Maria servia bebidas no bar quando Catarina e Gustavo chegam da aula.
Maria: Então meninos, o Guilherme apareceu?
Catarina: Nem sinal dele, ninguém lá da escola tem notícia. A Mel também não veio, os dois desapareceram do mapa!
Maria: E você Gustavo? Nenhuma informação?
Gustavo: Não vó.
Maria: Ah meu Deus, tô muito preocupada! Primeiro a Mel, agora o meu neto. Será que tem um sequestrador na região?
Zeca: Pare de drama, o moleque deve tá na casa de colega ou amigo. Eu saí cedo do serviço e vou dar uma volta para procurá-lo. – escuta parte da conversa da avó com os netos.
Maria: Drama? Você acha que eu tô fazendo drama Zeca? O seu filho tá sumido desde ontem! O Guilherme nunca foi de passar a noite fora, só pode ter acontecido alguma coisa ruim!
Zeca: Não fique jogando praga, velha insuportável!
Maria: Vai, vai traste! – reclama enquanto Zeca começa a pedalar nas redondezas da cidade.
Catarina: Me sinto culpada de ter deixado o Guilherme sozinho, pensei que andava com o Gustavo…
Maria: Tem certeza que você não sabe do seu irmão, hein Gustavo?
Gustavo: Já disse mil vezes que não!
Catarina: Mentira!
Gustavo: Você adora me criticar, né sapata? – entra na residência e Maria abraça Catarina.
Maria: Cacá, por que suspeita do Gustavo?
Catarina: Eu vi o Guilherme indo atrás do safado!
Maria: Espero que não tenha ocorrido nada grave! Melhor a gente chamar a polícia!
Catarina: Calma vó, vamos torcer que meu pai o localize por aí.
Juca apontava o revólver na direção de Melissa. Prepara o gatilho e olha fixamente a garota.
Em alguns segundos abaixa a arma, se aproxima dela, tira a mordaça e a desamarra do tronco. Melissa prossegue paralisada e sem reagir diante da situação. Juca se vira de costas.
Juca: A Isa mandou te matar, mas não tenho coragem de sacrificar uma menina linda como você. Agora sai daqui antes que eu me arrependa.
Ele fica de frente pra adolescente.
Juca: Recomendo que fuja de São Roque para o seu próprio bem. – após o aviso, Melissa corre pela mata.
Eduardo pisa no estabelecimento de Maria e se senta em um dos bancos.
Eduardo: Dona Maria, boa tarde.
Maria: Boa tarde Edu. – limpa as mesas.
Eduardo: Uma cerveja, por favor?
Maria: É pra já.
Carolina: Edu? – ao reparar na sua presença.
Eduardo: Vim tomar uma gelada. Desempregado, me resta vagabundar!
Carolina: Triste que perdeu o emprego…
Eduardo: Ei! Não Carol! Inclusive, foi ótimo a demissão.
Carolina: Como assim?
Eduardo: Estou indo pra São Paulo, com ajuda de uma amiga, comprei uma lojinha pet.
Carolina: Um pet shop?
Eduardo: Loja simples. Por enquanto vender ração pra cachorros e gatos, banho, tosa. Ao decorrer aumento o negócio, principalmente quando me formar como veterinário.
Carolina: Puxa Edu, você me disse mesmo uma vez que se tornaria empresário, não imaginei que seria tão rápido! – se acomodou na cadeira e Maria traz a garrafa.
Eduardo: Há várias semanas planejando e queria te convidar pra morar comigo na capital.
Carolina: Eu?
Maria: Excelente oportunidade filha. – acompanha o diálogo.
Eduardo: Bebe? – oferece a Carolina que responde com um sorriso ao aceitar o copo.
Eduardo: Um brinde a nossa vida em São Paulo!
Carolina: Não tenho certeza Edu, você me pegou de surpresa!
Eduardo: Analisa com carinho, tá?
Moisés catava latinhas nas ruas com uma cara desanimada empurrando a carroça de recicláveis ao lado do cachorro de estimação. A expressão do barbudo se transforma totalmente ao ouvir uma palavra.
Melissa: Pai?
Moisés: Mel? Minha filha! Finalmente! – grita admirado e agarra Melissa.
Melissa: Ah pai…
Moisés: Tava péssimo sem você! Onde se meteu Mel? – repara como ela suava, quase desmaiando de fraqueza.
Melissa: Morrendo de sede, cansada, minha cabeça tá estourando de dor! Eu… Fiquei presa na floresta… – recupera o fôlego e desabafa com dificuldade.
Moisés: Presa? O que fizeram com você filha? – entrega água pra Melissa.
Melissa: A Isa, a mãe da Cacá. Ela contratou um capanga pra me dar um fim!
Moisés: O quê?
Melissa: Eu ia pra escola ontem de manhã e ele me raptou. O bandido teve dó e confessou que a Isa queria se livrar de mim! Me pediu pra que sumisse da cidade. Eu corri, corri o máximo que pude, até parar no vilarejo…
Moisés: Céus… Que mulher louca! Como é capaz de uma crueldade dessas?
Melissa: Também não entendo tanta maldade pai.
Moisés: Venha Mel, sobe na carroça que eu te levarei pra casa, evitar que a desgraçada da Isadora tente outro crime!
Roberto assina papéis no escritório do laticínio quando nota a presença de alguém.
Roberto: Você? Demorou pra me infernizar.
Laura: Gostaria de dizer umas palavrinhas Roberto.
Roberto: Ocupado, percebeu?
Laura: Prometo que será breve.
Roberto: Falamos o que tinha pra falar. Me esquece.
Laura: Não é justo terminar o noivado…
Roberto: Infelizmente acabou Laura.
Laura: Valeu a pena trocar o que passamos pela empregadinha? Valeu? Roberto, nos conhecemos desde crianças, éramos grudados igual chiclete!
Roberto: Laura…
Laura: Estou disposta a te perdoar, depende de você. Não desmarquei as passagens pra lua de mel, nem o casamento no cartório, porque tenho esperança que se lembre de todos os momentos que vivemos. – o abandona e fecha a porta.
Ela se esbarra em Carlos no final do corredor.
Carlos: Quem diria?
Laura: Vim falar com o Roberto. Tô de saída gatão. – dá um selinho na boca dele que a segura pelo braço.
Carlos: Ainda na ilusão de conquistar o coração do idiota?
Laura: Seduzindo o Roberto há anos, não sou de desistir fácil.
Carlos: Quer se casar com o Roberto apenas por dinheiro? Eu posso conseguir pra nós com um golpe no laticínio Laura. É a nossa chance de assumir o romance e parar de se esconder!
Rodrigo: É muito mais do que dinheiro que está envolvido na história “rapazinho”! – vem perto de Laura.
Carlos: E o que está envolvido?
Rodrigo: Isso não te interessa! Volte para o seu trabalho. – encara Carlos.
Laura: Gatão, um pouco de paciência e estaremos juntos!
Carlos se retira ao notar o clima tenso entre Rodrigo e Laura.
Rodrigo: Você tem ciência do que planejamos, não estrague tudo por causa do imbecil. – resmunga no ouvido da filha.
…
Música de encerramento: O tempo não para – Cazuza Tema: Livre