“Como Nossos Pais”

 

[CENA 01 – LANCHONETE/ DIA]
(Luana e Sérgio estão sentados em uma das mesas, aguardando a mulher chegar, ambos olham para a lanchonete, tentando identifica-la)
SÉRGIO – Será que essa mulher vem mesmo?
LUANA – Vem, me garantiu que viria.
SÉRGIO – Bem, ela pode ter te enrolado, e te fez de idiota para vim aqui.
LUANA – Não, algo me diz que ela irá aparecer.
SÉRGIO – Então tá. Vamos aguardar mais alguns minutos então. (Sérgio e Luana continuam aguardando e observando a movimentação na lanchonete)

[CENA 02 – HOSPITAL/ DIA]
(após o incidente com Rita, a mesma foi levada para o hospital, Ivo foi avisado e já se encontra nele)
RITA – (deitada na cama do hospital, acaba de despertar) Irmão? O que você está fazendo aqui?
IVO – Depois que eu soube do acidente, vim o mais rápido que pude.
RITA – Você deixou a lanchonete sozinha?
IVO – Sim, você é mais importante minha irmã. Como você está?
RITA – (passa a mão na testa) Um pouco dolorida, mas bem.
IVO – Segundo os relatos de algumas pessoas que viram o ocorrido, disseram que você se jogou em frente ao carro. Foi isso?
RITA – Não me lembro irmão. Só sei que estava andando na rua, e do nada lembro de um carro entrando na minha frente.
IVO – Ao menos o motorista desse carro prestou socorro, não fugiu igual alguns por aí.
RITA – Ele está bem?
IVO – Sim, prestou algumas informações à polícia e está aí fora querendo saber como você está.
RITA – Pode dizer à ele que estou bem. E que não precisa se preocupar que não irei prestar nenhuma queixa à polícia.
IVO – Você tem certeza, irmã?
RITA – Tenho.
IVO – Está bem. Vou lá falar com ele. Já que eu volto. (Ivo segura nas mãos de Rita, depois sai do quarto. Sozinha, Rita passa a mão em sua barriga, a ver dolorida, sorri)

[CENA 03 – LANCHONETE/ DIA]
(Luana continua olhando a movimentação da lanchonete, com esperança de que a mulher apareça, Sérgio que já havia desistido, está mexendo em seu celular)
LUANA – Ela me garantiu que viria.
SÉRGIO – Possivelmente ela ligou para a sua mãe, ela ofereceu dinheiro para essa mulher não vim e pronto. As duas fizeram a gente de palhaços.
LUANA – Não. Minha mãe garantiu que não iria se meter nessa história. Alguma coisa deve ter acontecido.
SÉRGIO – A única coisa que aconteceu aqui, que essa mulher te deu um bolo, Luana. (nesse momento, aparece uma senhora por detrás de Sérgio, olhando para Luana)
MULHER – Você é a Luana?
LUANA – (levantando da mesa, animada) Oi, sou eu sim. Por favor, sente-se. (oferece a cadeira que estava ao seu lado, Sérgio surpreso, olha para mulher) Por um momento pensei que você não fosse mais aparecer.
MULHER – Eu até pensei em não vim mesmo. Porém, esse assunto tem me tirado boas noites de sonos.
SÉRGIO – Devo imaginar, já que todo mês você deve receber uma boa quantia para ter ficado calada esses anos todos.
MULHER – Precisava me manter de alguma forma, após pedir demissão do hospital.
LUANA – Não precisa contar os detalhes, minha mãe já contou toda a história.
MULHER – Pois bem, sobre o que então você quer conversar?
LUANA – Sobre a minha filha. Você fez a troca das crianças, certamente deve sabe o nome da mulher que ficou com a minha filha.
MULHER – Sim, eu sei.
LUANA – Você sabe o endereço dela também?
MULHER – Também.
LUANA – Será que você poderia me passar? Prometo que não irei envolver você em nada nessa história. Eu só quero ter a oportunidade em saber onde minha filha foi enterrada. (a mulher fica pensativa)
MULHER – Eu não entendo… sua mãe também sabe do endereço desta mulher. Ela não quis contar para você?
LUANA – (Luana fica surpresa, porém, sabendo como é sua mãe, esperava que algo semelhante com isso) Na verdade, não cheguei a perguntar isso para ela.
MULHER – Bem, eu também cansei de ficar guardando essa história esses anos todo. Suponho que… (olhando para Sérgio) … seu marido também já deve estar sabendo da verdade, e os dois estão querendo saber onde a filha de vocês está enterrada.
LUANA – Ele não é o meu marido. Mas ele é o pai da minha filha.
MULHER – (fica confusa, mas também não queria se meter mais na história) Bem, de qualquer forma sem problema, eu dou para você o endereço da mulher que ficou com a sua filha.
LUANA – (sorrindo) Sério?
MULHER – Sim. Mas quero que vocês me garantam que não irão colocar meu nome no meio…
LUANA – Pode ficar tranquila, isso a senhora pode ter certeza.
MULHER – (pegando um guardanapo) Vocês teriam uma caneta?
SÉRGIO – Eu tenho. (pega sua mochila, que estava na cadeira ao lado, retira uma caneta e entrega para ela)
MULHER – Obrigada. (começa a escrever no guardanapo) Tenho esse endereço guardado na minha mente tanto tempo. (entrega para Luana)
LUANA – Carla! Esse é o nome da mulher?
MULHER – Sim.
SÉRGIO – Posso ver? (Luana entrega o papel para ele)
LUANA – Muito obrigada, viu. Você está nos ajudando e muito.
MULHER – Na verdade, eu queria aproveitar e pedir desculpas pelo o que eu fiz. Você ter criado uma menina acreditando ser a sua, nem imagino o que você deve ter sentido após descobrir a verdade.
LUANA – Eu descobri tudo quando a Alice ainda era um bebê. Só que algo dentro de mim me dizia que tinha algo errado quando eu a tinha em meus braços.
MULHER – A mãe de certa forma conhece sua cria. Bem, torço para que vocês consigam encontrar o tumulo da filha de vocês. (levanta da mesa) E espero que com isso, eu consiga me redimir um pouco dos erros que cometi.
LUANA – Novamente, muito obrigada! (sorri para a mulher que vai embora logo em seguida)
SÉRGIO – Então, o que você quer fazer agora?
LUANA – Vamos até a casa dessa mulher!

[CENA 04 – HOSPITAL/ Q. DE LETÍCIA/ DIA]
(Eduardo entra no quarto de Letícia, e calmamente, caminha até a cama dela)
LETÍCIA – (abrindo os olhos, sorrir ao ver Eduardo) Oi.
EDUARDO – (sorrindo) Oi. Como você está?
LETÍCIA – No momento, bem…
EDUARDO – (a percebe pálida, e cansada) Não é o que parece.
LETÍCIA – Estou bem sim, não se preocupa.
EDUARDO – Claro que eu me preocupo. (segura a mão dela) Você é importante para mim.
LETÍCIA – Você não devia estar no seu trabalho?
EDUARDO – Devia, e certamente irie levar algumas broncas da minha chefe e ficar após o expediente.
LETÍCIA – Por minha causa!
EDUARDO – Claro que não. Você não me atrapalha em nada. Mas infelizmente eu não posso demorar, a Regina logo aparece por aí.
LETÍCIA – E certamente ela não deve ter autorizado você me ver.
EDUARDO – Não, mas o médico autorizou. À noite eu prometo que venho te visitar.
LETÍCIA – Ficarei te esperando. (Eduardo dar um breve beijo nela, sorri e sai do quarto)
[SALA DE ESPERA]
REGINA – (falando com Cássia) Ela terá que ficar no hospital, filha.
CÁSSIA AO TELEFONE – Mas ela voltará para casa antes do programa começar, né?
REGINA – Isso eu não posso garantir. Segundo o médico, não tem uma data prevista para ela ter alta.
CÁSSIA AO TELEFONE – Era só o que faltava, a Letícia inventar de ficar pior justo na véspera do programa. Justo quando passamos para a segunda fase.
REGINA – Não se preocupa, tá. Tem algumas semanas para o programa iniciar, Letícia voltará para casa até lá.
CÁSSIA AO TELEFONE – Assim espero, mamãe. (desliga o celular, Regina guarda o seu e vai em direção ao quarto de Letícia)

[CENA 05 – CENTRO EDUCACIONAL GUSTAVO AUGUSTO/ DIRETORIA – PÁTIO/ DIA]
DIRETOR – Chegou ao meu conhecimento que você Alice, assim como suas amigas Éster, Thalita e Rute, que não está mais entre nós, infelizmente, fizeram uma série de humilhações e agressões contra a aluna Manuela, da mesma turma que vocês.
ALICE – Isso é mentira! (Manuela continua de cabeça baixa)
DIRETOR – Você nega as acusações?
ALICE – Claro, isso tudo é invenção dessa esquisita.
SARA – Isso não é invenção, garota. Eu vi o estado que minha estava, por causa de vocês.
FELIPE – Chega de mentiras, Alice. É melhor você contar a verdade.
DIRETOR – Engraçado, que hoje mais cedo tive uma reunião com a Thalita e a Éster, e elas confirmam a versão de Manuela.
ALICE – Claro que as traidoras iriam abrir o bico.
DIRETOR – Então você assume as acusações?
ALICE – Só que não foram tantas assim. Isso é frescura dessa aí.
DIRETOR – Assunto é sério aqui, Alice. Creio que você também ficou sabendo o que a Manuela tentou fazer dias atrás.
ALICE – Frescura.
FELIPE – Se você não parar com isso agora, vou perder a paciência e ter que fazer algo que eu não quero aqui na frente de todo mundo.
DIRETOR – Se acalme, senhor Felipe. Creio que poderemos resolver isso sem chegarmos ao extremo. E quanto à você Alice, sinto muito mais depois dessas acusações todas, terei que expulsá-la da nossa escola.
ALICE – Não pode estar falando sério?
FELIPE – Ele está sim. E mesmo se não estivesse, eu mesmo iria te transferir para outro colégio.
ALICE – Estamos quase no meio do período letivo, vocês estão loucos.
FELIPE – Não adianta espernear, Alice. Você será transferida de colégio sim.
ALICE – (olha para Manuela) Viu só o que você fez, esquisita!
FELIPE – Ela não fez nada aqui, a única responsável por isso é você mesmo.
DIRETOR – Creio que com isso terminamos por aqui. Agora será que a senhora e você Manuela, poderiam me acompanhar até a sua turma. Vou fazer um pronunciado para todos.
ALICE – Quer dizer que eu não vou poder ir para aula hoje?
DIRETOR – Não.
ALICE – O senhor não fará nada, pai?
FELIPE – Não. Você terá que aprender com as consequências de seus atos. (Alice fica emburrada, e sai da sala. Felipe levanta, se despede de todos e vai embora)
DIRETOR – Por favor, queiram me acompanhar. (se levanta, sai da sala, seguidas por Sara e Manuela)
[SALA DE AULA]
(o diretor está no centro da sala, com todos os alunos prestando atenção nele, Sara e Manuela estão logo atrás dele)
DIRETOR – Veio até o meu conhecimento que estava sendo cometido nesta turma, uma série de humilhações e bullying, com uma colega de vocês, a Manuela. Quero esclarecer que por causa disso, essa mesma colega tentou cometer suicídio. Graças a Deus o pior não aconteceu, mas serviu como alerta, para mostrar o quão perigoso e imaturo é esse tipo de brincadeira. Dizer coisas absurdas para certa pessoa, não se importando como está pessoa irá se sentir, mesmo sendo por uma forma de brincadeira, é algo que se deve ter cuidado. Ninguém sabe o que o outro está sentindo. Por mais que a pessoa não reaça naquele momento, quando ela chegar em casa, estiver sozinha em seu quarto, uma série de sentimentos poderão estar entrando em conflito internamente nela. E isso pode leva-la a cometer atitudes, como o que essa colega cometeu. Quero deixar claro, que de agora em diante, não será tolerado nenhum tipo de bullying, nenhum tipo de brincadeira de mal gosto, e se chegar ao meu conhecimento, podem ter certeza que os responsáveis serão punidos. (Éster e Thalita se entre olham) Assim como foi punida a aluna responsável por praticar tal ato com a colega de vocês. E que isso sirva como exemplo, para que essa atitude não seja mais tolerada. (a turma inteira fica em silêncio, alguns de cabeça baixa, outros se entre olham)

[CENA 06 – CASA DE PEDRO/ RUA – SALA/ DIA]
(Sérgio e Luana estacionam o carro um pouco próximo a casa de Pedro, não saem do carro, apenas observam a casa)
LUANA – Pelo o endereço, parece que a casa dela é aquela.
SÉRGIO – Você quer ir lá?
LUANA – Não, melhor aguardamos aqui o pouco. Vamos ver quem vai sair ou entrar de lá. (segundos depois observando a casa, o carro de Miguel estaciona em frente à casa de Pedro. Miguel e Carla saem do carro e entram em casa) Miguel?
SÉRGIO – Você conhece aquele cara?
LUANA – É o primo de Felipe! (lembra do nome da mulher que ficou com sua filha) Carla! Não pode ser. Será que a mulher que ficou com a minha filha é a Carla?
SÉRGIO – Você conhece a mulher também?
LUANA – Sim. Ela vai se casar com Miguel. Ele a levou para apresenta-la para a família. Não acredito nisso, é muita coincidência se for verdade.
SÉRGIO – Bem, se você conhece todo mundo, acho que não teria problema nenhum a gente ir lá e conversar com eles.
LUANA – Não, melhor esperarmos um pouco.
SÉRGIO – Está bem. (Luana e Sérgio continua  no carro observando a movimentação)
[SALA]
PEDRO – (estava deitado no sofá, trocando mensagens, assim que Carla e Miguel entram, ele se senta) Já vieram?
CARLA – Sim. Pegamos rápido sua transferência.
PEDRO – Então, agora só falta arrumarmos as malas.
CARLA – Também.
MIGUEL – Pedro, você não tem ideias da quantidade de aventuras que eu planejei para gente lá em Minas.
PEDRO – É a minha mãe havia comentado sobre a sua lista de aventuras.
MIGUEL – (caminhando até o sofá, sentando de frente para ele) Eu só vou comentar por alto, para não estragar a surpresa… (Miguel começa a contar a lista de aventuras que os dois passarão em Minas todo animado, Carla observa os dois conversando, sorri, alguns segundos depois vai para cozinha)

Anoitecendo….

[CENA 07 – CASA DE ALICE/ SALA/ NOITE]
(Luana e Viviane estão na sala conversando, Luana não para de olhar para o celular, aguardando Miguel chegar em casa, e também preocupada se Felipe chegar, já que também não queria se encontrar com ele)
VIVIANE – Por que não fica para jantar, querida?
LUANA – Obrigada pelo convite, Viviane. Mas é melhor não. Não quero me encontrar com o Felipe.
VIVIANE – Pior que eu entendo você por ainda estar com raiva dele. O que o meu filho fez…
LUANA – (interrompendo-a) Será que Miguel vai demorar muito ainda, queria conversar algo com ele.
VIVIANE – Acho que não. Logo ele deve está aparecendo por aí. (nesse momento Miguel chega em casa)
MIGUEL – Boa noite, família. Olá, Luana. Surpresa você por aqui. Veio jantar com a gente?
LUANA – Não, até Viviane me convidou, mas melhor não. Na verdade, eu vim conversar com você.
MIGUEL – Comigo?
VIVIANE – Bem, vou deixar vocês dois conversarem. Vou ver como anda os preparativos para o jantar. Licença. (levanta do sofá e vai para cozinha, Miguel senta)
LUANA – Soube que você irá viajar para Minas, com a Carla.
MIGUEL – Sim. Não podia deixar aquela mulher ir embora novamente.
LUANA – Que lindo. Sério, a história de vocês é muito linda. A forma como você aceitou o filho dela também, Pedro, esse é nome dele?
MIGUEL – Isso, gosto do Pedro demais. Aquele garoto é vale ouro, tanto que a Carla faria de tudo para ele.
LUANA – Eu não cheguei a perguntar para ela, mas ela só tem o Pedro de filho, né? Ou ela chegou a ter outros filhos?
MIGUEL – Ela tem só o Pedro. Na verdade, se a menina que ela também teve tivesse sobrevivido, teria dois.
LUANA – Ela teve uma menina?
MIGUEL – Sim. Ela teve uma gestação de gêmeos, porém, infelizmente a menina não chegou a resistir ao parto. (Luana se emociona, se levanta rapidamente do sofá, antes que começasse a chorar e Miguel percebesse) Está tudo bem?
LUANA – Estou sim, não é nada. (limpa umas lágrimas) Bem, eu preciso ir. Não quero chegar aqui e encontrar com o Felipe. Você avisa à Viviane que eu já fui.
MIGUEL – Tá, pode deixar.
LUANA – Tchau.
MIGUEL – Deixa que eu te acompanho até a porta. (Miguel levanta do sofá, Luana pega sua bolsa e é levada até a porta, os dois se despedem e Luana vai embora)

[CENA 08 HOSPITAL/ Q. DE RITA/ NOITE]
(Rita está deitado na cama, seu celular que estava na penteadeira ao lado toca, ela se inclina um pouco, gente umas dores de leva, mas acaba pegando-o, ver que é o Felipe que está ligando, se prepara para fingir seu teatro e atende)
RITA – (fingindo estar fraca) Alô?
FELIPE AO TELEFONE – Oi, fiquei sabendo com o que houve com você. Em qual hospital você estar? E a criança?
RITA – (finge chorar) Infelizmente… eu perdi a criança. (fica um silêncio no outro lado do telefone) Devido o impacto no carro, acabei perdendo. Desculpa…
FELIPE AO TELEFONE – Você não tem culpa em nada. Quem deveria ser responsabilizado é esse motorista inconsequente. Você anotou a placa do carro?
RITA – Não quero envolver isso em policia, nesse caso meu irmão ficará sabendo que eu estava grávida, ficará me enchendo de perguntas, enfim, melhor assim. E mesmo assim, o motorista foi bem gentil, chamou a ambulância, ficou do meu lado, creio que também não seja culpa dele.
FELIPE AO TELEFONE – Eu não aceito. Ele tem que pagar por algo. Ele tirou uma vida de certa forma.
RITA – Não precisa envolver isso em caso de policia, Felipe. De verdade, estou bem.
FELIPE AO TELEFONE – E em qual hospital você estar? Quero passar aí.
RITA – Não é necessário, meu irmão estar aqui, melhor não. Amanha mesmo, possivelmente terei alta. A gente pode se encontrar em outro lugar, se você quiser.
FELIPE AO TELEFONE – Pode ser.
RITA – (finge tossir) Bem, preciso desligar. Descansar um pouco. Tchau. (desliga, sorri e comemora por ter conseguido se livrar desse problema)

[CENA 09 – HOSPITAL/ SALA DE ESPERA/ NOITE]
(Regina e Dácio estão na sala de espera, Letícia foi medicada e estar descansando)
DÁCIO – (sentando em uma das poltronas, pensativo) Seja sincero, a Letícia vai voltar para casa?
REGINA – O médico não tem uma data ainda exata para isso, mas não se preocupa, logo ela estará em casa.
DÁCIO – Claro, ela precisa está se não a Cássia não consegue ganhar o programa já que não sabe cantar.
REGINA – Não vou discutir com você novamente. E não é por isso que eu quero que a Letícia se recupere logo e volte para casa, mas sim, porque é lá que é o lugar dela.
DÁCIO – Não vem com essa, Regina. Sei que a Letícia aqui a Cássia não tem a menor chance de ganhar este programa. Quero só ver o programa iniciar, como vocês farão. (Regina para de conversar com Dácio, pois não queria entrar na provocação dele, mas no fundo, ela está preocupada se Letícia não conseguir sair do hospital antes do programa começar)

Semanas depois…

[CENA 10 – ESTÚDIOS SUA CANÇÃO (GRAVADO)/ NOITE]
LAURO – (Lauro está no meio do palco, plateia está batendo palmas, os jurados estão em pé batendo palmas também, Lauro está animado) Boa noite pessoal de casa, plateia, jurados. Bem-vindos à mais uma temporada do programa musical da sua noite, Sua Canção. A voz que vai abrir nosso programa é aqui do Rio de Janeiro, e digo uma coisa, ela arrebenta. Não é por nada não, não é querendo colocar lenha entre os demais competidores, mas a música que ela escolheu não é para qualquer um não. Sem mais delongas, com vocês, Cássia Rodrigues. (plateia bate palmas, Lauro sai do palco e Cássia aparece nele, bem no meio. Os jurados voltam a se sentar e prestam atenção nele)

[CENA DE MÚSICA – COMO NOSSOS PAIS (ELIS REGINA)]

Não quero lhe falar 1
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo

Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa

Por isso cuidado, meu bem 2
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado pra nós
Que somos jovens

Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço
O seu lábio e a sua voz

Você me pergunta 3
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sinto tudo na ferida viva
Do meu coração

Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais

Minha dor é perceber 4
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

Nossos ídolos 5
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém

Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem

Hoje eu sei 6
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando o vil metal

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais

 

  1. Cássia respira junto, pelo colar em seu pescoço dar sinal para Dácio que estava com seu computador na escada do outro lado do estúdio e sinal para Letícia começa a cantar.
  2. Letícia que está assistindo pela TV, começa a se imagina no programa, Nathaniel está ao seu lado.
  3. Cássia começa a andar pelo palco, e percebe que os jurados estão gostando, então começa a exagerar um pouco na expressão corporal.
  4. Letícia também começa a andar pelo quarto, ainda se imaginando estar no palco, e sentindo a vibração do palco.
  5. Nathaniel sorri, assim como Dácio, sentando em uma escada um pouco distante do estúdio onde estar sendo gravado o programa. Regina, que estava do lado do Lauro, finge se emocionar, assim como Lauro, que está boquiaberto com o timbre de Cássia.
  6. Letícia começa a cantar animadamente, encerrando a música feliz, assim como Nathaniel. Toda a plateia levanta e começa a bater palmas, assim como os jurados após o fim da música. Cássia, fingi se emocionar.

 

Continua no Capítulo 46…

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