A noite na mansão Gouveia, Anderson estava na sua suíte máster e colocava suas roupas dentro de uma mala que se encontrava em cima da cama e a porta estava entre aberta até que Tomás entra.

—Anderson.

—Está feliz? Agora sim está livre de mim. —colocava uma blusa social dentro da mala.

—Não era esse o futuro que esperava para minha filha. Não me sinto feliz, me sinto aliviado por saber que todo esse teatro está prestes acabar.

—É falta eu terminar de arrumar as minhas malas e você não terá o mais o desprazer de me ver na tua casa.

—Fique à vontade, não precisa ter pressa.

Anderson segue em direção ao closet.

—Anderson, só me responda uma coisa: por que você escondeu esse tempo todo que tinha um filho com outra mulher no pantanal?

O genro sai do closet com algumas blusas penduradas nos braços e se aproxima do sogro.

—Verônica sempre soube desse guri. —jogou as blusas na cama.

—Eu sei, ela me disse. Sinceramente eu não sei como conseguiu fingir por tanto tempo, eu desconfiava de você, desconfiava que havia algo que escondia e estava certo. Se o Darlan não estivesse te seguido com certeza ainda manteria esse segredo pelo resto da vida.

—Não, eu já pensava em revelar tudo algum tempo. Estou cansado de viver com Verônica, suas acusações e seus ciúmes possessivos…

—Ela tem motivos ou não? Anderson, você não respondeu a minha pergunta: por que escondeu o seu filho com a ribeirinha?

—Eu é que te pergunto: o desembargador aceitaria que eu cassasse com Verônica sabendo que eu havia atraído e que dessa relação nasceu uma criança?

—Jamais eu aceitaria.

—Tá aí a resposta da sua pergunta.

—Mas eu sei que mesmo que não aceitasse que você cassasse com Verônica, ela iria se casar com você de todo jeito. Eu teria que te aturar como te aturei por todos esses anos.

—Nem eu e nem ela queríamos que soubessem desse meu outro filho.

—Verônica me disse que aceitou esconder a existência dele porque queria poupar comentários das outras pessoas da sua traição. E você até imagino que foi o melhor esconder esse filho porquê de certo modo queria manter a sua aparência de bom moço na frente dos demais, porém, para mim você nunca enganou, Anderson.

—Tomás, eu tentei amar a sua filha, tentei ser um bom marido e um pai para o Darlan…

—Eu até posso reconhecer que você teve paciência até demais de ter aturado os rompantes e o histerismo da Verônica entretanto não posso dizer o mesmo da forma que criou o Darlan, esse erro não é só seu, é da minha filha também.

—Darlan está a manipulando.

—Concordo e a Verônica está se deixando levar por isso por ressentimento. Eu avisei que aquele guri seria um problema pelo jeito que vocês o criaram em nunca o responsabilizar por seus erros e pelas consequências de seus atos, o mimaram demais.

—Você tem toda razão. Eu pensei que fosse uma fase, mas vejo que esse comportamento está infiltrado nele.

—É só o começo, ele tem interesse naquelas terras por algum motivo maior.

—Eu suspeito do que seja.

—O quê?

—Garimpo.

—Como é?

—É, o Darlan é dono de uns garimpos lá pelas bandas de Roraima e do Amazonas.

—Garimpos ilegais?

—É, são ilegais.

—Por que escondeu isso? Você sabe que o guri tá cometendo um crime! Poxa, Anderson, você é um juiz!

—Eu sei que é crime, mas o que posso fazer? Quando descobrir o guri já tinha esses garimpos.

—Não é possível. O meu neto envolvido com garimpagem ilegal. Isso é muito grave, Anderson, isso pode sujar a nossa reputação, o Darlan é filho de um juiz e neto de um ex- desembargador.

—O que posso fazer? Darlan é maior de idade e não posso força-lo a parar com o garimpo.

—Você tem consciência que por sua omissão o faz se tornar um cumplice?

—Tenho. E o senhor queria que eu fizesse o quê? Denunciasse o meu filho? Seria bem pior a imprensa ia cair em cima, a cara do guri estampadas nas redes sociais e nos telejornais e sujando o nosso nome e a nossa reputação por ele ser meu filho e seu neto. E fora a vergonha perante nossos colegas essa gente do judiciário.

—Alguém tem que parar esse guri, Anderson, cedo ou tarde vão descobrir, ele será pego e preso.

—Ele não vai parar porque está sedento e obcecado pelo ouro que extrai nestes garimpos.

—Esse rapaz não precisa disso. Nunca faltou nada pra ele, devia ter feito uma faculdade ou pensado em abrir um negócio honesto, eu teria toda satisfação em ajuda-lo se fosse uma pessoa de boa índole. Que decepção, meu Deus, que vergonha. Isso tudo é culpa sua e da Verônica que o criaram errado, criaram um problema, um criminoso.

—Também não podemos levar tão a sério assim, é um crime, entretanto existem outros piores.

—O que quer dizer?

—Ora, existem um monte de garimpos por aí pelo Brasil, alguns regularizados e outros não regularizados como os do Darlan, e esse problema é mais uma questão burocrática.

—Ambiental também porque alguns garimpos invadem terras indígenas ou extrai além do que é necessário e desequilibrando a natureza, é por causa disso que há tanto impacto ao meio ambiente.

—O que há hoje neste mundo que não cause danos ao meio ambiente? De uma indústria até um mendigo de rua causa poluição, então, não podemos ser hipócritas. É difícil manter uma vida humana e o avanço na tecnologia sem danificar a natureza.

—Existem outras formas, outros meios de tentar conservar e preservar uma boa parte do ecossistema.

—Políticas públicas? Conscientizar a população que se deve preservar a natureza? Reciclagem? Plantar uma árvore? Todas essas ideias de conscientização do cidadão para conservar o meio ambiente podem funcionar em países ricos e bem desenvolvidos, porém, aqui neste país tudo passa de uma grande utopia desde que os portugueses chegaram nestas terras quase nada que há na Constituição realmente funciona é tudo na política para o “inglês ver” enquanto o povo sofre na ignorância e sob o cabresto dos governantes.

—Não tente encontrar justificativas para apaziguar o que o Darlan está fazendo é um crime.

—O que vai fazer? Vai denuncia-lo?

—Eu não tenho provas, só o que você está dizendo.

—Pois mesmo que tivesse provas que pudesse incriminar o Darlan o denunciaria? o senhor sabe que numa situação dessas Verônica não o perdoaria e dona Marcela ficaria horrorizada com todo esses escândalo.

—Me sinto acuado como em um beco sem saída. Por todos esses meus anos em exercício ao judiciário nunca dei motivo de agir de forma errada ao ponto que arranhasse a minha reputação e agora descubro que meu neto é um criminoso. Confesso que estou dividido um lado meu quer agir com justiça e denuncia-lo e outro quer protege-lo por ser meu neto e também pra evitar uma vergonha na frente de todos.

—Às vezes prefiro fingir que não estou vendo. É como dizem que a justiça é cega. Siga o que eu te digo Tomás, deixe as coisas como estão e não mexa nisso. Deixe que cada uma faça a sua parte e cabe a quem tenha competência de investigar esses crimes cheguem até o Darlan e quem sabe assim aprenda alguma lição.

 —Não pense que quando isso acontecer eu vou tira-lo da prisão. Ele que assuma as consequências dos seus atos.

—Darlan foi longe demais e da próxima vez que ele entrar em uma encrenca não terá o pai juiz pra limpar a barra dele.

—Anos e anos no judiciário sem nenhuma mácula que pudesse manchar o meu nome e meu próprio neto ameaça esse meu legado incorrupto. Eu me sinto nas mãos desse guri, um refém de seus atos inconsequentes.

—Para você ver que também aos juízes tudo pode alcançar. Esse pedestal que nós fazem acima de todos, a crença de que nossas mentes são instituídas pela total imparcialidade e aos nossos corpos cativos a atuação da jurisdição, é apenas uma ilusão e algo invisível aos desígnios da vida. Somos iguais a todos esses que nós procuram para julgar.

—É uma grande injustiça da vida. Eu tentei ser um bom magistrado durante toda minha carreira, tentei dá o meu melhor em não me envolver em situações que poderiam me prejudicar e a minha família e de repente descubro que meu neto, o meu único neto é um criminoso e pode colocar tudo a perder.

—A vida é injusta, ela sempre foi e sinto por você está descobrindo isso agora. Quem te garante que você sempre foi um bom juiz? —seguiu em direção a penteadeira.

—Eu me garanto, eu tenho a minha consciência tranquila e não há nenhuma queixa sobre mim. Tenho um currículo invejável e uma moral ilibada.

—Sobre a sua ótica você é justo, mas não se engane nem todos pensam assim de você.

—Por acaso você ouviu alguém reclamando de algum julgamento que fiz?

—Se ouvir ou não do que vai adiantar falar agora? —estava à frente do espelho da penteadeira e tirava alguns pertences dentro de uma gaveta. —Já passou e não tem como voltar atrás, você já julgou e está julgado é como na vida a gente julga as pessoas e as palavras e os atos não tem como apagar do passado mesmo que tentamos nos redimir ou terminar algo que parece que ficou inacabado ou uma relação de forma amigável.

—Me desculpa, mas não tenho coragem de denunciar o Darlan, é meu neto, eu quando o vejo me recorda aquele gurizinho que corria por essa casa. Eu o amo apesar do comportamento errado dele.

Anderson fica frente a frente ao Tomás.

—Eu não te julgo. Não precisa me pedi desculpas. Eu também não vou denuncia-lo porque é meu filho, eu também não tenho coragem.

—Somos dois covardes, dois cumplices.

—Eu tenho consciência e aceito os julgamentos. Quem não aceita ser julgado não está preparado pra vida. Será que alguém que estivesse em meu lugar faria o mesmo que eu ou diferente?

—Não sei, eu só sei que desses anos que você esteve em minha casa, na minha família, eu aprendi a conviver com você, Anderson, excluindo os problemas com Verônica e do Darlan, dividimos muitas experiências juntos sobre o trabalho, os processos…

—É nossas conversas lá na sala até de madrugada, sobre os julgados, foram tantas coisas que aprendi com você. Me ensinou muito, foi um mestre pra mim.

—Desejo que encontre mais o que você procura nessa sua nova fase de sua vida.

—Obrigado.

—Uma última pergunta: e seu filho com a outra mulher, como ele se chama?

—Guri do…digo, ele se chama Inácio.

—Bom, eu vou deixar você terminar a sua mudança. —saiu.

 

Em Corumbá no restaurante Almirante do Pantanal acontecia um show de uma dupla sertaneja. Fernanda e Marcos estavam sentados numa mesa enquanto Tânia e Expedito dançavam no salão.

—O que foi? Está preocupada? —perguntou o médico.

—Um pouco com tudo que está acontecendo. O Inácio está confuso e sofrendo eu sei.

—Isso era o esperado, mas por que não esquece um pouco esses problemas e curte essa noite?

—Tem razão, estamos aqui para se divertir.

Um carro estaciona em frente ao restaurante e Inácio, Anahí e Florzinha descem do carro e entram no estabelecimento. Inácio segue em frente em direção a mesa onde estava sua mãe e Marcos.

—Espero que o Lino esteja por aqui. –Florzinha olha ao redor e ver Lino dançando com outra mulher no salão. —Ah, não, ele tá dançando com outra. —decepcionada.

—Quem será ela? —perguntou Anahí.

—Não sei nunca vi o rosto dessa rouba namorados.

—E desde quando que o Lino é seu namorado?

—Ainda não somos, mas quem sabe um dia. Quer saber? Eu vou lá.

—O que você vai fazer, Maria Flor?

—Espere e verá. —saiu em direção ao Lino que dançava com uma mulher.

—Essa não desiste.

 

Inácio se aproxima da mesa onde estava a mãe e Marcos sentados.

—Boa noite.

—Boa noite, filho.

—Boa noite, Inácio.

—Passei por aqui e me disseram que está rolando uma festa no Almirante e não perco uma oportunidade dessa por nada desse mundo. —se sentou à mesa em frente ao casal.

—Eu estou aqui tentando convencer a sua mãe para dançar e ela não quer porque está vergonha pode isso, Inácio? Uma mulher tão linda e tão atraente ficar com vergonha de dançar?

—Mãe, aproveita vai dançar com o Marcos, vai se divertir.

—É que eu não sei dançar.

—Sabe sim, eu já vi várias vezes você dançando em casa e dança muito bem.

—Está bem, eu aceito. Vamos dançar, Marcos. —se levantou.

—Só você Inácio para convencer a sua mãe e eu estou te devendo essa. —se levantou.

—Vão lá se divertir.

Tito, um jovenzinho com idade de dezoito anos que trabalha como garçom no restaurante, era alto, negro, esbelto e usava uma calça jeans, blusa xadrez azul e botas, se aproxima da mesa.

—Oi Inácio, o que vai querer?

—Manda uma aguardente.

—É pra já. —saiu.

O casal saiu de mãos dadas em direção ao salão onde estavam outros casais e entre eles Tânia, Expedito, Lino e uma mulher. Então, Florzinha estava por trás de Lino e o cutuca no ombro.

—Lino!

Lino se vira e olha para ela.

—Florzinha, o que quer?

—Dançar.

—Eu já dançando com a Cristina.

Cristina é uma peoa que trabalha em uma das fazendas daquela região, com idade de vinte poucos anos, negra, cabelos longos e encaracolados, olhos negros, estatura média, usava calça jeans, blusa xadrez vermelha e um chapéu branco de couro. A peoa estranha aquela situação e Lino continua a dançar. Florzinha fica sentida pela forma que ele a desdenhou.

—Lino! —o cutuca o ombro dele novo.

—O que é dessa vez, guria?

—Você tem que dançar comigo eu exijo.

—É mesmo? Por que? Me explica. —cruzou os braços.

—Por que você…por que você…trabalha na minha fazenda. É isso, você é um peão e tem que obedecer as minhas ordens.

Lino deu uma gargalhada e Cristina olha para Florzinha com pouco-caso.

—Guria, você pegou a mania do teu primo Darlan? A escravidão acabou há anos, guria, eu sou peão sim, trabalho na fazenda dos seus pais e fora daquelas terras não devo obedecer ordem de ninguém. Eu sou livre pra fazer o que eu bem quiser, que fedelha chata. Ver se cresce, guria. —ele segura a mão de Cristina e se afasta.

Florzinha enche os olhos cheios d´água e sai para fora do restaurante. Na mesa Anahí se senta ao lado de Inácio que observa a mãe a dançar com Marcos.

—Nenhum comentário sobre meu pai, por favor, Anahí.

—Não se preocupe eu não me meto onde não me convém.

—Onde está a Florzinha?

—Foi atrás do Lino.

—Não podemos perder os olhos nela, ainda é guria demais pra andar por aí sozinha.

—Maria Flor tem dezessete anos e está perto de ficar maior de idade e tem que aprender a se defender. Ela não pode ficar a vida toda sob sua proteção e nem eu.

—As protejo porque são como se fossem minhas irmãs.

—Isso não justifica a sua superproteção principalmente comigo.

—Ah, já sei onde você quer chegar no assunto do seu namorado, não é? Você se faz de desentendida porque não quer aceitar que o Darlan é um mau-caráter.

—Você nem o conhece direito e o julga assim.

—E você muito menos.

—Inácio, você devia esperar essa situação entre vocês se resolverem e tentarem se entender.

—Me fala o porquê é tão importante pra você que eu e o Darlan se entenda?

—Você são irmãos.

—Isso não quer dizer nada. Quantos irmãos não se dão bem e não somos os primeiros e os únicos.

Tito traz a aguardente para Inácio e coloca na mesa.

—O que vai querer, Anahí? —perguntou o garçom.

—Vou querer uma aguardente também. —Tito se afasta da mesa. —Você querendo ou não o Darlan é seu irmão pra mim esse seu comportamento é infantil e parece um guri enciumado.

—Mais uma vez você me vem com esse papo que eu sinto ciúmes de vocês, isso é ridículo. —dá um gole na bebida.

—Você está sendo ridículo, Inácio.

—É incrível que nesses anos todos nunca nós desentendemos e só foi o Darlan aparecer que nos tornamos dois estranhos.

—Por que você se comporta assim, Inácio. Se você tentasse ver um lado bom do Darlan…

Inácio deu uma risada irônica.

—Só pode ser piada. Nunca vamos nós entender e pare de criar esperança que algum dia eu e o Darlan possamos se quer conviver pelo menos de forma cordial.

—Chega, eu desisto. —se levantou.

—Pra onde vai?

—Vou embora. Eu não estou reconhecendo o Inácio que cresci junto. —saiu.

—Vá pode ir, Anahí, eu não nenhum pouco ressentido. Vá ficar perdendo o seu tempo defendendo o seu namorado. —dá um gole na bebida.

Tito retorna para a mesa com um copo de aguardente numa bandeja.

—Onde está a Anahí?

—Ela foi embora.

—E a aguardente?

—Deixa aí que eu tomo e aproveita e traga uma garrafa pra mim. —pegou o copo de aguardente e tomou.

Tito sai da mesa. Marcos e Fernanda estão dançando no salão, ele tenta beija-la e ela se afasta.

—Não quer meu beijo?

—Marcos, a gente precisa conversar, mas não aqui. Vamos para minha casa.

—Tudo bem.

 

Florzinha estava encostada no carro do lado de fora do restaurante e chorando até que Diogo se aproxima.

—O que foi? Por que está chorando, guria?

—Não foi nada. —enxuga as lágrimas.

—Tem certeza? Se está chorando algo te machucou.

—Não te conheço pra ficar falando dos meus problemas.

—Tem razão, me desculpa. Deixa eu me apresentar, eu me chamo Diogo e você como se chama?

—Maria Flor, mas todos me chamam de Florzinha.

—Você é muito bonita com todo respeito. Sabe, eu trabalho como fotografo e se um dia você quiser conhecer o meu trabalho e trabalhar como modelo me procura, tá? —tira um cartão de dentro da carteira e a entrega.

—Acha mesmo que sou bonita?

—Sim, tão bela como o seu nome é uma combinação perfeita. —ele se afasta e se vira para ela. —Me liga. —entrou no restaurante.

Maria Flor olhava para o cartão até que Anahí sai do restaurante e segue em direção ao carro.

—Ainda bem que te encontrei. Vamos embora?

Rapidamente Maria Flor guarda o cartão dentro do bolso da calça.

—Sim, eu não quero mais saber do Lino. Vamos pra casa.

—O que aconteceu?

—Ele me deu um fora na frente de todo mundo.

—Eu te disse que não criasse expectativas onde não existe, Maria Flor.

—Já sei e não precisa ficar me repetindo. Onde está o Inácio?

—Vai ficar e eu também não quero mais papo com ele. —entrou no carro se sentando no banco do motorista.

—E como ele vai voltar? —entrando no carro.

—Ele se vira. Vamos.

Anahí e Maria Flor foram embora de carro. Dentro do salão do restaurante, Fernanda e Marcos se aproximam da mesa onde estava Inácio.

—Vamos em casa.

—Tudo bem, mãe, eu vou ficar por aqui até mais tarde.

Marcos e Fernanda saem e Tânia e Expedito se aproximam da mesa.

—Acabou de chegar um amigo meu, vou lá falar uma prosa rápida com ele. —falou Expedito saindo.

—Onde foram a Fernanda e o doutor Marcos? —se sentou à mesa.

—Eles foram para casa e com certeza essa noite terei que dormir na fazenda. —disse risonho e dando um gole na bebida.

—Você torce muito que sua mãe fique com o Marcos, não é?

—Eu quero que ela se case com ele, quero ver a cara de perdedor do Anderson ao vê-la casada com outro e sendo feliz.

Tito traz a garrafa de aguardente numa bandeja e coloca na mesa e sai.

—Inacinho, eu sei que o seu pai agiu errado algumas vezes, mas não guarde esses ressentimentos não faz bem.

—Não sou ressentido, tia Tânia. Só não posso fingir algo que não existe.

—O que não existe?

—Que eu e o Anderson… —deu um gole na bebida.

—Seu pai.

—Que eu e o meu pai nós damos bem, isso não é verdade.

—Você o ama.

—Não, eu não o amo como também não odeio.

—O que você sente por ele?

—Um vazio talvez algo que não sei explicar. Não sinto afeto como também não o desejo mal. É como se ele fosse uma parte esquecida em minha vida.

—E se Fernanda não ficar com o doutor Marcos e escolher o Anderson?

—Eu vou me afastar, eles viverão juntos sem mim.

—Por que Inácio?

—Porque assim ele poderá viver com ela como sempre quis apenas para ele.

Lino se aproximam da mesa.

—Inácio, vem comigo que quero te apresentar umas pessoas.

Inácio e Lino saem e Expedito segue em direção a mesa e se senta.

—O que perdi?

—Minha amiga tem um grande problema.

—Qual? Ela parece tão bem com o doutor Marcos.

—Não é só o Marcos, é o Inácio.

—O que você quer dizer?

—Inácio não aceita o Anderson.

—Claro, o guri tem motivos pra isso.

Tânia ficou em silêncio e não quis comentar com o marido que sabia que sua amiga ainda ama Anderson e o fato do filho não aceitar esse amor pode ser um grande empecilho para que possam ficar juntos.

 

Fernanda estava na sala de sua casa e conversando com Marcos sentados no sofá.

—O que tem pra me falar?

—Marcos, desde o começo eu quis ser sincera com você e não quero mudar.

—Te admiro por ser assim, Fernanda, temos que agir com sinceridade, com verdade.

—É sobre o outro filho do Anderson…

—Sim, você já me falou que ele está aqui na cidade e que descobriu que Inácio é irmão dele.

O Inácio contou o Anderson sobre a vinda do irmão, e ele veio para cá.

—Então, o Anderson esteve na cidade por esses dias e vocês se encontram?

—Sim, nós encontramos. É que aconteceu algo que eu não sei como explicar, eu estou muito envergonhada…

—Seja o que for me diga.

—O Darlan, o outro filho do Anderson, o seguiu até aqui em casa e flagrou eu e o Anderson se beijando.

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