Rodrigo e Lúcia se encaram.
Lúcia: As lembranças machucam tanto assim?
Rodrigo: Dói na alma. Só tinha dezesseis anos. Após a tragédia, Moisés me encontrou perdido nas ruas. Fui morar com ele, ajudou no momento que eu mais precisava. Logo te conheci rodando bolsinha nas esquinas. Nos apaixonamos e casamos em seguida. Quando a Laura nasceu, percebi a chance de impor justiça.
Lúcia: A Laura não tem culpa, não merece se tornar uma peça das suas armações!
Rodrigo: Nunca obriguei a Laura. Ela absorveu o sofrimento dos inocentes que os Corais massacraram pra aumentar a fortuna. Havia bastante chácaras no vilarejo… Jorge comprava uma por uma entre os aliados no esquema: o tabelião do cartório e delegado! Falsificava a assinatura de venda das propriedades e destruía qualquer pessoa que se recusava.
Lúcia: Deveria denunciar às autoridades. Resolveria a situação da forma correta Rodrigo!
Rodrigo: Ninguém desafiava o poderoso da região! O fazendeiro dominava a polícia e todos ao redor! Aquele que o maldito não convencia, simplesmente esmagava! Ainda lembro do barulho da camionete chegando. Meu pai Francisco e minha mãe Marta desconfiavam. Permaneceram lá firmes e fortes. Insistiram pra que eu saísse antes do assassino entrar. Me escondi feito um rato covarde ouvindo os tiros. Jorge botou fogo na residência, sorte que consegui fugir pelos fundos. – lágrimas caiam dos olhos.
Lúcia: A vingança não pode trazê-los de volta, muito menos as vítimas que se foram.
Rodrigo: Mas é o único jeito de satisfazer a raiva que sinto!
Lúcia: Não vim discutir com você Rodrigo. Repetindo o que informei, almejo paz, encerrar as brigas e selar uma amizade. Recomeçar a relação. Amigos?
Rodrigo: Amigos! Concordo, eu te perdoo. Vamos recomeçar! Indo buscar uma nova bebida, aceita?
Lúcia: Faço questão de comemorar! Feliz que finalmente esqueceu o rancor. Pra quê guardar ódio?
Rodrigo: Realmente Lúcia. Perdoando você de coração.
Rodrigo caminha até a estante. Coloca gelo servindo a garrafa de uísque na taça, aproveita a oportunidade de costas encobrindo a gaveta e retira uma faca devagar pra Lúcia não reparar. No entanto, é surpreendido por uma pancada na cabeça da estátua de bronze que ela pega na mesa.
Ao notar Rodrigo desmaiado, Lúcia corre em direção da garagem e arranja um galão de gasolina.
Isadora carregava as malas na casa nova e se esbarra no Zeca.
Zeca: Isa, onde pretende ir?
Isadora: Zeca…
Zeca: Não diga nada. Gustavo me contou. Decepcionado Isadora, não é pela traição…
Isadora: Zeca, tô com pressa!
Zeca: Acha que pode escapar dessa maneira ignorando o que fez? – segura o braço de Isadora.
Isadora: Do que você fala?
Zeca: Encontrei as roupas sujas de sangue e entreguei na delegacia. Você matou o Carlos, né?
Isadora: Me acusando? Enlouqueceu? Que barulho é esse? Sirene?
Zeca: Não adianta mentir. A polícia veio te levar.
Isadora: Eu lutei pra defender os planos e o segredo do Rodrigo, meu grande amor. Um Caipira burro como você não compreende! – resmunga ao ser algemada por policiais e arrastada pra viatura.
Laura desce as escadas seguindo o barulho de campainha no casarão da fazenda Corais. Abre a porta e se assusta.
Carolina: Cadê o Roberto, hein? – empurra Laura.
Laura: Invadindo na cara de pau! O que você deseja?
Carolina: Roberto! Roberto, aparece! – pronuncia ao investigar os cômodos.
Carolina procura angustiada e não localiza Roberto. Enfrenta Laura na sala.
Laura: Satisfeita? O príncipe não está no palácio! Cai fora! Fora!
Carolina: Desgraçada! – puxa a alça do vestido de Laura.
Laura: Você vai embora agora, ordinária! – mete um tapa nela.
Carolina: Cretina! – revida no rosto de Laura.
Laura: Eu disse pra sair! – é arremessada no chão por Carolina que avança sobre a rival.
Carolina: A Lúcia contou o que planeja, não deixarei prejudicar o Roberto! Não mesmo! – começa a bater em Laura.
Laura: Se soubesse a verdade, entenderia que o monstro da história é ele. Você não será capaz de me impedir! – a chuta atingindo o estômago. Ao se levantar, agarra o pescoço de Carolina e joga ela contra parede.
Carolina: Não imagina com quem se meteu! – reage dando um soco que a derruba.
Laura se ergue, subindo ao quarto e Carolina desaparece do lugar.
Laura: Cansei da palhaçada! – mostrando um revólver que alcança no armário.
Lúcia espalha o combustível no corpo de Rodrigo e na moradia.
Lúcia: Terá o que plantou Rodrigo. Final igual ao da família. – ascende um fósforo e descarta no piso.
Lúcia observa tranquilamente de longe a chama queimando o local.
Carolina avista Roberto no celeiro distraído alimentando o cavalo.
Carolina: Roberto!
Roberto: Carolina?
Carolina: Bom te ver! – se abraçam.
Roberto: O que pretende aqui?
Carolina: Roberto… Escuta! Corre risco de vida!
Roberto: Risco de vida?
Laura: Desculpa interromper a conversa. – aponta a arma na direção deles.
Roberto: Calma Laura! Abaixa isso!
Laura: Hora de pagar as terras roubadas Roberto. Pisando na propriedade de Francisco e Marta que foram assassinados. Jorge falhou, restou um sobrevivente, o velho não suspeitava do Rodrigo!
Roberto: Rodrigo… Ele estava envolvido na época?
Laura: Então você sabe?
Roberto: Eu sei Laura. Era apenas uma criança de cincos anos. Recordo do Jorge avisando: aguarde na camionete! Não obedeci. O vi atirando no Francisco e na Marta depois da discussão com o casal que não aceitou dinheiro oferecido pra desocupar as terras. Observei o incêndio consumir a estrutura e tudo virar cinzas. Também sou testemunha de outros crimes e cúmplice das maldades durante o período de crescimento do império Corais. Me transformei num monstro que nem o Jorge, escondendo os crimes que cometeu. Acabe de uma vez Laura. Aperta o gatilho.
Carolina: Roberto! – é afastada por Roberto.
Roberto: Atira Laura! Atira se tiver coragem!
Ela cumpre a ameaça. A bala acerta o peito esquerdo de Roberto que tenta permanecer em pé, porém a dor é terrível, se apoia na parede, as pernas não aguentam. Despenca de joelhos enquanto o sangue escorre na camisa e Carolina grita chorando.
Carolina: Nãooooo… – se aproxima desesperada de Roberto, lambuzada de vermelho ao tocá-lo.
Laura some no carro dela estacionado na entrada. Carolina prossegue deitada em cima do rapaz.
Carolina: Roberto…
Roberto: Confesso que te amo Carolina. Te amo pra caramba! Pena que terminamos numa cena tão cruel.
Carolina: Não me abandona, não abandona o nosso filho! O bebê que estou esperando é seu. É seu filho!
Roberto: Cuida bem dele pra mim… – pronuncia nos últimos suspiros.
Carolina: Não… Não morre, por favor!
Seis meses se passam.
O tempo voa. Carolina visita o cemitério e Zeca acompanha. Ela senta ao lado do túmulo de Roberto.
Carolina: Infelizmente não pudemos ficar juntos. Prometo que vou proteger o maior presente que me deu. Ele terá um nome lindo. Roberto. – exibe a bela barriga redonda.
FIM…
Fim nada!!!! Pegadinha do malandro! Kkkkkkk! Foi enganado.
Pensou mesmo que acabou? Errado. Acha que não tem mais nada pra acontecer nessa história? Agora sim é que pega fogo, vai bombar! Restam apenas 15 capítulos!
Spoiler! Revelar alguns acontecimentos da nova fase:
Vinte anos após…
– Vinte anos se passam. Filho de Carolina tem o mesmo nome do pai, será conhecido pelo apelido “Beto”. Ele é quase um retrato de Roberto na aparência, tirando a barba e possui um piercing no nariz, sobrancelha, brinco na orelha e tatuagens.
– Além do visual ousado, Beto se envolve em um novo segredo logo de cara com um personagem já conhecido (é claro que não poderia faltar o suspense).
– Laura voltará. Com uma nova identidade, pra se esconder principalmente por causa de Carolina que não superou o assassinato. E adivinha? Ela se aproxima do Beto. Mas o que Laura quer com ele? Descubra na leitura.
– Outro nome surge bombando ao decorrer dos capítulos. Quem?
– Menos episódios, recheada de emoções, se prepare pra ficar chocado, pode crer (15 capítulos que completam os 60 previstos no início da obra).
Te encontro no dia 09/06/2021 na segunda parte de Animais Racionais!
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Música de encerramento: The Climb Tema: Livre