Helena fica admirada com o que acaba de ver.

Laura: Helena? – após alguns segundos de silêncio e sem reação, então Carlos se levanta assustado.

Helena: Como tem coragem? A noiva e o melhor amigo do meu filho se esfregando aqui na fazenda… – põe as mãos sobre a cabeça.

Laura: Calma Helena, não é o que você tá pensando, eu posso explicar… – é interrompida por um tapa na cara dado por Helena.

Helena: Eu tô vendo muito bem sua safada, não precisa me explicar!


Alguns metros dali, Jorge está preocupado e fala sozinho procurando algo perto da camionete, vasculha os bolsos da calça.

Jorge: Que droga, onde deixei a chave da camionete? Só posso ter derrubado no chão!


Voltando a cena anterior, Laura olha com raiva para Helena ao tocar o rosto e sentir o impacto do tapa.

Laura: Sua velha desgraçada, você me bateu!

Helena: Merece bem mais que esse tapa! A máscara caiu! Vou te dar uma surra pra aprender a lição! Quanto tempo está enganando o meu filho, sua cobra?

Laura: Me solta, solta o meu cabelo! – grita ao ser atacada por Helena que agarra seu cabelo e começa a tapeá-la, Laura reage.

Carlos: Parem com isso, parem agora as duas! – tenta separá-las, até que Laura empurra Helena da beira do penhasco que rola ladeira abaixo e atinge uma rocha. O casal olha de cima em choque o sangue dela escorrer.

Carlos: Ah meu Deus, ah não! O que você fez Laura?

Carlos: Será que ela está morta? – desesperado ao vê-la caída.

Laura: Espero que sim, ela teve o que mereceu. – fala com frieza ao colocar a blusa e pegar o short.

Laura: Vamos rápido! Antes que alguém apareça!

Carlos: Mas Laura…

Laura: Anda logo! Entra nesse carro! Me dá a chave! – liga o carro.


Jorge não percebe nada e pega a garrafa de água na camionete após encontrar a chave pela trilha. Sai a procura da esposa e a chama pelo nome, porém como não tem resposta resolve entrar na mata, aproxima do penhasco e se depara com a cena cruel. O desespero toma conta dele que resolve descer o barranco e acordar a esposa.

Jorge: Helena! Helena, meu amor, Helena! Fala comigo Helena, não pode ser… Nãooo! – grita chorando com as mãos sujas de sangue da mulher.


Maria tenta abrir a porta do quarto com um martelo para quebrar o cadeado da corrente.

Maria: Calma Cacá, eu vou tirar você daí!

Com esforço ela consegue quebrar e abraça a neta que estava trancada.

Catarina: Vó…

Maria: Não disse que ia te tirar? Como a sua mãe pode ser tão má? Deixar você trancada sem água e comida?

Catarina: Obrigada vó.

Maria: Vem, tem alguém te esperando. – a leva para frente do bar onde se surpreende com Melissa e Moisés no balcão.

Catarina: Mel? – ela a recebe com um sorriso e as duas se beijam.

Moisés: Desculpa aparecer assim, mas minha filha queria ver a Cacá depois do que aconteceu na escola, você sabe como as duas se gostam, né? – diz ao se aproximar de Maria.

Maria: Sim Moisés. Não vou permitir que a Isa separe vocês duas, viu? A minha neta merece ser feliz, seja com quem for. Nem vou deixar prender a Cacá no quarto escuro outra vez. – acaricia o cabelo de Catarina.

Melissa: Que história é essa dona Maria? A Cacá estava trancada?

Catarina: É verdade Mel. A minha mãe me prendeu numa dispensa lá nos fundos de castigo.

Melissa: Por causa do nosso namoro?

Catarina: Sim.

Melissa: Meu Deus, que horror, não imaginava que ela seria capaz de uma coisa dessas. – ela abraça novamente Catarina e dá um selinho.

Maria: O importante é que está tudo bem, apesar do sacrifício que foi livrar a Cacá. Ela ficou horas, naquele quartinho passando fome, sede até conseguir quebrar o cadeado com o martelo, sorte que estava enferrujado.

Moisés: Acho que vocês devem se encontrar escondidas a partir de agora, tá bom filha? Pelo menos por um período, pra mãe da Cacá compreender que vocês se amam.

Catarina: Será que algum dia minha mãe consegue, senhor Moisés?

Moisés: Terá que entender, cedo ou tarde vai perceber que essa é a sua orientação sexual, que a gente não pode escolher por quem se apaixona!

Melissa: Dá um tempo pra ela Cacá, não deve tá sendo fácil se acostumar…

Catarina: Duvido. Fica dizendo que devo conquistar os rapazes ricos da escola, nunca se importou com meus sentimentos, com meu jeito de ser… O que eu faço? O que faço se não sou a filha que ela queria?

Melissa: Eu nem tenho o que falar, desculpa. Minha mãe morreu quando nasci. Não imagino como seria se tivesse viva. Acho que a Isa tá pensando no melhor pra você.

Catarina: O melhor pra mim é estar com você!

Moisés: Calma, a culpa não é de ninguém. Vamos pra casa Mel, antes que a Isadora apareça e piore a situação. – olha pra filha.

Maria: Espera Moisés, deixa as duas ficarem juntas uns minutinhos, venha, por favor! – pega na mão de Moisés e o leva ao balcão. Catarina beija Melissa.

Moisés: Pra que Maria?

Maria: Quero te dar esse saco de latinhas que guardei dos clientes do bar, estava esperando você aparecer.

Moisés: Obrigado, obrigado Maria.

Maria: As latinhas são importantes pra você.

Moisés: É o meu ganha pão, né? Desde que fiquei desempregado anos atrás, foi a única forma que encontrei de sustentar a minha filha.

Maria: Tá certo. É um trabalho digno. Ainda está ajudando na reciclagem da cidade. Ah, eu também deixei uma marmita separada, pega! – entrega o saco transparente de latinhas que estava embaixo do balcão e a marmita de isopor.

Moisés: Puxa Maria, não precisava, nem tenho como agradecer…

Maria: Pode contar comigo, se conhecemos por tantos anos, eu sei da sua luta Moisés! – ela aperta as mãos dele ao deixar a marmita no balcão.

Moisés: Obrigado mesmo. Bom, vamos Mel? Temos uma longa caminhada ao nosso barraco! Maria, se cuida! – pega a marmita e põe o saco de latinhas na sua carrocinha de reciclados acompanhado pelo cachorro de estimação.

Maria: Volte sempre.

Catarina: Beijo. – se despede com um selinho em Melissa que vai em direção ao pai e observa Catarina de longe.

Maria organiza o bar quando repara Gustavo chegando silenciosamente.

Maria: Onde você estava menino?

Gustavo: Ah, não enche vó! – se desvia dela ao passar pelo balcão do bar.

Maria: Oxi, que bicho te mordeu hein Gustavo? Aliás, o que você aprontou pra abandonar seu irmão na saída da escola e o coitado aparecer todo machucado em casa?

Gustavo: Machucado? Tô sabendo não vó! Tinha pedido pra me esperar na esquina porque eu ia comprar chiclete na mercearia, mas acabei batendo papo com uns colegas, não vi mais ele.

Guilherme: Larga de ser mentiroso e fala a verdade Gustavo! Você não me engana com sua historinha, tenho certeza que provocou a surra que levei. – diz o adolescente que apareceu na frente do irmão.

Gustavo: Me perdoe irmãozinho, não sou culpado das confusões que você se mete na rua e você está horrível com o olho roxo, viu?

Guilherme: Seu desgraçado! Fala a verdade, seu miserável! – pega pela gola da camisa de Gustavo que tenta fugir para o quarto e Guilherme estava a ponto de agredi-lo se Maria não impedisse.

Maria: Não Guilherme! Chega por hoje! – a vó separa os dois que se enfrentam.

Guilherme: Vó, ele tá mentindo! Eu sinto que ele tá mentindo vó!

Gustavo: Sinceramente não entendo a sua implicância comigo! Pode provar, hein? Não! Pensa bem pra acusar as pessoas! Valeu a surra, pelo menos ficamos um pouquinho diferente na aparência. – Gustavo o encara ao ser derrubado pelo irmão. Maria segura Guilherme. 

Maria: Gustavo, não provoca seu irmão, por favor!

Guilherme: Não acabou, tá? Vou descobrir o que você anda escondendo e boa coisa eu tenho certeza que não é! – fala enquanto o gêmeo ignora e vira as costas.

Música de encerramento: Só os loucos sabem -Charlie Brown Jr  Tema: Gustavo e Guilherme

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