—Verônica, está tudo bem? —deu duas batidas na porta e tentou abrir a porta, mas estava trancada.

—É o Anderson. —falou a noiva em voz baixa e uma expressão de desespero.

—É melhor você abrir a porta. —respondeu Décio em voz baixa.

—Se esconda no banheiro. Rápido.

Décio entra no banheiro e Verônica abre a porta e olha para Anderson.

—Meu amor, estava te procurando a festa toda. Por que está assim? —entrou, fechou a porta e estranhou o fato dela está de lingerie.

—É que vim tomar uma ducha e trocar o vestido porque estava me incomodando. Essa barriga só cresce e parece que nenhuma roupa me cabe bem.

—Você fica linda de todo jeito, meu amor. — a beijou. —Não quer ajuda para se trocar?

—Anderson, eu estou grávida e não doente. Eu vou tomar uma ducha rápida, coloco o vestido mais leve e desço. Não demoro.

 —Tem certeza que não quer que eu te ajude?

—Tenho porque se você ficar aqui comigo não vou deixar você descer. —colocou os braços envolta do pescoço dele.

—Era o que eu mais queria está aqui do que lá em baixo com aquela gente chata.

—Hum, eu concordo com você, amor, porém tudo nesta vida tem uma regra de etiqueta e não queremos fazer a desfeita de deixar nossos convidados sem nos despedir da festa.

—Por mim pouco importa essas regras. —a beija. —Mas eu vou esperar o momento mais conveniente para deixar essa mansão e irmos para nossa lua de mel. Te espero lá em baixo. —a beija.

Anderson sai do quarto e fecha a porta. Décio sai do banheiro e ver Verônica fechando a porta de chave.

—Eu vou sair. —disse Décio.

—Espera, o Anderson ainda está no corredor.

—Sinceramente não sei como não dói na sua consciência de enganar o Anderson deste jeito.

—Faça essa mesma pergunta ao seu amigo e sócio do porquê dele ter me traído com aquela ribeirinha rameira pantaneira? E quem é você pra mim julgar? Você é igual a mim nós dois trairmos aquele cafajeste.

—Eu me arrependo amargamente.

Ela dá uma risada irônica.

—Não, agora é muito tarde.

—Eu sei. Nessa estória somente eu sair perdendo e esse filho…

—Esse filho é do Anderson. Quantas vezes tenho que ficar repetindo isso pra você? Aceite que até nisso o Anderson é melhor do que você, ele passou na sua frente.

—Chega, eu não vou mais ficar ouvindo as suas baixarias. Você mudou muito Verônica, não é mais aquela garota inocente que eu conheci.

—Aquela garota inocente ficou no passado e foi o Anderson que a destruiu. —caminha pensativa em direção ao espelho. — eu me refiz como uma fênix. —parou em frente ao espelho.

Décio segue em direção a ela e para logo atrás.

—Você se enganou, Verônica, como um passarinho que achou que estava livre, entretanto caiu na mesma armadilha.

—Eu sou vitoriosa. Eu me casei com ele. Eu sou a senhora Barreto enquanto aquela infeliz lhe restou o título de amante e o filho de bastardo aquele bicho do pantanal.

—Você pode passar anos casada com o Anderson, porém, quem ele ama é a Fernanda.

—Saia daqui antes que eu grite para todo mundo que você invadiu o meu quarto e está me importunando. 

—Eu vou sair e dessa vez é para sempre da sua vida. Não me procure mais, Verônica, eu não vou continuar sendo o ombro que você chora enquanto o seu marido está com a outra. Acabou pra mim o que havia entre nós. Eu sei que esse filho é meu. —fala próximo ao ouvido dela.

—Fora daqui!

Décio sai e Verônica começa a chorar em frente ao espelho.

—Desgraçado…quer me deixar confusa…esse filho é do Anderson…

Após essa revelação bombástica no final do capítulo anterior de que Verônica traiu Anderson com Décio e que esse fato destruiu a imagem de noiva fútil enganada para construir a imagem da noiva fútil vingativa, é necessário compreender qual relação que existe entre Décio e Anderson. Os dois são amigos desde a faculdade de direito, se formaram juntos e se tornaram sócios de um escritório de advocacia ainda em ascensão. Décio é um cara de família abastarda, porém, ele sempre atuou desde a época acadêmica como coadjuvante nas decisões por causa do seu jeito introvertido e enquanto seu amigo Anderson por ser mais extrovertido e destemido que não teme em corre riscos para conseguir o que quer e se destaca como o líder.

Verônica usou Décio para poder confirmar suas suspeitas porque ela percebeu que durante um tempo seu noivo demonstrava certa frieza e as frequentes viagens para Corumbá sabendo ela que Anderson não tinha nenhuma afinidade com aquele lugar. Ela sabia que Décio é como um conselheiro para o seu noivo, como também percebia que ele tinha certa baixa estima por muitas vezes se deixar levar pelas opiniões do amigo do que as próprias no campo profissional, como se Décio fosse o macho beta liderado por Anderson, o macho alfa. Esse relacionamento de Verônica e Décio se tornou uma moeda de troca, ele a dava informações e ela dava o prazer, porque ele não tinha tanto sucesso na conquista com as mulheres por fazer o tipo nerd e atrapalhado, e também o poder em poucos momento de se sentir superior ao Anderson, afinal, estava saindo com a noiva do seu amigo e esse motivo levava Décio a viver um ápice de prazer e poder e depois o declínio da culpa e do arrependimento de está traindo seu melhor amigo e sócio.

Décio realmente se apaixonou por Verônica, e o conjunto desse sentimento está além da beleza da moça, o prazer que ela o proporcionava nos encontros a sós e a pena, sim, ele tinha pena dela por ser traída. Ele acreditava que ela estava apenas despertando de um pesadelo e tomaria uma providência em não se casar com Anderson e que no futuro poderia ter uma chance com ela. Enganado ele foi, jamais poderia imaginar que aquela mulher tomaria uma postura vingativa ao ponto de casar com Anderson, é o que dizem: não se sabe o que existe no coração de uma mulher. O fato de está grávida não o convence que tenha sido o único motivo dela ter se casado com Anderson porque os pais são liberais e os tempos são outros. Ele tinha que aceitar de forma amargurada que ela ama Anderson apesar das traições e aceitar como prêmio de consolação o lugar de padrinho de casamento. Decidiu Décio então “jogar a toalha” e não lutar mais contra aquele sentimento de Verônica e Anderson que pode ser de tudo menos amor, sabia que estava sobrando e teria que conviver com a culpa de ter traído a confiança do amigo e a dúvida se o filho que ela espera é seu. Os dois se precaveram em seus encontros amorosos, ela insiste dizer que o filho é do Anderson e parece convencida disso, entretanto existe algo em Décio que o faz duvidar e o que há por trás desta dúvida? Ele tem alguma razão ou não? Certeza ou delírio?

Voltando para a festa de casamento, alguns minutos depois na parte externa da mansão estava Anderson sentado em um quiosque até que Décio se aproxima.

—Onde estava? —perguntou Anderson.

—Por aí. —se senta no banco ao lado.

—Hum. Caçando um rabo de saia, né compadre? —toma um gole do drinque. —aproveita a solteirice, amigo, eu era feliz e não sabia. —deu uma risada.

—Já tá dizendo isso em poucas horas de casado e será que vai aguentar daqui há um ano? —o garçom o serve o drinque e ele toma um gole.

—Você sabe que não estou feliz. Eu queria era tá lá com a minha ribeirinha.

—Fica esperto, Anderson, alguém pode te ouvir. —olhou desconfiado para os lados.

—Eu fico pensando no que será que ela está fazendo agora. Será que já me esqueceu?

—Com certeza não te esqueceu, ela tem um guri que toda vez que olha pra ele lembra de você.

—O guri do mato. —deu um gole no drinque.

—Por que não fala a verdade, Anderson, e esclarece tudo? Você já casou com Verônica, ela já sabe de tudo que aconteceu entre você e a ribeirinha. Registra esse menino.

—Às vezes desconfio que Verônica já sabia de alguma coisa quando foi pra Corumbá.

—Você acha?

—Sim, ela ficou surpresa por ter me visto beijando a Fernanda, mas a reação dela não foi tão emotiva como se espera de uma pessoa que descobre que foi enganada.

—Talvez ela tenha desconfiado de você há algum tempo. As mulheres são espertas para descobrir essas coisas.

—É verdade. O que quero é deixar o passado pra trás, porém, algo me faz querer voltar a Riacho Paraíso, aos braços de Fernanda, minha ribeirinha.

—Somente por ela? E o seu filho?

—O quer que tem ele?

—O que sente por seu filho, Anderson?

—Por que está me fazendo essa pergunta?

—Ora, você é o pai da criança. Anderson, me parece que toda vez que você fala daquele guri você demonstra certo desprezo como se não quisesse se apegar a ele. É estranho porque o guri é seu e da Fernanda, era pra você ter mais carinho por ele do que pelo seu filho com Verônica.

—Décio, não começa, tá? Eu não quero mais falar sobre esse assunto. O único filho que reconheço é o meu com a Verônica.

—Sempre foge desse assunto. Sabe o que eu acho desse seu desprezo e dessa sua falta de atenção por seu filho Inácio? É porque o menino é a prova de que você escolheu o caminho errado. Você queria era está em Corumbá casado com a ribeirinha e cuidando do seu filho e não aqui.

Anderson dá uma risada irônica.

—E você acha que sabe o quê da minha vida, Décio? Não sabia que além de advogado também está metido a psicólogo.

—Sou teu amigo. Talvez um dia essa nossa amizade não continue a mesma, mas apesar de tudo eu quero o seu bem, Anderson, acabe com esse orgulho, quando voltar para Corumbá olhe nos olhos do seu filho e dê amor a ele porque nem todos tem essa oportunidade que você tem.

—Décio, as vezes você parece o meu irmão Rafael cheio de falas com sentimentalismo parece aqueles programas sensacionalistas.

Logo, Verônica aparece e abraça Anderson.

—Do que estão falando? —olha desconfiada para os dois.

—Processos. O que um advogado pode mais falar a não ser disso? —disse o marido.

—Não, hoje é dia de festa e não de trabalho. Vem, meu amor, vamos dançar. —o puxa pela mão.

—A gente se fala depois sobre esse cliente. —disse Anderson.

—Vai lá. —disse Décio.

Verônica e Anderson seguem de mãos dadas para a pista de dança e Décio continua sentado no quiosque e os observando.

Meses depois. Era uma manhã em Corumbá e naquele dia estava Fernanda com Inácio nos braços e Tânia ao seu lado caminhando na calçada, as duas entram em um restaurante chamado Almirante do Pantanal que é propriedade de seu Clemente, uma figura bastante popular na cidade e que naquele exato momento estava servindo uns clientes em uma mesa. O seu Clemente aparenta ter uns cinquenta e poucos anos, estatura média, pele branca, calvo, tem um bigode com alguns fios grisalhos, vestia uma blusa estampada florida e uma bermuda jeans branca e chinelos, tem no bolso da camisa um pequeno caderno e a caneta onde anota os pedidos da clientela.

—Bom dia. —disse Fernanda.

Seu Clemente estava de costas e se vira para elas e o bebê.

—Bom dia, mocinhas. Fiquem à vontade. O que vão pedir?

—Eu não vim comer no restaurante. Eu vim pra saber se ainda precisam de uma cozinheira? —Fernanda o perguntou.

—Ah, sim, eu ainda estou procurando uma pessoa para cozinhar porque o cozinheiro foi embora cansou do pantanal e foi morar na capital. Deixa eu me apresentar eu sou Clemente, o dono do restaurante.

—Eu me chamo Fernanda e esse é meu filho Inácio e essa é minha amiga Tânia, ela veio me acompanhar.

—Prazer conhecer vocês e esse bebezinho lindo que tem os olhos da cor do céu. —apertou levemente a bochecha do bebê.

—Eu preciso muito desse emprego e cozinho bem.

—Sei que sou suspeita em falar por ser amiga da Nanda, mas ela tem as mãos de fadas e a comida dela fazia o maior sucesso na comunidade todo mundo queria provar um pouquinho.

—O que sei aprendi desde criança com a minha mãe.

—Bom, Fernanda, podemos fazer um teste e se os clientes gostarem da sua comida você pode ficar e a carteira é assinada porque eu gosto de deixar tudo certinho pra não ter problemas depois.

—Posso começar agora?

—É claro.

—Obrigada, seu Clemente pela oportunidade e espero que os clientes se agradem com a minha comida.

—E eu espero que dê certo porque esse restaurante está uma loucura sem um cozinheiro e está cansativo pra mim ficar aqui e lá na cozinha.

—Deixa eu me despedir do meu filho. A mamãe vai trabalhar e você vai ficar com a tia Tânia. Se comporta, meu amor. —o beija o rosto e entrega para a amiga.

—Eu vou cuidar bem dele. Vou passar a minha folga da fazenda com o Inácinho me fazendo companhia. Boa sorte, amiga.

—Obrigada. Tchau, Tânia.

—Tchau.

Tânia sai com o menino nos braços e segue em direção a calçada e Fernanda os observava parada na porta do restaurante e sentia por um lado não queria se afastar do filho, mas por outro sabia que tinha que trabalhar porque não quer depender do Anderson, então, aquela separação mesmo que temporária era necessária.

—Eu vou te mostrar onde fica a cozinha. —disse seu Clemente.

Seu Clemente conduz Fernanda para dentro do restaurante.

Em um hospital particular na capital estava na sala de cirurgia sendo realizada a cesariana em Verônica, ela dava a luz ao seu filho Darlan, enquanto Anderson se encontra ao seu lado.  A enfermeira entrega o bebê, que chorava, nos braços da mãe.

—Por que está chorando, meu amor? Tá tudo bem, Darlan, já passou. —acarinhou as costas do bebê. — É a mamãe e esse é o seu papai. —beija o rosto do bebê.

—Meu filho. —olha para o bebê emocionado e o beija na testa.

—Anderson, ele nasceu com os olhos azuis como os seus.

Anderson lembrou de Inácio e percebeu o quanto Darlan se parece com o irmão tendo nascido com os mesmos olhos azuis iguais aos dele.

—Vou levar o bebê para a observação e mais tarde ele vai para o quarto fica com a mamãe e o papai. —disse a enfermeira ao lado.

—Daqui a pouco a gente se ver de novo, meu amor. —a mãe beijou a testa do bebê.

A enfermeira levou o menino e Verônica percebe que Anderson está reflexivo e em silêncio.

—O que foi?

Anderson sair do transe que se encontrava.

—O quê?

—Você estava todo feliz e de repente ficou assim sério e sem falar mais nada.

—Só estou emocionado com o nascimento do nosso filho.

—Viu como ele se parece com você?

—Sim, são os mesmos olhos azuis que eram de minha mãe e era isso que estava me lembrando.

—Darlan é seu primogênito e o seu único filho homem.

—Já sei o porquê está me dizendo isso. Não precisa ficar repetindo a todo momento.

—Está incomodado? O que quer dizer, hein? Mudou de ideia e vai atrás da sua rameira pantaneira e do bicho do pantanal que você teve com ela?

—Por favor Verônica não vamos brigar aqui na sala de cirurgia. A sua cessaria ainda não terminou. Relaxe e pense no nosso filho.

—Gosto quando se preocupa comigo. —acarinha o rosto dele.

Anderson olha sério para Verônica que sorrir vitoriosa.

No final da tarde, no quarto do hospital estava Verônica sentada na cama e segurando o bebê nos braços e Anderson em pé ao lado.

—É uma pena que os meus pais ainda estão no Rio de Janeiro e não puderam está aqui para ver o Darlan nascer.

—Quando eles voltam de viagem?

—Mamãe me disse por telefone que vão antecipar o retorno e vão voltar amanhã. Eles estão ansiosos para ver o neto.

—Darlan pegou a gente de surpresa.

—Pelas contas do médico era para ele ter nascido daqui há duas semanas, mas nosso baby foi apressadinho e estava com pressa para conhecer a mamãe e o papai, não é meu amor? —acarinhava as mãos do bebê.

 De repente alguém bate na porta e Anderson segue em direção a porta.

—Quem será? —abre a porta e ver Décio com um buquê e um urso de pelúcia.

—Vim conhecer o meu futuro sócio. —sorriu.

—Entra Décio.

Verônica disfarça, porém estava irritadíssima por ver Décio.

—Boa tarde, Verônica.

—Boa tarde. —respondeu secamente.

O celular do Anderson toca.

—É um cliente, eu vou atender lá fora, com licença. —saiu.

—O que está fazendo aqui?

—Vim visitar o menino, não posso?

—Não, não pode porque sei que quer arranjar problemas.

—Eu quero ver o meu filho. Eu sei que ele é meu.

—De novo essa estória? Você não se cansa disso? Entenda de uma vez por todas que o Darlan é filho do Anderson.

—Me deixa pelo menos segurar o menino? —colocou o buquê e o urso de pelúcia em cima do sofá.

—Não, para quê?

—Pra ver se ele tem alguma coisa parecida comigo.

—É quem sabe depois de vê-lo você se convence que é do Anderson. —entrega o menino nos braços dele.

Décio olha emocionado para a criança e caminha pelo quarto.

—Ele nasceu com os olhos azuis iguais do pai. Agora se convenceu que ele não é seu filho?

—Isso não significa nada porque sou descendente de italianos e meu avô materno tinha olhos azuis como os dele.

—Décio, para de tentar forçar uma situação que não existe porque se você continuar eu vou fazer um jeito de convencer o Anderson desfazer a sociedade e se afasta de você para sempre. Essa sua insistência me assusta e não é normal. Procure uma ajuda, um psiquiatra, talvez a sua vontade de ser pai esteja mexendo com você ou a sua inveja.

—Inveja?

—Sim, você tem inveja do Anderson, quer ser ele e não pode. Quer tudo dele, a carreira, a mulher e o filho. Cuidado Décio isso pode está se tornando uma obsessão.

Anderson entra.

—Era aquele cliente que quer entrar com uma ação contra um banco.

—Sei do que se trata. Bom, eu vou ter que voltar para o escritório. —entrega o menino para o amigo. —Parabéns pelo seu filho.

—Obrigado.

—Tchau. —saiu.

Semanas se passaram e no começo da noite numa mata no povoado de Riacho Paraíso, estava o índio Raoni, um nativo com idade de vinte anos, cabelos negros e lisos, olhos negros, pele vermelha, pinturas tribais pelo corpo, usava uma bermuda marrom até os joelhos, e sem camisa, um cocar feito de penas coloridas sob a cabeça e segurando nos braços a sua filha recém-nascida Anahí que estava enrolada em uma manta vermelha.  Quatro garimpeiros estavam à procura do índio Raoni e portando armas.

—Apareça índio maldito!—disse um garimpeiro.

—Vamos fazer com você o que fizemos com aquela índia atrevida! —o outro garimpeiro deu uma gargalhada.

—Acho que ele foi por ali. —disse o terceiro garimpeiro.

O índio Raoni se escondeu atrás de uma árvore e ao ver os garimpeiros caminhando em outra direção, então, ela correu, porém, um dos garimpeiros o ver.

—É o índio! O índio está fugindo! Atira! Atira!

Os garimpeiros começaram a correr atrás do índio e atirar na direção dele até que uma bala atinge as costas dele. O índio sente o impacto do tiro, cai no chão, olha para atrás e ver seus inimigos se aproximando, toma um impulso se levanta e sai correndo até chegar na estrada. Ele pula a cerca e ver um cavalo amarrado, desamarrar o cavalo, sob em cima e sai cavalgando em alta velocidade e os garimpeiros pulam a cerca e dão vários tiros em direção a ele.

Na fazenda Dois Rios, na sala do casarão estava Luana sentada lendo uma revista até que Jacinta entra assustada pela porta da frente.

—Dona Luana, a senhora precisa ver o que tem lá fora.

—O que aconteceu, Jacinta?

—É o índio Raoni, ele levou um tiro e está com um bebê nos braços.

—Meu Deus! —saiu desesperada.

Na parte externa do casarão em frente a varanda estava o índio Raoni sagrando pelas costas em pé ao lado do cavalo e com o bebê nos braços. Luana se aproxima. Começa a chover.

—Raoni! Raoni! —correu em direção ao índio. —O que aconteceu? —olhou nos olhos dele.

—Raoni fugir de garimpeiros…mataram…Potira. —falava com dificuldade por causa do tiro que levou.

—Não, não pode ser. Por que a mataram? —nervosa.

—Por causa da…nascente…eu fugir…eles atiraram em Raoni…cuidada da curumim…cuida… —olhava nos olhos de Luana e sentia seu corpo cada vez mais enfraquecer.

—Você vai ficar bem, Raoni, vai sobreviver.

—Não…Raoni sente o grande espírito chamar…cuida da Anahí, cuida da curumim…me prometa…Luana.

—Eu cuido dela. Eu prometo.

Luana pega a menina dos braços de Raoni e de repente ele abre um sorriso e cai morto no chão.  A fazendeira se desespera e se ajoelha ao lado do corpo do índio e começa a chorar.

—Raoni! Não!

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