“Milhões de Motivos”

 

[CENA 01 – PARQUINHO/ DIA]
(a versão de Letícia criança está sentada em um balançado no mesmo parquinho que ela costuma sonhar todas as noites, o pai dela está sentado em outro, ao lado)
LETÍCIA (versão criança) – Chegou a hora da gente brincar, papai?
PAI DE LETÍCIA – Ainda não, filha. (se balançando levemente com os pés, e no mesmo movimento puxava o de Letícia com as mãos) O programa ainda não acabou!
LETÍCIA (versão criança) – Mas é a Cássia quem está cantando. Ela quem irá ganhar, não eu.
PAI DE LETÍCIA – Mas a voz que será revelada não será a dela.
LETÍCIA (versão criança) – O senhor também acha que elas estão usando minha voz?
PAI DE LETÍCIA – (levanta, fica de trás do balançado dela e começa a empurra-la levemente) Não se preocupa com elas… eu tô aqui do seu lado, e sempre vou estar. (começa a empurrá-la mais forte)
LETÍCIA (versão criança) – Queria ficar aqui para brincar com o senhor.
PAI DE LETÍCIA – Em breve… Em breve estaremos juntos e poderemos brincar. Por enquanto, você precisa voltar… (Letícia está sendo balançada mais forte agora, começa a ri vendo o quão alto ela sobe)
LETÍCIA (versão criança) – Vamos brincar só mais um pouco, pai.
PAI DE LETÍCIA – Em teus sonhos a gente brinca mais… (Letícia sobe cada vez mais, o que a faz rir mais também) Eu te amo, filha. (Letícia é balançada cada vez mais forte, o que a faz subir mais alto, sorridente, ela olha para o céu, e uma luz branca ocupa todo o local)

[CENA 02 – HOSPITAL/ Q. DE LETÍCIA/ DIA]
(o médico havia chegado, e estava tentando reanimar Letícia. Alguns segundos na tentativa, Letícia abre os olhos)
REGINA – (se aproximando dela) Graças à Deus, querida. (o médico começa a examiná-la, Nathaniel que estava no fundo do quarto, desaparece assim que Letícia desperta) Que susto que você nos deu. (o médico continua examinando-a, Regina se afasta um pouco, para deixa-lo trabalhar, Letícia não fala nada, continua olhando para cima, com um pequeno sorriso no rosto)

Anoitecendo…

[CENA 03 – SÍTIO DE FREDERICO (MINAS)/ Q. DE CARLA/ NOITE]
(Carla está sentada na cama, pensativa sobre o que o médico disse para ela hoje pela manhã, Miguel sai do banheiro, enxugando o cabelo)
MIGUEL – Me dói te ver triste desse jeito.
CARLA – Não quero que você se sinta assim. (levanta e caminha até ele) Se o pior for pra acontecer, que seja…
MIGUEL – Não diz isso, Carla… (para de enxugar os cabelos) Nós vamos fazer essa operação, e você ficará curada.
CARLA – Você viu as chances, são 30% contra 70 de não ser bem-sucedida.
MIGUEL – Confiemos nesses 30% então. É o bastante para nós…
CARLA – Queria ter essa sua autoestima. (se afasta dele) No momento eu não consigo…
MIGUEL – E nem precisa… pode deixar que eu tenho por nós dois. (se aproxima dela) Você ficará curada. Essa operação será um sucesso, e seremos felizes. (a beija rapidamente) E teremos nosso 5 filhos… (Carla ri, se afastando dele)
CARLA – Vou terminar o jantar, enquanto você se veste. (sai do quarto, Miguel caminha até o espelho, volta a enxugar os cabelos e fica pensativo)

[CENA 04 – CASA DE PEDRO/ SALA/ NOITE]
(Junior e Ana estão na sala, ambos mexendo no celular, Paula sai da cozinha)
PAULA – Mais alguns minutos e o jantar estará pronto.
JUNIOR – Tem certeza que não precisa de ajuda?
PAULA – Tenho, preciso ser boa em uma coisa ao menos, já que talvez em breve a próxima a casar serei eu.
JUNIOR – (guardando o celular) Quer dizer que já foi feito um pedido de casamento?
PAULA – Ainda não.
JUNIOR – Será que vai partir por livre espontânea vontade dele ou virá de você…
PAULA – Eu confesso que não me vejo casada, então certamente esse pedido não partirá de mim. (campainha toca, Paula vai atender) Porém, dele creio que esteja a caminho… (abre a porta) Flávio? Você não me avisou que viria?
FLÁVIO – Queria te fazer uma surpresa. (repara que Paula não está sozinha) Atrapalho algo?
PAULA – Não, nada. Entra. (Flávio e Paula vão para sala) Na verdade, convidei o Junior e Ana para comerem aqui hoje. Estou praticando os meus dotes culinários.
FLÁVIO – Boa noite, pessoal. Olha… então acho que fiz bem ter vindo.
PAULA – Não sei… (ri) … talvez sim, talvez não. Bem, vou lá pra dentro ver como está tudo. Já volto. (caminha apressada até a cozinha, Flávio se aproxima até os sofás, Ana ao vê-lo sente alguns calafrios, ela guarda o celular)
ANA – Vou lá para dentro ver se a Paula precisa de ajuda, licença. (levanta apressada do sofá, se olhar novamente para Flávio)
FLÁVIO – Bonita sua filha.
JUNIOR – Obrigado.
FLÁVIO – Quantos anos ela tem?
JUNIOR – (desconfiado) 15 anos, por quê?
FLÁVIO – Não, nada. É que não parece. Parece ser bem mais velha, tipo uns 17 anos por aí…
JUNIOR – Não. Ela tem 15. (fica um clima estranho na sala, ambos ficam calados, Junior volta a mexer no celular, Flávio faz o mesmo)

[CENA 05 – CASA DE MANUELA/ Q. DE MANUELA/ NOITE]
(Manuela está em cima da cama estudando para os vestibulares que se aproximam, chega uma mensagem em seu celular)
TIAGO POR MENSAGEM – “Oi?”
MANUELA – É do Tiago! (se anima, e responde) “Oi. Como conseguiu meu número?”
TIAGO POR MENSAGEM – “A Thalita me deu” “Fazendo o que?”
MANUELA – “Estudando” “E você?”
TIAGO POR MENSAGEM – “Vários nadas… rs” “Tá afim de sair?”
MANUELA – (demora um pouco para responder, fica pensativo, começa a digitar algo, apaga, digita novamente, apaga, digita novamente e volta a apagar) O que eu respondo… (levanta da cama, ansiosa, começa a digitar e responde) “Onde?”
TIAGO POR MENSAGEM – “Conheço uma pizzaria aqui perto”
MANUELA – (começa a andar de um lado para o outro, pensa em dispensá-lo, começa a digitar, apaga o que digitou e volta para cama) Calma, Manuela… se acalma. É o Tiago, o garoto mais bonito do colégio te convidando para sair. Você não pode dispensá-lo. Ou será que isso não passa de um plano da Alice, e os dois estão pensando em alguma pegadinha comigo? (chega uma mensagem de Tiago)
TIAGO POR MENSAGEM – “Oi? Alguém aí?” “Se não tiver afim, sem problema…”
MANUELA – (digita rapidamente antes que ele desistisse) “Sim!” “Aceito sair com você”
TIAGO POR MENSAGEM – “Que horas posso passar na sua casa?”
MANUELA – “20:00”
TIAGO POR MENSAGEM – “Beleza” “Preciso do seu endereço agora, né… rs” (Manuela digita seu endereço e envia para ele) “Até daqui a pouco, Manu…”
MANUELA – Manu!!! Ele me chamou de Manu. Preciso ligar para as meninas. (liga para Thalita)
THALITA POR TELEFONE – Alô!
MANUELA – Você deu meu telefone para o Tiago?
THALITA POR TELEFONE – Dê. Fique surpresa também quando ele me pediu. Ele mandou mensagem para você?
MANUELA – Melhor… ele me convidou para sair.
THALITA POR TELEFONE – Olha só… você aceitou, né?
MANUELA – Aceitei, claro. Preciso da sua ajuda. Não sei que roupa vestir.
THALITA POR TELEFONE – Não se preocupa, te ajudo a escolher uma. Vou te ligar por vídeo.
MANUELA – Está bem. (Thalita desliga, e retorna por vídeo chamada, Manuela levanta rapidamente em cima da cama, coloca o celular sobre a mesa, caminha até seu guarda roupa e começa a tirar varias roupas de dentro dele)
THALITA POR VÍDEO – Preciso que você me mostre suas melhores roupas… (Manuela pega algumas peças de roupa e começa a mostrar para Thalita, as que era ia desaprovando, Manuela ia jogando no chão)

[CENA 06 – CASA DE CAIO/ Q. DE CAIO/ NOITE]
(Caio está jogando no PC, Cláudio entra em seu quarto, e como o mesmo estava de fone de ouvidos, não ouve seu pai chamando)
CLÁUDIO – (tirando os fones de Caio) Está me ouvindo, garoto?
CAIO – Oi, pai! (pausando o jogo) Não ouvi, desculpa.
CLÁUDIO ­– Cuidado para não ficar surdo, jogando isso aí com o volume no máximo.
CAIO – Não precisa se preocupar. O jantar está pronto?
CLÁUDIO – Bem, para falar a verdade, vim aqui para te dizer que eu e sua mãe iremos jantar fora.
CAIO – Só vocês?
CLÁUDIO – Só… e olha que você conhece a sua mãe, deve ter imaginado o tamanho do trabalho que eu tive para conseguir fazê-la sair de casa.
CAIO – Mas o senhor deixou alguma coisa pronta, né?
CLÁUDIO – Não, aproveita que hoje é a noite da pizza. (Caio comemora)
CAIO – O senhor é o cara, pois conseguiu duas coisas difíceis. Tirar a mamãe de casa e fazê-la com que ela permitisse que eu comesse pizza.
CLÁUDIO – Só não vai exagerar, hein. Uma pizza e só.
CAIO – Pode deixar, pai.
CLÁUDIO – Vou ver se sua mãe saiu do banho já. Depois a gente passa aqui, ela certamente vai te dar algumas regras…
CAIO – …repetir outras.
CLÁIDO – (ri) Repetir outras, enfim, depois a gente vem aqui dá o beijo de boa noite, já que possivelmente quando voltarmos, não iremos passar aqui. Me entendeu, né garoto.
CAIO – Sim, e não gostaria de ter entendido. Divirtam-se. (coloca os fones e volta a jogar, Cláudio sai do quarto)

[CENA 07 – CASA DE PEDRO/ SALA – COZINHA/ NOITE]
(Junior e Flávio continuam em silêncio na sala, Paula entra)
PAULA – Que silêncio… o jantar está na mesa já.
JUNIOR – Opa. (levanta e vai na frente, Flávio levanta, e aproveitando que está sozinho com Paula, a puxa para perto dele)
FLÁVIO – Nem provei sua comida ainda, mas tenho certeza que está excelente.
PAULA – Tomara que esteja mesmo, hein… porque deu um trabalho. (os dois se beijam, e vão para cozinha. Junior estava ajudando Ana a terminar de aprontar a mesa, Paula leva Flávio até sua cadeira, Ana e Junior sentam-se de frente para ele, Paula começa a trazer algumas tigelas)
ANA – Quer ajuda?
PAULA – Não precisa, querida. É só essa que falta. (coloca na mesa, e senta-se ao lado de Flávio) Bem, podem se servirem, gente. Sem cerimônia. (ambos começam se servir, Paula apenas fica observando)
JUNIOR – Se o gosto tiver igual o cheiro, só digo uma coisa, Paula… você está pronta para casar. (Paula ri)
PAULA – Espero que gostem, de verdade. (Junior termina de se servir, Ana e Flávio continuam colocando comida em seus pratos, em uma das trocas de panelas, Ana acaba tocando em Flávio. Ao tocá-lo, Ana ver uma lembrança dele. Ana ver Flávio em cima de Laura, ambos sem roupa, ele a segurando com força, e Laura chorando, pedindo que ele saísse decima dela, como foi um toque rápido, logo a visão se encerra. Assustada, Ana solta a colher que iria pegar a salada e levanta da mesa)
JUNIOR – Tudo bem, filha?
PAULA – (Ana olha para Flávio com medo e nojo, Paula a percebe encarando Flávio) Tudo bem, Ana?
ANA – Estou sem fome. Estou indo para casa, pai. (sai da cozinha apressada)
JUNIOR – (levantando da mesa também) Filha, espera… Desculpa, Paula, preciso ver o que aconteceu.
PAULA – Sem problema. (Junior sai apressado tentando acompanhar Ana)
FLÁVIO – Ela tem algum problema?
PAULA – Não sei, desconfiamos de algo, mas são só suspeitas. Ela não parava de olhar para você…
FLÁVIO – Não pergunte para mim, também não sei o que houve com ela. Bem, deixa eu ver como ficou essa sua comida. (dar a primeira colherada, saboreando, faz sinal de joinha para Paula, e dar outra colherada. Paula finge sorri, porém fica desconfiada de que tem algo estranho na vida de Flávio)

[CENA 08 – CASA DE ANA/ SALA/ NOITE]
(Ana chega em casa, se limpando, como se a visão que ela teve, a tivesse a sujado de alguma forma, Junior chega em casa e ver ela naquele estado)
JUNIOR – O que está acontecendo, filha? Por que saiu daquele estado?
ANA – A Paula não pode se casar com aquele cara. Não pode!
JUNIOR – Por que não pode? O que aconteceu? Ele te fez alguma coisa?
ANA – (para de se limpar, fica de frente para o pai, pensa em contar o que viu) Ele só não é uma boa pessoa. Desde que eu o vi na primeira vez na porta da casa dela, desconfio disso.
JUNIOR – Só porque você desconfia de que ele não seja uma boa pessoa, não quer dizer que ele não seja. Você nem o conheceu direito.
ANA – O senhor pode acreditar, que o que eu vi dele, já basta para mim.
JUNIOR – E o que você viu dele?
ANA – Nada, pai. Vou tomar um banho, tô me sentindo suja… (volta a se limpar, subindo para o quarto, Junior fica na sala, pensativo)

Amanhecendo…

[CENA 09 – COLÉGIO ESTADUAL OLIVEIRA SANTOS/ PÁTIO – REFEITÓRIO/ DIA]
(Ana e Alan estão sentados em um dos bancos, ambos em silêncio. Alan está pensando em sua mãe, e Ana pensando em quem seria a garota que estava sendo abusada por Flávio)
ALAN – (suspeitando que Ana talvez não queira mais falar com ele, por que sua mãe foi acusada de roubo) Eu entendo esse seu silêncio!
ANA – (confusa, achando que talvez ele saiba que ela tem visões) Entende?!
ALAN – Sim. Entendo que você não quer mais se envolver comigo, filho de uma mãe que está sendo acusada de roubo.
ANA – Que? Não, claro que não. É outra coisa… E desculpa, eu realmente devia está te apoiando nesse momento. (o abraça) Você não quer me contar de que estão acusando sua mãe?
ALAN – A direção da escola está acusando-a de levar alguns pacotes de comida para casa. Isso é mentira, você sabe que lá em casa nem tanta comida tem assim.
ANA – Eles têm prova do que estão acusando?
ALAN – Eles afirmam que falta alguns pacotes de alimentos e que a única que tem acesso a despensa é ela.
ANA – Mas algum outro funcionário poderia muito bem ter entrado, ou até mesmo algum aluno. Sua mãe não se defendeu?
ALAN – Não. Ela é como eu, não gosta de que as pessoas duvidem dela. Então aceitou a demissão.
ANA – (achando que tem algo errado) Se sua mãe é inocente, ele deveria ter se defendido ao menos. (pensa em algo) Vem comigo. (levanta e o puxa em direção para dentro da escola)
ALAN – Para onde?
[REFEITÓRIO]
(o refeitório estava vazio, já que alguns alunos ainda não haviam chegado, Ana e Alan entram disfarçadamente na cozinha, em direção a despensa)
ALAN – O que você está fazendo, Ana? Se nos pegam aqui, podem nos acusar de nós sermos o ladrão.
ANA – Confia em mim. Será rápido. (eles param em frente a porta da dispensa, porém a encontra trancada) Está trancada.
ALAN – Claro que está, minha mãe devolveu a chave para o diretor.
ANA – Não precisamos entrar, só preciso tocar em um objeto. (observa o cadeado, fecha os olhos, tentando se concentrar e toca no objeto)
ALAN – O que você está fazendo?
ANA – Shii, preciso me concentrar. Vamos, funciona, por favor… (Alan observa Ana segurando o cadeado, como se tentasse quebrá-lo com as mãos) Porque não vejo nada… (abre os olhos) Talvez não seja assim que funciona. (solta o cadeado, volta a fecha os olhos, respira calmamente, e toca de leve no cadeado. Nesse momento, Ana consegue ver o que aconteceu naquele ambiente dias atrás. Ela ver a mãe de Alan destrancando o cadeado, abre a porta e entra na dispensa com o cadeado e chaves nas mãos. Com uma sacola, começa a pegar alguns pacotes de macarrão, arroz, os coloca na sacola, sai da dispensa, fecha a porta, coloca o cadeado e vai embora, a visão encerra aí, Ana solta do cadeado, se afastando da porta)
ALAN – (achando-a estranha) Você pode me explicar o que aconteceu aqui? (Ana olha para Alan, confusa)

[CENA 10 – HOSPITAL/ Q. DE LETÍCIA/ DIA]
(Dácio havia passado no hospital, para ver como Letícia estava antes de ir para a escola)
DÁCIO – Fiquei tão preocupado. Queria vim antes, só que a Regina disse que você precisava descansar, ordens médicas…
LETÍCIA – Estou bem. Você não vai se atrasar por ter vindo aqui?
DÁCIO – Um pouco, mas eu precisava te ver. Ver se realmente você estava bem.
LETÍCIA – Eu estou. Não precisa se preocupar. (começa a sorri)
DÁCIO – Posso saber qual o motivo desse sorriso todo?
LETÍCIA – Meu pai… sonhei com ele ontem.
DÁCIO – O mesmo de sempre?
LETÍCIA – Não… dessa vez a gente conversou, ele disse que estará sempre do meu lado, e que não havia chegado a hora ainda da gente brincar juntos.
DÁCIO – (preocupado) O que ele quis dizer com isso?
LETÍCIA – Que eu ainda tenho trabalho para fazer aqui, por isso não posso me deixar me abater, preciso me recuperar, me preparar e cantar para o Brasil. (Dácio ver Letícia com um brilho diferente no olhar, a percebe mais animada, mais viva, e isso o faz sorri)

[CENA 11 – CEMITÉRIO NOSSA SENHORA DA MISERICÓRDIA/ DIA]
(Luana está sentada ao lado da lápide onde sua filha foi enterrada. Como das outras vezes, está segurando um pequeno buque que flores brancas, retira as murchas de cima da lápide e coloca as novas no lugar)
LUANA – Eu de novo, filha! Vim só mudar as flores que estavam murchas já. Prometo voltar semana que vem, para te fazer outra visita. (passa a mão sobre a lápide, nesse momento, Luana é surpreendida por Paula, aparecendo por detrás dela)
PAULA – Luana? (Luana levanta rapidamente, surpresa) Por que anda colocando flores nesse túmulo? (Luana fica paralisada sem resposta)

[CENA 12 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Alice está falando com um dos poucos amigos que lhe sobrou, procurando alguém para cantar um dueto com ela)
ALICE – Essa é uma oportunidade do Brasil te conhecer. Certo que a música que eu escolhi me favorece, já que irei ficar com as notas mais alta, porém você terá um pouco de destaque sendo a segunda voz. Como assim vai estar ocupada neste dia? Quer dizer que você está dispensando uma ótima oportunidade de aparecer na TV, de cantar comigo… Quer saber, dane-se, também não preciso de você. Considere-se bloqueada. (desliga e bloqueia o número dela, pega seu caderninho, e risca o nome de uma das pessoas na lista) Eu não preciso de ninguém. Vou passar desse programa, sem dueto. Só eu e minha voz. (de repente começa a chorar, abaixa a cabeça, disfarçando antes que alguém perceba, Ivo aparece na mesa dela)
IVO – Tudo bem? Comida tava tão ruim assim?
ALICE – (levanta a cabeça rapidamente, limpando as lágrimas) Não, estava ótima. A lanchonete é ótima. Estou chorando por outro motivo.
IVO – Quiser conversar pouco?
ALICE – Não precisa. Estou bem já. (pega seu celular, e liga para o próximo contato)
IVO – Precisando de mim, estou logo ali. (sai da mesa, indo em direção ao balcão. Alice liga para outro amigo que lhe sobrou, porém como das outras vezes, não consegue um parceiro para dueto)
ALICE – Aquilo foi um acidente. Será que todo mundo vai passar o resto da vida me lembrando disso. Tem que ser muito idiota mesmo para recusar uma proposta dessa, esqueça que eu existo. (desliga e bloqueia o número também, vendo que não tinha mais ninguém para ligar, ela volta a ficar triste) Ao menos isso serviu para mostrar que eu não tinha amigos. Eram tudo um bando de ambiciosos, que estavam interessados no meu dinheiro, e agora que não tenho nada, me abandonam. (a vontade de chorar volta novamente) Não chora, Alice! Você não precisa de ninguém. Você é forte. Você tem talento. E vai ganhar aquele programa sozinha. (limpa uma lágrima que caiu, olhando para a máquina de karaokê) Não deixem que te vejam chorar… (levanta da mesa e caminha até a máquina, procura por alguma música, coloca para tocar e vai em direção ao palco) … só coloque um sorriso no rosto! (começa a cantar)

[CENA DE MÚSICA – MILLION REASONS (LADY GAGA)]

You’re giving me a million reasons to let you go 1
You’re giving me a million reasons to quit the show
You’re givin’ me a million reasons
Give me a million reasons
Givin’ me a million reasons
About a million reasons

If I had a highway, I would run for the hills
If you could find a dry way, I’d forever be still
But you’re giving me a million reasons
Give me a million reasons
Givin’ me a million reasons
About a million reasons

I bow down to pray 2
I try to make the worst seem better
Lord, show me the way
To cut through all his worn out leather
I’ve got a hundred million reasons to walk away
But baby, I just need one good one to stay

Head stuck in a cycle, I look off and I stare
It’s like that I’ve stopped breathing, but completely aware
‘Cause you’re giving me a million reasons
Give me a million reasons
Givin’ me a million reasons
About a million reasons

And if you say something that you might even mean 3
It’s hard to even fathom which parts I should believe
‘Cause you’re giving me a million reasons
Give me a million reasons
Givin’ me a million reasons
About a million reasons

I bow down to pray
I try to make the worst seem better
Lord, show me the way
To cut through all his worn out leather
I’ve got a hundred million reasons to walk away
But baby, I just need one good one to stay

Ehh, ehh, eyy 4
Baby, I’m bleedin’, bleedin’
Stay, ehh, ehh
Can’t you give me what I’m needin’, needin’?
Every heartbreak makes it hard to keep the faith
But baby, I just need one good one
Good one, good one, good one, good one, good one

When I bow down to pray 5
I try to make the worst seem better
Lord, show me the way
To cut through all his worn out leather
I’ve got a hundred million reasons to walk away
But baby, I just need one good one, good one
Tell me that you’ll be the good one, good one
Baby, I just need one good one to stay

1. Alice fica no meio do palco, as pessoas que estavam na lanchonete, param e prestam atenção nela. Ivo, que estava fechando a conta de uma das mesas, também para e observa.
2. Alice fecha os olhos, pensa em Pedro, pensa em seu pai, pensa em suas amigas, em seguida abre os olhos novamente, e finge um sorriso.
3. Ivo vai atender uma mesa que o havia chamado, Alice o observa, e ela lembra que Ivo também canta, e isso lhe dá uma ideia. Ivo termina de atender a mesa, e volta a observar o palco, e percebe Alice olhando para ele, Ivo sorri para ela, ela faz o mesmo.
4. Ivo estranha que Alice não para de olhar para ele, decide parar de olhar para o palco e caminha em direção ao balcão, onde finge anotar alguma coisa.
5. Alice termina a musica olhando para a plateia, com um sorriso de verdade no rosto dessa vez. No final da música, Ivo decide olhar para o palco, para sua surpresa, Alice estava descendo dele, indo em sua direção.

IVO – (fingindo anotar alguma coisa, ao perceber ela na sua frente) Você cantou bem, parabéns.
ALICE – Obrigada. Você canta também, né?
IVO – Sim, por que?
ALICE – (sorrindo) Tenho uma proposta pra te fazer!

Contínua no Capítulo 52…

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo