Juca aperta o gatilho, porém não ocorre disparo, pois o revólver está sem balas para a sorte de Roberto que encara aliviado.

Juca: Que pena, tá descarregada, tô sem munição. Pior pra você, porque será doloroso. – tira um canivete de tamanho médio do bolso da calça.

Aponta a lâmina para Roberto que observa silenciosamente e Carolina fica preocupada.

Roberto: Pode vir, não tenho medo.

Juca se aproxima de Roberto com passos lentos até que o mesmo avança sobre o adversário, segura o braço que carrega o canivete com muita agilidade. Depois golpeia com vários socos no rosto, mas Juca reage sufocando seu pescoço com uma das mãos, a outra solta a arma e pega no braço de Roberto para evitar as pancadas, porém leva um chute na barriga e se afasta.

Por causa do chute, Juca acaba caindo, passa a mão no rosto para limpar o sangue do nariz. Só então Roberto repara que levou um corte no braço esquerdo que sangra.

Juca: Seu desgraçado, isso não ficará assim, vai ter volta! – recua e foge pela mata.

Roberto: Como está? – oferece a mão para Carolina se levantar.

Carolina: Tô bem. Você que está com o braço sangrando.

Roberto: Não se preocupe, cortezinho bobo. Tem que se cuidar com esse doido!

Carolina: Nem sei nem como agradecer, obrigada. Obrigada mesmo por me salvar. – após se levantar.

Roberto: Qual o seu nome? – repara nos olhos dela.

Carolina: Carolina.

Roberto tem uma rápida lembrança da infância.

Roberto: Vem, suba no cavalo, eu te levo à sua casa.

Carolina: Não precisa, eu moro perto.

Roberto: Carolina pare de graça! Acha que vou deixar você andando sozinha com o maluco solto por aí? Vem, sobe, pode vir. Segura firme na minha cintura ou cairá do cavalo, pode segurar, eu não mordo. – enquanto ele falava, Carolina se aproximou devagar e com alguma dificuldade subiu no animal. Os dois partem pela trilha.

Carolina: É aqui mesmo no bar. Obrigada, viu?

Roberto: Carolina, queria me desculpar pela maneira que te tratei hoje de manhã, eu…

Carolina: Não importa. A sua ajuda vale por qualquer desculpa. – ela desce do cavalo e vai em direção ao simples casebre que possui um bar na entrada. Maria nota a chegada do casal.

Roberto observa Carolina e ao passar pelo balcão, ela se vira pra vê-lo partir.

Maria: Tudo tranquilo Carolina?

Carolina: Sim mãe.

Maria: Por que você voltou montada no cavalo daquele rapaz?

Carolina: Ele estava passando pela mata, depois te conto mãe! Vou me arrumar pra faculdade.

Nesse momento aparece Eduardo buzinando. Em seguida Catarina chega.

Eduardo: Cacá, Cacá! Diga a Carolina que estou esperando.

Catarina: Ok.

Catarina entra no quarto de Carolina que estava guardando alguns livros na mochila.

Catarina: Tia, o Edu está lá fora.

Carolina: Já tô indo Cacá. – pega a mochila e sai rapidamente.

Carolina: Edu!

Eduardo: Oi Carol.

Catarina observa a tia entrar no carro de Eduardo, porém sua mãe a pega pelo braço.

Isadora: Onde estava, hein mocinha?

Catarina: Calma, fui na casa de uma amiga da escola.

Isadora: Eu e sua vó preocupadas com você! Seus irmãos contaram que o bandido do Juca armou a maior confusão na saída da escola!

Catarina: Tô assustada até agora. Ele matou dois policiais da viatura e ameaçou me matar também, aquele cara é um louco!

Isadora: E como você desaparece desse jeito Catarina? Deveria ter voltado da escola junto com seus irmãos!

Catarina: Mãe, quantas vezes disse que não gosto que me chame de Catarina, me chama de Cacá, por favor!

Isadora: Seu nome é Catarina! Catarina! Queira você goste ou não! Pensa que vou permitir que continue se comportando que nem um moleque? As coisas vão mudar, você não usará essas roupas e nem ficará vagabundando! – pega na gola da camisa de Catarina.

Catarina: Mãe, eu não estava vagabundando, tava na casa da minha amiga, pedi pro Guilherme avisar a vó. – ela aponta os olhos pra Guilherme que ouvia a discussão junto do irmão gêmeo.

Gustavo: Amiga? Kkkk! Que amiga? Ela tá encontrando a filha do catador de latinhas na escola! Vi as duas trocando beijinhos várias vezes! Mãe, será que não percebeu? A Catarina é sapata. Sapata, entendeu? Diz a verdade Catarina! Conta que você tá namorando a filha do lixeiro!

Isadora: Como é? Fala Catarina!

Catarina: Não, não mãe, eu não sei de onde…

Gustavo: Tenta esconder não pirralha! Quase todo mundo está sabendo que sua filha é uma sapatona, abre o olho mãe. – ele sai de cena enquanto Zeca bebe um copo de água e acompanha boa parte da conversa.

Catarina: Cala a boca Gustavo! Se quiser saber, é verdade mesmo! Eu gosto da Mel e a gente pretende ficar juntas, você querendo ou não mãe!

Isadora: Catarina espera!

Zeca: Deixa!

Isadora: Você ouviu Zeca? A Catarina está se tornando uma aberração, se envolvendo com a cria do bêbado nojento!

Zeca: Ah Isa, pare de tempestade! A Cacá tem dezesseis anos, é uma adolescente! Tá mais do que na hora dela decidir do que gosta! Se ela está apaixonada por essa garota e daí?

Isadora: Como assim e daí? A nossa filha se jogando no mau caminho e você não fará nada? Zeca presta atenção! A Catarina está ficando com aquela menina do catador de lixo!

Zeca: Ela não é mais criança, tá quase com dezoito, pare de drama! Você quer que eu faça o quê?

Isadora: Você é um imprestável! Um imprestável! – Isadora o encara nessa última fala.

Isadora: Mas eu não vou deixar a nossa filha se contaminar com aquela gente! – Isadora vai pra cozinha e deixa Zeca sozinho com Guilherme.

Zeca: Então filho, eu vim te buscar, vamos pra mata?

Guilherme: Está tarde pai, quase anoitecendo.

Zeca: Vamos logo que dá tempo da gente pegar alguma coisa.

Zeca e Guilherme saem, mas Maria os observa enquanto serve um cliente do bar.

Maria: Onde você pensa que tá indo com meu neto, posso saber?

Zeca: Pode saber não velha enxerida, vai cuidar dos seus cachaceiros, vai!

Ela olha com raiva e Guilherme sobe na garupa da bicicleta do pai. Maria fica curiosa ao ver eles sumirem pela estradinha de terra.


Rodrigo lê uma página de jornal sentado na poltrona da sala e sua filha Laura passa maquiagem no rosto em outro sofá ao lado com um espelhinho, de repente um celular começa a tocar.

Rodrigo: Não vai atender Laura? É o seu que está tocando.

Laura: Alô? – quando aceita a ligação. 

Lúcia: Laura, minha filha… – fala a mulher do outro lado da linha.

Laura: O que você quer mãe?

Lúcia: Só queria te avisar que aluguei uma casa em São Paulo, te enviei o endereço por mensagem. Venha me visitar, por favor? Quero muito conversar…

Laura: Não tenho nada pra falar com você .

Rodrigo: Me dá esse celular. Escuta Lúcia! Deixa a minha filha em paz, entendeu? Nem eu e nem a Laura perdoará o que fez, vá para o inferno sua desgraçada! – ao tomar o aparelho.

Lúcia ouve o desabafo de Rodrigo e atira o telefone dela na parede.

Lúcia: O maldito do Rodrigo está destruindo a vida da Laura, o que vou fazer? – resmunga sozinha ao sentar numa cadeira.

Rodrigo: Escutou o que eu disse? Alô? Acho que a vaca desligou. O que ela queria?

Laura: Queria que eu a visitasse em São Paulo, enviou o endereço por mensagem.

Rodrigo: Anote o endereço pra mim. Logo, logo eu vou precisar. Cedo ou tarde irei atrás daquela traidora me vingar. – pega um pouco de vodca com gelo na estante da sala.

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Música de encerramento: Alan Walker – Faded Tema: Livre

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