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O Diário de Lucca: Capítulo 7 – Final de Semana

Lucca chegou a sua casa na madrugada de sexta para sábado havia colocando Arthur para dormir com a ajuda do seu pai. Ele iria passar a noite ali com o melhor amigo até que em um impulso totalmente humano ele roubou um beijo do garoto que se encontrava inconsciente. Ficou com tanta vergonha daquele ato sem consentimento que decidiu voltar para sua casa e dormir em seu quarto. Fez o mínimo de barulho para não acordar seus pais e entrou no banheiro para jogar uma água morna em seu corpo antes de se deitar para dormir.

Enquanto a água caía sobre sua cabeça e relaxava seu corpo a sua mente trouxe memórias do acontecimento de alguns minutos atrás. A maciez dos lábios de Arthur ainda estava presente em forma de sensação enérgica nos seus. Foi um selinho rápido e mesmo assim pode sentir toda a doçura de sua boca.

Não conseguia segurar seus hormônios aquela não seria a primeira vez que faria aquilo, mas sim a primeira com o seu amigo em mente. As imagens do corpo e da boca de Arthur passavam em sua mente e logo as imagens se transformaram em ações, ações quais ele nunca tinha feito antes, mas possuía o conhecimento necessário para imaginar graças a vídeos de fácil acesso na internet. Sua mão desceu pela a linha abaixo da sua cintura, enquanto imaginava ele e o melhor amigo sobre uma cama as suas mãos faziam o trabalho sujo.

Quando chegou ao seu auge limpou a sujeira que fez e continuou com o banho até se sentir limpo novamente. Vestiu uma bermuda e uma camisa regata e em seguida deitou na sua cama, começou a pensar:

Seria justo usar Dario para esquecer seus sentimentos por Arthur? Ter ele como um substituído não seria uma forma de ofendê-lo? Mesmo assim Lucca precisava ter alguém para substituir o melhor amigo em seu coração e em seus desejos sexuais, não queria ver onde aqueles sentimentos o levariam.

Passou o sábado todo esperando por uma mensagem ou áudio do amigo, mas não recebeu e também quando puxou assunto as suas mensagens não obtiveram respostas. Talvez ele estivesse com ressaca, pensava Lucca, quando voltava a focar seus pensamentos nos vácuos que estava tomando. Para se distrair, sentou em sua cama e pegou seu notebook, decidiu fazer aquela maratona de Grey’s Anatomy o que, com toda a certeza, deixaria sua mente afastada de Arthur por muitas horas.

Na metade do segundo episódio da maratona recebeu uma mensagem. Quando pegou seu smarphone viu que era de Dario:

“eai tudo bem? Fznd o q?” dizia a primeira mensagem.

“nada demais, trancado no meu quarto e com tédio *emoji sorrindo*” respondeu Lucca.

Em seguida Dario enviou mais uma mensagem:

“eu to aqui na praça, com uns amigos. Quer vir?”

Olhou para a tela do seu computador e avaliou o que seria melhor? Seria mais eficaz tirar Arthur de sua cabeça saindo para ver outras pessoas também porque o melhor amigo morava logo ali na esquina. Enviou que estaria na praça o mais rápido possível. Lucca correu para o seu armário e escolheu as melhores roupas que julgava ter, então, entrou para o banho e na água gelada se duchou rapidamente para seu corpo se livrar do calor que estava fazendo naquela tarde.

Ao avisar seus pais que iria subir no centro para se encontrar com um amigo, uma coisa que pegou eles de surpresa já que Lucca saía de casa uma vez na vida e outra na morte, seu pai lhe deu trinta reais para poder comer alguma coisa na rua. O adolescente agradeceu e então foi correndo para a parada de ônibus, já que o horário da linha, apesar de ser uma regra, não era 100% seguida por todos os motoristas.

Quando chegou à praça do centro, ao lado do calçadão com os comércios e lanchonetes, Lucca conseguiu avistar de longe (mesmo com sua visão um pouco ruim) o universitário que conheceu na noite passada com um grupo de amigos, parecia todos muito entrosados e íntimos aquilo lhe deu um frio na barriga e um medo de se aproximar. E se ele não for aceito pelo o grupo? Afinal seria um parasita naquele encontro, talvez devesse voltar para sua casa e mandar uma mensagem dizendo que passou mal do estomago ou que machucou o pé enquanto saía.

Era tarde de mais para fazer qualquer coisa porque Dario o avistou ali parado e, então, sorrindo o chamou para se aproximar com movimentos de mãos. Lucca primeiro sorriu nervoso acenando de volta e se aproximou devagar. Seus dedos não paravam de passear pelas as costas de sua outra mão, uma das formas que a sua ansiedade em um nível primário se manifestava.

Os amigos de Dario sorriram e cumprimentaram Lucca quando ele sentou ao lado do seu novo amigo, as apresentações começaram.

De todo o grupo a pessoa que ele mais gostou de conhecer foi uma garota chamada Caroline, estava cursando bacharelado em história e também amava a música popular coreana (como todos os reunidos ali). O segundo nesse ranking seria Bernardo, um garoto afeminado, Lucca amava as gays afeminadas, ele os via como todos deveriam vê-los, ou seja, os responsáveis pelos LGBTs terem seus direitos de ir e vir.

— O que achou da festa ontem? — perguntou Dario de repente saindo do assunto que o grupo todo estava envolvido para voltar sua atenção exclusivamente ao rosto novo ali presente.

— Eu gostei, foi a minha primeira festa na antiga estação ferroviária deu um gostinho a mais… Como se fosse em um daqueles filmes cult, sabe o que eu quero dizer? — Lucca riu. — É eu gostei.

— Mas você ficou o tempo todo falando comigo.

— Deve ter sido por isso que eu gostei. — sorriu Lucca e em seguida Dario fez o mesmo.

— Uma pena que você teve que levar o Arthur para casa, né. Mas me diz, como ele ficou? Ele parecia muito bêbado, eu já tinha visto ele loucão outras vezes, mas como ontem… — riu Dario enquanto falava.

Lucca soltou uma risada fraca, lembrou de quando deixou o seu melhor amigo em casa e do beijo que roubou dos seus lábios enquanto o mesmo dormia.

— Coloquei ele para dormir e depois fui para minha casa. — riu Lucca.

— Mas não ficou para ver se ele ficaria bem?

— Bem… Bem, os pais dele estavam em casa. Eu não precisava ficar, também se eu não chegasse em casa teria que ouvir dos meus pais.

— Hmm entendi. — sussurrou Dario, depois de alguns minutos em silêncio voltou a falar, perguntando o seguinte:

— Você e o Arthur são amigos desde quando?

— Desde crianças. A gente não chegou a estudar juntos, não nos conhecemos na escola, foi no bairro em que moramos. Costumava ter uma locadora de jogos onde eu gostava de ir jogar Tekken 5 sozinho ou com meus primos. A gente se conheceu lá, bem… O resto das minhas memórias são bagunçadas. Esse dia ainda está firme na minha cabeça. — soltou uma risada involuntária ao lembrar com detalhes daquele dia em particular.

— O que foi? — perguntou o universitário curioso para saber o que era engraçado.

— É que… É que a primeira impressão do Arthur não foi exatamente boa, ele me pareceu arrogante. Por isso não sei exatamente quando e porque ficamos amigos, mas aconteceu de alguma forma.

Dario ficou em silêncio, parecia estar analisando Lucca e isso começava a deixa-lo nervoso.

— Você gosta dele?

— Como amigo? Claro. — respondeu Lucca nervoso.

— Não, como mais que um simples amigo.

— Ele é meu melhor amigo. — disse o adolescente tentando não demonstrar sua falta de calma com aquele assunto. — É como um… Como um irmão para mim, quer dizer, eu não tinha muitos amigos, posso dizer que não haviam amigos na minha vida até a chegada do Arthur, então. — deu de ombros ao terminar de falar.

— Eu entendo. — concluiu Dario abrindo um pequeno sorrindo no final.

De volta ao seu quarto, quando a noite estava começando a aparecer, Lucca pensou em como conheceu Arthur, as memórias embaralhadas em sua mente não davam uma resposta clara ou satisfatória. Talvez alguma coisa em suas lembranças diriam o porquê de ele ter se apaixonado pelo melhor amigo depois de tanto tempo, mas como ele poderia ter acesso a essas memórias tão bem escondidas em seu subconsciente?

Sentou em frente ao seu notebook e no YouTube procurou por áudios que ajudassem em regressões. “Se eu não reviver as minhas memórias antigas, isso quer dizer que fui além e voltou para uma vida passada minha” pensou Lucca enquanto procurava por um vídeo que demonstrasse ser o mais adequado e verídico. Pegou o notebook e colocou ao seu lado na cama, quando encontrou o vídeo que pareceu ser perfeito. Pôs os fones de ouvidos e deitou na cama, fechou os olhos quando deu play.

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