“Cataflor”

 

36 horas atrás…

[CENA 01 – SÍTIO DE FREDERICO (MINAS GERAIS)/ Q. DO PEDRO – SALA/ DIA]
(Pedro está em seu quarto terminando de arrumar sua mala, quando sua mãe entra o chamando)
CARLA – Filho? (entrando) Pegou todas as suas coisas?
PEDRO – Acredito que sim. (olha para mala) Acho que coloquei tudo na mala.
CARLA – Então vamos, o seu avô vai nós acompanhar até à rodoviária.
PEDRO – Eu só não entendi o porquê de mudarmos assim tão depressa? (olha para o quarto, já sentido saudades)
CARLA – (se aproxima do filho) Prometo que sempre que quiser, você pode vir visita o seu avô. (fazendo carinho na cabeça de Pedro) Vamos? (Pedro pega a sua mala e acompanha sua mãe até à sala)
[SALA]
(Frederico está na sala, esperando a filha e o neto descerem)
CARLA – Pronto papai!
FREDERICO – Me dar aqui essa mala, deixa coloca-la junto com as outras no carro. (Pedro entrega sua mala para o avô. Frederico deixa a mala no carro, logo depois retorna para à sala) Então, prontos para a viagem?
CARLA – Eu estou, mas o Pedro…
FREDERICO – Você sabe que se quiser, pode ficar aqui comigo. Assim não vai precisar mudar de escola, não vai precisar fazer novos amigos e muito menos ter que abandonar os velhos.
PEDRO – Mudanças fazem parte da vida, vô!
FREDERICO – Eu sei garoto, também tive muitas mudanças em minha vida. Uma vida em um lugar só, não tem muita diversão, né mesmo?! Quero só ver se nas férias você vai lembrar do velho aqui.
PEDRO – Isso o senhor pode ter certeza que não vou esquecer.
CARLA – E se esquecesse eu faria questão de lembrar, papai. Vamos então?
FREDERICO – Vamos, não quero atrasar vocês. (todos vão para fora da casa. Estão agora na entrada do sítio. Frederico e Carla entram no carro, Pedro fica na porta ainda olhando para o sítio) Se quiser ainda dar tempo.
PEDRO – Só estou lembrando que foi aqui onde vivi os melhores momentos da minha vida.
FREDERICO – Garoto, você mal completou os 16 anos, vai viver muita coisa ainda. (Pedro entra e os dois vão para a rodoviária)

[CENA 02 – RODOVIÁRIA/ DIA]
(Pedro e Carla estão esperando o ônibus partir. Os dois não entraram ainda, estão sentados em um banco, próximo aos ônibus. Pedro olha para o lado e reconhece alguém)
PEDRO – (levanta do banco e caminha até ela) Carol, o que faz aqui?
CAROL – Você não pensou que iria embora sem antes me despedir de você, né? (os dois se abraçam) Promete que vai ligar todos os dias?
CARLA – (sorrindo) Prometo!
CAROL – Olhe lá, hein. Se você esquecer um dia que seja e não ligar para mim, pode esquecer que existo.
PEDRO – Sabe que cumpro as minhas promessas.
CAROL – Sei disso. (os dois ficam se olhando e ambos ficam sem saber o que dizer)
CARLA – Bem, vou ver se nossas malas estão bem guardadas. Se despede de sua amiga, depois vem tá?
PEDRO – Está bem. (Carla entra no ônibus) Pois é…
CAROL – Então…
PEDRO – Quero saber agora com quem você vai aprontar sem mim aqui?!
CAROL – Pensa que você é o único garoto dessa cidade é! (os dois riem) Vou sentir sua falta.
PEDRO – Também. Sei que quando chegar lá, vou ter que me adaptar, ter que fazer novos amigos, mas nenhum vai fazer eu esquecer de você.
CAROL – Também não vou conseguir te esquecer. E nem da canção… (sorri. Carol lembra de ontem à tarde, no campo com Pedro)
“[CAMPO]
(Pedro e Carol estão em baixo de uma árvore, ambos um de frente para o outro. Pedro está com o violão que ganhou do avô)
CAROL – Posso saber agora por que você me trouxe até aqui, ainda mais com o violão?
PEDRO – Você sabe que amanha vou embora com minha mãe. E mesmo que nas férias eu venha para cá, ainda assim será muito tempo sem te ver.
CAROL – Para isso existe à internet… E mesmo assim, você prometeu que iria ligar para mim todas às noites.
PEDRO – Eu sei, mas não será a mesma coisa do que conversar com você pessoalmente, olhando para você, como estou agora. (Carol fica envergonhada) E antes de ir, queria levar uma lembrança especial da gente.
CAROL – Quer dizer que de todos os momentos que já vivemos, nenhum se tornou especial para você?
PEDRO – Não, quer dizer, sim… tivemos momentos especiais. Só que nenhum deles, será igual a este. Sei que ele é um dos seus cantores preferidos e essa música… enfim, queria cantá-la para você! (Pedro começa a tocar seu violão e canta Cataflor de Tiago Iorc)

[CENA DE MÚSICA (CATAFLOR – TIAGO IORC)]

Saio por aí juntando flor por flor 1
Só pra te mostrar
O que a vida fez com todo o amor
Só pra ti, só pra ti, só pra ti 2

Saio por aí juntando flor por flor
Só pra te lembrar
Do que a natureza tentou imitar
Quando olhou pra ti, só pra ti, só pra ti 3

E se eu quiser dizer que o universo  4
É feito pra você, só pra você
E se eu quiser dizer que o universo inteiro
Mora em você, só pra você
Assim como eu 5

Ando pelo vento, junto flor por flor
Só pra te enfeitar em cada esquina
Em que você passar
Vou sorrir, só pra ti, só pra ti 6

E se eu quiser dizer que o universo
É feito pra você, só pra você
E se eu quiser dizer que o universo inteiro 7
Mora em você, só pra você
Assim como eu

E se eu quiser dizer que o universo
É feito pra você, só pra você
E se eu quiser dizer que o universo inteiro
Mora em você, só pra você

E se eu quiser dizer que o universo
É feito pra você, só pra você
Assim como eu
Ôôôô

  1. Pedro começa tocar seu violão. Carol, reconhecendo a música, tenta não olhar muito para ele, pois, sabia que ficaria envergonhada e não queria demostrar.
  2. Pedro não olha para Carol, fixa seu olhar para as cordas do violão. Carol, faz o mesmo e olha para o lado, com um breve sorriso no rosto.
  3. Pedro olha para Carol, ela continua olhando para o lado.
  4. Carol olha para Pedro, e o ver sorrindo. Carol sorrir também, envergonhada.
  5. Carol olha para baixo, tentando esconder que ficou vermelha.
  6. Pedro volta a olha para o violão.
  7. Volta a olhar para Carol. Carol também volta a olhar para Pedro.
  8. Carol e Pedro continuam se olhando até o final da música, de vez enquanto, ambos sorriam.
    (Após o final da canção, Pedro se aproxima de Carol e a beija.)”

PEDRO – Lamento ter feito você ter pesadelos, realmente não tenho talento para música.
CAROL – Não é verdade. Você canta muito bem, na verdade, canta incrivelmente bem. Deveria acreditar nisso. (os dois voltam a ficar em silêncio. O motorista liga o ônibus e Pedro repara que está na hora de ir)
PEDRO – O ônibus já vai!
CAROL – Estarei te esperando nas férias. (ambos sorriem. Os dois dão um longo abraço. Pedro vai se distanciando de Carol aos poucos. Distante dela, vira-se para o ônibus, quando Carol o chama)
CAROL – Pedro! (corre até ele, Pedro volta a olhar para ela, Carol aproveita e o beija na boca) Também quero ter uma lembrança especial. (Pedro sorri e dessa vez entra no ônibus. Pela janela do ônibus, Pedro e Carol continuam se olhando. O ônibus começa a andar e parte da rodoviária rumo ao Rio)

Anoitecendo…

[CENA 03 – CASA DO PEDRO/ SALA-COZINHA-Q. DO PEDRO/ NOITE]
(Pedro e Carla chegam em casa. Eles a encontram vazia, porém, arrumada)
CARLA – Será que a Paula não está?
PEDRO – Ela sabe que chegaríamos hoje?
CARLA – Sim, sabe. Liguei para ela avisando.
PEDRO – Talvez esteja lá em cima ou na cozinha.
CARLA – Eu vou verificar. (Carla vai até à cozinha. Pedro coloca sua mala ao lado do sofá e começa andar pela sala. A campainha toca)
PEDRO – Já vai. (Junior e Ana estão na porta) Oi?
JUNIOR – Oi, você deve ser o Pedro?! Nossa, tá um homem já. Você era um bebê ainda, quando saiu daqui.
PEDRO – E como bebê, não tenho lembranças dessa época.
JUNIOR – Ah é, deixa me apresentar. Sou o Junior, amigo de sua mãe e vizinho também. Essa aqui é a minha filha, Ana.
PEDRO – Prazer. (Pedro e Ana se olham)
ANA – Oi!
JUNIOR – Sua mãe está?
PEDRO – Está sim, entrem. (Junior e Ana entram) Acabamos de chegar. (Carla volta para sala)
CARLA – Junior! (caminha até ele e o abraça)
JUNIOR – Quanto tempo, hein?!
CARLA – Pois é! Essa é a Ana? Nossa, tá uma moça linda.
JUNIOR – É, também fiquei surpreso quando vi o Pedro.
CARLA – 15 anos fora, bastante coisa mudou, quer dizer, exceto algumas coisas.
JUNIOR – Falando da casa, né? Quando morávamos aqui, fiz questão de deixar igual quando vocês a deixaram. Imaginava já que um dia vocês pudessem voltar.
CARLA – Obrigado por ter cuidado dela, Junior. Eu só queria saber onde está a Paula? Você não à viu?
JUNIOR – Não, pra falar a verdade, a última vez que falei com a Paula, foi hoje pela manhã.
CARLA – Que estranho!
PEDRO – Onde vai ser o meu quarto mãe?
CARLA – Vem, é lá em cima. (Junior ajuda Carla com uma das malas) Obrigada. Só espero que a Paula tenha arrumado ele. (todos sobem para os quartos)
[CORREDOR]
CARLA – Junior, será que você poderia levar as malas e colocar no meu quarto, quando apresento o quarto do Pedro, por favor.
JUNIOR – Claro. (Junior pega a mala que estava na mão da Carla e vai para o outro quarto)
CARLA – Pronto para conhecer seu novo quarto? (abre à porta devagarinho)
PEDRO – (Pedro entra, olha cada detalhe do quarto e ver um berço ao lado da cama) Ué, e esse berço? Será que vou ganhar um irmãozinho?
CARLA – Não, não é isso. Esse berço era seu.
PEDRO – Meu?
CARLA – Você dormiu os primeiros meses de sua vida nele. (Pedro caminha até o berço) Mas você gostava mesmo era de dormir comigo na cama. Sempre de madrugada, quando você chorava com fome, você só voltava dormir comigo ao lado.
PEDRO – Eu devia ser enorme, para um berço deste tamanho.
CARLA – Na verdade, esse berço é para gêmeos. Era para você e sua irmã, mas infelizmente, a vida não quis que eu criasse vocês dois.
PEDRO – A senhora não tirou nenhuma foto da gente, quando criança?
CARLA – Não, filho. Quando vocês nasceram, as enfermeiras já levaram vocês para o berçário. Tempo depois, o médico entrou em meu quarto, dado a notícia que a menina não tinha resistido. Esse berço é a única lembrança que terei dela.
PEDRO – Então ele vai ficar aqui sempre. E vamos lembrar dela sempre. (Junior e Ana entram no quarto)
JUNIOR – Licença. Eu acho que a Paula chegou, Carla.
CARLA – Chegou. Que bom, vou lá descobrir onde a mocinha estava que não ficou aqui esperando a gente. (Carla sai do quarto e Junior se aproxima do Pedro. Ana se senta na cama)
JUNIOR – Acho que ele não cabe mais para você!
PEDRO – Você é amigo a muito tempo da minha mãe?
JUNIOR – Bem… conheço sua mãe desde quando você nasceu. Ela me ajudou no momento que eu mais precisei, se não fosse ela, talvez a Ana não estaria aqui agora.
PEDRO – Você então não conheceu meu pai?
JUNIOR – Não. Quando conheci sua mãe, você já havia nascido. Também nunca ouvi ela tocando sobre ele.
PEDRO – Toda vez que toco nesse assunto, ela muda para outro.
JUNIOR – Não esquenta com isso não, talvez sua mãe esteja apenas te protegendo desse cara.
[COZINHA]
PAULA – Cadê o Pedro?
CARLA – No quarto dele. Onde estava?
PAULA – Estava com o Flávio. Desculpa não está aqui quando vocês chegaram. Eu poderia ter ligado ou pelo menos mandado uma mensagem.
CARLA – Importa que já estamos aqui. Mas, então, vai ter casamento ou não? Agora que estou aqui, quero conhecer esse seu namorado, já que só o conheço por fotos.
PAULA – Pode deixar que eu o convidei para jantar um dia aqui com a gente. No momento agora, só quero ver o meu sobrinho.
CARLA – Ele está lá no quarto, vamos.
[QUARTO DO PEDRO]
(Junior e Ana estão sentados sobre a cama, Pedro está guardando sua roupa)
PAULA – (entrando no quarto) O berço ainda serve para o grandão?
PEDRO – Tia. (caminha até ela para abraça-la)
PAULA – Primeiro, já disse que não me chame de tia. Sabe que sou um pouco mais nova que sua mãe e segundo, vem cá me dar um abraço. (os dois se abraçam)
CARLA – Filho, você não quer aproveitar e ligar para à Carol, avisar que já chegamos.
PEDRO – Verdade. Se eu esquecer de ligar para ela, é capaz dela não falar mais comigo durante um mês. Vou ligar lá fora.
CARLA – Pode deixar que termino de guardar suas coisas. (Pedro sai do quarto animado. Ele desce até a sala, disca o número da Carol e liga)
PEDRO – Alô.
CAROL PELO TELEFONE – Alô, Pedro?
PEDRO – Promessa é dívida.
CAROL PELO TELEFONE – Chegaram?
PEDRO – Acabamos de chegar.
CAROL PELO TELEFONE – Então, já fez amigos aí, conheceu outras garotas?
PEDRO – (sorri) Acabamos de chegar! As únicas pessoas que conheci, foi um amigo da minha mãe e a filha dele.
CAROL PELO TELEFONE – Filha é? Ela é bonita?
PEDRO – Ciúmes?
CAROL PELO TELEFONE – Você não é nada meu, para eu ter ciúmes.
PEDRO – Então aquele beijo não significou nada?
CAROL PELO TELEFONE – Não, ali só foi para eu ter certeza de que você me ligaria.
PEDRO – Sei.
CAROL PELO TELEFONE – Tenho que desligar agora, meu pai está me chamando.
PEDRO – Está bem.
CAROL PELO TELEFONE – Você vai me ligar mais tarde?
PEDRO – Se você estiver acordada, claro que sim.
CAROL PELO TELEFONE – Então tá, tchau.
PEDRO – Tchau. (Pedro desliga com um sorriso no rosto. Ana que estava descendo as escadas, pega a última parte da conversa)
ANA – Sua namorada?
PEDRO – Que susto, Ana! Não… é só uma amiga.
ANA – Sei lá, pareceram tão íntimos na ligação, achei que fosse.
PEDRO – Não somos… só amigos mesmo. Vamos subir?
ANA – É já que eu vou, desci para tomar um copo d’água!
PEDRO – Bem, acho que a cozinha é por ali.
ANA – Eu conheço a casa. Esqueceu que morei aqui por um tempo.
PEDRO – Ah é verdade, deve conhecer mais do que eu.
ANA – Deixa salvar o meu número no seu celular, assim, quando você precisar de uma companhia para conhecer à cidade. (ao tocar em Pedro, Ana tem uma visão do passado dele. Ana ver Pedro e Carol na rodoviária se despedindo. Pedro vira para ir embora, quando Carol o chama e o beija. A visão termina aí, Ana solta da mão de Pedro assustada)
PEDRO – Está tudo bem, você ficou pálida de repente?
ANA – Está sim. Estou bem.
PEDRO – Certeza?
ANA – Sim, só preciso beber água. (vai para cozinha apressada. Sem entender nada, Pedro sobe para o seu quarto)
[QUARTO DO PEDRO]
CARLA – Já falou com a sua amiga?
PEDRO – Já sim.
PAULA – Não era namorada?
PEDRO – Não, somos apenas amigos.
CARLA – Isso é o que eles dizem hoje, Paula. Porque na minha época, os amigos não beijavam na boca.
PAULA – Mentira!!! Você iria esconder isso de mim, Pedro?
PEDRO – (envergonhado) Mãe?!
CARLA – Eu disse alguma mentira, filho. E mesmo assim, se vocês quisessem que ninguém visse, não teriam se beijado na rodoviária. O pessoal do ônibus inteiro viu a cena.
PEDRO – Aquele beijo não significou nada. A própria mesma que disse.
PAULA – Talvez ela esteja tentando esconder o que está sentido.
PEDRO – Não tem ninguém escondendo nada. Somos apenas amigos, e nós dois sabemos disso.
PAULA – Vamos ver se essa amizade vai aguentar a distância.
[COZINHA]
(Ana está pensativa na cozinha. Ela lembra da visão que teve ao tocar em Pedro. Junior entra procurando a filha)
JUNIOR – Ana, está tudo bem filha? Você desceu para tomar água e não subiu mais? Vim ver se tinha acontecido alguma coisa.
ANA – Vamos embora pai, acho que não estou me sentido bem.
JUNIOR – O que você está sentido?
ANA – Sei lá, só sentindo um cansaço. Quero ir para casa, deitar na minha cama.
JUNIOR – Está bem, só vou me despedir da Carla e vamos. (Junior volta para o quarto do Pedro)
[QUARTO DO PEDRO]
PAULA – Quer dizer então que a garota era a melhor amiga dele na cidade. (Pedro estava deitado sobre a cama, envergonhado, com as histórias que sua mãe estava contando para a Paula)
CARLA – Os dois não faziam nada separados. Se quisesse encontrar um, era só descobrir onde o outro estava. (Junior entra)
JUNIOR – Carla, vou ter que ir.
CARLA – Mas já?
JUNIOR – A Ana não está se sentindo bem. Vou leva-la para casa.
CARLA – Claro, vai lá cuidar da sua filha. Precisando de algo, só nós procurar.
JUNIOR – Eu sei. Tchau. Tchau, Pedro.
PEDRO – Tchau. (Junior sai do quarto)
CARLA – Será que ela ficou com alguma doença durante o parto, e agora que está se desenvolvendo?
PAULA – Não sei, mas ela é tão magrinha, né.
PEDRO – Ela passou mal lá em baixo, quando tentou salvar o número dela no meu celular. Não disse nada, porque ela tinha garantido que estava bem.
CARLA – Tomara que essa menina não tenha nada grave. E que isso seja apenas um mal-estar.

[CENA 04 – CASA DA ANA/ SALA – Q. DE ANA/ NOITE]
(Ana entra apressada e sobe até seu quarto. Junior vai logo atrás)
JUNIOR – Filha, espera. (subindo as escadas) O que houve? (entra no quarto e caminha até Ana, que está deitada sobre a cama) O que está acontecendo?
ANA – (pensa em contar o que sentiu minutos atrás, mas acha que seu pai não iria acreditar) Só estou uma pouco cansada, pai. Nada demais.
JUNIOR – Tem certeza?
ANA – Tenho. Só quero descansar agora.
JUNIOR – Está bem, vou estar lá em baixo. Precisar, só chamar. (Junior sai do quarto, Ana continua deitada, pensativa)

[CENA 05 – CASA DO PEDRO/ ÁREA EXTERNA – SALA/ NOITE]
(Pedro está sentado na calçada da casa. Ele tenta olha à lua, mas como está na cidade, ver apenas um céu escuro, com poucas estrelas. Carla sai e o encontra olhando para o céu)
PEDRO – Definitivamente, o céu do campo não é o mesmo da cidade.
CARLA – Não é mesmo, filho! Sentindo falta já?
PEDRO – Um pouco.
CARLA – Logo você vai se acostumar com o céu da cidade.
PEDRO – Ligou para o vovô?
CARLA – Ainda não. Não tive tempo, mas vou ligar para ele agora. (Carla entra. Pedro fica olhando um tempo para o céu e logo em seguida entra) Ele acabou de entrar. Tá, vou passar pra ele. (caminha em direção ao Pedro) Seu avô quer falar com você.
PEDRO – Alô, vô. (caminha em direção à cozinha. Paula vem descendo as escadas)
PAULA – É o papai.
CARLA – É sim… Pedro me lembrou de ligar para ele.
PAULA – Depois quero falar com ele.
CARLA – Só espera o Pedro vir da cozinha. (Carla caminha até o sofá, tem uma leve tontura, e quase cai sobre ele)
PAULA – Carla, você está bem?
CARLA – Estou… só foi uma tontura.
PAULA – Amanhã mesmo, você vai ao hospital ver essa cabeça.
CARLA – Tá, só não fala alto, o Pedro não sabe que o motivo que me fez voltar, foi para me tratar.
PAULA – Você não contou para ele?
CARLA – Não e ele não pode saber, não agora.
PAULA – Tá, prometo não falar desse assunto quando ele estiver perto. Como é que você está? Passou?
CARLA – Está passando. Isso veio aumentando constantemente. Primeiro era pequenas pontadas, mas agora estão fortes.
PAULA – O que será isso irmã?
CARLA – Espero que não seja nada sério. E isso seja apenas um problema de dor de cabeça.
PAULA – O Pedro está vindo. (Carla logo levanta, e tenta fingir está bem)
PEDRO – Está bem avô, tchau. Vou passar o telefone para mamãe agora. (entrega para Carla)
CARLA – Pai…
PAULA – (cochicha) Diz que eu quero falar com ele, Carla.
CARLA – Sim, vou passar para o senhor, mas antes a Paula está aqui no meu pé, querendo falar com o senhor. (entrega o telefone para Paula)
PAULA – Alô, pai… (caminha em direção à escada. Carla, ainda meio tonta, se senta no sofá)
PEDRO – O vovô disse que o céu lá tá estrelado. (repara que ela está diferente) A senhora está bem?
CARLA – Estou. Devo ter sentado rápido demais, e me veio uma tontura.
PEDRO – Quer um copo d’água?
CARLA – Não precisa, obrigada. Isso logo vai passar.
PEDRO – A senhora tem certeza?
CARLA – Tenho sim filho. (mesmo assim, Pedro ainda continua desconfiado)

Amanhecendo…

[CENA 06 – CASA DO PEDRO/ COZINHA/ DIA]
(Carla está na cozinha, terminando de preparar o café. Pedro entra, logo atrás dele à Paula)
CARLA – Bom dia. Acordaram juntos, foi?
PAULA – Bom dia, irmã.
PEDRO – Bom dia, mãe.
PAULA – Encontrei o Pedro na escada, e viemos juntos.
CARLA – Não está cansado da viagem, filho?
PEDRO – Pior que não. Na verdade, queria conhecer um pouco a cidade.
CARLA – Por que não chama à Ana para mostrar a você?
PEDRO – Tava pensando nisso. Daqui a pouco mando uma mensagem para ela.

[CENA 07 – CASA DO JUNIOR/ SALA/ DIA]
(Ana está sozinha na cozinha tomando o seu café. Junior já saiu para o trabalho. Ana lembra do que aconteceu ontem à noite na casa de Pedro, sua lembrança termina com uma mensagem dele, a convidado para um passeio pela cidade)
ANA – (sorrir, digitando a mensagem e falando em voz alta) Claro. Estou indo aí. (toma o café num gole só, coloca a xicara em cima da pia e sai apressada direto para rua)

[CENA 08 – CASA DO PEDRO/ SALA/ DIA]
(Pedro está na sala, quando campainha toca)
PEDRO – (abrindo à porta) Ana? Já?
ANA – Pois, é. Não estava fazendo nada mesmo.
PEDRO – Bem, então vou só avisar minha mãe e vamos, ok.
ANA – Tá. (Ana entra e fica esperando na sala, quando Pedro vai até à cozinha)
PEDRO – Mãe, estou indo com à Ana.
CARLA – Está bem. Divirta-se.
PEDRO – Tá, até mais tarde. (Pedro volta para à sala e sai com à Ana).
CARLA – Agora que o Pedro saiu, podemos ir.
PAULA – Pensei que ele fosse demorar mais, já estava pensando em reagendar a consulta.
CARLA – Não será necessário. Vai dar tempo, vamos. (Carla e Paula saem da cozinha, direto para rua)

Mais Tarde…

[CENA 09 – SHOPPING/ TARDE]
(Ana e Pedro estão dando uma volta no shopping)
ANA – Costumo vir aqui quando não estou fazendo nada. Vou te mostrar uma lanchonete que tem aqui, que todas às Terças e Quintas ocorre shows de karaokê.
PEDRO – Você canta?
ANA – (ri) Não, nem no chuveiro. Mas, meu pai ouviu da sua mãe que você canta, inclusive tem até um violão.
PEDRO ­– É, mas nunca cantei com pessoas vendo.
ANA – Relaxa, não estou dizendo pra você cantar. Só vou te mostrar que é um lugar legal.

[CENA 10 – HOSPITAL/ SALA DE CONSULTA/ TARDE]
(Carla e Paula esperam o médico trazer os exames. Segundos depois o médico entra)
CARLA – Então, doutor? (o médico senta, e começa a olhar os exames)
PAULA – É algo sério?
MÉDICO – Bem, os exames identificaram um aneurisma na região esquerda do cérebro.
CARLA – (chocada) Um aneurisma?
MÉDICO – Certamente precisaremos de mais exames, para detalhar qual o melhor método de tratamento.
CARLA – Mas, ele pode ser retirado?
MÉDICO – Bem, não quero dar notícias precipitadas, mas, há uma grande chance de sim.
CARLA – (ficando mais aliviada) E quais exames mais terei que fazer?
MÉDICO – Não se preocupa, irei fazer de tudo para agendar todos ainda essa semana.

[CENA 11 – SHOPPING/ LANCHONETE DO IVO / TARDE]
ANA – Chegamos. (Pedro observa o lugar, que aparentemente é bem movimentado) Então, tá com fome?
PEDRO – Um pouco.
ANA – Então vou pedir alguma coisa pra nós. Por que não caminha até o karaokê e escolhe uma música pra você cantar.
PEDRO – O que? Cantar no meio desse pessoal todo, nem pensar.
ANA – Tô brincando. Relaxa, escolhe uma mesa aí pra gente, vou falar ali com um amigo e já volto pra ficar contigo. (Ana caminha em direção ao bar, Pedro procura por uma mesa, e ao ver a máquina de karaokê, decide ir até lá. Ao chegar no aparelho, dar uma pesquisada nas músicas disponíveis. Alice, entra na lanchonete com Éster, ao ver Pedro em frente ao aparelho, decide ir até ele)
ALICE – (aparecendo ao lado dele) Escolhendo uma música para cantar?
PEDRO – (se assusta) Não, estava apenas olhando às músicas. Eu não canto.
ALICE – Eu não acho. (se aproxima do aparelho, Pedro se afasta um pouco, e Alice observa a lista de músicas, procurando alguma boa) Pelo contrário, algo me diz que você canta muito bem.
PEDRO – Não, não canto.
ALICE – Será mesmo. (seleciona uma música)
PEDRO – Não, se pensa que vou cantar com você… (olha a música que Alice parou) …ainda mais música internacional. Sei quase nada em inglês.
ALICE – Aqui vai uma dica. Você aprende mais rápido inglês, ouvindo músicas em inglês. (Alice dá play na música Locked Out of Heaven de Bruno Mars) E essa é super conhecida, você vai saber cantá-la. (pega os dois microfones, entrega um para Pedro, que tenta não aceitar e o outro fica com ela) Me acompanhe. (vai se afastando dele, seguindo o ritmo da música)

Continua no Capítulo 02…

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