Olá, leitores! O Observatório da Escrita chega hoje ao 40º programa. Para celebrar o programa especial, hoje tem a continuação do Nossa Língua sobre concordância e mais algumas pérolas do ENEM.

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Vamos à penúltima parte do tema Concordância, agora com destaque ao verbo ser e aos verbos impessoais (ter, fazer e haver).

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Como utilizar corretamente o verbo SER? Ele deve concordar com o sujeito ou com o predicativo? Seguem as principais regras:

1) O verbo concorda com o predicativo quando:

a) o sujeito for representado por um pronome (isto, aquilo, tudo, o, nada, isso):

Tudo é vida.
Tudo são flores na vida de Berenice.

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b) o sujeito se referir a coisas (concretas ou abstratas) ou animais genéricos:

O casamento de Márcio e Muriel são só alegrias.
Aquele ambiente são leões e tigres por toda parte.

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c) o sujeito for pronome interrogativo (que, o que ou quem):

Que são esses livros?
Quem são aqueles homens em frente à casa de Magnólia?

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d) o sujeito for representado por palavras partitivas (parte, maioria, minoria):

A maioria são estudantes de História ou de Letras.

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e) o verbo indicar impessoalidade, como em situações de tempo ou espaço:

É uma da tarde.
São sete da noite.
É só mais uma história de terror.
São livros de Matemática.

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f) em dias do mês:

Hoje é dia primeiro de fevereiro.
Hoje é primeiro de março.
Amanhã são trinta e um de agosto.

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2) O verbo concorda com o sujeito quando:

a) o sujeito se referir a pessoas ou animais especificados:

Raul é pura felicidade depois da aprovação no teste de elenco.
Leon é o amado de quatro patas de Débora Costa.

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3) O verbo pode concordar com o sujeito ou com o predicativo, caso haja a intenção de destacar um dos elementos:

A vida é ilusões.

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Embora a regra formal dê preferência por concordar o verbo com ilusões, já que o sujeito é uma coisa abstrata, não é incorreto fazer a construção acima com ênfase em vida. Tal recurso é muito utilizado em textos literários, tanto em prosa como em poesia.

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4) O verbo vem sempre no singular quando:

a) está acompanhado de quantidades ou medidas (pouco, muito, bastante, demais):

Três é demais.
Comprar sete livros por mês é pouco para nós.

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b) ocorre em expressões como é de ver, é de notar, é de supor e afins:

É de notar que Jéssica goste tanto de escrever histórias no Wattpad.
É de supor que ele não coma carne vermelha, já que sempre defende o veganismo.

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Já os verbos TER, HAVER e FAZER, em sentido impessoal, são usados sempre na 3ª pessoa do singular. Observe:

1) Quando impessoal, o verbo HAVER indica existência:

Há um livro sobre a mesa.
Havia muitos beija-flores em volta do bebedouro.
Haviam centenas de mulheres na passeata.

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2) Quando impessoal, o verbo FAZER indica tempo ou fenômeno da natureza:

Faz tempo que ele não me telefona.
Fazia meses que Ruth não postava no Facebook.
Fazem anos que eu não vejo Sérgio.
Faz muito frio aqui na cidade.

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3) Quando impessoal, o verbo TER também indica existência ou tempo, embora seu uso ocorra mais na linguagem informal.

Tem vários gatos miando no telhado. (= Há)
Tinha vezes em que Túlio escrevia três capítulos de uma só vez. (= Havia)
Tem meses que ela não vai ao cinema. (= Faz)
Têm Tem tantas opções de sabores de sorvete, que fica difícil escolher.

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Além desses, existem outros verbos impessoais, que seguem a mesma regra da 3ª pessoa do singular, como passar, tratar-se e os que representam fenômenos naturais. Seguem exemplos:

Já passa das oito e meia. O ônibus está atrasado de novo.
Trata-se de problemas pessoais.
Chove muito na capital.
Anoitece.

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Mas atenção! Se esses verbos agora citados representarem ideias em sentido figurado, eles concordam com o sujeito:

Chovem pedidos de reprise da minissérie Gato Preto.
(chover no sentido de lotar, encher)
Muitos brasileiros trovejaram desaforos contra o presidente nas redes sociais.
(trovejar no sentido de expressar com raiva)

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Vamos ao quadro mais divertido do programa. Em homenagem ao número 40, trago quatro novas pérolas jorradas no ENEM:

1) “O meio de transporte mais utilizado no deserto da Arábia é o tapete.”
Este aluno ouviu falar em histórias fragmentadas reais e fictícias e acreditou nelas como verdades absolutas. Resultado: ignorância sobre o mundo. Remédio: leitura, muita leitura.

2) “Apóstrofes são os 12 homenzinhos que comeram com Jesus e que Michelangelo bateu a foto.”
Mais uma para a gororoba histórica feita pelos especialistas em informação fragmentada. Pensem numa história escrita por este aluno para a Cyber TV — não passaria nem na análise, claro (rsrs).

3) “Os animais foram salvados do dilúvio graças à Arca de Noel”
Na cabeça deste estudante, Noé e Papai Noel são a mesma pessoa. Será que ele pensa que o ator Floriano Peixoto foi presidente do Brasil “antes da fama”?

4) “A alimentação é o meio de digerirmos o corpo.”
A frase é tosca ao extremo, mas não é que existe mesmo esse tipo de fenômeno? As células, quando morrem, se alimentam de si mesmas. Isto se chama autofagia ou autodigestão. A necrose é um tipo de autofagia. Nojento, não? Eca!

Floriano Peixoto, o presidente.

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Assim o quadragésimo Observatório da Escrita termina. Daqui a pouco tem o Cyber Backstage com as fofocas da semana. Não perca! Até às 19h! Abração!

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