“Glitter no Ar”

 

[CENA 01 – CASA DE PEDRO/ SALA/ NOITE]
(Felipe e Carla estão na sala, sentados no sofá um de frente para o outro)
FELIPE – É verdade que você vai voltar para Minas?
CARLA – Provavelmente foi Miguel quem lhe contou.
FELIPE – Foi. Cheguei em casa, o encontrei deitado no sofá, triste…
CARLA – Eu não queria fazer isso com ele. Não queria machucá-lo.
FELIPE – Machucou. Eu só queria entender o que está acontecendo, por que você vai embora?
CARLA – São problemas meus, Felipe. Simplesmente, será bom para todo mundo.
FELIPE – E você vai deixar o Miguel naquele estado?
CARLA – Talvez seja melhor assim. É bom que ele esteja chateado comigo, que isso ajude-o a me esquecer mais rápido.
FELIPE – Miguel te ama, eu percebo isso quando vejo nos olhos dele falando de você…
CARLA – (levanta do sofá) Desculpa, Felipe. Mas, não estou muito afim de ter essa conversa com você. Melhor você ir embora.
FELIPE – (levanta, caminha até ela) Eu vou embora, mas antes… quero saber a verdade, Carla. (fica de frente para ela) Por que você está indo embora do Rio?

[CENA 02 – CASA DE LETÍCIA/ Q. DE LETÍCIA/ NOITE]
(Letícia está no quarto tocando piando, Dácio está sentando na cama dela, com o celular nas mãos)
LETÍCIA – Então quer dizer que sua paquera é bonitinho?
DÁCIO – Sim, mas não sei se tenho coragem de ter algo com ele.
LETÍCIA – Ué, por que não? Você não o achou interessante? (Dácio confirma com a cabeça) Vocês não tinham um papo legal, conversavam até tarde.
DÁCIO – Mas sei lá, Letícia. Nunca fiquei com ninguém. Não sei se tenho coragem o bastante para ir em frente com essa história.
LETÍCIA – Vai com calma. Vocês dois são jovens, tem todo o tempo do mundo para irem vivendo essas experiencia.
DÁCIO – E se ele quiser apressar as coisas, sei lá, querer algo sério?
LETÍCIA – Aí basta você ser sincero com ele e dizer que ainda não está pronto para qualquer compromisso. Se ele também sente alguma coisa por você, ele irá entender e irá esperar.
DÁCIO – Ainda bem que eu tenho você para conversar. (chega uma mensagem em seu celular)
EDUARDO – “Mostrei os exames para o pai do meu amigo que é médico. Tenho notícias, preciso te ver amanhã, no mesmo local, pode ser?”
DÁCIO – “Sim. Também estou esperançoso para o que o tal médico descobriu.”
LETÍCIA – (observa que o primo parou de falar e está digitando algo no celular) Conversando com ele?
DÁCIO – (desligando o celular e voltando a prestar atenção em Letícia) Não, não. Ele já foi dormir, disse que tinha que acordar cedo amanhã.
LETÍCIA – Então para quem você estava digitando a mensagem. Não vai me dizer que também está conversando com outra paquera?!
DÁCIO – Não, também não. Estava mandando uma mensagem para o Pedro. Confirmando do trabalho de amanhã.
LETÍCIA – Ainda estou esperando você trazer esse tal Pedro para vim cantar uma música comigo. Quero ver se ele é tão talentoso como você diz.
DÁCIO – Ele é. Vou convidá-lo para vim aqui amanhã, creio que vocês dois irão se dar bem. Ah, sabe aquela concorrente que os jurados elogiaram durante as gravações, é prima dele.
LETÍCIA – Prima? É, então se ele canta igual ela, certamente deve ser talentoso mesmo.
DÁCIO – Eu já tive o privilégio de ver os dois cantando juntos, e posso dizer que se os dois participassem de alguma competição, seria difícil escolher o melhor entre eles.

[CENA 03 – CASA DE PEDRO – RUA/ NOITE]
(o motorista de Alice estaciona o carro em frente à casa de Pedro)
PEDRO – Obrigado pela carona, e obrigado pela companhia.
ALICE – De nada, eu que agradeço sua companhia durante o dia inteiro.
MOTORISTA – (olhando para o carro de Felipe em frente ao deles) Aquele ali não é o carro de seu pai, Alice?
ALICE – (se inclinando para frente, para olhar direito) Parece que sim. Será que meu pai está na sua casa, Pedro? O que será que ele está fazendo aqui essa hora?
PEDRO – Conhecendo a minha mãe, certamente ela deve ter procurado por ele para me ajudar a me procurar. Como eu sai de casa de manhã, ela deve estar achando que aconteceu alguma coisa.
ALICE – Então é melhor você entrar, antes que ela chame a polícia e tenha várias viaturas em frente da sua casa também.
PEDRO – Isso se ela não já chamou. (Alice e Pedro saem do carro e vão em direção a casa dele. Pedro pega sua chave, abre a porta, ambos entram e dão de cara com Felipe e Alice próximos, um frente ao outro)
PEDRO – Boa noite!
CARLA – (se afastando de Felipe quando ver Pedro) Oi, filho. Eu já ia te ligar, estava preocupada já com o seu sumiço. (repara em Alice) Oi, Alice. Vocês estavam juntos o dia inteiro?
ALICE – Passei a tarde com o Pedro apenas. (caminha até Felipe) O que o senhor está fazendo aqui pai?
FELIPE – Vim conversar algo com a Carla apenas. Mas estava indo já. Já que você está aqui, voltaremos juntos.
ALICE – Queria aproveitar que tá todo mundo aqui reunido e fazer logo o pedido. Pai, meu aniversário é semana que vem, e por coincidência o do Pedro também, aliás, é no mesmo dia. Então, estava pensando que tal fazermos uma grande festa, para os dois aniversários. (Carla começa a ficar preocupada, achando que Felipe irá desconfiar de alguma coisa) Como Pedro é da família, creio que não terá problema algum.
FELIPE – E não terá. Só que parece que a Carla e o Pedro irão embora, filha. Eles irão voltar para Minas.
CARLA – Isso, então não vai dar de fazer essa grande festa, querida.
PEDRO – Eu não vou embora, mamãe. Pensei muito hoje e decidi que se a senhora quiser voltar para a casa do vovô, fique à vontade, porque eu continuarei morando aqui no Rio.
CARLA – Não iremos conversar isso na frente das visitas, Pedro. Isso resolveremos mais tarde.
PEDRO – Já está resolvido, eu não vou mudar de ideia.
ALICE – Bem, já que o Pedro não vai, então tudo bem fazermos a festa.
FELIPE – É melhor deixar o Pedro e a mãe dele resolverem esse assunto sozinhos, filha. Quando tudo tiver resolvido, planejaremos a tal festa. Bem, a gente vai indo agora. Vocês têm muito o que conversar. Vamos, filha? (caminha até à porta)
ALICE – (caminhando até Pedro) Tchau, Pedro. (o abraça, Carla não se sente à vontade vendo os dois abraçados) Até amanhã! (beija o rosto dele e caminha até Felipe)
FELIPE – Boa noite a todos.
PEDRO – Boa noite.
CARLA – Boa noite. (Felipe e Alice saem da casa, Carla caminha até a porta e a fecha)
FELIPE – (caminhando até o motorista) Pode ir, a Alice vai comigo. (Motorista acena com a cabeça, liga o carro e vai embora. Felipe e Alice entram no carro dele)
ALICE – (colocando o sinto) Posso ir organizando os preparativos para a festa?
FELIPE – Vamos aguardar o que será resolvido ali dentro, pode ser filha? (olhando para ela pelo retrovisor do carro)
ALICE – Está bem!

[CENA 04 – CASA DE LETÍCIA/ Q. DE LETÍCIA/ NOITE]
(Dácio havia ido para seu quarto, Letícia continua tocando algumas notas no piano e lembra do que Dácio disse minutos atrás, sobre Pedro e Alice serem talentosos)
LETÍCIA – Preciso ser a melhor cantora daquele programa. Minha irmã precisa de mim. (fecha os olhos e pensa em seu pai) Eu irei ganhar aquele programa, pai. Irei ganhar para você. (Nathaniel aparece no quarto, junto com Gaspar)

[CENA DE MÚSICA – GLITTER IN THE AIR (PINK)]

Have you ever fed a lover with just your hands? 1
Close your eyes and trust it, just trust it
Have you ever thrown a fist full of glitter in the air?
Have you ever looked fear in the face
And said I just don’t care?

And it’s only half past the point of no return
The tip of the iceberg
The sun before the burn
The thunder before the lightning
Breath before the phrase
Have you ever felt this way?

Have you ever hated yourself for staring at the phone? 2
You’re whole life waiting on the ring to prove you’re not alone
Have you ever been touched so gently you had to cry?
Have you ever invited a stranger to come inside?

It’s only half past the point of oblivion
The hourglass on the table
The walk before the run
The breath before the kiss
And the fear before the flames
Have you ever felt this way?

La la la la la la la la 3

There you are, sitting in the garden
Clutching my coffee,
Calling me sugar
You called me sugar

Have you ever wished for an endless night?
Lassoed the moon and the stars and pulled that rope tight
Have you ever held your breath and asked yourself
Will it ever get better than tonight?
Tonight

1. Letícia começa cantando, de olhos fechados. Em sua cabeça, vem uma lembrança de seu pai, e isso a faz sorri. Nathaniel a observa feliz também, Gaspar se aproxima do piano ficando ao lado de Letícia.
2. Letícia fica tocando olhando para as notas do piano. Gaspar se aproxima de Nathaniel, e ambos estão feliz agora.
3. Dessa vez Letícia pensa em Eduardo. Termina a música pensando nele.

[CENA 05 – CASA DE CAIO/ Q. DE CAIO/ NOITE]
(Caio está deitado em sua cama, pensando se vai ou não para o encontro com o líder da gangue para receber a parte do dinheiro do assalto)
CLÁUDIO – (batendo no quarto e entrando) Dormindo já, filho?
CAIO – (sentando na cama) Ainda não. Pensando em algumas coisas aqui.
CLÁUDIO – Algo te incomodando? (senta ao lado dele)
CAIO – Nada demais, pai. A mamãe está trabalhando?
CLÁUDIO – Não, na verdade, ela já foi se deitar. Como amanhã é domingo, ela quer aproveitar final de semana e descansar. (percebe que Caio está muito pensativo) Tem certeza que não está acontecendo nada, filho?
CAIO – Posso confiar no senhor?
CLÁUDIO – Claro, sempre. O que está acontecendo?
CAIO – O garoto, líder do grupo que assaltaram a joalheira me ligou.
CLÁUDIO – Você me disse que não tinha contato com ele!
CAIO – E não tenho, ele me ligou apenas para combinar de se encontrar comigo amanhã.
CLÁUDIO – Você está envolvido com esse pessoal, filho? Eles estão combinando outro assalto?
CAIO – Não, não. Não é nada disso, pai. Ele que me encontrar para dá a parte do dinheiro que ficou faltando por eu ter participado do assalto.
CLÁUDIO – Você vai?
CAIO – Eu não sei. Preciso de um conselho, pai. O que eu devo fazer? (Caio olha para o pai realmente confuso, Cláudio fica pensativo)

Amanhecendo…

[CENA 06 – CASA DE PEDRO/ COZINHA/ DIA]
(Carla está sentada na mesa tomando café, pensativa. Pedro entra na cozinha)
PEDRO – Bom dia. (senta-se a mesa, começa a se servir)
CARLA – Bom dia, filho. (fica um curto silêncio entre eles) Eu sei que você se adaptou ao Rio já…
PEDRO – Eu não vou embora, mamãe. Até a senhora me explicar por que de tantas mudanças repentinas são essas.
CARLA – Você precisa confiar em mim, filho. Será o melhor para todos nós!
PEDRO – O que de tão grave pode acontecer se continuarmos aqui, me diz? (Carla não sabe o que dizer) Está vendo, toda vez que estamos tendo uma conversa séria, a senhora fica calada.
CARLA – Eu tenho uma doença!
PEDRO – (para de se servir) É o que?
CARLA – Eu tenho um aneurisma no cérebro. (Pedro não diz nada, apenas a observa surpreso) Por isso decidi vim para o Rio. Vim tentar descobrir os motivos das minhas dores de cabeça, tonturas…
PEDRO – Tem tratamento?
CARLA – De acordo com o médico, ele não tem um tamanho com que eu me deva me preocupar. Estou tomando uma medicação que tem dito efeito. As dores de cabeça diminuíram.
PEDRO – Mas porque a senhora quer voltar? Sendo que iniciou seu tratamento aqui.
CARLA – Eu vou ao médico amanhã, e se tudo estiver bem, Deus queira que esteja, pretendo voltar para a casa do papai.
PEDRO – Então a senhora só veio atrás de tratamento?
CARLA – Sim. Eu não pertenço mais a esta cidade, filho. De verdade, eu entendo que você tenha gostado daqui, tenha feito novos amigos, mas, você não sente falta do campo? Dos cavalos do seu avô, dos riachos que tem lá…
PEDRO – Tenho, só que será muito difícil para mim ter que abandonar todos que eu gosto novamente.
CARLA – Deixar quem a gente ama faz parte da vida, filho. (Pedro fica pensativo) Mas saiba, que esteja onde estiver, você carregará consigo as boas lembranças que viveu com eles. E isso, jamais poderá ser apagado.
PEDRO – Preciso pensar! (levanta e sai da cozinha, em direção à rua, Carla fica pensativa, torcendo para que dessa vez consiga convence-lo)

[CENA 07 – CASA DE CAIO/ SALA/ DIA]
(Cláudio contou para Camila sobre o encontro de Caio e o líder dos garotos. Camila, conversou com Caio e ambos concordaram em contar para polícia. O delegado responsável pelo caso, está na sala deles)
DELEGADO – O plano é esse, se você topar, podemos ir daqui mesmo para o local marcado. (Caio está calado, pensativo)
CAMILA – É claro que ele topa, né filho?
CAIO – E se eles virem atrás de mim…
DELEGADO – Relaxa garoto, terá um pessoal lá para te proteger.
CLÁUDIO – Filho… (caminha até ele) … essa é a sua chance para você provar para mim e para sua mãe, que você não faz parte da gangue desses garotos.
CAMILA – Se você ajudar os policias a pegar esses garotos, filho, isso vai ajudar e muito sua situação.
DELEGADO – Ouça seus pais, garoto. Faça a coisa certa! (Caio fica pensativo, olhando para os três)

[CENA 08 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Pedro entra na lanchonete do Ivo e vai direto para o balcão)
IVO – (limpando o balcão) Bom dia, garoto! Você por aqui tão cedo, gostou da minha lanchonete, hein. (Pedro não deu muita atenção para o que Ivo disse) Está tudo bem, Pedro?
PEDRO – Não sei o que eu faço, Ivo.
IVO – Quer conversar? (coloca o pano no ombro, e presta atenção em Pedro)
PEDRO – Minha mãe quer ir embora do Rio de Janeiro. Ela quer voltar para Minas, só que eu estou confuso se fico ou se vou com ela.
IVO – No momento você quer dar ouvidos ao o que seu coração está dizendo ou a sua cabeça? (Pedro observa Ivo, pensativo)

[CENA 09 – PRAÇA/ DIA]
(Caio está sentado em um banco da praça, aguardando o garoto aparecer. O delegado, junto com outro policial, Camila e Cláudio, estão um pouco distante, dentro de um carro preto, observando Pedro. Tem outros dois carros pretos em outros pontos estratégicos)
CLÁUDIO – (falando próximo de Camila) Viu, Caio é um menino do bem, ele apenas foi influenciado. Você não precisa ser tão dura com ele.
CAMILA – Ás vezes precisamos ser duros com eles, Cláudio. Porque apesar de tudo, a vida não será tão compreensível como os pais são. (Cláudio não diz mais nada, e todos voltam a observar Caio sentado no banco, olhando para os dois lado, um pouco nervoso)

[CENA 10 – CASA DE PEDRO/ SALA – COZINHA/ DIA]
(Carla está lavando algumas louças, quando a campainha toca. Ela enxuga as mãos, e vai em direção à porta)
CARLA – Já vai. (abrindo a porta, dando de cara com Miguel) Miguel?
MIGUEL – Eu te amo, Carla. E não vou deixar você ir embora novamente. (a beija de surpresa)

[CENA 11 – LANCHONETE/ DIA]
(Dácio está sentado em uma mesa, trocando mensagens com Daniel, aguardando Eduardo chegar)
EDUARDO – (aparecendo do lado dele de surpresa) Desculpa a demora. (Dácio guarda seu celular, evitando que ele tenha visto as mensagens) Tinha que fazer umas entregas, antes de vim aqui.
DÁCIO – Sem problema. Mas e então, o que o pai do seu amigo disse.
EDUARDO – Bem… (abrindo sua mochila e retirando os exames dentro dela, entrega para Dácio) … ele tirou copias dos exames e mandou para um amigo dele que é especialista na área.
DÁCIO – Estão todos aqui? (recebendo os exames e os conferindo)
EDUARDO – Sim, não se preocupa, estão todos aí.
DÁCIO – Bom, hoje mesmo os coloquei no lugar.
EDUARDO – Mas continuando, esse amigo do pai do meu amigo especialista na área, analisou os exames e garantiu, com toda certeza, que sim.
DÁCIO – A Letícia pode ser curada?
EDUARDO – Pode! (sorri) Há sim uma chance dela ser curada!

Continua no Capítulo 38…

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