Olá, leitor(a/e)! Como vai o seu domingo? Espero que fique ainda melhor, agora que o Observatório da Escrita está no ar.
~= RESENHA =~
No programa passado, fiz uma resenha sobre a série Lembranças de Nós Dois, de Isa Miranda, sucesso na Widcyber e também no Wattpad. A fanfic conta a história de dois jovens chineses que se amam intensamente, até que uma tragédia os separa. Anos depois, aquele que ficou se surpreende ao ver vivo aquele a quem um dia pensou estar morto.
Hoje comento sobre outra história da saga: WangXian – The Idol. Wang e Xian são os nomes dos protagonistas da obra adaptada pela autora e também dessa nova série — também presente nas duas plataformas de leitura.
Vamos aos destaques do primeiro episódio. O sisudo e enigmático WangJi está prestes a encerrar sua carreira de sucesso como músico e a inaugurar uma produtora com apoio dos familiares, como o primo SiZhui e o tio XiChen. Quando não está trancado no quarto tocando a melodia triste na guqin (foto abaixo), WangJi organiza um concurso de talentos na qual busca alguém em cuja carreira investir. Seria uma forma, pensa ele, de reencontrar o amor de sua vida passada, ou seja, a nova forma humana de Xian.
Enquanto isso, WuXian está de mudança com a família do campo para a capital. Embora sonhe com a faculdade, seu sonho maior é tornar-se um cantor famoso e vê no concurso de WangJi uma oportunidade. Apesar dos protestos de Cheng — um estraga-prazeres quase tóxico disfarçado de “pés-no-chão” —, o protagonista não desiste de se inscrever e programa o alarme do despertador para o dia seguinte. Desde pequeno, ele é fã incondicional do músico famoso e deseja ter pelo menos um encontro com ele. Será a intuição lhe dizendo que há laços mais fortes do que imagina?
Assim como em Lembranças de Nós Dois, WangXian também é escrita em narrativa, com o foco na terceira pessoa. Uma boa ideia, já que há dois protagonistas com pesos iguais na trama. Na obra de hoje, as ações ocorrem de forma mais lenta do que na de domingo passado, tanto que há poucas cenas. Por outro lado, a autora esmiúça mais os acontecimentos e os diálogos entre os personagens. Isa também aplica tons diferentes para os dois núcleos: sério e cerimonioso na primeira parte do episódio, envolvendo WangJi; descontraído e coloquial na parte de WuXian. Ainda assim, mantém a unidade da história e a boa relação entre os dois eixos. O número pequeno de personagens — menos de dez — também dá suporte para que o capítulo siga nos trilhos do começo ao fim. As emoções e as características de WangJi e WuXian se apresentam aos poucos, de forma natural, conforme ambos interagem com os leitores e com os colegas de cena, com uma incrível simplicidade. Gosto assim, e isso já havia ocorrido em Lembranças de Nós Dois. Falando em simplicidade, o vocabulário utilizado por Isa segue por essa mesma linha. Em nenhum momento, são abordados temas mais particulares da cultura chinesa, inclusive do gênero literário Yaoi/Dorama, que possa confundir quem lê ou obrigá-lo a pesquisar “por fora”.
Em relação aos aspectos gramaticais, o texto se apresenta bem escrito, com apenas um ponto ou outro a considerar. Um deles me deixou na dúvida. Logo no início, aparece o seguinte trecho “(…) Aparecendo em outra extremidade da sala um jovem sorridente, porém de postura muito polida, cumprimenta-o. – WangJi não estar.”. O verbo sublinhado deveria estar sem o R no final, já que está conjugado no presente: está. Porém, essa construção ocorre por algumas vezes, sempre nas falas do SiZhui. Seria um vício de linguagem do personagem aplicado intencionalmente pela autora? Acredito que sim. Nesse caso, ficou interessante. Há também algumas inadequações ortográficas e de pontuação, a maioria derivada de digitação.
Para quem não curte episódios muito longos, WangXian tende a agradar. O texto analisado aqui ocupa cerca de 10 páginas de PDF, somente. Somam-se a isso personagens carismáticos e apaixonantes e a escrita fluida e empolgante. Se você é o tipo de autor(a/e) que deseja publicar no Wattpad, as séries de Isa podem servir como boas aulas de narrativa. Mesmo que não seja, aproveite para acompanhar a continuação da história, duas vezes por semana, aqui na Widcyber.
próxima resenha
~= ESCREVENDO =~
Neste fim de semana, está no ar o Comic Con 2021, organizado pela WebTV, pela Webtvplay e pela Four Elements. Logo no primeiro dia da exposição de lançamentos mais famosa do MV, Débora Costa mostrou o spin-off da novela E Vamos À Luta!, a ser lançado na plataforma de streaming de Cristina Ravela — e tomara que aqui na Widcyber também. Segundo ela, Fábio e Liz, os protagonistas da trama de 2020, têm um reencontro cheio de tapas, beijos e novas emoções. Até aí, tudo bem. Só que Felipa Lima comentou o seguinte no portal dela sobre a atração:
“No quarto painel, temos Débora Costa retornando no mundo virtual, mas dessa vez com um certo equívocuo (sic). Foi anunciado um spin-off do sucesso “E Vamos À Luta”, contudo os detalhes fornecidos no site nos dá uma impressão que esse (sic) produção foge do que seja um spin-off, se trata mais de uma nova temporada da novela, com novos plots, mas os mesmos personagens, inclusive, os mesmos protagonistas. Acredito que houve um erro de estudo de narrativa.”
Então resolvi trazer a discussão para o Observatório, já que aborda um tema importante para escritores e leitores. Afinal, o que é um spin-off? O que o diferencia de uma novela em temporadas?
Spin-off é uma derivagem, ou seja, elaboração de uma nova obra criada a partir de uma já existente, sem configurar necessariamente um plágio. Como exemplo, a série En Las Cercanías de Alcatraz, criada a partir de uma das tramas de NØ Magic. Uma não é continuação da outra, mas uma história gerada do zero. Outro exemplo está na franquia CSI, que hoje conta com diversos títulos; o mesmo para Lei & Ordem. Por outro lado, há novelas em temporadas, assim como ocorreu com as novelas Os Dez Mandamentos e Os Deuses Estão Mortos, na Record TV, e com A Usurpadora, na Televisa. Nesse caso, a mesma história continua sem que haja grandes modificações no enredo ou nos personagens.
Particularmente, vejo o novo projeto de Débora mais como uma continuação, já que segue com os encontros e desencontros de Fábio e Liz. Mas não deixa de ter elementos de spin-off, devido à entrada de novos personagens e ao fato de abordar temas distintos da trama de 2020. Com isso, não é de todo errado dizer que é uma derivagem, mesmo que tenha mais características de uma sequência. Mas, se olhar pelo lado mais técnico, o melhor seria denominar a obra como uma “parte 2” mesmo.
De todo modo, que venha o sucesso para Débora! A nova parte promete!
Por hoje é só, mas no próximo programa tem mais. Tenha uma ótima semana! Um abraço!