Em uma casa localizada em um bairro de classe média na cidade de Corumbá, na sala estavam Anderson, Fernanda e o Inácio dentro do carrinho de bebê.

-O que achou da casa?

-É bonita. De quem é essa casa, Anderson? Por que me trouxe aqui?

-Essa casa é sua, Fernanda. A partir de hoje será aqui que vai morar com o guri do mato.

-Como conseguiu essa casa assim tão rápido?

-Um cliente me devia honorários e em troca de me pagar em dinheiro perguntei se ele tinha algum bem que quisesse me pagar em troca, então, ele tinha essa casa e me pagou como honorários. Essa casa está em meu nome, mas vocês irão morar nela.

– Não quero nada que venha de você!

-Por favor, Nanda, não seja orgulhosa e não pense em você e sim no menino. Você não tem onde morar.

-Pelo meu filho só capaz de aceitar. -olhou para o menino. -Somente o bem dele que me importa.

-Ainda bem que pensa assim.

– Essa casa parece um palácio se for comparar com a casinha de palafita que morava, eu sinto saudades.

-Como pode sentir saudades daquele lugar imundo que fedia a esgoto, daqueles vizinhos fofoqueiros e convivendo com animais? Não consigo entender.

-Você nunca gosto de lá, mas ia atrás de mim. Não cuspa no prato que se comeu, Anderson.

– Você era como um diamante bruto no meio daquele pantanal. -ele se aproxima dela com desejo. -como não poderia me deixar seduzir?

-Você me enganou e agora vai embora para capital casar com a outra e me deixar com um filho. Você só me deu decepção.

-Nunca te mentir…-ficou de frente a ela e segura o rosto dela.

-Me mentiu sim, você me mentiu quando disse que ia para a capital desfazer o noivado, a verdade é que você jamais pensou nisso. Fala a verdade, Anderson!

-Eu não tenho nada a dizer sobre isso.

– Mentiroso! É o que você só sabe fazer é mentir!

– Isso é injusto! Eu estou sendo bom pra você, estou te dando uma casa, vou te dar uma pensão mensal e até feira eu fiz olhe a geladeira e os armários.  E é assim que sou tratado!

-Não seja cínico. Não se faça de vítima porque você devia era pensar em seu filho. O menino nasceu e você nem pouco se importou.

– Você também não ajuda. A gente podia se acertar e voltar como estavamos nós amando. -tenta beija-la.

Fernanda se afasta.

-Nunca mais vou me deixar levar por suas mentiras, Anderson,nunca mais tente me beijar de novo.

-Você diz isso agora porque está ressentida, mas reconheça que o quanto está difícil resistir a mim. E  o quanto queria que eu ficasse com você.

-Tudo pode mudar, Anderson, um dia vou conseguir deixar de te amar e vou seguir minha vida porque eu sou livre

-Jamais deixará de me amar.

– Não se garanta tanto. Eu sou livre para amar outro homem.

– Não se atreva a colocar outro homem dentro desta casa. Não vou sustentar vagabundo nenhum!

– Eu tenho direito de fazer o que quiser da minha vida. Você é apenas o pai do meu filho. Vamos ficar aqui por pouco tempo porque não quero passar a minha vida toda sendo sustenta por você. Eu vou procurar emprego.

– E você acha que alguém vai dar emprego para uma  lactante?

-Posso voltar a trabalha na pesca…

-Você mal se sustentava com que ganhava com a pesca. Se dedique a cuidar do guri. O dinheiro da pensão você receberá pelo Rafael. Agora tenho que ir porque amanhã cedo viajo para Campo Grande. -ele se aproxima e tenta beija-la.

Fernanda se afasta.

– Te amo, Fernanda. Tchau. – se afasta e segue em direção a porta.

– Não vai se despedir do seu filho?

Anderson olha para o menino que estava dentro do carrinho de bebê, depois saiu e fechou a porta.

De noite no casarão da fazenda Dois Rios, na sala estavam  Rafael e Luana sentados no sofá e Anderson sentado na poltrona ao lado.

– Então você  quer que eu todo mês entregue o dinheiro da pensão para Fernanda? Anderson, acha mesmo que vou me sujeitar a isso? Que eu vou me envolver nesta sua confusão? De forma alguma, ache outro jeito de dar a pensão pra ela, abra uma conta no banco…

-Rafael, eu não tenho tempo pra isso. Amanhã mesmo tenho que voltar pra capital. Eu estou tentando consertar o meu erro.

-Um filho não é um erro, cunhado. Deixe que eu mesma entrego o dinheiro da pensão para Fernanda.

-Está bem. Obrigado, cunhada. Te darei o endereço da casa onde está Fernanda e o guri.

-Aproveito e acabo com a saudade que sinto do meu sobrinho. -sorriu.

-Luana, a Fernanda me disse que você doou o enxoval do seu filho para o guri do mato, obrigado.

– Fiz por amor.

– Amanhã cedo volto para Campo Grande.

-Sabe Anderson, você diz que não vai mais voltar pra cá e que vai viver a sua vida na capital e se casar com Verônica, mas eu não acredito muito nisso. Não vai demorar muito pra você voltar para Riacho Paraíso atrás da sua ribeirinha.

Anderson dá uma risada irônica.

– Meu irmão muito bem me conhece. Vou voltar…eu só vou deixar os ânimos se acamarem. Jamais deixarei minha ribeirinha e claro que preciso está bem presente porque não posso correr o risco dela colocar outro homem na minha casa.

Luana olha incrédula para Rafael.

– Eu sabia. Você não me engana, Anderson.

– O único homem daquela casa sou eu. Ninguém me faz de besta. O tempo vai passar e tudo vai se acalmar e minha ribeirinha vai me receber toda carinhosa e de braços abertos. – deu uma gargalhada.

Rafael e Luana olham com reprovação para Anderson.

Na cozinha do casarão estava Jacinta e Zeca tomando café à mesa.

– Está feliz que seu filho vai se casar?

-Estou. Tânia é uma boa moça. Parece ontem que o Expedito era um gurizinho e andava por essas terras atrevido atrás dos gados.

-Eu me lembro. Ele sempre quis ser peão.

Logo aparece Expedito e se aproxima do pai e da governanta.

-Boa noite.

-Boa noite. -responderam Zeca e Jacinta quase ao mesmo tempo.

-Dona Jacinta preciso ter uma prosa com a senhora.

-Pode falar e se quiser pode se sentar e tomar café.  Eu fiz umas broas que estão uma delícia.

-Agradecido, dona Jacinta. -se sentou a mesa ao lado do pai. – Aproveitando que tô aqui queria te perguntar dona Jacinta se tem algum  trabalho para minha noiva Tânia, ela precisa de trabalho, perdeu a casa dela no incêndio. Sei que sou suspeito em falar, ela é gente decente e trabalhadeira.

– Ela pode vim amanhã pra gente conversar.

-Agradecido por demais, dona Jacinta.

– Tenho certeza que a senhora vai gostar da minha futura nora.

-Estou mesmo precisando de ajuda porque a idade pesa. -deu uma risada.

-Tem problema dela ser amiga da Fernanda? -perguntou o peão.

-Fernanda a mãe do filho do seu Anderson?

-Sim. -respondeu o peão.

-Por mim tudo bem, porém a dona Luana e o seu Rafael precisam saber disso.

-Espero que a Tânia consiga esse trabalho na fazenda.

-E eu espero que você não se aproveite disso e não fique deixando de fazer seu trabalho para ficar de namorico. Se oriente, guri.- disse o capataz.

-Pode ficar tranquilo, pai.

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