansar um pouco. Eu fico lá com seu pai por enquanto.

– Obrigado, mãe.

Fernanda caminha pelo corredor e entra no quarto e ver Anderson deitado na cama.

-Fernanda.

-Como está?

– Bem, mas ficaria melhor se você estivesse cuidando de mim.

– Essa responsabilidade é dos seus filhos e de sua esposa e não minha.

– Por que está agindo tão ríspida comigo? Não é possível que agora que preciso mais do seu carinho e do seu amor você me rejeita?

-Anderson, sinto e muito pelo que aconteceu com você e espero que se recupere o quanto antes, porém seria muito pedir para mim que fique aos seus cuidados depois de tudo que você me fez.

– O que te fiz, Fernanda? Eu te dei amor, te dei um filho…

– Um filho que você nunca registrou que sempre teve vergonha dele e de mim essa é a verdade, Anderson Barreto.

– Como pode ser tão injusta comigo? Eu te dei essa casa, te dou uma pensão, para esse guri nada faltou.

– Faltou um grande detalhe.

– Qual?

– Amor. Você nunca deu amor a ele e quem sabe este seja o momento, a oportunidade que a vida está te dando para reconhecer o seu filho que você tanto escondeu e pouco deu seu devido valor. Eu tenho pena de você, Anderson. – seguia em direção a porta do quarto.

– O guri do mato tem os olhos da minha mãe.

Fernanda parou e virou-se de frente para Anderson.

– Quando eu peguei ele nos braços pela primeira vez foi o que me chamou atenção. As vezes quando olho para ele lembro de minha mãe até no jeito de olhar se parecem. Interessante é que esse é o olhar que mais sinto falta agora. Minha mãe era uma mulher dedicada aos filhos, de voz doce e tinha o cheiro de menta. Como sinto saudades dela.

– Anderson, peço que pelo menos reconheça a dedicação do Inácio com você. O guri está fazendo tudo por amor. Não o machuque. Não brinque com os sentimentos dele.

-Obrigado, Fernanda por me aceitar na sua casa.

-Essa casa é sua, Anderson, lembra? Ela está em seu nome. – saiu.

 

Noite adentro as queimadas seguem avançando pelo Pantanal sul-mato-grossense e deixando o rastro da devassidão. Animais mortos pelas chamas e outros animais fugindo em busca de um lugar seguro. A fumaça cobrindo o céu e invadindo as matas, as propriedades e causando problemas de saúde na população. Brigadistas e voluntários tentam apaziguar toda aquela destruição contendo e apagando as chamas  e salvar os animais.

Sami estava dentro da sua oca na aldeia Toriba, e sentado ao chão e com os olhos fechados se comunicava com o Grande Espírito. Começa a balançar o chocalho e cantarolar em idioma indígena. Logo, ele se levanta e começa a dançar sobre o efeito do transe quando de repente uma arara-vermelha entra pela janela, voa em direção ao pajé, abre suas longas asas e pousa em seu braço. O pajé olha nos olhos da ave uma imagem de uma tarde, nuvens negras se acumulando e a chuva caindo sob a terra coberta de cinzas.

-Oh! Grande Espírito! Sua filha morena arde em chamas, mande a chuva! Aceito, agradeço  e liberto!

A arara vermelha voa em direção a janela e desaparece.

 

Luana e Rafael estavam sentados no sofá da sala do casarão.

-Inácio me ligou e disse que o Anderson já teve alta e está lá na casa dele.

-Por essa o Anderson não esperava.

-Ainda me disse que o Darlan negou a cuidar do pai.

-Nada que venha desse rapaz me surpreende. Faltou pouco para eu não quebrar a cara dele quando o peguei atacando a nossa filha.

-Seria pior, Rafael. Você ouviu o que ele disse: é filho de juiz, neto de desembargador, é rico, tem influência, tem tudo a favor dele, infelizmente. Foi o melhor ter se controlado.

-Até quando a vida será assim, Luana? Até quando as impunidades vão acontecer tão descaradamente nesse país?

-Quem tem o poder manda e obedece que tem juízo. É assim desde que o mundo é mundo e não vai mudar.

-Eu me sentir tão vulnerável e tão incapaz de poder proteger a minha filha. Aquela delegada fez pouco caso com a denúncia de Anahí contra o Darlan, de forma debochada como se minha filha fosse alguma mentirosa. Eu fiquei fora de mim.

-Rafael, eu também sentir essa frustração que você sentiu na delegacia, mas essa é realidade que algumas mulheres enfrentam quando vão denunciar seus agressores, pelo fato de outras retornarem com seus companheiros e abandonar o seguimento do processo.

-Apesar disso não se justifica o jeito que trataram a nossa filha. O Darlan não vai desistir de se aproximar dela, não vai.

-Vamos ter fé, Rafael, que esse ogro não vai mais se aproximar da nossa filha. O que temo é que ele enfrente Inácio, afinal, Anahí e ele se amam.

-É outra preocupação que tenho que Darlan queira fazer algo contra Inácio por ciúmes.

-Eu suspeitava há algum tempo que Anahí gostava de Inácio, porém, nunca me disse nada a respeito disso. Achei que fosse impressão minha.

-Confesso que estou surpreso. Não duvidei talvez pelo fato de que os vejo ainda como aqueles guris que corriam por essa fazenda a fora.

-O tempo passou tão rápido e quem diria que ao se tornarem adultos descobriram que se amam como homem e mulher? Estou pedindo a Deus que tudo se acalme e se saia bem. O que quero é que o Darlan volte para capital e não retorne para Corumbá.

-Acho difícil, ele tá construindo o hotel fazenda.

-E falando em hotel fazenda, tem algo que aconteceu nestes dias que ainda não paramos para pensar por tantos problemas que ocorreram.

-Do que fala, amor?

-Sobre Amélia, o Inácio disse que a viu fugindo vindo das terras do Darlan. Será que ele tem alguma coisa a ver com isso?

-Temos que investigar.

-É estranho que até esse momento essa moça não diga uma só palavra do que aconteceu com ela.

-Ainda não dissemos as nossas filhas sobre Amélia. A Jacinta me falou que Tânia a apresentou.

-Rafael, o que será que Amélia esconde?

-Cedo ou tarde ela terá que nós dizer e espero que Darlan não tenha nada a ver com isso.

 

Pela manhã, dentro do quarto estava Inácio terminando de sentar Anderson na cadeira de rodas.

-Pronto, o que acha de tomar um pouco de sol lá na varanda?

-Me sinto tão envergonhado. É um absurdo.

-O que foi, pai?

-O que estou passando, Inácio. Nunca pensei que um dia eu teria que precisar de alguém para me limpar, me dá banho. Eu sou um homem.

-Qual o problema nisso? Pior seria se fosse um estranho e eu não sou. Eu sou seu filho.

-É por ser meu filho que tenho mais vergonha ainda. Onde já se viu? Eu me sinto um doente e é péssimo está dependente dos outros. Você é meu filho e é inadmissível eu ficar nu na sua frente e você limpar a minha bunda.

Inácio dá uma risada.

-Pai, logo, logo sairá dessa cadeira de rodas e voltará andar por aí atrás da sua ribeirinha. –riu.

-Não quero que a Fernanda saiba. Não diga a ela que…

-Certo, doutor Anderson, nada que acontece aqui sairá. Vamos tomar sol porque o doutor Marcos disse…

-E esse doutorzinho metido a besta sabe de alguma coisa?

-Vamos, doutor Anderson, sem reclamar.

-Só espero que ele não tenha a audácia de vim até aqui…

Inácio empurrava a cadeira de rodas e conduzia o pai para fora do quarto.

 

No início da tarde, Anahí estava em seu quarto, sentada na cama e arrumando a bolsa até que Luana entra.

-Filha, precisamos conversar. –sentou na cama ao lado. –Como está se sentindo, filha?

-Tenho que ser forte, mãe, não posso deixar me abalar porque estarei fazendo o que ele quer me fazer sentir acuada e com medo.

-E esses hematomas? –tocou no braço da filha.

-Estou cuidando. Tentei cobrir com maquiagem para não aparecer no trabalho, mas foi em vão. O Inácio notou e me perguntou se tinha sido o Darlan.

-E você o que disse?

-Que preciso conversar com ele e pedi que não agisse com cabeça quente. Eu quero evitar uma tragédia, mãe. Liguei para o Inácio e ele me disse que o tio Anderson teve alta do hospital e daqui a pouco vou na casa dele.

-Peço que tome muito cuidado, filha, o Darlan pode ainda te procurar…

-Ele foi lá no hospital.

-É um descarado mesmo.

-O Darlan invadiu a sala de enfermagem, me pegou de surpresa, veio com um buquê de rosas vermelhas e fazendo juras de amor. Tentou me beijar a força, mas por sorte a enfermeira chefe entrou na sala e evitou que ele pudesse continuar a me assediar. Você sabe que somos muito próximas, ela tinha reparado os hematomas quando eu cheguei para dá o plantão, eu disse o que tinha acontecido.

-Filha, toma cuidado. Não acha melhor irmos à delegacia falar que ele te procurou lá no hospital e te assediou?

-Pra quê? Para dizer que o meu ex-namorado estava apenas tentando se conciliar comigo? Que devo está me fazendo de difícil, não mãe. –levantou-se da cama. – Eu não posso permitir que o Darlan tire a minha paz. Tenho o direito de continuar com a minha vida e vou jogar no lixo tudo que diz respeito ao Darlan assim como joguei no lixo o buquê que ele me deu. Eu amo o Inácio e nada vai me impedir de viver esse amor.

 

Meia hora depois na sala de casa, Inácio se encontra sentado no sofá ao lado de Anderson que está na cadeira de rodas enquanto Fernanda abria a porta e ver Anahí.

-Boa tarde.

-Entre, Anahí.

Anahí entra, Inácio se levanta do sofá e abraça.

-Como está?

-Bem. E vocês?

-Eu estou entediado de ficar preso nessa cadeira de rodas.

-E eu estressada por ouvir as reclamações desse aí. Vamos para o quarto, Anderson. –disse Fernanda indo para atrás da cadeira.

-Já vai me levar para o quarto, minha ribeirinha?

-Pode parar de se enganar porque não é  neste sentido que você está pensando. Vamos deixar os dois conversando a sós.

Fernanda conduzia Anderson para dentro do corredor.

-Eu posso fazer você mudar de ideia, Nanda. Não é porque estou nessa cadeira de rodas que não me garanto.

-Anderson!

Inácio e Anahí estão sozinhos na sala e se beijam.

-Meu amor, me diga o que aconteceu?

O casal se senta no sofá.

-Darlan ficou louco quando terminei com ele.

-Ele vai pagar por ter te machucado. Vou quebrar a cara dele e seria pior do que a primeira vez.

-Inácio, eu não quero que você se envolva nisso e nem que brigue com o Darlan.

-O que você fez depois? Foi na delegacia?

-Sim, eu fui com meus pais.

-Por que não me chamou para ir com você e te acompanhar como seu advogado?

-Eu não quero te envolver nisso, esse problema foi eu que criei…

-Anahí. –segurou a mão dela. – Seu problema também é meu. Seria covardia minha saber que o Darlan te ameaça, te machuca e não fazer nada para te defender.

-Inácio, eu não quero ser o motivo de que aconteça uma tragédia entre você e seu irmão. Até me sinto culpada por tudo isso, por amar você e por ter namorado o Darlan.

-Ei. –acarinhou o rosto dela. – Você não tem culpa de que seu ex-namorado não aceite o fim, que não aceite que você ame outro.

-Eu te amo. –o beija. –Inácio, não quero perder você. –o beija novamente.

-Não vai e pode ter certeza disso. O Darlan e seja quem for terá que aceitar que a gente se ama.

-Então, não vamos permitir que o Darlan estrague nossa paz de estarmos juntos. –segurou a mão dele. –Mudando de assunto: como está o tio Anderson?

-Você viu, né? Resmunga e reclama quase o dia inteiro porque não aceita que precisa de ajuda, que precisa de mim. O Darlan esteve no hospital, não quis ficar com ele e o rejeitou.

Anahí não quis dizer que Darlan a procurou no hospital.

-Será por pouco tempo. Tenho certeza que você deve estar cuidando bem do tio Anderson e quem sabe essa seja a oportunidade de vocês ficarem mais próximos.

-Anahí, eu não sei o que me faz querer ajudar o meu pai. Eu queria não me envolver e talvez outra pessoa no meu lugar o desprezaria e seria cruel, mas não consigo ser desse jeito.

-Não faz parte da sua natureza, Inácio, você tem um bom coração e ainda bem que é assim porque é por esse motivo e outros que te amo.

-Vou cuidar dele apesar de que talvez não se importe tanto.

-Faça o seu papel de filho, meu amor. –acarinhou as mãos dele.

-Tem outra coisa que não te disse por causa desses problemas das queimadas e do pai no hospital. Encontrei uma guria correndo assustada saindo das terras do Darlan, ela se chama Amélia e está lá na fazenda. Os tios e Tânia sabem dela.

-Não estava sabendo. O que aconteceu com ela?

-Não sabemos. Ela quase não fala e só disse que está com medo de um homem chamado Diogo.

-Estranho.

-É, muito estranho.

-Ela estava nas terras do Darlan, então, será que ele tem alguma coisa a ver com ela?

-Anahí, eu não sei, mas acho o que esse Diogo deve ter feito algo muito grave com Amélia, ela não aceita que ninguém se aproxime. A única que conseguiu ter algum acesso com ela foi Tânia.

-Eu vou me aproximar dela e quem sabe consiga ajuda-la ter confiança e dizer o que aconteceu. Também tenho uma notícia e essa me preocupa mais ainda.

-Qual?

-Doutor Marcos solicitou exames de alguns pacientes, os resultados saíram e constataram mercúrio e ele ouviu dos pacientes que há um garimpo em Riacho Paraíso.

-Garimpo? Não pode ser.

-Sim, é um garimpo e as terras dos Toriba está em perigo. Eles estão à procura da nascente.

-Isso tem que ser investigado, as autoridades tem que saber deste garimpo. É crime garimpagem em terras indígenas, caso queiram as invadir.

-Eu tenho que impedir que esses garimpeiros invadam a aldeia.

-Amor, vamos tomar bastante cuidado. Você sabe que pode contar comigo.

 

Anderson e Fernanda estavam no quarto. Ele parado olhando para ela.

– O que foi? Tá me olhando assim porquê? Nunca me viu?

-Fernanda, faz tanto tempo que nós dois não ficamos juntos, bem que você poderia deixar essa marra toda de lado, esse orgulho e a gente se amar como antes.

– É ruim, hein, Anderson. Jamais voltarei  cair nessa sua lábia eu já estou vacinada. Ai!

Ela sem querer tropeça e cai em cima dele.

-Cuidado, Fernanda.

-Desculpa, Anderson, me desculpa.

Fernanda e Anderson se olham. Ela rapidamente se levanta.

– Pode cair assim mais vezes. Eu gosto.

– Você não tem vergonha, Anderson.

– Eu te amo, minha ribeirinha. 

– Pois queria que me odiasse.

– É mesmo? Não acho que queira que eu sinta ódio por você porque me ama mais do que antes.

– Você se acha demais, Anderson. Não é o único homem deste mundo.

– Sou o seu homem. Quero só ver se vai continuar nesta defensiva depois que eu me divorciar e ser completamente livre para ser seu.

– Você vai se decepcionar, Anderson. Pense se é melhor está sozinho ou com a sua mulher porque a solidão é que te espera. Eu não quero você. Não te amo.

– Diz essas coisas da boca pra fora. Me ama como eu te amo.

– Eu tenho mais o que fazer. – saiu. 

 

 

No final da tarde Anahí após sair da casa de Inácio, foi a aldeia Toriba para conversar com Sami dentro da oca.

—As queimadas estão avançando. Eu nunca vi tanta destruição.

—Sami, quem será que está provocando essas queimadas?

—Pode ser vários motivos que se juntam se transformam em uma tragédia só. É o ser humano que de forma direta e indireta causa danos ao meio ambiente, destrói, corrompe e mata sem dó ou piedade apenas pensando em enriquecer e satisfazer seus delírios.

—É tão triste ver o pantanal consumido pelo fogo e tantos animais mortos e feridos.

—E essa fumaça que dificulta respirar.

—Tem muita gente dando entrada no hospital com problemas respiratórios por causa dessa fumaça. Temos que pedi ao Grande Espírito que nos ajude e que mande chuva para o pantanal.

Sami olha para cima e abre os braços.

—Oh! Grande Espírito nós ouça e nos ajude. Salve o pantanal! Eu tive uma visão que o Grande Espírito irá trazer a chuva.

-É uma ótima notícia, Sami. A chuva vai amenizar toda essa queimada.

De repente o índio chamado Abana, com idade de cinquenta anos, ouvia a conversa pela brecha da porta.

—Também venho aqui para falar de Darlan.

—Percebi que seus sentimentos estão tumultuados e um traço de alegria em seu olhar.

—Terminei meu namoro com Darlan, percebi que foi um erro ter começado este relacionamento. Aquele meu sonho havia me avisado sobre ele, porém, eu não quis acreditar.

—A vida de alguma maneira nos avisa sobre os perigos e cada um tem o seu livre-arbítrio para seguir o conselho ou não.

—Tem razão, Sami, eu que insistir com Darlan enquanto meus pais e o Inácio queriam abrir os meus olhos sobre ele. O Darlan reagiu mal com o termino do namoro e me acusou de ter o enganado porque admitir que amo Inácio.

—Darlan não tem o direito de te agredir porque você não quer mais continuar o namoro, ele não é seu dono. Agora entendo esse seu brilho no olhar está apaixonada.

—Inácio finalmente se declarou para mim. Eu desconfiei do sentimento dele por mim, mas eu tinha medo de ser apenas um engano e não ser correspondida.

—Anahí sua felicidade é como o cantar dos pássaros em uma manhã, se sente de longe o quanto está feliz.

—Sim, estou e muito. Sami.

—Fico feliz por você e Inácio.

 —Outra situação me preocupa, Sami.

-O quê?

-Garimpo, há pacientes no hospital com intoxicação com mercúrio.

-Que terrível. Se garimpo está em Riacho Paraíso estão à procura da nascente.

-Eu vou procurar pelo garimpo por essas matas. Eu tenho que impedir que invadam as terras dos Toriba.

-Guerreira Anahí chegou o seu momento de enfrentar homem branco e de lutar.

-Vou honrar os sangue dos Toriba.

 

Anahí sai da oca e Abana a segue sem que ela o perceba. A índia entra na mata fechada até chegar em um riacho enquanto o índio se escondia entre as árvores. Ela se agacha em frente as margens e molha o rosto. Abana se assusta com uma movimentação na mata e se desequilibra, caí no chão fazendo com que as folhas se mexam e chamando atenção da índia que olha para direção.

—Quem está aí? —se levanta e pega o punhal.

Uma anta sai de dentro da vegetação e a índia guarda o punhal, olha desconfiada ao redor e sai. Abana saiu de dentro da vegetação e seguiu em direção ao riacho, se agachou quando de repente Anahí por trás o segura e coloca o punhal no pescoço dele.

—O que você está fazendo aqui?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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