Carolina continua encarando sua irmã a espera de uma resposta.
Isadora: Desculpa Carol, não posso te falar nada agora, mas eu não tô trabalhando tantos anos aqui à toa. – Isadora leva a bandeja com os cacos enquanto Carolina a observa sair.
Roberto chega próximo da camionete e seu pai liga o veículo.
Jorge: Anda Roberto, entra! – repara na cara emburrada do filho.
Roberto: Vamos? Está atrasado!
Na bela casa no interior de São Roque, um homem impaciente rodeia entre várias voltas pela sala segurando um envelope até que resolve pegar o copo com gelo na estante e se serve com bebida alcóolica da garrafa ao lado. Bebe alguns goles e depois joga o copo sobre a parede que faz um barulho de vidro quebrado. O homem põe uma das mãos sobre o rosto, ajeita os óculos de grau e arruma o cabelo. Ele senta na ponta do sofá, alguns segundos olhando para o envelope com uma expressão pouco agradável que muda ao ouvir os passos do salto da filha descendo as escadas.
Laura: O que está fazendo aí parado que nem uma estátua pai?
Rodrigo: Esperando a desgraçada da sua mãe.
Laura: O que tem no envelope? – ela observa o pai imóvel no sofá.
Rodrigo: Logo você vai saber. Me deixa sozinho, por favor.
Laura: Que mau humor é esse?
Rodrigo: Sai, por favor! – ele aumenta o tom da voz.
Laura: Tá bom. – volta a subir as escadas em direção ao quarto.
Em frente a essa casa desce uma mulher do táxi, é Lúcia que abre o portão e entra rapidamente, porém se depara com o marido a olhando com desgosto.
Lúcia: Não deveria estar no trabalho Rodrigo? Está tudo bem?
Rodrigo: Está tudo bem? É o que você tem pra me dizer sua vagabunda? – diz ao pegá-la pelo braço e empurrá-la sobre o chão com muita força.
Laura: Pra que o escândalo pai? – resmunga a moça ao descer das escadas novamente do andar de cima.
Rodrigo: Pergunta pra sua mãe!
Lúcia: Não estou entendendo, você enlouqueceu Rodrigo? – diz a mulher ao se levantar com calma.
Rodrigo: Não se faça de boba sua cachorra! Eu contratei um detetive particular que me entregou essas fotos hoje e só me deu nojo de olhar quando vi você me traindo com um traficante de drogas, se esfregando com um bandido de quinta enquanto o palhaço trabalha que nem um condenado naquele laticínio pra sustentar uma mulher nojenta como você! – joga dezenas de fotos que retira do envelope sobre Lúcia.
Laura: É verdade mãe?
Lúcia: Sim, é verdade! Eu me apaixonei por alguém que me trata bem, que me respeita! Estava esperando o momento certo pra contar, mas já que descobriu antes, nem preciso me dar o trabalho. – ao terminar de falar leva um tapa de Rodrigo.
Rodrigo: Você é mesmo muito ordinária, né? Por que não conta a sua história suja pra nossa filha? Você não passava de uma prostituta quando te conheci, rodava bolsinha pelas ruas! Eu te dei uma vida digna e depois de tantos anos de casamento me faz de otário, de corno durante sei lá quanto tempo!
Lúcia: Eu não me arrependo! Você mereceu! Mereceu ser corno por todas as humilhações que me fez passar! – informa Lúcia ao encará-lo com desprezo.
Rodrigo: Pois vai voltar pra onde nunca deveria ter saído! Eu quero você fora dessa casa! Você não vai mais pisar os pés aqui, entendeu? – diz ao pegá-la pelo braço e levá-la para fora, então a empurra novamente ao passar pela porta.
Lúcia: Não pode fazer isso comigo Rodrigo, eu tenho direitos sobre a casa!
Rodrigo: Pense bem sobre os seus direitos quando eu revelar a polícia onde o traficante das fotos está escondido! O detetive que contratei descobriu tudo sobre ele! Você tá livre pra viver com o marginal. – nesse momento Rodrigo sobe as escadas apressado. Retira roupas de Lúcia do armário e lança pela janela do quarto que fica de frente para saída da casa.
Rodrigo: A única coisa que vai levar é a porcaria das suas roupas que você deve ter usado para se deitar com aquele lixo! – se livra das últimas vestimentas dela. Lúcia observa com ódio.
Rodrigo: Não quero nenhuma roupa sua, leva os seus trapos e caia fora!
Rodrigo: Não pense que vou deixar barato essa traição Lúcia!
Lúcia recolhe as roupas. A filha observa friamente pela entrada.
Lúcia: Filha venha embora comigo! Por favor, venha comigo! – nesse momento Laura pega uma blusa do chão e a entrega.
Laura: Sabe que não vou, tenho outros planos com meu pai. Eu quero que você e esse traficante vão para o inferno.
Lúcia: Laura, por favor, não me abandona! O seu pai é um monstro, ele está manipulando sua cabeça, venha comigo filha? – pega na mão dela que se solta rapidamente e Laura fecha a porta na cara da mãe com arrogância.
Rodrigo: Escute bem Lúcia, eu tenho os meus contatos, espero não vê-la outra vez ou você e o seu amante vão mofar na cadeia! – grita do alto.
Lúcia recolhe as peças que pode e a sua bolsa que o marido derruba de cima. Ela se vira em direção a rua com as roupas sobre o ombro sem dizer uma palavra.
Laura vê algumas das fotos que pega do chão. Se depara com as cenas quentes da mãe e o amante, de repente o pai desce as escadas.
Laura: Que belas fotos, hein?
Rodrigo: Me dá! – Rodrigo toma as fotos de Laura e recolhe várias outras. Põe num cinzeiro, ascende o fogo com isqueiro e vai queimando uma por uma.
Rodrigo: A desgraçada da sua mãe pagará caro pelo que fez! Assim que puder vou comprar um revólver e eu mesmo faço questão de matá-la, espero que você me apoie filha. – se vira para a parede aguardando uma resposta de Laura enquanto o fogo queima as fotos.
…
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Música de encerramento: Miley Cyrus – Wrecking ball Tema: Lúcia e Rodrigo, Lúcia, Lúcia e Juca