“Toda Forma de Amor”

 

[CENA 01 – CASA DA CARLA/ SALA/ DIA]
CARLA – Eu juro que pensei muito no seu convite, mas acho que ainda é muito cedo para você me apresentar a sua família.
MIGUEL – Não, não é. Já conversamos sobre isso, Carla…
CARLA – Pra mim ainda não é a hora.
MIGUEL – Como assim?
CARLA – É um passo muito grande conhecer a sua família agora, Miguel. Mal começamos a namorar e já ir conhece-los, é como se eu estivesse apressando as coisas.
MIGUEL – Eu sei que isso não é verdade.
CARLA – Mas a sua família não. Eu não quero que eles tenham essa impressão de mim.
MIGUEL – É claro que não. Minha tia é super gente boa, vai aprovar o nosso relacionamento. E mesmo assim, ela deve te conhecer tão bem, pelas quantidades de coisas que já falei de você. Eu já disse, não vou aceitar não como resposta.
CARLA – Eu só estou te pedindo um tempo, Miguel!
MIGUEL – Eu te esperei durante 15 anos! Creio que seja tempo demais já!
CARLA – Para quem esperou esse tempo todo, mais alguns dias não será problema algum.
MIGUEL – (ri) Você é uma boa negociadora mesmo. Está bem, não vou te obrigar a nada. Importa que estamos namorando e esse jantar em família será uma mera formalidade.
CARLA – Não quero que você pense que eu não quero jantar com a sua família, pelo contrário, quero muito, mas… é que realmente preciso desse tempo.
MIGUEL – Não se preocupa, Carla, eu te entendo. Quando estiver pronta, só me avisar. Agora vem cá, desde que cheguei aqui, não recebi nenhum beijo  seu. (se aproxima dela e a beija)

[CENA 02 – CAMINHO PARA A LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Pedro e Ana estão voltando da escola)
ANA – Então, o que achou da sua primeira semana na escola nova?
PEDRO – (brinca) Posso dizer que sobrevivi!
ANA – E eu pensando que você iria fazer amizade com a Andréa.
PEDRO – É, quando eu a conheci imaginei que poderíamos ser amigos, mas então percebi como ela realmente é. E eu não gosto desse tipo de pessoa, que se achar melhor ou superior a alguém.
ANA – O ego dela aumentou ainda mais, depois que ela conseguiu entrar para um programa de música.
PEDRO – Que programa de música?
ANA – Um que passa na TV. O ganhador leva 500 mil reais e a gravação do seu primeiro CD.
PEDRO – Nossa, parece ser um bom programa.
ANA – Se você tivesse chegado aqui alguns meses atrás, poderia ter te inscrito.
PEDRO – Não sei, acho que nem seria selecionado.
ANA – Que nada, você está dizendo isso porque você está com vergonha. Mas pode deixar, esse ano as inscrições já se encerraram, mas no próximo você não me escapa.

[CENA 03 – CASA DA ALICE/ SALA/ DIA]
(Felipe estava na sala, quando Miguel chega)
FELIPE – Então, como foi na casa da namorada?
MIGUEL – Bem, ela disse que tinha que buscar uns exames ao médico, então voltei mais cedo.
FELIPE – Ela está bem?
MIGUEL – Está, é alguns exames de rotina.
FELIPE – Sei… ela aceitou o jantar em família?
MIGUEL – Não, ela acha que está cedo para apresenta-la como minha namorada.
FELIPE – Tenho que concordar com ela. Vocês mal começaram namorar, não que eu não acredite no amor de vocês, mas está muito cedo, não acha Miguel?
MIGUEL – Mas eu sei que esse não foi o real motivo dela não ter aceitado.
FELIPE – E qual foi então?
MIGUEL – Foi você!

[CENA 04 – HOSPITAL/ DIA]
(Carla está no consultório, esperando o médico trazer os resultados dos últimos exames. Alguns segundos de espera, ele entra com os resultados em mãos)
CARLA – Então doutor, espero que tenha me trado boas notícias.
DOUTOR – (ri) Trouxe sim, Carla. Felizmente o aneurisma é bastante pequeno, então não precisará passar por cirurgias. (Carla fica aliviada) No entanto, você precisará ficar em acompanhamento, ver se ele não irá crescer, se realmente não precisará de cirurgia.
CARLA – Sim, claro.
DOUTOR – Outra coisa, apesar dele ser pequeno, ele ainda pode romper. Não posso disse quando, porque isso não temos como saber. Mas, qualquer sintoma, dor de cabeça, desmaio, palpitações, recomendo que venha urgentemente para cá.
CARLA – Está bem.
DOUTOR – E não se preocupa, pessoas vivem normalmente com aneurismas, você não será uma exceção. Você é jovem ainda, tem uma ótima saúde e terá uma vida longa pela frente, pode acreditar.

[CENA 05 – LANCHONETE DO IVO/ DIA]
(Ana e Pedro entram na lanchonete do Ivo e vão diretamente até ele, que está limpando o balcão)
IVO – Olá, meus jovens. O que vocês vão querer hoje?
ANA – Na verdade não iremos demorar, Ivo. O Pedro só veio te dar a resposta sobre aquela sua proposta.
IVO – Ah é, então Pedro, o que você decidiu?
PEDRO – Eu pensei bem, vi que realmente é uma proposta bem tentadora, então… aceito sim. Mas, quero deixar claro que não virei cantar sempre por aqui. Será apenas algumas apresentações, em troca de alguns lanches.
IVO – (feliz) O palco da minha lanchonete é seu, garoto. Pode vir cantar aqui quando quiser.
PEDRO – Bom, então já que estamos acertados, hora de ir Ana!
IVO – Mas já? Não, não, por que não aproveita que aceitou a minha proposta, e decide estrear o palco.
PEDRO – Não, melhor não.
IVO – Qual é? Para oficializar a proposta. Só uma música, garanto que não irá demora.
ANA – Vai, Pedro. Quero te ouvir também. (senta em um banquinho) Não irei embora até você subir naquele palco e cantar uma pra gente.
IVO – E se você estiver com vergonha, só repara que hoje a lanchonete nem está tão cheia assim. (Pedro olha ao redor da lanchonete, e observa que realmente há poucas pessoas)
PEDRO – Mas eu não planejei nenhuma música,  nada…
IVO – Um garoto como você deve ter um repertório bom. Vai lá, qualquer uma que você escolher, certeza que o pessoal vai gostar.
ANA – Anda, Pedro! (Pedro no fundo queria ir, tira a mochila das costas, coloca sobre o balcão e caminha em direção ao palco um pouco tímido, antes ele seleciona uma música no karaokê e pede para que Ana desse play no sinal dele)
PEDRO – (em frente ao microfone, um pouco nervoso) Bom dia a todos. Irei cantar uma música a vocês, espero que gostem. (olha para Ana que está ao lado do karaokê e dá sinal para ela inicia à música)

[CENA DE MÚSICA – TODA FORMA DE AMOR (LULU SANTOS)]

Eu não pedi pra nascer 1
Eu não nasci pra perder
Nem vou sobrar de vítima
Das circunstâncias

Eu tô plugado na vida 2
Eu tô curando a ferida
Às vezes eu me sinto
Uma mola encolhida

Você é bem como eu 3
Conhece o que é ser assim
Só que dessa história
Ninguém sabe o fim

Você não leva pra casa
E só traz o que quer
Eu sou teu homem
Você é minha mulher

E a gente vive junto 4
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor

Eu não pedi pra nascer 5
Eu não nasci pra perder
Nem vou sobrar de vítima
Das circunstâncias

Você não leva pra casa
E só traz o que quer
Eu sou teu homem
Você é minha mulher

E a gente vive junto 6
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor

1. Ana dá play na música que começa a tocar. Pedro, começa cantar ainda um pouco tímido.
2. Ana volta para o balcão, ao lado de Ivo. Os fantasmas amigos de Ivo também aparecem ao lado dele, e começam a curtir a música.
3. De acordo que o ritmo da música ia se animando, Pedro também ia se soltando. Aos poucos, o pessoal que estavam na lanchonete começam a bater palmas, seguindo o ritmo da música.
4. Ramon entra na lanchonete, e dá de cara com Pedro no palco cantando, se esconde um pouco, pois não queria ser visto pelo o garoto, e fica observando Pedro cantando até o fim escondido, aparentemente, está surpreso ao ver que o garoto canta bem.
5. Ivo está sorrindo, ao ver que Pedro pode ser o tal garoto que trará gloria a sua banda, igual os seus amigos fantasmas, que também estão curtindo a música.
6. Pedro se sente à vontade no palco, e fica feliz vendo que com sua voz, consegue divertir as poucas pessoas que estavam por lá.
*na versão de Pedro, Toda Forma de Amor é mais animada que a versão original da música.

[CENA 06 – CASA DA ALICE/ SALA/ DIA]
MIGUEL – Essa história de vocês serem irmãos… creio que isso irá deixa-la sem jeito na frente da tia.
FELIPE – (aliviado) Ah, é isso.
MIGUEL – Ela talvez não tenha superado essa história que aconteceu entre seus pais.
FELIPE – Acho que não é isso…
MIGUEL – É claro que é primo. O que mais poderia ser então? Carla ainda não deve ter aceitado o pai dela ter abandonado ela e a irmã para ir atrás da tia.
FELIPE – Miguel, não pira. Eu não entendi muito bem essa história e no fundo também não quis saber, mas, tenho certeza que a Carla não está “amargurada” por isso.
MIGUEL – Você não conhece a Carla como eu conheço. Na época que nos conhecemos, ela odiava o pai. Queria por que queria, encontra-lo. Descobrir o por que dele ter abandonado a mãe e as duas ainda pequenas. Com certeza é isso.
FELIPE – Então tá, se for realmente isso, o que você pretende fazer?
MIGUEL – Não sei. Talvez um encontro entre as duas, mostrar que a tia não é o tipo de mulher que a Carla pensa.
FELIPE – E você vai planeja um encontro entre as duas?!
MIGUEL – Se for preciso, sim.
FELIPE – Boa sorte então. Bem, tenho que ir agora. Diga para a mamãe que não vou poder almoçar com vocês hoje. Tenho uma reunião agora. (levanta do sofá, arruma sua pasta e sai de casa)

[CENA 07 – CASA DO PEDRO/ SALA/ DIA]
(Paula e Carla estão conversando. Paula tinha acompanhado a irmã até o hospital e agora em casa, estão falando do resultado)
PAULA – Não sei não, Carla. Eu acho melhor você ligar para o papai, pedir um dinheiro a ele, e ir procurar um hospital particular.
CARLA – Eu não quero preocupar o papai, Paula. E mesmo assim, eu confio no que o médico falou. Eu vou tomar os remédios que ele recomendou, fazer os acompanhamentos. Agora, vamos parar de falar nisso que o Pedro deve estar chegando da escola.
PAULA – E quanto ao Miguel, o que você resolveu?
CARLA – Ele me deu mais um tempo. E eu vou usar esse tempo para pensar no que fazer. (campainha)
PAULA – Será que é ele?
CARLA – Deixa que vou lá. (Carla abre a porta) Felipe? O que faz aqui?
FELIPE – Será que podemos conversar?

[CENA 08 – CAMINHO PARA CASA DE PEDRO/ DIA]
(após comerem alguma coisa no Ivo, Pedro e Ana voltam para casa)
ANA – Você cantou muito bem. Se tivesse se inscrito no programa iria ganhar fácil, fácil.
PEDRO – (envergonhado) Não começa, Ana.
ANA  Está bem, mas estou falando só a verdade. Pelo menos, irei ganhar alguns lanches grátis agora.
PEDRO – Por isso que você queria que eu aceitasse a proposta do Ivo, né?!
ANA – (rindo) Também, mas principalmente por que você realmente tem talento, e não podia desperdiçar uma oportunidade dessa.
PEDRO – (para de andar) Poxa, me esqueci de novo. (pega o celular do bolso da calça e faz uma ligação)
ANA – Esqueceu do que?
PEDRO – Atende! Atende, Carol! Atende! Caiu na caixa de mensagem.
ANA – Ligando para a namorada?
PEDRO – Ela não é minha namorada. É só uma amiga.
ANA – E por que você ficou tão nervoso?
PEDRO – Você lembra da aposta que eu te disse…
ANA – Ah sim, foi com ela que você apostou a tão fantasia do milho.
PEDRO – Exatamente. Eu disse que não esqueceria nenhum dia de ligar para ela. Só que hoje eu ainda não liguei. Ela não está atendendo.
ANA – Talvez ela esteja ocupada. Ligue mais tarde.
PEDRO – Você deve está certa. Irei ligar mais tarde.
ANA – Quando você for pra escola fantasiado de milho, me lembra de carregar meu celular. Quero perder nenhum momento desse dia.
PEDRO – Até você, Ana. (começa andar)
ANA – Claro, não é todo dia que um amigo seu se passa por uma vergonha dessa em público.
PEDRO – Pelo visto, não vou durar muito nessa escola.
ANA – Nada, logo o pessoal esquece. Isso, se as suas fotos não viralizar na internet.

[CENA 09 – CASA DO PEDRO/ SALA/ DIA]
(Carla deixa Felipe entrar. Todos estão na sala)
PAULA – Bem, vou deixar vocês dois conversando, enquanto termino o almoço lá dentro. (Paula vai para cozinha)
FELIPE – Além da gente, só a Paula sabe do que houve entre nós anos atrás, certo?
CARLA – Felipe, acho que esse não é um bom momento para termos essa conversa. Pedro pode chegar a qualquer momento…
FELIPE – Seu filho sabe que sou tio dele?
CARLA – Ele não sabe de nada.
FELIPE – Quando ele souber, quero que me deixe se aproximar dele.
CARLA – Por que?
FELIPE – Sou tio dele. E eu andei pensando, já que ele não pode conhecer o pai, eu talvez…
CARLA – O Pedro não precisa de um pai. Ele tem a mim e nada nunca o faltou.
FELIPE – Talvez não material, mas um carinho paterno, quem sabe.
CARLA – Meu amor por ele nunca faltou. E se foi sobre isso que você veio conversar, é melhor ir embora.
FELIPE – Não foi sobre isso. Também não quero brigar. Eu vim pedir que você aceite jantar com o Miguel. Como eu disse no início dessa conversa, é melhor ficar só entre nós o que rolou anos atrás.
CARLA – Você acha que eu não aceitei o convite por sua causa?
FELIPE – Sim ou então porque você tem raiva da minha mãe!
CARLA – É bom esclarecermos tudo isso, Felipe. Eu realmente sentia alguma coisa por você. Não nego isso. Mas então, depois que tomamos rumos diferentes, o que eu sentia foi sumindo. Conheci o pai do Pedro, e arrisco dizer que nessa época, eu tinha você em minha mente. Depois descobri que você era meu irmão, e isso apenas acabou de vez com o que eu sentia. Hoje te vejo apenas como o meu irmão e nada mais que isso. Enquanto a sua mãe, não tenho como sentir nada por ela, já que eu não a conheço. Então pode ficar tranquilo, que se eu não aceitei o convite para jantar com o Miguel na sua casa, não tem nada haver com o que aconteceu entre a gente ou com a sua mãe. E sim comigo, que acho que está muito cedo para dar esse passo. (Pedro chega em casa)
PEDRO – Desculpa, atrapalhei alguma coisa?
CARLA – Não meu filho. (se aproxima dele)
PEDRO – Você veio aqui ontem, né? É outro amigo da senhora, mãe!
CARLA – (tentando não ficar nervosa) Esse é o Felipe. Ele é o meu…
FELIPE – Irmão. Sou irmão da sua mãe.
PEDRO – O que? Por que a senhora nunca me contou que tinha um irmão?
CARLA – Somos irmãos por parte de pai. Não somos tão próximos assim. Por isso nunca contei dele pra você.
PEDRO – (se afasta um pouco de Carla, e se aproxima de Felipe. Carla observa pai e filho frente a frente, tão parecidos, tenta não chorar) Eu tenho um tio, cara!!! Você não chegou a conhecer meu pai não, né?
FELIPE – Não. Não conheci seu pai. (Carla tenta se manter forte, e volta a se aproximar de Pedro)
CARLA – A Paula está terminando o almoço. Porque não sobe para o seu quarto, troca de roupa e desce.
PEDRO – Tá. Bom te conhecer é….
FELIPE – Felipe!
PEDRO – Felipe! Será que posso te dá um abraço?
FELIPE – Claro! (Pedro caminha até Felipe, o abraça, Carla se emociona)
PEDRO – Mano do céu, essa mudança ao Rio de Janeiro tá sendo muito louca. (Pedro sobe para o quarto, todo animado)
FELIPE – Está vendo como ele gostou de mim?
CARLA – Só que não acho que é uma boa ideia de vocês se aproximarem.
FELIPE – Qual é o seu medo, Carla? Por que restringindo esse garoto a se aproximar do seu passado.
CARLA – Por que eu não quero magoa-lo. (limpa uma lágrima que caiu) Ele é a única pessoa que mais amo nesse mundo. E também não importa a você. (caminha em direção à porta) Acho que tá na hora de você voltar para a sua família.
FELIPE – Bom que esclarecemos tudo.
CARLA – Quero que fique claro, que da minha parte, Miguel não saberá disso.
FELIPE – Digo o mesmo. (Felipe caminha até a porta) Tchau, então.
CARLA – Tchau. (Felipe vai embora. Carla fecha a porta, e aí sim, começa a chorar. Paula retorna da cozinha)
PAULA – Ele já foi? (ver a irmã chorando na porta) Oh minha irmã.
CARLA – (tentando limpar as lagrimas) Eu estou bem. Não quero que o Pedro me veja assim.
PAULA – Quando isso vai acabar minha irmã?! (a consola)

Anoitecendo…

[CENA 10 – CASA DA ALICE/ SALA/ NOITE]
(Miguel e Viviane estão na sala conversando)
VIVIANE – Pena que ela não aceitou, filho. Será que não a assustamos com o convite?
MIGUEL – Não se preocupa tia. Ela só tá achando muito cedo ainda, não tem nada haver com vocês.
VIVIANE – E porque você não refaz o convite, só que dessa vez na casa dela?
MIGUEL – Pode ser que funcione. Como vai ser na casa dela, ela não deve ficar tão nervosa assim.
VIVIANE – Então, porque não aproveita e faz o convite pra ela agora? Assim, amanha mesmo marcamos e finalmente poderei conhecer a garota que está com o seu coração esses anos todos.
MIGUEL – Acho que agora não dar não tia. Prefiro fazer isso pessoalmente.
VIVIANE – Entendo, realmente esse tipo de convite, funciona melhor pessoalmente. É que com a idade, não temos mais paciência para esperar certas coisas. (Luana e Alice vem descendo as escadas) O Felipe vem jantar com a gente?
LUANA – Ele disse que já estava chegando.
VIVIANE – Então vamos aguardar mais um pouco. Hoje sim, teremos um jantar em família.

[CENA 11 – CASA DA LETÍCIA/ Q. DA LETÍCIA/ NOITE]
(Dácio e Letícia estão conversando. Dácio observa a alegria da prima ao falar do programa, que está chegando o dia da gravação, mas não consegue esconder a tristeza em saber que a qualquer momento a prima pode morrer)
LETÍCIA – Eu sei que eu não vou poder sair desse quarto, ir até o estúdio. Mas, também queria escolher uma roupa pra vestir nesse dia.
DÁCIO – É claro. Afinal, será um grande momento para você também.
LETÍCIA – Será que terá outros cantores bons?
DÁCIO – Melhor que você? Duvido. Você é única! Seu talento é único! Pode até existir alguém que cante mais ou menos lá, mas é você que vai ganhar esse programa.
LETÍCIA – Mesmo com essa doença?
DÁCIO – Mesmo com essa doença!
LETÍCIA – Então eu vou ganhar a primeira fase por você. Que sempre esteve ao meu lado e eu sei que sempre vai estar. (Letícia se aproxima de Dácio e o abraça. Dácio tenta conter a emoção, mas deixa as lagrimas sair)

[CENA 12 – CASA DO PEDRO/ Q. DO PEDRO/ NOITE]
(Pedro finalmente consegue falar com Carol)
CAROL POR TELEFONE – Finalmente lembrou dos amigos.
PEDRO – Não é verdade. Eu venho tentando falar com você desde hoje pela manhã.
CAROL POR TELEFONE – Eu vi aqui as suas ligações.
PEDRO – Viu, prova de que eu não me esqueço dos meus amigos.
CAROL POR TELEFONE – Ainda acredito que isso não vá durar muito tempo.
PEDRO – Como é que você está?
CAROL POR TELEFONE – Estou bem e você?
PEDRO – Mais ou menos. Sinto falta daí. O céu daqui não é tão estrelado como o daí.
CAROL POR TELEFONE – Então posso dizer que você está perdendo uma linda imagem.
PEDRO – (caminha até a janela do quarto e olha para o céu com poucas estrelas) Disso eu tenho certeza.
CAROL POR TELEFONE – Mas então, como foi a primeira semana de aula?
PEDRO – Sobrevivi. (ri) Fiz um novo amigo. Dácio, o nome dele. Ele é fera nesses assuntos de tecnologia. E também, ele vai me ajudar a encontrar meu pai.
CAROL POR TELEFONE – Que bom, já que você está na cidade que nasceu, deve ser mais fácil.
PEDRO – Ele disse que pelos dados que eu dê vai ser um pouco difícil, mas não vou desistir.
CAROL POR TELEFONE – Isso mesmo.
PEDRO – Ah, uma outra novidade. Hoje conheci meu tio.
CAROL PELO TELEFONE – Seu tio? Mas sua mãe não tem só uma irmã, que é a Paula.
PEDRO – Era o que eu pensava também. Esse irmão é filho do meu avô, e pelo o que minha mãe contou, eles não são tão próximos.
CAROL PELO TELEFONE – Pedro, agora vou ter que desligar, meu pai está chamando para jantar. Mais tarde a gente se fala?
PEDRO – Tá, eu te ligo. Está bem. Tchau, até daqui a pouco. (Pedro desliga, sorri e sai do quarto)
[COZINHA]
PAULA – Já que você não quer que os dois se aproximem como pai e filho, não vejo problema deles se aproximarem como tio e sobrinho. Quem sabe essa aproximação não faz o Pedro esquecer de buscar o pai?
CARLA – E se o Felipe desconfiar de alguma coisa? Achar o Pedro parecido com ele.
PAULA – Semelhança até que eles tem.
CARLA – Eu não quero arriscar, Paula. Prefiro os dois longe.

[CENA 13 – CASA DA ALICE/ SALA/ NOITE]
(Felipe chega em casa)
VIVIANE – Pronto, chegou quem faltava. Vamos jantar filho?
FELIPE – Eu preciso tomar só um banho, vocês não se importam em esperar mais um pouco né?
VIVIANE – Claro que não.
FELIPE – Não demoro. (Felipe caminha em direção à escada, antes que subisse a campainha toca) Estamos esperando alguém? (desce os degraus que havia subido)
VIVIANE – Não. Você está, Miguel?
MIGUEL – Não. (a empregada vai abrir a porta e deixa Verônica entrar)
VERÔNICA – Boa noite família. Espero não está atrasada para o jantar.
FELIPE – O que essa mulher está fazendo aqui?

Continua no Capítulo 12…

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